Tal como foi o silêncio [de lutos e luzes]

Tal como foi o silêncio [de lutos e luzes] O luto pode ensinar-nos a viver em liberdade. Esta peça convida-nos a tomar a decisão. Em doze inspirações, que poderiam ser atos poéticos, o público é convidado a respirar palavras e silêncios, espelhos e espaços, dor e busca, encontro e tempo. O espetáculo passa-se todo numa sala, a atriz parece-nos tão próxima que podia ser qualquer um que entra e fica na sala. Ao mesmo tempo, parece-nos tão distante que nos desperta a memória do que todos temos medo de viver. A ausência.

Palcos

16.05.2024 | por Joana Morais e Castro

Há liberdade de imprensa em Angola?

Há liberdade de imprensa em Angola? Identificar um tema consensual para, em Angola, se debater o estado da liberdade de imprensa está muito longe de ser um desafio fácil de ultrapassar pela polarização existente, mas não deixa de ser uma orientação pertinente que podia conduzir-nos a uma outra reflexão sobre o país real nesta data em que existe uma predisposição maior para este tipo de levantamento. A título de sugestão, este consenso até poderia ser tentado no próprio parlamento com a realização de uma plenária anual consagrada exclusivamente ao estado da liberdade de imprensa no país tendo como referência um tópico mais específico.

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14.05.2024 | por Reginaldo Silva

“Se não lemos, achamos que o mundo começa e acaba no nosso umbigo”, entrevista a Inocência Mata

“Se não lemos, achamos que o mundo começa e acaba no nosso umbigo”, entrevista a Inocência Mata Estou muito contente pela opção que fiz porque ensino literatura, estudos literários e estudos pós-coloniais, que são áreas de grandes questionamentos. Eu não gosto do saber “congelado” ou do saber que não se discute. Não gosto de ideias dogmáticas. Gosto de discutir ideias, considero que existe sempre outra forma de ver o mundo, particularmente na área das humanidades e das ciências sociais, que não são ciências exatas.

Cara a cara

14.05.2024 | por Nélida Brito

Krik-krak, a arte dos contos no Haiti

Krik-krak, a arte dos contos no Haiti No Haiti, as histórias folclóricas e a sabedoria popular passam de boca em boca. Ao final da tarde, quando o sol se acalma e as ruas se enchem de vizinhos, é hora do kont ou de jogar ao krik-krak. No país em convulsão, a tradição oral tão antiga como o mais antigo ancestral marca a pauta dos valores coletivos e da identidade.

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13.05.2024 | por Pedro Cardoso

E de repente eclodiu a revolução do 25 de Abril de 1974 e deu-se a libertação dos presos políticos do Tarrafal e tudo o mais que viria depois!...*

 E de repente eclodiu a revolução do 25 de Abril de 1974 e deu-se a libertação dos presos políticos do Tarrafal e tudo o mais que viria depois!...* E de repente eclodiu o 25 de Abril de 1974, considerado pelo Nhonhô numa entrevista à RTC (Radio-Televisão de Cabo Verde) sobre o seu percurso de vida como “uma autêntica revolução”. E de facto foi a festa infinita que começou com a caça aos informadores e agentes da PIDE/DGS na cidade da Praia, a queima das respectivas viaturas e/ou seu despenhamento no mar a partir do Cruzeiro do Platô, actos nos quais o Nhonhô e os seus amigos estudantes da Assomada residentes na cidade-capital da colónia/província ultramarina portuguesa participaram activamente e continuou com o lançamento de panfletos políticos na vila da Assomada dirigidos aos militares aquartelados no antigo edifício da SAGA e para o qual fui mobilizado pelo Betinho de Nho Bebeto-Alberto Lopes Barbosa, Júnior (sendo essa a primeira acção política, ademais clandestina, de toda a minha vida, depois muito marcada pela intervenção política e cívica, se bem que em larga medida fora do quadro político-partidário), e, logo depois, com a libertação dos presos políticos do Tarrafal, prosseguindo com os frequentes comícios, reuniões, sessões de esclarecimento e manifestações, os saraus culturais e as muitas e acaloradas discussões políticas, nas quais nós, adolescentes, também nos envolvíamos entusiástica e freneticamente.

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10.05.2024 | por José Luís Hopffer Almada

TXONBON (Chão Bom)

TXONBON (Chão Bom) como outros nacionalistas africanos / tais os muito seviciados os muito aliciados / cem presidiários políticos guineenses / como outros emboscados como outros /rebuscados como outros mortificados / patriotas negros mulatos e brancos / dilacerados em diferendos vários / tais os cento e seis prisioneiros / e condenados políticos angolanos

Mukanda

08.05.2024 | por José Luís Hopffer Almada

O cinema de Messora e Salaviza com o povo indígena Krahô: “uma mesa farta para todos”

O cinema de Messora e Salaviza com o povo indígena Krahô: “uma mesa farta para todos” A premissa inicial para a construção de 'A Flor do Buriti' era refletir sobre a relação dos Krahô com a terra que habitam, num contexto que continua a ser colonialista, opressor e violento, mas esta foi expandida por um escrutínio da representação feminina na comunidade e nas formas de luta que se impunham pelo agravamento das ofensivas, nos anos em que o filme foi rodado: um período especialmente duro para os povos indígenas devido à pandemia de Covid-19 e ao governo de extrema-direita bolsonarista. Sob estas circunstâncias, a resistência teve que ser, necessariamente, reforçada.

Afroscreen

07.05.2024 | por Anabela Roque

“Com a sua obra, Paula Rego mostrou que a democracia não está completa sem incluir os direitos das mulheres”, entrevista a Catarina Alfaro e Leonor de Oliveira

“Com a sua obra, Paula Rego mostrou que a democracia não está completa sem incluir os direitos das mulheres”, entrevista a Catarina Alfaro e Leonor de Oliveira Em entrevista ao BUALA, as curadoras Catarina Alfaro e Leonor de Oliveira falam da sua investigação em torno do trabalho desta artista portuguesa, cuja obra desafiou a época ditatorial em que viveu. O contexto pré e pós-Revolução dos Cravos, as questões políticas ou os direitos das mulheres são apenas algumas das temáticas que Paula Rego representou nas suas gravuras, pinturas e desenhos. A crítica à sociedade marca presença em todas, ainda que subtilmente.

Cara a cara

02.05.2024 | por Mariana Moniz

Reparações? As omissões, os portões trancados da revolução e a petrificação dos cravos

Reparações? As omissões, os portões trancados da revolução e a petrificação dos cravos A questão das reparações é complexa. Longe de ser um mero tema mediático ou discurso político-académico, é (deveria ser), uma ação que envolve muita gente, lugares, contextos e temporalidades. Não pode ser uma agenda que “Portugal deve liderar”, como diz o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Existem várias dimensões sobretudo geopolíticas que exigem dos “danados” uma agência e protagonismo inegociáveis. Por outras palavras, é preciso poder. O poder de exigir e de obter. Fora disto estaremos apenas a "apelar, ingenuamente, ao coração dos opressores”. No início deste ano, realizou-se uma conferência no Porto sobre a questão das reparações. Do encontro, resultou um documento intitulado “Declaração do Porto: Reparar o Irreparável” com 20 propostas concretas que resumem reivindicações de longa data dos movimentos e pessoas negras em Portugal.

Mukanda

02.05.2024 | por Apolo de Carvalho