Sou mais uma que faz da luta a própria vida. Priscila Valadão
Priscila Valadão é carioca, mas residente em Portugal há vários anos. Priscila tem falado publicamente sobre racismo, xenofobia, e as barreiras burocráticas que afetam imigrantes — partilhando experiências pessoais que ajudam a dar rosto e voz às reivindicações de comunidades invisibilizadas e precarizadas. No âmbito do Movimento Vida Justa, tem sido porta‑voz de demandas por justiça social, dignidade e políticas que reconheçam a intersecção entre migração, trabalho precário e direitos humanos. Chegou à política de rua depois da luta contra o bolsonarismo e hoje está profundamente envolvida com as lutas do presente em Portugal. Na sua experiência, a cidade é espaço de confronto, desigualdade e resistência — um lugar onde as pessoas racializadas, migrantes e periféricas enfrentam todos os dias a violência da habitação precária, da xenofobia e do racismo estrutural. Nesta conversa para a série Quem mora nesta BUALA, Priscila fala da urgência de políticas públicas concretas, da importância das redes de apoio, e da impossibilidade de pensar a sua própria vida fora da luta coletiva.
Priscila Valadão
Como é o seu percurso de circulação por Lisboa?
Moro num bairro popular em Odivelas e uso metro e a ando a pé. Gosto muito de andar pela cidade, ver as pessoas e aquilo que acontece à volta. Antes morava no Seixal e usava o comboio Fertagus e parava em Rua Marieira e depois ia andando até aos Anjos, onde trabalho, na ida e na volta. Proporcionou-me muitas coisas. Agora o meu percurso a pé é menor e até influencia na cabeça, porque andar ajuda-me a organizar pensamentos.
Quais são os maiores problemas de Lisboa?
O maior problema de Lisboa é a habitação. É fruto da pobreza do povo. A habitação é gerida para que existam pessoas às margens da sociedade. Então, a habitação é um problema intrínseco ao capitalismo, ao modelo de sistema em que vivemos. As pessoas existem nas margens para poderem ser utilizadas quando o sistema precisam. Este sistema, por sua vez, deixa tanto pessoas portuguesas quanto imigrantes vivendo em tendas, ou seja, a própria classe trabalhadora, independente da sua identidade, é precarizada na vida como um todo.
Cada vez mais, Lisboa mostra-nos a dificuldade em aceitarmos a vida como ela está. Muitos turistas circulam pela cidade, e as pessoas que servem os turistas não têm os mesmos acessos dos turistas. Então, os turistas representam a falta de acessos. Existe uma relação, além de ódio, de amor e ódio: se a gente depende dos turistas para comer, porque eles vão pagar o nosso salário indiretamente, eles são também a cara da nossa escassez. Porque uns têm, a gente não tem. É um dos inimigos próximos.
Isso mudou a percepção da cidade…
Se antes a cidade e as pessoas que circulam na cidade, que vivem nas margens, tinham um olhar positivo «que legal, estão valorizando a cidade, o pessoal está vindo conhecer, coisa boa», hoje vinga mais a ideia de que tomaram conta da cidade. Às vezes os portugueses equiparam os turistas a imigrantes que trabalham na cidade. «Eles estão aqui aproveitando o que a gente não pode aproveitar dela.» E daí cria esse ciclo de ódio e de inimizade.
Que aspeto positivo destaca na cidade?
Para mim, é justamente conhecer o mundo nela. Nunca conheceria a quantidade de brasileiros de vários Estados que conheço, a quantidade de caboverdianos que conheço, a quantidade de portugueses que conheço e de tantas outras culturas diversas na mesma cidade. Claro que conheço por conta da militância e das andanças, não porque a gente aproveita a cidade no mesmo espaço. É mais porque a gente trabalha no mesmo espaço, é porque a gente briga no mesmo espaço, é porque a gente luta no mesmo espaço. Essa é uma qualidade de Lisboa, ainda que possa ser colocada em xeque.
Como vê a situação da maioria da população imigrante na Grande Lisboa?
Imigrante é muita coisa. Então, você pode colocar na conta dos imigrantes: os refugiados, os expatriados, imigrantes que vivem e trabalham e ganham salário do país, e os super ricos que também são imigrantes, muitas vezes sazonais. Essa característica da imigração faz a gente ser diferente entre nós. A grande parte da população imigrante que vive em Portugal, especificamente na Grande Lisboa, é uma imigração trabalhadora, de salário português. Isso significa que são as pessoas mais empobrecidas, porque dependem tanto do seu salário quanto de políticas públicas para poderem aceder ao mínimo. Existe uma condição, ainda anterior à vinda para Portugal, de marginalização no seu próprio país. Quando não existe uma marginalização no próprio país de origem, isso vai acontecer em Portugal geralmente às pessoas negras, por conta do racismo.
Num país onde grassa o racismo estrutural…
Tenho dificuldade de falar sobre racismo estrutural porque o capitalismo, o sistema, é racista. Não existe capitalismo sem racismo, então, o estrutural é o capitalismo e, nesse sentido, a nossa situação de imigrantes que aqui trabalham é de exclusão quase total. O amparo que a gente tem é uns nos outros. Normalmente, somos segregados por isso vivemos nos nossos guetos de segurança. As nossas redes de apoio são entre nós, a maior parte das vezes. Hoje os portugueses brancos que se entendem de esquerda, os tais progressistas, têm visto cada vez mais a necessidade de defender o imigrante que trabalha em Portugal e que vive com os rendimentos daqui. Mas, ainda assim, é uma luta por sobrevivência muito particular onde os próprios portugueses muitas vezes ficam fora dessas dinâmicas de sobrevivência.
Como imigrante, a Pri aproxima-se da condição das pessoas racializadas?
Eu considero pessoas racializadas os migrantes em Portugal, independentemente de serem ou não brancos. Eu sou branca no Brasil, e aqui me vejo uma pessoa racializada. É cada vez mais urgente que a gente se entenda apesar das nossas diferenças. Não sou igual a uma pessoa negra, óbvio, se ficar calada e tiver uma vestimenta adequada e um cabelo mais visto normalmente, uma maquilhagem, uma unha, calada passo bem por uma pessoa talvez portuguesa. Mas se eu abro minha boca, imediatamente sou colocada no lugar de «macaca». É importante pontuar isso aqui.
A que ponto a crise habitacional prejudica a vida e a integração das pessoas racializadas?
A crise habitacional prejudica a integração, no geral. Primeiro, porque para o português mediano, eu estou disputando com ele, estou ocupando um apartamento que deveria ser dele, porque não tem casa. Então, tanto para salário quanto para habitação, quanto para qualquer que deveria ser um direito para todas as pessoas que trabalham e vivem em Portugal, tudo vira um processo de disputa. A escassez exige disputa pela sobrevivência. Então, isso afeta completamente aquilo que seria a integração. Embora ache que quando se fala de integração, se exige uma assimilação. Prefiro pensar em inserção de imigrantes na sociedade. Inserir sem obrigá-los a ser outra coisa que não aquilo que eles são. Inclusive, aprender a língua faz parte de inseri-los na sociedade. Isso da precarização da vida geral, inclusive no âmbito da habitação, faz com que a gente tenha que brigar entre nós o tempo inteiro, numa disputa para ver quem sobrevive. Nunca vai acontecer uma integração se, de fato, a gente não tiver condições de vida que permitam acessos.
Que lugares escolheria como modo de memorialização da colonialidade?
Sinceramente não penso muito nisso. O simbólico é muito importante, mas o simbólico sem o sentido real, sem a materialidade do simbólico vira um símbolo morto. Se a gente não promover de fato esse apaziguamento real entre nós, o simbolismo vai ficar no vazio da história.
Mas onde seria?
Não posso sozinha fazer qualquer tipo de escolha a respeito de onde se possa colocar um memorial, acompanho os movimentos negros portugueses tem falado que deveria ser na Praça do Comércio, por conta das relações escravocratas de Portugal com países africanos, que isso gesta o Brasil também. Ali seria um dos lugares que a gente pode pensar o início do Brasil, e as relações coloniais com países africanos e esse «parimento» do próprio Brasil. E isso vai fazer sentido para o resto, porque é um ponto de partida português para várias ex-colónias.
Os brasileiros e as pessoas negras têm mais voz hoje no espaço público em Lisboa?
Sim, e isso afeta completamente qualquer tipo de movimento político, pensando na política como posicionamento, mas até a própria partidária tem sido afetada. Aquilo que é um movimento de rua afeta todos os âmbitos da vida política do país, para o bem e para o mal. Se a gente for pensar num movimento liberal antirracista, também coloca a complexidade daquilo que é o esvaziamento da identidade no identitarismo. Se pensarmos na Ossanda Liber à frente de um partido de extrema direita, mostra que existe um esvaziamento da pauta antirracista. E isso é algo que vem dos Estados Unidos, passa pelo Brasil e vem para cá. Pensando também no movimento LGBTQIA+ também vai esvaziando, se a gente não coloca o lugar da classe nisso tudo. Ou o movimento feminista, de que me interessa pessoas que sejam de uma parcela da população que sejam representantes do sistema? Para mim, não interessa nada.
Como têm contribuído os brasileiros para essas lutas?
Os brasileiros estão falando e produzindo por aqui há muitos anos. Mas sempre às bordas e às margens. No caso das universidades, os brasileiros estão aí há muitos anos falando, pessoas negras racializadas, portuguesas inclusive, e não só, falando nas universidades, tentando ter alguma voz e não têm conseguido. Os movimentos negros brasileiros fazem muita coisa no Brasil há muitos anos, assim como aqui em Portugal também. Pessoas negras têm falado, mas acho que o Brasil aprendeu a se impor. O brasileiro, em geral, aprendeu a reivindicar direitos, a se impor em todos os lugares. E isso é muito histórico. O próprio lugar de pessoas negras vindas das antigas colónias portuguesas, é um lugar muito recente, houve muita opressão para que essas pessoas não falassem e não se posicionassem.
Há uma postura mais confrontacional nos brasileiros que nos acordou bastante…
Como no Brasil a gente tem uma colonização muito antiga, apesar de não ser um país soberano por conta do imperialismo estadunidense e europeu, existe uma voz. Existe um lugar também altivo, daquilo que a gente pretende que seja a política e as políticas públicas. Não que seja perfeito, mas o reclamar direitos ele é presente no Brasil. Então se a gente vai no lugar, e formos mal atendidos, a gente imediatamente reclama, faz um vídeo, faz um TikTok, não reclama só numa fila de banco. A gente vai querer impor a reclamação para que aquilo se altere de alguma maneira. E isso é cada vez mais forte no Brasil, e trouxemos isso para Portugal. O lugar de que «não, as coisas não estão bem», e vamos reclamar para que isso mude. Tanto que a maioria da população que reclama sobre racismo e xenofobia é brasileira e isso diz alguma coisa. Vejo que, cada vez mais, a gente não quer ficar no lugar de ostracismo, da luta mas não só. Vou falar no geral, não porque a gente quer primazia, mas porque a gente não quer ser colocada num lugar secundário das reclamações uma vez que a gente reclama. É uma dinâmica que vem acontecendo cada vez mais em Portugal, E isso tem trazido outras pessoas para o lugar de ter voz, inclusive portuguesas. Se eu reclamo, se eu luto, se eu brigo e eu vejo uma pessoa do meu lado lutando e brigando de alguma maneira, ela também tem que estar junto comigo, tem que ter a sua voz. Mas também vejo muitas coisas tristes de pessoas brasileiras, que só têm o projeto pessoal de poder, como se essas pessoas representassem todo o povo brasileiro. E isso não vai acontecer. Se acontecer, é triste. O que a gente tem que fazer é pensar, no geral, que todos nós, que temos algum lugar de voz, temos a obrigação de trazer todas as pessoas para a luta e que todas as pessoas tenham voz. Que seja um consenso comunitário, aquilo pelo que a gente luta, e não uma personalidade se colocando nesse lugar.
Que políticas publicas seria mais importante implementar na relação da cidade com a imigração?
Sou adepta de pensar políticas públicas. O que eu quero fazer é a revolução, o povo no poder. Mas não sou boba e sei que, enquanto isso não acontece, é preciso promover esse tal elevador social, como vocês dizem aqui. A principal política pública no âmbito de Lisboa e nacional é a regularização de imigrantes. Sem a regularização dos imigrantes, sem uma AIMA funcional, sem uma polícia pidesca para imigrantes. Não quero sequer que exista. Então, extinção de uma polícia para imigrantes, regularização de todos os imigrantes que vivem em Portugal, melhores salários para todas as pessoas, uma fiscalização não do imigrante e do trabalhador, mas de quem contrata imigrantes e trabalhadores em geral, ou não contrata, só utiliza de mão de obra quase que escrava para manutenção dos seus próprios ganhos.
E mais concretamente na cidade?
Outra política pública importante para a cidade de Lisboa é a regulação do alojamento local, abertura dos imóveis que são para especulação imobiliária, fechados inclusive, que o governo possa expropriar e transformar em habitação, assim como diz a própria Constituição Portuguesa, que fala sobre a função social da habitação. É importantíssimo fazer valer a Constituição. A proteção do SNS na contratação de mais médicos, e outros profissionais de saúde, fazendo com que funcione o centro de saúde local. Escolas públicas que tenham o entendimento, os profissionais das escolas, inclusive professores, com formação antirracista e que estejam protegidos também na sua função quando fazem a proteção de pessoas racializadas e imigrantes, não permitindo que aconteça bullying. Muito importante em Portugal é que haja uma política pública de proteção às mulheres, uma delegacia da mulher, onde as mulheres também tenham educação antirracista e que sejam outras mulheres a atender mas que tenham esse entendimento real do que é o feminismo, do que é a desgraça que a mulher vive nesse país.
A reabilitação daquilo que são casas camarárias, reabilitação até da própria Gebalis no entendimento do que são as habitações públicas geridas por ela. São muitas políticas. No geral, a inserção perfeita do imigrante na cidade de Lisboa e não só é, passa por melhores condições de vida para todas as pessoas. A melhor maneira de criar políticas públicas é pensar no global, no geral, melhores condições de vida para todas as pessoas, melhores salários, um SNS decente, melhores transportes, não à violência policial, regularização para todas as pessoas, que são os pontos do Vida Justa. Sem isso, a gente não vai conseguir viver em paz entre nós. Enquanto a gente não vive em paz entre nós, ninguém tem paz.
Qual o seu envolvimento direto com populações periféricas e empobrecidas? e as mulheres?
O meu envolvimento dá-se muito a partir das minhas andanças. Começa na militância política contra o Bolsonaro. Basicamente, algumas mulheres resolveram se juntar na época para que Bolsonaro sofra impeachment. A partir daí começo a viver uma militância, porque antes disso eu era dona de casa, mãe e trabalhadora em Portugal. No Brasil, não que o meu marido fosse rico, era trabalhador da construção civil, mas tínhamos uma dinâmica muito religiosa. Por causa disso fiquei bastante afastada da realidade, inclusive brasileira. Apesar de também, de alguma maneira, conhecer a periferia carioca por conta da igreja.
Depois militei junto da comunidade brasileira no Porto, me sindicalizo e começo a entender um pouco de sindicato e as limitações dos próprios sindicatos. Também por causa das leis portuguesas que não favorecem aos trabalhadores. Trabalhava no call center, tinha muito contato com a população periférica do Porto, vivendo também nas margens. Como bem diz o Flávio Almada, a periferia não é um lugar exatamente geográfico, mas uma condição intrínseca a trabalhadores que estão marginalizados dos acessos. Depois, mudo-me para Lisboa. Passo a ser militante do PCP porque entendi a necessidade da gente estar em todos os espaços. Nós, marginalizados e racializados, temos de estar em todos os espaços. Passo a ser militante do PCP. Primeiro no Porto, depois venho para Lisboa e começo a perceber a realidade a partir do Vida Justa. Logo no início do Vida Justa, um pouco antes da primeira manifestação, participei numa reunião e comecei a ouvir aquilo e achei que as reivindicações colocadas aqui, poderia estar a ouvir no Rio de Janeiro, porque são as mesmas. Senti-me muito em casa naquilo que eram as necessidades da periferia de Lisboa. E penso assim, é aqui que eu quero estar.
Então foi a partir do Vida Justa que começa a ter mais entendimento da dinâmica de Lisboa e Grande Lisboa?
A periferia do Porto é muito diferente de Lisboa, é muito diferente a maneira como se organiza a cidade. E talvez também pela minha ignorância, não tenha conhecido esse lugar geográfico de fato Conhecia pessoas, mas não os locais. Começo a conhecer que a periferia de Lisboa, ela é composta também de portugueses, mas, maioritariamente, de pessoas ou imigrantes de primeira, de segunda e terceiras gerações. Começo a ter contato com essas pessoas e me solidarizo com a luta de quem vive na periferia geográfica também de Lisboa. Hoje a minha luta é basicamente com essas pessoas. Fiz da luta delas a minha luta, também em solidariedade e não só, porque também vivo numa condição periférica, não geográfica, hoje até um pouco geográfica, porque moro em Odivelas, não no bairro social, mas aqui é um bairro popular. Vejo as dificuldades das pessoas e não consigo, por mais que eu tenha hoje até a dificuldade da menopausa - um cansaço de 24 horas por dia, e uma cabeça muito confusa, e uma tristeza profunda - eu não consigo não pensar nisso 24 horas por dia também.
Consegue pensar a sua vida sem a luta?
Se eu penso nos moradores do Talude, acompanhei de alguma maneira, até pouco com face ao que é aquilo que eu gostaria de fazer por conta dessa minha condição biológica e também financeira. Se penso neles, não consigo não querer estar nisso 24 horas por dia. Tem muito mais coisa acontecendo para além de mim. Então, parece clichê e tudo, mas vou contar uma coisa. Não conheço a Mariana Mortágua de lado nenhum, não vou fazer nenhum juízo de valor dela, mas ela num debate que eu participei, perguntou à plateia qual foi a profissão do Camilo Mortágua, o seu pai. Ninguém soube dizer. E aí ela falou assim: «Sabe por que ninguém sabe? Porque, na verdade, ele só trabalhava para ganhar o mínimo para poder participar da luta. Porque a vida dele era a luta.» E eu acho que isso não é para todas as pessoas.Porque tem pessoas que conseguem, inclusive, fazer da luta a profissão, ganham dinheiro para fazer luta. Já outras fazem da profissão um meio. Isso é muito a minha parte, não acho que isso seja para todas as pessoas abdicar da própria vida para fazer luta. Hoje eu não consigo pensar em ter uma vida própria, isso é triste de alguma maneira, porque você não tem a sua própria vida, não consigo pensar a minha vida sem a luta. Acho que é pequeno, perto do que a gente está vivendo hoje.
Ainda que eu saiba exatamente o meu lugar, que não é de privilégio, mas de um pouco mais de acesso a direitos do que essas pessoas todas, dependendo de onde são, pensando no Talude, por exemplo, ou pensando em pessoas do Santa Marta, ou pensando pessoas do Penajóia, essas pessoas precisam de mão. O que eu fiz foi soltar a mão de várias pessoas da minha própria família para conseguir dar a mão à causa. Por mais que seja uma mão invisível e pequenininha, não estou falando que sou primordial à luta, nada disso, eu sou mais uma que faz disso a própria vida. É unidade e luta. Estamos aí.