 Aos treze anos descobri que não era bonita e encontrar culpados deixou de ser importante. Dos rapazes não era a favorita o que não me chateava assim tanto, desde que a pauta se mantivesse exímia, afinal, era o único poder que eu ali tinha. Não tinha O cabelo, nem O nariz, nem A pele, mas tinha o “nunca esperei que fosses tão boa aluna” e isso a melanina não podia apagar. Mais um quadro era colocado no lugar para disfarçar a janela que, entretanto, de tinha desintegrado.
				Aos treze anos descobri que não era bonita e encontrar culpados deixou de ser importante. Dos rapazes não era a favorita o que não me chateava assim tanto, desde que a pauta se mantivesse exímia, afinal, era o único poder que eu ali tinha. Não tinha O cabelo, nem O nariz, nem A pele, mas tinha o “nunca esperei que fosses tão boa aluna” e isso a melanina não podia apagar. Mais um quadro era colocado no lugar para disfarçar a janela que, entretanto, de tinha desintegrado.		
		
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		22.10.2025 | por Lara Guimarães		
	
  
    		
		
						 Voltamos a ser encarados como nos primórdios, 
como nos forçaram a pretender ser
E vem o peso do cansaço, e vem a força do tempo 
relembrar que lá foram nos buscar
para agora nos quererem expulsar.
Exaustos sim, cansados sim e resistimos.
Voltamos a ser peças que em nosso nome.
que em nome dos idos, 
se elevam resilientes
				Voltamos a ser encarados como nos primórdios, 
como nos forçaram a pretender ser
E vem o peso do cansaço, e vem a força do tempo 
relembrar que lá foram nos buscar
para agora nos quererem expulsar.
Exaustos sim, cansados sim e resistimos.
Voltamos a ser peças que em nosso nome.
que em nome dos idos, 
se elevam resilientes		
		
			Mukanda		
		
		19.07.2025 | por Telma Tvon		
	
  
    		
		
						 O corpo negro é um dos termos aborrecidos, limitantes e desgastantes que abundam no discurso decolonial. O facto de ser um termo desconhecido, ou quase desconhecido, na Guiné-Bissau, faz-me perguntar: como é que se decoloniza a África sem os africanos estarem envolvidos?
				O corpo negro é um dos termos aborrecidos, limitantes e desgastantes que abundam no discurso decolonial. O facto de ser um termo desconhecido, ou quase desconhecido, na Guiné-Bissau, faz-me perguntar: como é que se decoloniza a África sem os africanos estarem envolvidos?		
		
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		12.02.2025 | por Marinho de Pina		
	
  
    		
		
						 Ser uma jovem migrante brasileira negra investigadora em Portugal é resistir à destituição do meu potencial singular e complexo, quando a lógica colonial insiste em me cristalizar em identidades marcadas para morrer. É tentar equilibrar o aforismo gramsciano - pessimismo da razão e otimismo da vontade - numa fronteira cultural, social e política cujo agente de imigração não vai com a minha cara. Mas na escrevivência posso ser fronteiriça, posso ser tudo e nada, posso até abandonar esse texto sem uma lição que o valha.
				Ser uma jovem migrante brasileira negra investigadora em Portugal é resistir à destituição do meu potencial singular e complexo, quando a lógica colonial insiste em me cristalizar em identidades marcadas para morrer. É tentar equilibrar o aforismo gramsciano - pessimismo da razão e otimismo da vontade - numa fronteira cultural, social e política cujo agente de imigração não vai com a minha cara. Mas na escrevivência posso ser fronteiriça, posso ser tudo e nada, posso até abandonar esse texto sem uma lição que o valha. 		
		
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		27.10.2024 | por Gessica Correia Borges 		
	
  
    		
		
						 As histórias contam-se na primeira pessoa. Fala-se de agressões gratuitas, da falta de respeito, de não se sentirem cidadãos de direito: “antes de se identificar já foi vítima”, “queremos ser tratados como cidadãos”; polícias à paisana com conversas ordinárias, insultos repetidos “pretos de me***”, “volta para a tua terra”; saídas à noite que acabam em tragédia, rusgas quando se está calmamente no café a ver a bola e se acaba deitado no chão à chuva, a ouvir insultos, festas de aniversário ou modestos convívios que de repente se misturam com balas, e ops, danos colaterais...
				As histórias contam-se na primeira pessoa. Fala-se de agressões gratuitas, da falta de respeito, de não se sentirem cidadãos de direito: “antes de se identificar já foi vítima”, “queremos ser tratados como cidadãos”; polícias à paisana com conversas ordinárias, insultos repetidos “pretos de me***”, “volta para a tua terra”; saídas à noite que acabam em tragédia, rusgas quando se está calmamente no café a ver a bola e se acaba deitado no chão à chuva, a ouvir insultos, festas de aniversário ou modestos convívios que de repente se misturam com balas, e ops, danos colaterais... 		
		
			Cidade		
		
		25.10.2024 | por Marta Lança		
	
  
    		
		
						 A sentença do Tribunal apresenta-nos outra explicação – a meu ver – desconcertante. A resistência de Cláudia Simões e a reação das pessoas que viram a ocorrência na paragem de autocarro teriam sido de tal forma desestabilizadoras que, em jeito de “descompressão”, Carlos Canha agride violentamente aqueles dois homens. Se a tese da “descompressão” não permite ilibar, ela aligeira a dimensão moral dos atos do agente. Descontrolou-se, agiu sem verdadeira intenção, sem premeditação, “descomprimiu”.
				A sentença do Tribunal apresenta-nos outra explicação – a meu ver – desconcertante. A resistência de Cláudia Simões e a reação das pessoas que viram a ocorrência na paragem de autocarro teriam sido de tal forma desestabilizadoras que, em jeito de “descompressão”, Carlos Canha agride violentamente aqueles dois homens. Se a tese da “descompressão” não permite ilibar, ela aligeira a dimensão moral dos atos do agente. Descontrolou-se, agiu sem verdadeira intenção, sem premeditação, “descomprimiu”. 		
		
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		03.07.2024 | por Cristina Roldão		
	
  
    		
		
						 Essas pessoas agora sentiam muito ódio, muito medo, muita insegurança e vulnerabilidade. Mas quantos milhares e milhares de negros tinham experimentado isso ao longo dos tempos? Quantos milhares de negros não sentiram a profunda sensação do absurdo daquilo que lhes estava a acontecer? Quantos milhares de negros não sentiram que a sua vida iria de certeza ter um final trágico? Quantos milhares de negros não viveram e morreram fervendo de ódio nas plantações de café, a trabalhar nas minas, ou apanhados pelas armadilhas da tributação que fazia com que de um dia para o outro dessem consigo em São Tomé nas roças de cacau, onde esgotados pelo trabalho do contrato, chegavam por si próprios à conclusão que nunca mais regressariam para a sua família e para a sua terra. Ninguém lhes escutava os gritos e ninguém lhes limpava as lágrimas, durante anos, décadas e séculos, não houve nem consolo, nem misericórdia.
				Essas pessoas agora sentiam muito ódio, muito medo, muita insegurança e vulnerabilidade. Mas quantos milhares e milhares de negros tinham experimentado isso ao longo dos tempos? Quantos milhares de negros não sentiram a profunda sensação do absurdo daquilo que lhes estava a acontecer? Quantos milhares de negros não sentiram que a sua vida iria de certeza ter um final trágico? Quantos milhares de negros não viveram e morreram fervendo de ódio nas plantações de café, a trabalhar nas minas, ou apanhados pelas armadilhas da tributação que fazia com que de um dia para o outro dessem consigo em São Tomé nas roças de cacau, onde esgotados pelo trabalho do contrato, chegavam por si próprios à conclusão que nunca mais regressariam para a sua família e para a sua terra. Ninguém lhes escutava os gritos e ninguém lhes limpava as lágrimas, durante anos, décadas e séculos, não houve nem consolo, nem misericórdia.		
		
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		21.06.2024 | por Cármen Loureiro Rosa		
	
  
    		
		
						 Queremos dar um sinal inequívoco e público de que atos e organizações sociais, políticas e partidárias racistas e xenófobas são inaceitáveis e queremos demonstrar a nossa solidariedade para com as vítimas de todos os ataques de ódio em Portugal. A negação e inércia sistemáticas são o terreno fértil para a impunidade do racismo e da xenofobia, que têm vindo a escalar e devem ser absolutamente inaceitáveis em qualquer democracia. O silêncio das instituições é cúmplice. Não o acompanharemos nem o legitimaremos.
				Queremos dar um sinal inequívoco e público de que atos e organizações sociais, políticas e partidárias racistas e xenófobas são inaceitáveis e queremos demonstrar a nossa solidariedade para com as vítimas de todos os ataques de ódio em Portugal. A negação e inércia sistemáticas são o terreno fértil para a impunidade do racismo e da xenofobia, que têm vindo a escalar e devem ser absolutamente inaceitáveis em qualquer democracia. O silêncio das instituições é cúmplice. Não o acompanharemos nem o legitimaremos.		
		
			Mukanda		
		
		25.01.2024 | por vários		
	
  
    		
		
						 A acção do livro é contemporânea ou quase, decorrendo durante o primeiro, e implora-se que último, mandato do Trump, enquanto presidente dos EUA. Em Money, no Mississipi começam a aparecer homens brancos linchados, acompanhados do cadáver de um homem negro, extremamente parecido com Emmett Till, que lhe segura os testículos arrancados. Não é apenas a extrema violência que marca os crimes. O homem negro, visível e comprovadamente morto, tende a desaparecer de uma cena do crime e a aparecer noutra.
				A acção do livro é contemporânea ou quase, decorrendo durante o primeiro, e implora-se que último, mandato do Trump, enquanto presidente dos EUA. Em Money, no Mississipi começam a aparecer homens brancos linchados, acompanhados do cadáver de um homem negro, extremamente parecido com Emmett Till, que lhe segura os testículos arrancados. Não é apenas a extrema violência que marca os crimes. O homem negro, visível e comprovadamente morto, tende a desaparecer de uma cena do crime e a aparecer noutra.		
		
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		12.01.2024 | por Pedro Goulão		
	
  
    		
		
						 Negros que vivem na diáspora, como os que moram em Portugal, crescem num ambiente traumático sem muitas vezes o realizarem. Crescem numa sociedade pensada, criada e mantida para ser branca, em total alienação com o que o sujeito negro é de facto. Alheios a outras referências, crescem muitas vezes a acreditar nessa imagem que a sociedade projeta deles: em eterna posição de inferioridade, de feiura, de proscrição e relegados ao papel de vilão social
				Negros que vivem na diáspora, como os que moram em Portugal, crescem num ambiente traumático sem muitas vezes o realizarem. Crescem numa sociedade pensada, criada e mantida para ser branca, em total alienação com o que o sujeito negro é de facto. Alheios a outras referências, crescem muitas vezes a acreditar nessa imagem que a sociedade projeta deles: em eterna posição de inferioridade, de feiura, de proscrição e relegados ao papel de vilão social		
		
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		11.09.2023 | por Aoaní d'Alva		
	
  
    		
		
						 Continuarem a defender os nossos princípios e o programa de ação. Os Cidadãos por Lisboa defendem uma visão política de uma cidade, aberta, e que não deixa ninguém para trás. E temos bem claro que há valores e grupos que merecem a nossa especial atenção, particularmente no que toca às condições de vida das pessoas mais vulneráveis e com menos visibilidade na nossa sociedade. Estamos com estas pessoas, independentemente de uma ideia de cidade que se quer impor em Lisboa e que não as considera, como as que foram defendidas pelo Chega nesta sessão da Assembleia Municipal.
				Continuarem a defender os nossos princípios e o programa de ação. Os Cidadãos por Lisboa defendem uma visão política de uma cidade, aberta, e que não deixa ninguém para trás. E temos bem claro que há valores e grupos que merecem a nossa especial atenção, particularmente no que toca às condições de vida das pessoas mais vulneráveis e com menos visibilidade na nossa sociedade. Estamos com estas pessoas, independentemente de uma ideia de cidade que se quer impor em Lisboa e que não as considera, como as que foram defendidas pelo Chega nesta sessão da Assembleia Municipal.		
		
			Cara a cara		
		
		16.02.2023 | por vários		
	
  
    		
		
						 o privilégio é branco e o beneficiário da branquitude é maioritariamente branco. Mas a África não está fora dos grilhões da branquitude, porque a branquitude é mais do que a cor branca, a branquitude não é sobre indivíduos nascidos de motivos biológicos não decididos por eles mesmos, mas sobre o sistema que opera na base de uma regra odienta que cega e nega afeto ao mundo preto. Porém, paradoxalmente, há pretos que têm benefício com isso. A branquitude usa o racismo para operar e segregar; e o racismo, apesar de branco (se falarmos só da Europa, porque, caro amigo racializado, temos a China ali ao lado também a racializar-nos), o racismo opera noutro nível, controlando povos e economias, mas concentrando-se mais na cor.
				o privilégio é branco e o beneficiário da branquitude é maioritariamente branco. Mas a África não está fora dos grilhões da branquitude, porque a branquitude é mais do que a cor branca, a branquitude não é sobre indivíduos nascidos de motivos biológicos não decididos por eles mesmos, mas sobre o sistema que opera na base de uma regra odienta que cega e nega afeto ao mundo preto. Porém, paradoxalmente, há pretos que têm benefício com isso. A branquitude usa o racismo para operar e segregar; e o racismo, apesar de branco (se falarmos só da Europa, porque, caro amigo racializado, temos a China ali ao lado também a racializar-nos), o racismo opera noutro nível, controlando povos e economias, mas concentrando-se mais na cor.		
		
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		02.12.2022 | por Marinho de Pina		
	
  
    		
		
						 Como propaganda, a Justiça Popular não é complexa. À direita estão os simples cidadãos, aldeões e trabalhadores: vítimas do regime. À esquerda estão os autores dos crimes e os seus cúmplices internacionais. Os representantes dos serviços de inteligência estrangeiros - a ASIO australiana, MI5, a CIA - são representados como cães, porcos, esqueletos e ratos. Existe mesmo uma figura com o rótulo "007". Uma coluna armada marcha sobre uma pilha de crânios, uma vala comum. Entre os perpetradores encontra-se um soldado com cara de porco, usando uma Estrela de David e um capacete com "Mossad" escrito. Ao fundo, um homem com cachos laterais, nariz torto, olhos ensanguentados e dentes de vampiro. Veste um fato, fuma charuto e o chapéu tem as iniciais "SS": um judeu ortodoxo, representado como um banqueiro rico, em julgamento por crimes de guerra - na Alemanha, em 2022.
				Como propaganda, a Justiça Popular não é complexa. À direita estão os simples cidadãos, aldeões e trabalhadores: vítimas do regime. À esquerda estão os autores dos crimes e os seus cúmplices internacionais. Os representantes dos serviços de inteligência estrangeiros - a ASIO australiana, MI5, a CIA - são representados como cães, porcos, esqueletos e ratos. Existe mesmo uma figura com o rótulo "007". Uma coluna armada marcha sobre uma pilha de crânios, uma vala comum. Entre os perpetradores encontra-se um soldado com cara de porco, usando uma Estrela de David e um capacete com "Mossad" escrito. Ao fundo, um homem com cachos laterais, nariz torto, olhos ensanguentados e dentes de vampiro. Veste um fato, fuma charuto e o chapéu tem as iniciais "SS": um judeu ortodoxo, representado como um banqueiro rico, em julgamento por crimes de guerra - na Alemanha, em 2022.		
		
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		10.08.2022 | por Eyal Weizman		
	
  
    		
		
						 A relação entre os corpos e o espaço é inescapável, sendo através do segundo que os primeiros se cumprem enquanto agentes móveis e livres, e exercitam os seus direitos de cidadania. Contudo, o que importa nomear é a privação do pleno acesso ao espaço a determinados corpos, os corpos de pessoas negras, das comunidades ciganas/romenas e migrantes.
Partindo da tese de bell hooks acerca da antítese margem-centro, a vedação do acesso ao centro dos corpos racializados atua enquanto instrumento de periferização desses mesmos corpos, segregados pelos caminhos de ferro.
				A relação entre os corpos e o espaço é inescapável, sendo através do segundo que os primeiros se cumprem enquanto agentes móveis e livres, e exercitam os seus direitos de cidadania. Contudo, o que importa nomear é a privação do pleno acesso ao espaço a determinados corpos, os corpos de pessoas negras, das comunidades ciganas/romenas e migrantes.
Partindo da tese de bell hooks acerca da antítese margem-centro, a vedação do acesso ao centro dos corpos racializados atua enquanto instrumento de periferização desses mesmos corpos, segregados pelos caminhos de ferro.		
		
			Cidade		
		
		13.04.2022 | por Catarina Valente Ramalho		
	
  
    		
		
						 Não existe, se é que alguma vez tenha existido, uma nação sem diferentes comunidades e diferentes pessoas. Significando que convivências multiétnicas são uma realidade antiga em vários cantos do mundo. Então, porquê e para quê discriminar? Vários foram os relatos que me foram chegando nas redes sociais sobre a discriminação racial que tem estado a ocorrer na Ucrânia nos últimos dias aos estudantes negros, ou africanos, ou afrodescendentes que tentavam sair do país para escaparem da guerra, cruzando a fronteira da Ucrânia com a Polónia. Uns a pé, outros de comboio, outros ainda de autocarros. O problema agrava-se quando a passagem lhes é negada. Porquê?
				Não existe, se é que alguma vez tenha existido, uma nação sem diferentes comunidades e diferentes pessoas. Significando que convivências multiétnicas são uma realidade antiga em vários cantos do mundo. Então, porquê e para quê discriminar? Vários foram os relatos que me foram chegando nas redes sociais sobre a discriminação racial que tem estado a ocorrer na Ucrânia nos últimos dias aos estudantes negros, ou africanos, ou afrodescendentes que tentavam sair do país para escaparem da guerra, cruzando a fronteira da Ucrânia com a Polónia. Uns a pé, outros de comboio, outros ainda de autocarros. O problema agrava-se quando a passagem lhes é negada. Porquê?		
		
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		14.03.2022 | por Arimilde Soares 		
	
  
    		
		
						 No título, Paulo Tavares dá o tom de seu ensaio ao perguntar: “Lucio Costa era racista?” Em seguida, revê alguns de seus textos cruciais, demonstrando como a questão racial e o colonialismo embasam seu pensamento. Se em 1928, na entrevista que concedeu ao jornal O Paiz, Costa diz que “Tudo é função da raça. A raça sendo boa o governo é bom, será boa a arquitetura. Falem, discutam, gesticulem, o nosso problema básico é a imigração selecionada, o resto é secundário, virá por si”, em 1957, no Relatório do Plano Piloto de Brasília, ele afirma: “Trata-se de um ato deliberado de posse, de um gesto de sentido ainda desbravador, nos moldes da tradição colonial”.
				No título, Paulo Tavares dá o tom de seu ensaio ao perguntar: “Lucio Costa era racista?” Em seguida, revê alguns de seus textos cruciais, demonstrando como a questão racial e o colonialismo embasam seu pensamento. Se em 1928, na entrevista que concedeu ao jornal O Paiz, Costa diz que “Tudo é função da raça. A raça sendo boa o governo é bom, será boa a arquitetura. Falem, discutam, gesticulem, o nosso problema básico é a imigração selecionada, o resto é secundário, virá por si”, em 1957, no Relatório do Plano Piloto de Brasília, ele afirma: “Trata-se de um ato deliberado de posse, de um gesto de sentido ainda desbravador, nos moldes da tradição colonial”.		
		
			Jogos Sem Fronteiras		
		
		23.02.2022 | por Roberto Conduru e Paulo Tavares		
	
  
    		
		
						 Caro amigo branco, quando as pessoas falam do racismo, falam de um sistema ridículo construído por uns brancos ricos no alto do seu imperialismo e que tem diminuído vários indivíduos, arrastando-os para um abismo de auto-depreciação. O racismo é uma ação baseada no poder e na dominação, o racismo aliou-se ao capitalismo, o racismo é parte de um sistema económico, político e social de controlo das mentes, que atira gentes contra gentes, convencendo gentes de que são mais gentes do que outras gentes.
				Caro amigo branco, quando as pessoas falam do racismo, falam de um sistema ridículo construído por uns brancos ricos no alto do seu imperialismo e que tem diminuído vários indivíduos, arrastando-os para um abismo de auto-depreciação. O racismo é uma ação baseada no poder e na dominação, o racismo aliou-se ao capitalismo, o racismo é parte de um sistema económico, político e social de controlo das mentes, que atira gentes contra gentes, convencendo gentes de que são mais gentes do que outras gentes.		
		
			A ler		
		
		17.01.2022 | por Marinho de Pina		
	
  
    		
		
						 Todos desceram depois a Rua Nova do Almada até à Praça do Município e enfiaram pela Rua do Arsenal, em direção ao Cais do Sodré. Durante este trajeto, encontraram outro indivíduo negro, em sentido contrário, o qual foi também cercado e agredido a soco e com pontapés, ao ponto de o terem derrubado, fazendo-o cair no chão. As agressões continuaram, até que um deles ergueu um pau com o formato de um taco de basebol, desferindo-lhe uma pancada no rosto, causando-lhe, entre outras lesões, um traumatismo craniano e na pirâmide nasal, com fratura dos ossos do nariz. Depois, abandonaram-no, continuando rumo à Avenida 24 de Julho, ao estabelecimento «A Merendeira», para se encontrarem, conforme combinado, com outros elementos do seu grupo de skinheads.
				Todos desceram depois a Rua Nova do Almada até à Praça do Município e enfiaram pela Rua do Arsenal, em direção ao Cais do Sodré. Durante este trajeto, encontraram outro indivíduo negro, em sentido contrário, o qual foi também cercado e agredido a soco e com pontapés, ao ponto de o terem derrubado, fazendo-o cair no chão. As agressões continuaram, até que um deles ergueu um pau com o formato de um taco de basebol, desferindo-lhe uma pancada no rosto, causando-lhe, entre outras lesões, um traumatismo craniano e na pirâmide nasal, com fratura dos ossos do nariz. Depois, abandonaram-no, continuando rumo à Avenida 24 de Julho, ao estabelecimento «A Merendeira», para se encontrarem, conforme combinado, com outros elementos do seu grupo de skinheads.		
		
			Mukanda		
		
		30.11.2021 | por João Pedro George 		
	
  
    		
		
						 Gueto é a tradução de um bairro entre “guerra” e “paz”. Para aqueles que lá vivem, recusa-se o rótulo de “piores” e reivindica-se o direito à cidade. Das “assadas” ao “amor”, novos sentidos são dados a esses territórios de “memórias” que não querem estar reféns da segregação urbana.
				Gueto é a tradução de um bairro entre “guerra” e “paz”. Para aqueles que lá vivem, recusa-se o rótulo de “piores” e reivindica-se o direito à cidade. Das “assadas” ao “amor”, novos sentidos são dados a esses territórios de “memórias” que não querem estar reféns da segregação urbana.		
		
			Afroscreen		
		
		10.11.2021 | por Otávio Raposo		
	
  
    		
		
						 A história da detenção e condenação de Danijoy, bem como da sua misteriosa morte não fogem à regra da desproporção das medidas de coação e da violência contra jovens negros no sistema judicial e prisional português.
				A história da detenção e condenação de Danijoy, bem como da sua misteriosa morte não fogem à regra da desproporção das medidas de coação e da violência contra jovens negros no sistema judicial e prisional português.		
		
			Mukanda		
		
		09.11.2021 | por vários