Este ensaio examina a forma como as práticas artísticas contemporâneas têm contribuído para uma descolonização epistémica e ético-política do presente através da investigação crítica de vários tipos de arquivos coloniais, quer públicos, quer privados, quer familiares, quer anónimos. Tomando como estudos de caso obras dos artistas Ângela Ferreira, Kiluanji Kia Henda, Délio Jasse, Daniel Barroca e Raquel Schefer, este ensaio indagará até que ponto a estética destas práticas videográficas, fotográficas e escultóricas implica uma política e uma ética da história e da memória relevantes para pensar criticamente as amnésias coloniais e as nostalgias imperiais que ainda caracterizam uma condição pós-colonial marcada por padrões neo-coloniais de globalização e por relações difíceis com comunidades migrantes e diaspóricas.
Jogos Sem Fronteiras
06.12.2020 | por Ana Balona de Oliveira
Nesta permanente reconfiguração, estaleiro de obras ora aqui ora acolá, requalificações seriadas, corrida às cidades sustentáveis, mais ou menos cidadãs friendly, não dispensam camadas de demolições, entulho, lixo. Um dos seus problema de fundo é lógica de acumulação, é isso que lhes dá sentido existencial. As cidades tudo engolem e tudo regorgitam, lidando mal com os resíduos, sejam eles matéria ou pessoas.
Cidade
13.08.2020 | por Marta Lança
estávamos ainda no início dos debates sobre o pós-colonialismo e não havia uma reflexão aprofundada sobre o contexto de produção das obras de artistas afro-descendentes. Uma geração mais tarde, assiste-se a uma reflexão teórica e a uma produção académica e literária que estuda e reconhece os artistas afro-descendentes como artistas da pós-memória. As suas obras têm um lugar no panorama da arte contemporânea. Destacam pela expressão de continuidade de um universo veiculado por memórias de vivências diferidas, ou seja, não experienciadas na primeira pessoa, que permanece como inspiração, e através do qual se convocam novas formas de inquirir o real e de produzir novas representações pós-imperiais do mundo.
A ler
27.07.2020 | por António Pinto Ribeiro
Estados patológicos como «doença da terra», «doença da cabeça cansada» ou ainda «doença feita com-a-mão» aludem aos estados de ansiedade, precariedade e vulnerabilidade destas comunidades, mas também de perda de localização em relação ao espaço cultural e geográfico que os sujeitos ocupam. Traduzem igualmente o estado de negociação intensa entre as «forças sobrenaturais negativas» e as estruturas sociais e políticas desiguais, num lugar a meio caminho entre a terra de origem e a terra de chegada.
Vou lá visitar
23.09.2019 | por Rita Fabiana
Aqui, a visão da catástrofe está a olho nu. João Louro contrapõe imagens do teatro de guerra com tabelas periódicas dos elementos, expõe colagens e palavras não já impressas, mas sim bordadas. O artista recria, com grande clareza, a forma como os dadaístas se interessaram por outras culturas, sobretudo a africana.
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29.07.2019 | por Marta Rema
Sobre as condições políticas e histórico-geográficas da produção e controle do conhecimento, nos fala a exposição Lost Lover, com curadoria de Lara Koseff, originalmente apresentada no Rio de Janeiro, no exterior do espaço Lanchonete e presentemente no espaço Rampa, no Porto.
Numa das salas, onze vídeos projectados em loop de artistas maioritariamente sul-africanos confrontam-nos com o abandono do medo, assim convocando questões habitual e estrategicamente silenciadas.
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12.06.2019 | por Eduarda Neves
Nas ruas de Joanesburgo, em postes elétricos e paredes foram afixados cartazes onde simplesmente se lê "Lost Lover" (Amor Perdido) em letras garrafais a vermelho ou azul. São estranhamente belos devido à sua simplicidade, mas também pela complexidade das histórias que evocam. Assim deixam um rasto de poesia pelas ruas da cidade agreste, sugerindo que entre as nossas necessidades primárias vive o desejo do regresso a um amor em tempos perdido ou roubado. Falam-nos também, numa voz simples, daquilo que nos torna humanos, desse desejo por uma realidade diferente.
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20.05.2019 | por vários
Nunca foi tão imperativo repensarmos a nossa forma de estar no mundo, e, é ao encontro desta necessidade de combater mentalidades e atitudes que possam condicionar a possibilidade de fazer acontecer mais além deste tempo, que devemos lutar por uma poesia fértil, transparente e inteligente que, neste espaço expositivo, começa com um simples gesto de pintura. É neste território, de reflexão e de expressão, individual e coletiva, que a arte cumpre um papel fundamental, enquanto motor de mudança, reflexo do tempo presente, e património de amanhã – um lugar Manifesto, entre o Real e o Ideal, como o que é invocado nesta exposição, e celebrado através da pintura e do desenho.
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16.05.2019 | por Namalimba Coelho
Francisco Vidal está mais interessado noutras figuras e depois da série em construção dos retratos a tinta da china ei-lo a enveredar por uma pintura iconoclasta da comunidade dos seus heróis e amigos. A série mais recente é composta por cinco retratos que têm a particularidade de serem de músicos negros: Dj Nervoso, Marfox, Niga Fox, Dj Nídia e Dj Firmeza.
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24.04.2019 | por António Pinto Ribeiro
A ARCOlisboa 2019 acolhe a participação de mais de 70 galerias de 17 países. A secção inédita ÁFRICA EM FOCO, organizada pela curadora Paula Nascimento, reúne 6 galerias de Angola, Uganda, Moçambique e África do Sul, e apresenta uma série de conversas temáticas sobre as artes e as culturas contemporâneas do continente africano.
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24.04.2019 | por vários
Pois o que é o silêncio? A resposta clássica seria ausência de vibrações mecânicas transmitidas pelo ar. O silêncio pressupõe que qualquer coisa exterior ao ser humano estaria em estado de repouso ou seria anulada por algum efeito. O ruído seria neste sentido tudo aquilo que, não desejado, imprime uma qualidade de perturbação ao sinal: ou o próprio sinal. Na verdade, nunca houve silêncio. Sempre houve muito ruído. O silêncio é, por vezes, a representação do vazio, da ausência de algo, de um termo, de outro elemento ou pessoa.
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06.02.2019 | por Marta Rema
No centro de todos os poderes imperialistas, Portugal incluído, existiu sempre uma incrível habilidade para esquecer, uma fábrica incrível de esquecimento. A tarefa dos artistas, escritores e pensadores é de analisar este processo de ‘lembrar e esquecer’.
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22.01.2019 | por George Shire
O hotel traz consigo a simbologia da viagem, dos trânsitos diaspóricos, é um dos elementos arquitectónicos recorrentes nas explorações da artista. Em Hotel Globo (2015), obra que tem como ponto de partida o hotel construído na década de 50 na Baixa de Luanda, o edifício adquire um estatuto de quase resistência às mudanças aceleradas em seu redor; Panorama materializa a decadência, é um navio naufragado, resignado à própria sorte.
Cidade
29.11.2018 | por Paula Nascimento
Odiaria fazer qualquer discurso pós-colonial ou adotar qualquer outra estratégia para dar lugar de consolo a um troço qualquer, pois o que teríamos que aceitar aqui é uma evidência desconhecida apenas pela própria ignorância dos livros; sabe-se lá quais são as tantas razões que há. Prefiro não pensar no quanto nos tornamos preguiçosos e nos desvencilhamos da análise de fontes primárias, neste conforto teorizante de citar livros para provar aquilo que os novos livros querem escrever e buscam atualizar da historieta toda. Nada disso vem ao caso pois no achado do artista só vale entender a sua potência própria.
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07.11.2018 | por Afonso Luz
Todas as obras presentes na exposição possuem conotações alegóricas, míticas, intuitivas e se utilizam de símbolos para emanar novas ideias e propostas de existência e relação, ativando tanto cosmologias ancestrais quanto situações históricas de resistência, luta e ativismo.
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21.10.2018 | por Catarina Duncan
Ao questionar a história, Durham questiona a própria ideia de passado, e traz a tarefa de tratarmos de nossos traumas no presente. Ele não faz comentários sobre a arte brasileira especificamente, muito menos sobre nossa antropofagia cultural. O artista está interessado nas características e consequências da mentalidade colonial da sociedade brasileira.
Cara a cara
18.10.2018 | por Maíra das Neves
O projeto “A Ilha de Vénus” além de ser um questionamento sobre a legitimação de uma história que exclui o “outro”, é também uma reflexão sobre uma das maiores tragédias da humanidade no presente, que começa na busca de um sonho que somente é realizado cruzando o Mediterrâneo. A realização deste sonho muitas vezes termina num pesadelo.
Mukanda
09.06.2018 | por Kiluanji Kia Henda
Numa altura em que o discurso pós-colonial começa a complexificar-se, pela luta conjunta de pessoas e iniciativas em várias áreas, a visão ignorante e eurocêntrica que atravessa este festival não devia passar incólume. Apelo a que se celebre África, no dia 25 de maio e todos os dias, claro, mas em eventos e contextos inclusivos, onde se considere o pensamento contemporâneo africano, com ética, respeito e conteúdo.
Mukanda
24.05.2018 | por Marta Lança
De uma viagem recente a Luanda, destaco uma exposição colectiva e três individuais: Being Her(e), comissariada por Paula Nascimento (Angola) e Violet Nantume (Uganda); 50 Anos Vivendo, Criando, de António Ole (Angola); Luvuvamo + Nzola | Paz + Amor, de Paulo Kapela (Angola); e Senhores do Vento, de Thó Simões (Angola). Em Lisboa, assinalo Fuck It’s Too Late!, a primeira individual de Binelde Hyrcan (Angola) em Portugal, com curadoria de Ana Cristina Cachola (Portugal).
Vou lá visitar
27.02.2018 | por Ana Balona de Oliveira
De 1 a 6 de Fevereiro decorreu, na baixa de Luanda, a 4ª edição do Fuckin’ Globo. As propostas do colectivo artístico foram, como habitualmente, variadas. O tom e a crítica social e política apresentam-se cada vez mais contundentes. Revisitemos os quartos e a fachada do Hotel Globo, na rua Rainha Ginga.
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21.02.2018 | por vários