Segunda Grande Marxa Cabral em Portugal!

Segunda Grande Marxa Cabral em Portugal! Nesta Marxa, sob o mote “Di povu pa povu: Libertação, Dignidade e Soberania popular”, reconhecendo a importância indiscutível das lutas pela independência, olhamos criticamente para o percurso feito até agora e afirmamos o nosso compromisso com a luta pela soberania popular e panafricana ainda por construir.

10.09.2025 | por vários

A caminho do tribunal, na tentativa de limpeza da montanha de cagada, e novas de desonestidade e desespero das parturientes do monstruoso pandialeto

A caminho do tribunal, na tentativa de limpeza da montanha de cagada, e novas de desonestidade e desespero das parturientes do monstruoso pandialeto Além do atropelo de todos os comandos legais sobre a língua cabo-verdiana, que é, nem mais, e por lei da Assembleia Nacional, «fundamento de soberania», e por isso objeto de proteção especial, e daí a exigência constitucional da intervenção do senhor presidente da República, não podendo nenhuma intervenção técnica num simples manual escolar mudar a sua feição, há ainda a incompetência orgânica do ministério da educação para a realização de um ato de padronização linguística, ainda que encapotada, pois as mentes engendradoras de tal façanha, apesar das evidências em contrário, e por todos apontadas, juram por este mundo e pelo outro que não se trata de tal coisa.

10.09.2025 | por José Luiz Tavares

A propósito do Manual de Língua e Cultura Cabo-verdiana do 10º ano

A propósito do Manual de Língua e Cultura Cabo-verdiana do 10º ano Estranho seria que, sobretudo numa fase experimental, as autoras e avaliadoras externas do Manual (que nele também participaram) se recusassem a escutar e a debater avaliações críticas e sugestões, particularmente se resultantes de uma análise cuidada e séria, feita por membros, alguns honorários, como eu, de uma Associação que, não sendo de linguística nem para linguistas, se dedica ao estudo, promoção e valorização da língua cabo-verdiana. O próprio Ministro da Educação, numa intervenção televisiva, se afirmou aberto a observações e críticas científicas.

07.09.2025 | por Dulce Pereira

Proposta de ante-projecto de revisão do artigo nono da constituição política da república de Cabo Verde

Proposta de ante-projecto de revisão do artigo nono da constituição política da república de Cabo Verde  Forjado na sociedade colonial-escravocrata como meio de comunicação entre os diferentes grupos étnicos negros escravizados trazidos cativos da costa africana vizinha para as ilhas e os seus senhores brancos chegados com as navegações marítimas europeias, o tráfico negreiro e o comércio triangular transatlântico, o crioulo cabo-verdiano emergiu, assim, como a expressão (linguística) mais eloquente e visível da cultura crioula surgida da interacção, do confronto e do diálogo civilizacionais entre dominados e dominadores, entre explorados e exploradores, no chão agreste das ilhas cabo-verdianas, encontradas desertas de populações autóctones e virgens dos pontos vista antropológico e sociológico.

28.08.2025 | por José Luís Hopffer Almada

Centenário de António Jacinto para 50 anos de Independência de Angola

Centenário de António Jacinto para 50 anos de Independência de Angola   Outra faceta de António Jacinto — uma espécie de “conselheiro sentimental”, passe a expressão — é-nos dada pela sobrinha Maria Cecília, ao contar o caso da sua irmã Nica, apaixonadíssima por um colega de escola, «que não lhe deu bola nenhuma.» Desesperada, procura junto do tio amado, não só consolo, mas também a sugestão de um modo capaz de aliviar a dor do seu “mal de amor”. Conselho do sábio Jacinto: «— Nica, nunca se namora com ninguém da mesma escola, nem da mesma rua. Nunca se esqueçam disso.»

26.08.2025 | por Zetho Cunha Gonçalves

Kabuverdi e so un (sima Sonsent e so bo)

 Kabuverdi e so un (sima Sonsent e so bo) Que se reerga a grande ilha do Porto Grande e Monte Cara pelo alento das suas valorosas gentes, com a solidariedade fraterna e firme dos cabo-verdianos de todas as ilhas e diásporas, contra projetos supremacistas malsãos engendrados por mãos estrangeiras, ainda acolitadas por serventuárias nacionais. Hoje mais do que nunca faz sentido o verso de «súplica« de Djoya «sonsent nxina-me oiá lus di sol». Que o sol do novo dia te seja de novo radioso, Sonsent.

26.08.2025 | por José Luiz Tavares

POSFÁCIO: O Eco das Vozes: entre a memória e o porvir

POSFÁCIO: O Eco das Vozes: entre a memória e o porvir Mais do que um livro, esta antologia, construída à sombra de cinco décadas das Independências, é mais do que uma comemoração: é um gesto de escuta e de reinscrição. Entre as narrativas aqui reunidas, ecoa não apenas a memória das lutas e dos processos de libertação dos Cinco países africanos em pauta, mas sobretudo a densidade humana das suas heranças, contradições e promessas por cumprir: estas narrativas não narram apenas o que aconteceu, mas o que restou, o que persiste e o que se deseja. Assim, a literatura funciona, aqui pelo menos, como escuta do que falta. Porque estas são vozes que cancelam o silêncio histórico, que revisitam o trauma colonial e a utopia da libertação com a linguagem sensível da poiesis – trazendo algo do não-ser ao ser, dando origem a algo que antes não existia, presentificando ausências e desvelando invisibilidades.

19.08.2025 | por Inocência Mata

PARECER do grupo de trabalho da Comissão Científica da Delegação da ALMA-CV em Portugal

PARECER do grupo de trabalho da Comissão Científica da Delegação da ALMA-CV em Portugal Com a introdução, no Manual, mesmo que a título experimental, de uma ‘norma’ de escrita nova, não se tem em conta todo o trabalho anteriormente desenvolvido na produção de normas ortográficas para a LCV, quer a nível científico, quer a nível oficial. Não sendo consensual, nem previamente testada noutros contextos, essa ‘norma’ tende a gerar resistência na comunidade linguística e na comunidade educativa, podendo assim pôr em causa o sucesso do ensino formal em língua materna.

18.08.2025 | por vários

Ortografia do caboverdiano: ciência, identidade, e respeito pela diversidade

Ortografia do caboverdiano: ciência, identidade, e respeito pela diversidade A ciência linguística, em múltiplas vertentes – pela análise exaustiva de dados empíricos quanto às suas propriedades fonológicas e morfossintáticas, em articulação com a sociolinguística e a linguística histórica – conhece numerosos casos bem documentados de outros contextos que sistematicamente demonstram isto: nenhum sistema ortográfico é neutro. A escrita das línguas vem sempre associada a ideologias e disputas, refletindo relações de poder e visões muito distintas sobre o sentido coletivo. Ou seja, esta não é uma realidade exclusiva de Cabo Verde, é algo que acontece em processos semelhantes por todo o mundo.

17.08.2025 | por Fernanda Pratas

A anexação do Grão-Pará como colônia do Brasil

A anexação do Grão-Pará como colônia do Brasil A adesão à Independência, longe de significar a emancipação dos povos amazônidas, consolidou a subordinação da região ao centro-sul do Império. O Pará, antes colônia de Portugal, passou a ocupar uma posição periférica dentro do novo Brasil. As estruturas de dominação e exclusão social permaneceram. O poder continua, até hoje, concentrado nas mãos de uma elite política e econômica associada aos interesses do sudeste e das potências estrangeiras e o povo amazônida ainda é marginalizado nos processos decisórios do país.

17.08.2025 | por Gabriella Florenzano

País de porteiros

País de porteiros Não é nevoeiro, é o controlo doméstico de ver quem entra e quem sai, com quem anda e como está vestido, a que horas e com quem estava. Esse ressentimento, típico de quem está só a ver, cai, com a nortada, como uma névoa oleosa e entranha-se na estrutura cultural portuguesa. O funcionamento institucional português rege-se por leis de portaria: desde as instituições mais modernas, ao estilo de porteiro de bar ou discoteca, às mais tradicionais.

04.08.2025 | por Joana Lamas

Na vertente sul do desejo

Na vertente sul do desejo O desejo é o que nos leva a produzir novas formas, a construir um mundo, a organizarmo-nos de maneiras singulares e inovadoras. Entre o que se espelha e o que se oculta, é a hipótese que sobra de nos libertarmos do pântano jurídico onde nos afogamos. Quando o outro aparece, surge sempre como alguém a ser lido, a descobrir, a tatear, como a figuração do desconhecido sobre a qual projecto as minhas fantasias. O desejo que deflagra num movimento inesperado, numa desigualdade oscilante, numa ondulação caprichosa, nunca será uma uniformização homogénea e igualitária. A igualdade confunde-se com impunidade na sociedade neoliberal, a impunidade é hierárquica. Na perversão capitalista, igualdade significa apenas privilégio.

04.08.2025 | por Ricardo Norte

“Raparigas nos lares de famílias civilizadas”: trabalho doméstico e políticas da diferença na Guiné Portuguesa (anos 1950)

“Raparigas nos lares de famílias civilizadas”: trabalho doméstico e políticas da diferença na Guiné Portuguesa (anos 1950) O trabalho doméstico na Guiné colonial faz parte de processos mais vastos das políticas da diferença. Por um lado, afigura-se um instrumento por excelência de diferenciação social e exploração laboral, ao ser um trabalho sistematicamente feito por “indígenas” – africanos excluídos da cidadania portuguesa – que estavam entre os trabalhadores mais mal pagos. Por outro lado, era visto como uma forma de "civilização" e integração das populações colonizadas na sociedade colonial. No entanto, os baixíssimos níveis de aquisição da cidadania revelam como a retórica "civilizadora" não tinha uma tradução prática, mantendo as populações africanas arredadas de uma real integração legal.

31.07.2025 | por Pedro Cerdeira

Terras de árvores de nome cantado

Terras de árvores de nome cantado A permanência de Leite Nunes em Tempué resultou no nascimento de Maria Eugénia Leite Nunes. O nome da mãe da menina? Ana Kaimba. Idade? Não sabemos. A sua ocupação era “doméstica”, como indica Maria Eugénia numa entrevista (Cruz, 2010). Não sabemos igualmente, por enquanto, a sua comunidade de pertença. Os povos predominantes da região eram os Quiocos e os Ganguelas. Assente está que o nascimento da menina foi antecedido pelo primordial dos atos, o ato carnal entre um homem e uma mulher. Ele, chefe de posto e ela, uma mulher local. O futuro da menina, filha de pai português branco e de mãe angolana negra, por mais privilegiadas que fossem as circunstâncias do seu nascimento, a sua vida até à independência de Angola estaria sujeita à «condição colonial».

27.07.2025 | por Aida Gomes

E nasce-me um monólogo na moto

E nasce-me um monólogo na moto negócio é simples, venda de sapatos pelas ruas. Ele não se habitua àquilo, ao acto de ser patrão. Não descansa, forma par com um ou com outro. Conta hoje com cinco funcionários. Quando saem para trabalhar, formam três grupos que vão mudando todos os dias, assim como se alteram as rotas. Têm um mapa desenhado ao longo do tempo, uma obra de cartografia para amadores, com nomes criados para ruas e avenidas ou formas nos nossos bairros.

19.07.2025 | por Zezé Nguellekka

“Eu falo português, você fala brasileiro”: uma língua com múltiplas variedades, falada por milhões, ainda motiva discriminação

“Eu falo português, você fala brasileiro”: uma língua com múltiplas variedades, falada por milhões, ainda motiva discriminação   "O português é uma língua global, pertence a todos, sem hierarquias” – a docente da Universidade de Leeds e presidente da Associação de Professores e Investigadores de Língua Portuguesa no Reino Unido, Sofia Martinho, reage assim à ideia de superioridade linguística que diz que ainda persiste em Portugal. “Os meus alunos também são um bocadinho donos da língua.” Os estudantes de Sofia Martinho são uma pequena amostra do interesse internacional pela aprendizagem de português.

18.07.2025 | por Alda Rocha

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 15)

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 15) Exalta a propriedade privada, mesmo que isso seja privar os outros de propriedades. Adora o Estado quando é para tapar buracos e salvar bancos, mas odeia-o quando é hora de pagar impostos e de prestar contas, vê-o apenas como guarda da propriedade privada (não admira que a PSP trabalhe a guardar cadeias de supermercados, enquanto os nossos impostos lhe pagam o salário). Sonha privatizar o próprio Estado e vendê-lo na bolsa de valores. O socialismo, por seu turno, defende que os meios de produção devem ser da sociedade, não privados, mas o Estado decide quem é a sociedade. Bora, trabalho digno, mercado domesticado, impostos redistribuídos. Escola, saúde e pão… e algum circo. Mas o que se viu foi: o grande líder, comités, chefes, burocracia e censuras brutais. O povo, todavia, nivelado por baixo… olé!

13.07.2025 | por Marinho de Pina

O papel das bibliotecas comunitárias na redução das desigualdades sociais educativas: uma reflexão a partir de experiências em Luanda

O papel das bibliotecas comunitárias na redução das desigualdades sociais educativas: uma reflexão a partir de experiências em Luanda Este artigo explora o papel das bibliotecas comunitárias e alternativas como ferramentas para a mitigação das desigualdades sociais educativas, com base em experiências desenvolvidas em zonas periféricas de Luanda, Apoiado em observações empíricas e referências da sociologia da educação e da leitura, o texto discute o potencial de transformação desses espaços informais, mas organizados, para a promoção da justiça social, do acesso ao conhecimento e da cidadania activa.

30.06.2025 | por Daniel Anibal

White Racism, entrevista a Loren Landau

White Racism, entrevista a Loren Landau A maioria dos americanos provavelmente não quer saber. Gostaria de ouvir o que os sul-africanos dizem sobre estas pessoas. Sei que muita gente acha isto ofensivo ou ridículo, mas talvez isso inicie uma discussão sobre o papel e a posição dos brancos na sociedade sul-africana. Acho que ainda há alguns debates que precisam de ser feitos.

26.06.2025 | por Laura Burocco

A língua caboverdeana é um fator de unidade transnacional

A língua caboverdeana é um fator de unidade transnacional A dificuldade no consenso para a padronização da escrita é perfeitamente entendível e advém do processo histórico caboverdeano de que pouco ou nada falamos. Julgamo-nos uns aos outros, fulanizamos críticas que se desviam invariavelmente do foco principal, partidarizamos a política e perdemo-nos em desaguisados indigestos. As configurações seculares que nos enformam, desde o povoamento, trazem com elas estigmas de desunião quer entre as ilhas do arquipélago, quer na relação com o nosso continente, que teimamos em manter sem nos apercebermos quão colonizado deixámos ficar o nosso pensamento.

25.06.2025 | por Fernanda Marques