Anozero’19, Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra

Anozero’19, Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra É neste espanto respeitoso de quem inventou o que não existia que o visitante vai sendo surpreendido pela sinestesia das obras que habitam o despovoado, fantasmagórico e potente convento-quartel, irmanadas pelos fios do conto do escritor Guimarães Rosa, que dá o mote e entrelaça todos os contributos. “Como assentar num lugar sistematicamente invadido por tamanha força?”, interroga o guia da exposição, fazendo dessa pergunta o centro político do projeto bienal.

18.12.2019 | por Carla Baptista

Acha que minto? - exposição de Jimmie Durham

Acha que minto? - exposição de Jimmie Durham Jimmie Durham traz à superfície a verdade da obra de arte, provavelmente um dos temas mais relevantes num mundo que esquece permanentemente a natureza ficcional da arte – o que não implica que não inscreva, na sua materialidade e no caráter representacional, uma intrínseca verdade paradoxal. A fragilidade e aparente vernacularidade das obras que integram a exposição joga, portanto, com a fina linha entre a produção do real e a recolha de objetos do mundo, num palimpsesto de sentidos que gera uma tensão entre o que nos é dado e o que construímos.

02.12.2019 | por Delfim Sardo

::Diário do Futuro:: ou como repensar o(s) passado(s) colonialista(s)

::Diário do Futuro:: ou como repensar o(s) passado(s) colonialista(s) Eu venho do futuro. Estive nele durante sete dias. Levei o gravador, o bloco de notas, a caneta. Ouvi vozes: todas disparam premências, discursos de preocupação do hoje que serão futuro durante muitos anos. Viajei pelos continentes europeu, americano, asiático e africano, sobretudo. Trago coordenadas que podem ajudar a pensar. Trago muitas urgências. Vai ser assim: tem feminismos, um exército de mosquitos a espalhar febre amarela, curadores a tentar mudar narrativas históricas dominantes, resistência indígena, sociologias da urgência, conferências-performance. E até uma arte depois do fim do mundo, psicadélica.

19.11.2019 | por Vanessa Ribeiro Rodrigues

Where I (we) Stand - encontro internacional

Where I (we) Stand - encontro internacional os Encontros convocam os lugares da história colonial, com enfoque no passado colonial português, ao mesmo tempo que se ancora no presente para pensar os lugares a partir dos quais defendemos a construção de outras narrativas e ampliamos as possibilidades para outras «imaginações». Nesse sentido, é também o lugar de um posicionamento ativo em relação a estas questões.

18.11.2019 | por vários

Como um relógio parado - sobre a exposição de Daniel Blaufuks

Como um relógio parado - sobre a exposição de Daniel Blaufuks Há uma suspensão da subjetividade e vontade na sua relação com o real. Como se ficássemos entre parênteses, descontextualizados. É um pouco da lógica proustiana, misturar o instante com a eternidade. Estar no tempo e ao mesmo tempo fora dele. Assistir ao espetáculo do mundo e ver que o seu fluxo não nos compromete, numa serena promiscuidade entre passado, presente e futuro.

13.11.2019 | por Marta Rema

Centros de Gravidade

Centros de Gravidade Numa Europa que deixou de ser o centro de gravidade do mundo, mas que permanece infraestrutural na globalização de regimes de poder neoliberal, patriarcal e (neo)colonial, e que condiciona não só geopolíticas epistemológicas e ontológicas, como a própria sustentabilidade do planeta, convocamos outras forças de gravidade para um olhar crítico sobre algumas estruturas que perpetuam estes mesmos regimes.

12.11.2019 | por Alexandra Balona

Exposição Meta-Arquivo: 1964-1985: Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura

Exposição Meta-Arquivo: 1964-1985: Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura Reflexão acerca da documentação pública arquivada pelo Estado Brasileiro: como ler esses arquivos? Como construir memória a partir deles? Como aprender coletivamente sobre a história do país e de seu povo, a partir de sua análise? Como preservar esses acervos e, como consequência, a memória dos processos civilizatórios que alicerçam a sociedade atual?

03.11.2019 | por vários

Fluxo e Função, obra de Carlos Correia

Fluxo e Função, obra de Carlos Correia Segundo Carlos Correia afirmava, por um lado existem as obras que partem de imagens preexistentes, por outro, aquelas que não têm modelo. O mediatismo das pinturas exteriores difere radicalmente da depuração das pinturas interiores, assentes na perspetiva, a par de uma vigorosa pesquisa cromática, são geométricas, abstratas, em camadas, espaços fechados que abrem para outros espaços fechados e vazios que abrem para outros vazios.

13.10.2019 | por Marta Rema

I am not here. eu estou aquI notas sobre um corpo-lugar acidental

I am not here. eu estou aquI notas sobre um corpo-lugar acidental Estados patológicos como «doença da terra», «doença da cabeça cansada» ou ainda «doença feita com-a-mão» aludem aos estados de ansiedade, precariedade e vulnerabilidade destas comunidades, mas também de perda de localização em relação ao espaço cultural e geográfico que os sujeitos ocupam. Traduzem igualmente o estado de negociação intensa entre as «forças sobrenaturais negativas» e as estruturas sociais e políticas desiguais, num lugar a meio caminho entre a terra de origem e a terra de chegada.

23.09.2019 | por Rita Fabiana

Festival Fuso

Festival Fuso O FUSO regressa a Lisboa entre os dias 27 de Agosto e 1 de Setembro com os trabalhos de dois artistas convidados, Antoni Muntadas e Pedro Barateiro, e sessões de videoarte programadas por curadores portugueses e internacionais. A 11ª edição do único festival de vídeo ao ar livre em Lisboa, apresenta assim seis noite de verão, com sessões gratuitas, em espaços únicos, como os jardins e claustros dos principais museus de Lisboa. Artistas convidados: Pedro Barateiro e Antoni Muntadas Programas dos curadores: Tom Van Vliet (Holanda), Sandra Vieira Jürgens (Portugal), Moacir dos Anjos (Brasil), Margarida Mendes (Portugal), Lori Zippay (EUA)

26.08.2019 | por vários

Breve reflexão sobre a exposição “the portuguese prison photo project”
no Museu do Aljube - resistência e liberdade

Breve reflexão sobre a exposição “the portuguese prison photo project”
no Museu do Aljube - resistência e liberdade O Aljube funcionava sobretudo como plataforma de trânsito, uma espécie de depósito de detidos que vinham de esquadras espalhadas pelo país e que depois, caso se considerasse necessário, eram trasladados para a sede da PIDE para serem interrogados ou/e eram transferidos para outras prisões. Assim, este Museu acaba por representar um dos processos mais marcantes da ditadura portuguesa: a detenção por delitos de opinião, a tortura e a morte de tantos defensores da liberdade. Deste modo é que constitui um espaço cuja carga simbólica é muito forte para receber esta exposição sobre prisões contemporâneas, e por isso mesmo importa que as duas narrativas não sejam confundidas.

18.08.2019 | por Fátima da Cruz Rodrigues

Marepe em paralaxe

Marepe em paralaxe "Cabeça acústica", construída com bacias de alumínio, catalisa uma experiência acústico-perceptiva que, diferentemente do material que a constitui, não tem nada de trivial. Instalada como uma espécie de epígrafe à mostra “Marepe: estranhamente comum”, com curadoria de Pedro Nery, a obra encarna aspectos da poética do artista

10.08.2019 | por Icaro Ferraz Vidal Junior

Ni le soleil ni la mort, de João Louro

Ni le soleil ni la mort, de João Louro Aqui, a visão da catástrofe está a olho nu. João Louro contrapõe imagens do teatro de guerra com tabelas periódicas dos elementos, expõe colagens e palavras não já impressas, mas sim bordadas. O artista recria, com grande clareza, a forma como os dadaístas se interessaram por outras culturas, sobretudo a africana.

29.07.2019 | por Marta Rema

Lost Lover: o que diríamos da história se a pudessemos contar

Lost Lover: o que diríamos da história se a pudessemos contar Sobre as condições políticas e histórico-geográficas da produção e controle do conhecimento, nos fala a exposição Lost Lover, com curadoria de Lara Koseff, originalmente apresentada no Rio de Janeiro, no exterior do espaço Lanchonete e presentemente no espaço Rampa, no Porto. Numa das salas, onze vídeos projectados em loop de artistas maioritariamente sul-africanos confrontam-nos com o abandono do medo, assim convocando questões habitual e estrategicamente silenciadas.

12.06.2019 | por Eduarda Neves

"The Unbalanced Land" de Adrián Balseca

"The Unbalanced Land" de Adrián Balseca O sistema estético de The Unbalanced Land assenta num princípio de fragmentação e tensão e num modelo representativo multitemporal, perscrutando as capas do passado que subsistem no presente e os itinerários materiais, discursivos, culturais e ideológicos dos objectos expostos. O gesto artístico de Balseca inscreve-se, portanto, numa genealogia de práticas poético-políticas descoloniais, apontando, ao mesmo tempo, para a persistência de formações coloniais no Equador contemporâneo.

21.05.2019 | por Raquel Schefer

"The portuguese prison photo project" no Museu do Aljube

"The portuguese prison photo project" no Museu do Aljube Quem já viu o interior de uma prisão? Para a maioria de nós são as imagens dos filmes e de algumas leituras que ficam. O projeto "The portuguese prison photo" cruza os olhares de Luís Barbosa e Peter Schulthess sobre o interior de sete prisões portuguesas contemporâneas, nenhuma de alta-segurança. Retrata as prisões portuguesas, da mais antiga (1880), à mais recente.

20.05.2019 | por Marta Rema

Exposição Inaugural no espaço RAMPA: Lost Lover I Porto

Exposição Inaugural no espaço RAMPA: Lost Lover I Porto Nas ruas de Joanesburgo, em postes elétricos e paredes foram afixados cartazes onde simplesmente se lê "Lost Lover" (Amor Perdido) em letras garrafais a vermelho ou azul. São estranhamente belos devido à sua simplicidade, mas também pela complexidade das histórias que evocam. Assim deixam um rasto de poesia pelas ruas da cidade agreste, sugerindo que entre as nossas necessidades primárias vive o desejo do regresso a um amor em tempos perdido ou roubado. Falam-nos também, numa voz simples, daquilo que nos torna humanos, desse desejo por uma realidade diferente.

20.05.2019 | por vários

C.o.n.s.t.r.u.c.t.i.o.n. de Tiago Borges

C.o.n.s.t.r.u.c.t.i.o.n. de Tiago Borges Se o mundo continua em crise, a história não se tornou progresso, o capital não supriu as desigualdades, e Deus morreu (Notre-Dame ardeu), o que fazer? Ao invés de alimentar a neurose da culpa que perpassa hoje o Ocidente, o gesto artístico de Tiago Borges vai ao encontro do híbrido e do impuro enquanto marcas dos processos de modernidade não canónicos desenvolvidos fora do eixo Europa-América do Norte.

17.05.2019 | por Marta Mestre

Francisco Vidal x Fronteiras Invisíveis

Francisco Vidal x Fronteiras Invisíveis Nunca foi tão imperativo repensarmos a nossa forma de estar no mundo, e, é ao encontro desta necessidade de combater mentalidades e atitudes que possam condicionar a possibilidade de fazer acontecer mais além deste tempo, que devemos lutar por uma poesia fértil, transparente e inteligente que, neste espaço expositivo, começa com um simples gesto de pintura. É neste território, de reflexão e de expressão, individual e coletiva, que a arte cumpre um papel fundamental, enquanto motor de mudança, reflexo do tempo presente, e património de amanhã – um lugar Manifesto, entre o Real e o Ideal, como o que é invocado nesta exposição, e celebrado através da pintura e do desenho.

16.05.2019 | por Namalimba Coelho

África diversidade comum

África diversidade comum A diversidade dos autores em termos de género, geografia, idade e geração encontra um elo comum na diferença de estilos, materiais e técnicas. O objectivo é revelar dimensões mais abrangentes que ultrapassam a vertente puramente estética e cromática das obras, o que pressupõe uma dimensão ética e filosófica do pensamento contemporâneo africano que é marcadamente não alinhado, rico de poesia silenciosa, que constitui a maior dádiva do seu discurso.

16.05.2019 | por Manuel Dias dos Santos