José Luiz Tavares

Tarrafal, Cabo Verde (1967). Estudou literatura e filosofia em Portugal, onde vive em exílio voluntário, dedicado à sua obra. Publicou vinte livros, desde a sua estreia em 2003, com Paraíso Apagado por um Trovão, que vêm pondo a nu a mediocridade do  panorama poético cabo-verdiano, apesar dos seus inchados pergaminhos, via certo Caliban e outras mirabílicas misérias. É o escritor mais premiado de sempre de Cabo Verde, tendo recebido, no seu país e no estrangeiro, entre outros, os seguintes prémios: Prémio Cesário Verde/CMO, Prémio Mário António de Poesia/Fundação Calouste Gulbenkian, Prémio Jorge Barbosa/AEC, Prémio Pedro Cardoso/MC, Prémio de Poesia Cidade de Ourense, Prémio BCA/Academia Cabo-verdiana de Letras, Prémio Vasco Graça Moura/INCM, Por três vezes consecutivas recebeu o Prémio Literatura para Todos do Ministério da Educação do Brasil, Prémio Ulysses/ The Poets and Dragons Society, e a Bolsa Fundação Eça de Queirós. Foi finalista duas vezes do prémio ibero-americano Correntes d’escritas, Finalista do Pen Club Português, semifinalista do Prémio Portugal Telecom de literatura e Oceanos de Língua Portuguesa. Os seus livros integram o Plano Nacional de Leitura de Cabo Verde e de Portugal. 

Está traduzido para inglês, francês, espanhol, italiano, alemão, mandarim, neerlandês, russo, finlandês, catalão, galês e letão. Traduziu Camões e Pessoa para a língua cabo-verdiana. Não aceitou, até agora, nenhuma comenda ou medalha. Tem inúmeros inimigos, sobretudo não declarados, e meia-dúzia de bons amigos. Deu coices e espera receber. Será um dia de alegria. A ferros, fez uma filha que, por si própria, se fez gente. É consumidor de cerveja, de preferência stout, em doses homéricas. Não é elo de nenhuma rede, social ou outra. Por isso vive clandestino na ditadura do mundo. Quezilento ontológico, tem-se dedicado, no seu país, ao assalto e derrube de fortalezas, mistificações e subjugações culturais. O neocolonialismo linguístico é um dos seus alvos. As ratazanas literárias, outro. As flatulências políticas, outro mais. É negro, mestiço arraçado de anjo, dizem uns. É o próprio diabo, asseveram outros. Gostaria de ter asas, mas bastam-lhe as duas mãos, a boca e o cérebro. Deixará por epitáfio voltarei para vos foder a todos, cabrões. Antes, mijará abundantemente, não sobre as vossas tumbas, mas sobre vós ainda vivos.

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