Como se constrói um país: diálogos interdisciplinares

Organização BUALA com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian


PROGRAMA 

Biblioteca Nacional 

DIA 22 quinta-feira

9.30 - 10.30: Abertura 

Diogo Ramada Curto (diretor da Biblioteca Nacional)

Leopoldina Fekayamãle (FCSH - UNL)

Marta Lança  (FCSH - UNL)

10.30 - 11.30 Anti-colonialismo e Luta de Libertação 

Diana Andringa (jornalista) - Era assim, à distância… 

Henda Ducados (economista e socióloga)- Do canto ao grito e do grito ao canto, reflexões sobre o papel de Mário Pinto de Andrade.

Salvador Tito (Univ. Coimbra) - Um país, uma “independência” utópica: A Geração da Utopia.

Moderação Marta Lança 

11 - 12.30 Debate 


14.30 - 15.30 Independência  

Ana Paula Tavares (FLUL) - Das razões de Angola: identidade, pertença e novas formas de nomear o mundo. 

Hélder Bahu (ISCED-Huíla) O paradigma da historiografia angolana entre 1975-2002.

Jean Michel Mabeko Tali (Univ. de Howard, EUA) - A questão da identidade nacional nas transições políticas: meandros e tabus.

15.30 - 16: Debate 

Moderação Leopoldina Fekayamãle


16.15 - 17.15 Aprender a democracia 

Israel Campos (Univ. Leeds, UK) - Narrativas contestadas: a Imprensa na construção de memórias coletivas. 

Luzia Moniz (jornalista, PADEMA) - Eleições, indústria da fraude e a pobreza. 

Sedrick de Carvalho (editor e jornalista)Sociedade civil e novas alianças políticas.

17.15 - 18.30 Debate

Moderação Marta Lança

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DIA 23 sexta-feira

9.30 - 10.30 Como a nossa história é contada

Sizaltina Cutaia (Ondjango Feminista)- Cidadãs de segunda classe: a realidade das mulheres.

Vladimir Prata (jornalista) - As barreiras a um jornalismo livre para contar a história.

Zezé Nguelleka (ISCED-Huíla) - Essa língua que nos une historicamente.

Moderação Elias Joaquim

10.30 - 11.00 Debate


11.00 - 12 Patrimónios difíceis e Reparações 

Ângela Mingas (atelier ARQiary) - Os musseques: a ressignificação da memória urbana e a visão do futuro.

Jonuel Gonçalves (Univ. Federal Fluminense, Rio de Janeiro) - A resistência político-cultural, da Segunda Guerra Mundial à Independência.

Maria João Teles Grilo (atelier Metapolis) - Espaço público: reconceptualizações e justiça social.

Suzana Sousa (Univ. Western Cape e Univ. de Luanda) - Histórias emaranhadas: restituição, legados e narrativas históricas.

Moderação Elias Joaquim

12 - 12.30 Debate


14.30 - 15.30 Angola Urgente 

César Chiyaya (analista idependente) - A ilusão democrática: 1992 para a frente. 

Dina Sousa Santos (Univ. Portsmouth, UK)- Vozes da diáspora: perspectivas alternativas de pensar e “escrever” uma nação.  

Elias Celestino (Biso) Angolanidade: a superação dos complexos de identidade como fator de desenvolvimento.

Moderação Leopoldina Fekayamãle

15.30 - 16.30 Debate 


17.00: Intervenção de encerramento 

Elisabete C. Vera Cruz (Univ. Agostinho Neto) - Do pretérito e futuro imperfeito(s), à encruzilhada do presente.

19.30: Jantar com os convidados na Casa Mocambo.

Acompanha o seminário uma exposição de livros com curadoria da FALAS AFRIKANAS no átrio da BN. 

Para seguir o Seminário à distância é só clicar aqui. 

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A 11 de novembro, Angola completa e celebra os 50 anos de Independência. Contudo, a história de Angola não tem início em 1974, e tão-pouco com os portugueses. Interessa revisitar o passado, a ocupação colonial e os últimos 50 anos da sua história para pensar um país independente e consciente do caminho percorrido, entre a utopia e a vivência real, entre a libertação do jugo colonial e as condições materiais em que se vive na Angola de hoje. 

É preciso colmatar a tendência de contarmos esta história, nomeadamente do colonialismo e das guerras, sempre e apenas na visão do lado português, considerando a produção de conhecimento sobre Angola e sobre o colonialismo nas universidades portuguesas. É imperativo escutar o que pensam os angolanos, como viveram ou narram os processos de Independência e os percursos da sua história nacional. No intuito de construir novas mundividências, tentaremos pensar estratégias e consolidar o conhecimento sobre o país, sob o pretexto do momento fundacional que foi a Independência, proclamada a 11 de Novembro de 1975. Se a independência foi uma festa, a celebração conviveu com o medo a ferro e fogo e, se o futuro era incerto para os jovens de então, também o é para os jovens de hoje.

Olhar criticamente para a história e para a sociedade é o melhor modo de aprender, transmitir e desenvolvê-las. Assim, no sentido de abordar a complexidade dos diferentes momentos - como o colonialismo, a Luta de Libertação, a Independência, a guerra civil, a difícil aprendizagem da democracia, a transmissão da história, patrimónios difíceis e reparações e a situação atual nas suas urgências - incitamos ao exercício de pensar em conjunto também sobre as promessas da Independência que não foram cumpridas.  

Para isso convocamos perspectivas intergeracionais trazidas pelos oradores, entre docentes, investigadores, jornalistas, arquitetos e ativistas, na grande maioria angolanos, a fazerem uma viagem pelas lutas, resistências, feridas e cicatrizes, pelas identidades (re)construídas, pelas expectativas e realidades, atravessando aspectos políticos, económicos, sociais e culturais do passado e presente de Angola que, “tal como as buganvílias, floresce no meio da tempestade” - verso de Ana Paula Tavares.

O Seminário é de participação aberta e acontece nos dias 22 e 23 de maio (mês de África) na Biblioteca Nacional. É organizado pela associação BUALA, nas figuras de Marta Lança, editora e investigadora com uma relação laboral e afetiva de longa data com Angola, e das professoras angolanas Elisabete Vera Cruz e Leopoldina Fekayamãle, com formação em ciências humanas. Terá ainda uma dimensão cultural com filmes e debates na Casa do Comum, nos dias 24 e 25. 

Será também a celebração dos 15 anos do site BUALA, que foi para o ar a 25 de maio de 2010!

 

contactos org. Marta Lança 934728061 e Leopoldina Fekayamãle 966 494 568.

 

PROGRAMA CULTURAL na CASA DO COMUM

DIA 24 I 17h30 

Mulheres de Armas, de Kamy Lara (2012)

Independência, Fradique (2015)

Seguido de debate com Elias Joaquim, Magda Burity e Leopoldina Fekayamãle

DIA 25 I 18h

Nossa Senhora da Loja do Chinês, de Ery Claver (2022) 

Seguido de debate com Eddie Códia, Paulo Casimiro e Marta Lança 

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Filmes da Geração 80, sugeridos por Jorge Cohen.

Independência - Esta é a nossa memória (2015), Fradique, 1h45’

Documentário que retrata a luta de libertação de Angola contra o domínio colonial português. Numa altura em que a maior parte dos países africanos já tinham conquistado as suas independências, o regime salazarista recusava-se a qualquer tipo de negociação, a retirar-se dos países africanos que então colonizava e a reconhecer a autodeterminação dos mesmos. Diante deste cenário, inúmeros combatentes, estivessem na clandestinidade, no exílio e até nas prisões, empenharam-se para tornar o país independente.  O filme explora alguns dos principais cenários e passos iniciais da luta anticolonial que durou cerca de 14 anos. Tem como base vários depoimentos de quem participou, recolhidos em diferentes regiões do país e no estrangeiro, contemplando vozes distintas: tanto dos movimentos de libertação, de género e de extratos sociais. 

É um olhar profundo sobre a luta pela Independência de Angola, sobre a memória desta luta e uma referência sempre pertinente no processo de pensar e construir o país aqui e agora. 

Mulheres de Armas (2012), Kamy Lara, 12’ 

Um mini documentário composto por depoimentos de várias mulheres que falam sobre o contributo das mulheres para a luta de libertação nacional. Embora curto, o filme revela a agência e destaca o engajamento das mulheres em um dos momentos mais importantes da trajetória de Angola. É uma recusa à invisibilização a que mulheres muitas vezes são relegadas quando se conta a história do país. 

Nossa Senhora da Loja do Chinês (2022), Ery Claver, 98

Este filme é, “uma alegoria do poder”, o poder que se manifesta de várias formas e atua na vida das pessoas. Este bizarro conto urbano revelará uma família e uma fachada de cidade cheia de ressentimento, ganância e tragédia. Quando um comerciante chinês traz para um bairro de Luanda uma singular imagem de plástico sagrado de Nossa Senhora, uma mãe enlutada busca a paz, um barbeiro atento inicia um novo culto e um jovem desorientado busca vingança por seu amigo perdido. 

por Marta Lança e Leopoldina Fekayamãle
A ler | 21 Maio 2025 | angola, Buala, Independência