Não Alinhados#2 Parafina Socialista

Não Alinhados#2 Parafina Socialista Os segredos de Estado tornam-se mitos em países como Angola ou a China. São autênticos cofres vazios, lendas populares, elefantes brancos que ocupam o imaginário e o dia a dia do cidadão. Perguntei-lhe qual era o cheiro do corpo do Lenine, se cheirava a mofo no papel. 'Não! Tem um cheiro forte, sufocante e ao mesmo tempo vazio. Não dá vontade de espirrar, dá é mais vontade de não respirar.'

16.02.2024 | por Fradique

Leonor nas Cidades - Baan

Leonor nas Cidades - Baan No filme insinua-se a autocrítica, a crítica ao lugar de privilégio que permitiria conviver ou sobreviver com realidades duras, apesar de se sonhar uma cidade imaginária ou possível ao virar da esquina. Lugar de privilégio cuja dimensão passamos a compreender melhor no final do filme, a chave talvez para entender a natureza do sufoco de L.

14.02.2024 | por Josina Almeida

Não Alinhados#1 Insónia Cubana

Não Alinhados#1 Insónia Cubana Abro pela primeira vez os arquivos que ele me deixou, sem saber o que vou encontrar e aquilo que talvez tenha perdido todos esses anos. A ideia é descobrir, a cada crónica, um pouco mais sobre a vida deste que foi provavelmente o projecionista angolano que conheceu mais cabines de cinema a nível internacional que, em 1981, fez uma viagem com a delegação angolana à Alemanha de Leste e desapareceu.

24.01.2024 | por Fradique

Fluxos e turismo: notas a partir de "As Cidades e as Trocas", de Luísa Homem e Pedro Pinho

Fluxos e turismo: notas a partir de "As Cidades e as Trocas", de Luísa Homem e Pedro Pinho Plano sobre a avenida Marginal: os turistas calcorreiam-na em passeio, os caboverdianos em trabalho. A acumulação de imagens vai criando um olhar paralelo, de um mundo que interage mas mutuamente se desconhece. Começamos então a descortinar uma linha de leitura do filme. Os dois mundos são-nos dados a ver num certo maniqueísmo, notoriamente assumido pelos realizadores. De um lado, a resiliência dos ilhéus e a sua capacidade de aproveitar os parcos recursos. Os caboverdianos lutadores que resistem aos constrangimentos que os fustigam, cuja vida difícil é atenuada por relações interpessoais de solidariedade e de alguma alienação. Aqueles que têm de colaborar no jogo do turismo como uma das escassas indústrias e emprego que se lhes oferece. Noutro lado do espelho, os turistas que ali passeiam, também alienados na sua lógica desterritorializada: tanto faz estarem naquela ilha específica como noutro lado qualquer, não apreendem grande coisa da cultura local, mantendo apenas relações comerciais com aquele lugar. Podem vibrar muito e até apaixonar-se ou mudar de vida, mas podem sempre escolher.

17.12.2023 | por Marta Lança

Filme 'Noites Alienígenas': a juventude urbana amazónica no abismo da fronteira.

Filme 'Noites Alienígenas': a juventude urbana amazónica no abismo da fronteira. “Os moleques ficam-se matando todo o dia” diz Alê, personagem interpretada pelo ator Chico Díaz, no início de Noites Alienígenas (2022), filme realizado por Sérgio de Carvalho. A calamidade descrita na curta frase de Alê poderia ter lugar em várias geografias do Brasil, mas nesta longa-metragem de ficção é uma tragédia amazónica que se desenrola a partir dos bairros de palafita da periferia da cidade de Rio Branco, no Estado do Acre, território atingido pelo flagelo que transcende fronteiras, regiões e países na floresta tropical: o tráfico internacional de drogas.

11.12.2023 | por Anabela Roque

Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo

Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo O ciclo explora os cruzamentos entre o cinema experimental e a etnografia através de uma cartografia de práticas e gestos cinematográficos desenvolvidos histórica e contemporaneamente na América Latina. Dos filmes de Bruce Baillie e Chick Strand realizados no México ao cinema amazónico, que supera e desloca o terreno de intersecção entre o cinema experimental e a etnografia, e da obra do etnógrafo Jorge Prelorán à do cineasta experimental Bruno Varela, passando pelas peças pioneiras de videoarte de Juan Downey e pelos “poemas etnográficos” (Nicole Brenez) de Raymonde Carasco e Régis Hébraud, as treze sessões deste ciclo de três anos propõem um percurso representativo da diversidade visual e epistemológica do continente latino-americano.

21.11.2023 | por Raquel Schefer

Resem Verkron, arte de revelar emoções silenciadas

 Resem Verkron, arte de revelar emoções silenciadas Lola & Mami - Um Fragmento de amor é a sua primeira curta-metragem. Nela explora as masculinidades tóxicas que habitam a cidade de Luanda, esses homens que tudo dizem poder e fazer, simultaneamente com uma auto-estima de rastos. Com guião e produção promovidos nas residências do Atelier Mutamba, pelo Kino Yetu (em português “nosso cinema”), teve a participação de vários realizadores como Gegé M'bakudi e Irene A’Mosi.

08.11.2023 | por André Soares

Fogo no Lodo

Fogo no Lodo Fica uma sensação de lugar, como outros carregado de histórias, este um tanto à margem da narrativa política estatal. Sensação essa sublimada pela cuidada sonoplastia, na quietude como nos ritmos musicais que ali coabitam – dos cânticos kyangyang e pentecostais à broska e ao reggae, do funk

11.10.2023 | por Inês Galvão

Filme Uýra - A Retomada da Floresta: A arte que transfigura a resistência amazónica.

Filme Uýra - A Retomada da Floresta: A arte que transfigura a resistência amazónica. Uýra - A Retomada da Floresta, realizado por Juliana Curi, é a primeira longa-metragem brasileira documental sobre uma artista trans indígena amazónica e é uma obra que contribui para superar imaginários preponderantes e para o reconhecimento da diversidade das identidades amazónicas.

02.10.2023 | por Anabela Roque

Programa Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo

Programa Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo O cinema experimental e o cinema etnográfico foram historicamente considerados como práticas autónomas. Em Experimental "Ethnography: The Work of Film in the Age of Video", Catherine Russell debruça-se sobre os seus cruzamentos e examina a função da etnografia na “renovação” do cinema experimental. O ciclo de projecções e conversas Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo explora, nessa linha, os cruzamentos entre o cinema experimental e a etnografia através de uma cartografia de práticas e gestos cinematográficos desenvolvidos histórica e contemporaneamente na América Latina.

25.09.2023 | por Raquel Schefer

Cinéfilos & Literatus: da palavra à imagem. Da ação à ficção

Cinéfilos & Literatus: da palavra à imagem. Da ação à ficção Ao olhar para as questões levantadas no começo desta abordagem, pode inferir-se que com Cinéfilos & Literatus ganha-se “novos olhares” sobre o cinema e a literatura; angolana e não só. Vê-se a literatura a partir do cinema. Alargam-se as competências de leitura e de imagética; elementos fundamentais para análise das transposições cinematográficas. Especificamente no campo da literatura angolana, o projeto permitirá conhecer, ainda que de maneira reduzida, que obras literárias foram adaptadas e especificar a razão da escolha das mesmas. Esse procedimento é importante, porque tende a possibilitar de (re)pensar a situação do cânone literário; e este é um elemento fundamental para o Plano Nacional de Leitura.

31.08.2023 | por Salvador Tito

“Gli Occhi della Foresta”, por ocasião do Festival de Veneza

“Gli Occhi della Foresta”, por ocasião do Festival de Veneza O filme oferece uma observação feminina sobre papéis e rituais muitas vezes limitados aos homens, como maravilhosamente descrito por David Kopenawa no livro "A queda do Céu". Os mesmos diretores produziram o curta-metragem Yuri u xëatima thë (A pesca com Timbó) sobre a prática da pesca com timbó, substância usada para paralisar peixes. Todos a/os diretora/os fazem parte de um coletivo de cinema que atua na formação audiovisual em comunidades indígenas.

29.08.2023 | por Laura Burocco

O que fica por revelar no filme Segredos do Putumayo

O que fica por revelar no filme Segredos do Putumayo O filme Segredos do Putumayo, do realizador brasileiro Aurélio Michiles, centra-se no universo do ciclo da borracha na Amazónia peruana do início do século XX, e pretende pôr em foco o sistema de mão-de-obra escrava indígena e o consequente genocídio dos povos originários provocados por este negócio. O relato da tragédia é conduzido por um cônsul britânico, o irlandês Roger Casement (1864-1916), que viajou pelas margens do rio Putumayo para investigar as denúncias contra a Peruvian Amazon Company (PAC), empresa dirigida pelo peruano Julio César Arana em associação com investidores britânicos.

19.06.2023 | por Anabela Roque

Zezé Gamboa homenageado em Dakhla

Zezé Gamboa homenageado em Dakhla O cinema angolano e o realizador Zezé Gamboa foram homenageados no Festival Internacional de Cinema de Dakhla, que decorreu de 2 a 8 de junhom na cidade marroquina. Zézé Gamboa foi reconhecido na cerimónia do Festival pela “força visionária por detrás da câmara, um talento criativo que transcende fronteiras e remodela paisagens cinematográficas. Com as suas narrativas inspiradoras e filmes visualmente impressionantes, teve um impacto significativo sobre o mundo do cinema, nomeadamente no domínio do cinema africano”.

14.06.2023 | por Marta Lança

Aerogramas de José Rubira: Guiné Bissau / Montemor-o-Novo 1971-1973

Aerogramas de José Rubira: Guiné Bissau / Montemor-o-Novo 1971-1973 Com o intuito de evidenciar o caráter também epistolar e material destas fotografias, partilhamos, além de uma digitalização da imagem nelas contida, o outro lado destes objectos fotográficos e organizamo-los cronologicamente pela data de envio. Propomos assim um debruçar sobre a sucessão de imagens e palavras que José Joaquim Rubira remeteu, ao longo de quase três anos, aos seus pais, aos seus tios e primos, à sua esposa e à sua filha Clara, que tinha apenas 6 meses quando José partiu de Montemor-o-Novo. José Rubira aparece retratado em todas as imagens.

07.04.2023 | por Daniela Rodrigues

“A Cesária permanece igual mesmo quando tudo muda à sua volta”, entrevista a Ana Sofia Fonseca

“A Cesária permanece igual mesmo quando tudo muda à sua volta”, entrevista a Ana Sofia Fonseca ML: A geração mais velha que, entretanto, conseguiu alguma ascensão social ainda terá presente essa memória da fome. Mas a Cesária também retribui com a partilha da comida. ASF: A Cesária usa a fama e o sucesso para quê? Para ter o que ela considera importante em termos materiais - ter uma casa e ter comida. E comida não só para ela, mas para todos ao seu redor. A Cesária tem esse sentido comunitário. A Cesária põe uma panela ao lume vinte e quatro horas por dia, tem três arcas frigoríficas. Sabia o que era a fome e tentava que à sua beira não existisse. Acho que isso mostra uma consciência social muito forte. A Cesária tinha a porta aberta para toda a gente e não fazia distinção mas, na verdade, preferia muito mais receber os marginalizados da sociedade do que a elite.

03.03.2023 | por Marta Lança

Um conto poético intenso sobre poder, família e vingança no coração de Luanda

Um conto poético intenso sobre poder, família e vingança no coração de Luanda "NOSSA SENHORA DA LOJA DO CHINÊS", do realizador angolano Ery Claver, estreia em Portugal, na sala Fernando Lopes. Quando um comerciante chinês traz para um bairro de Luanda uma singular imagem de plástico sagrado de Nossa Senhora, uma mãe enlutada busca a paz, um barbeiro atento inicia um novo culto e um jovem desorientado busca vingança por seu amigo perdido. Este bizarro conto urbano revelará uma família e uma fachada de cidade cheia de ressentimento, ganância e tragédia.

23.02.2023 | por vários

O cinema que ouve os povos amazónicos atingidos pela barragem de Belo Monte

O cinema que ouve os povos amazónicos atingidos pela barragem de Belo Monte Cerca de 40 mil pessoas deixaram de viver “no entre mundos”. Belo Monte deslocou-as, tornou-as “expatriados do seu próprio país no próprio país, submergiu-lhes as terras e as vidas. “Belo Monte é um mostruário de horrores. É também uma linha de montagem de conversão explícita de gente floresta em pobres”. Da fortuna da floresta passaram à pobreza das periferias da cidade de Altamira e de outras áreas urbanas, realojados em complexos habitacionais precários, sem árvores, sem rio. Tornaram-se o que não queriam ser, habitantes de lugares estranhos, forasteiros numa (des)organização social que os amputou.

09.02.2023 | por Anabela Roque

Dez filmes num livro sobre o cinema político brasileiro para tirar “os morcegos do baú”.

Dez filmes num livro sobre o cinema político brasileiro para tirar “os morcegos do baú”. A reunião de um grupo de realizadoras de gerações e regiões diversas, experiências profissionais e cinematografias diferenciadas é um dos pontos a destacar do livro de Lídia Mello, embora seja de assinalar a ausência de realizadoras negras e periféricas no recorte seletivo. Não se trata aqui de uma falha de critério por parte de Mello, mas sim de um indicador da desigualdade de oportunidades na sociedade brasileira, que atinge também a produção cinematográfica.

16.12.2022 | por Anabela Roque

Tela d'Pano Terra: Mostra Inédita de Cinema Caboverdiano chega a São Paulo pela mão do Nicho 54

Tela d'Pano Terra: Mostra Inédita de Cinema Caboverdiano chega a São Paulo pela mão do Nicho 54 A quarta edição do festival negro de cinema NICHO Novembro acontece na cidade de São Paulo de 4 a 13 de novembro de 2022. Este ano, o festival inclui como país convidado, Cabo Verde, com uma curadoria alargada intitulada Tela d’Pano Terra: Nova Onda Cabo Verde, de 7 a 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. A curadoria do Tela d'Pano Terra vem demonstrar o potencial de um setor do audiovisual pujante, ambicioso e aspiracional, ainda emergente mas apostado na disseminação do cinema de Cabo Verde e no reconhecimento e amplificação da marca desse país-arquipélago que nutre relações estreitas com o Brasil. Vem também potenciar e evidenciar os significativos impactos sócio-económicos diretos e indiretos do setor – nomeadamente na diversificação da economia e na expansão da economia do conhecimento e da cultura.

05.11.2022 | por P.J. Marcellino