"1000 anos de alegrias e tristezas" é o título do livro de memórias do artista chinês Ai Weiwei (艾未未). Digo artista mas podia também dizer ativista. Digo chinês mas poderia também dizer cidadão do mundo, ou inconformado ou até mesmo cidadão do mundo inconformado. Ai Weiwei fala-nos do passado mas parece estar sempre a explicar o presente. Como se para se entender uma flor, tivéssemos que começar pelo seu caule e depois seguir atentamente cada pétala. E não basta entender a flor, mas saber onde se posiciona: se é um girassol num cartaz de propaganda maoista ou se é uma orquídea colhida naquele dia e colocada por cima das câmaras de vigilância de Caochangdi, perto da morada de Ai Weiwei em Pequim. A memória, essa corda que se pode agarrar e avançar ou voltar para dias que ficaram no passado.
15.11.2021 | por Sara F. Costa
O ponto de vista sobre a guerra não é portanto aqui o mais habitual – por ser o de mulheres do campo em Portugal, não protagonistas do palco da guerra. É o ponto de vista do impacto do acontecimento nas vidas (banais) daquelas que permaneceram em contextos rurais ou semi-urbanos em Portugal, e de como as suas vivências e sociabilidades (também) se constituíram pela guerra e pela influência, por vezes quase espectral, daqueles que para ela foram mobilizados: noivos, maridos, ou quase desconhecidos.
31.08.2021 | por Ana Gandum
Fuckin'Globo, provavelmente, o mais ousado dos eventos de arte contemporânea que acontece na cidade, num momento em que as tensões políticas, económicas e sociais do ano pré-eleitoral, em Angola, estão à flor da pele.
23.08.2021 | por Adriano Mixinge
A exposição EXPLORANDO: Kubanga Kukatula é a primeira apresentação pública de um projeto de criação artística e pesquisa, centrado em residências, produção de obras e exposições, de Lino Damião e Nelo Teixeira, artistas angolanos sediados em Lisboa, com curadoria de Paulo Moreira.
29.07.2021 | por vários
projecto que junta que junta profissionais africanos e afrodescendentes residentes em Portugal – ou com ligação ao país –, com o propósito de partilhar experiências, valorizar competências, criar alianças, divulgar e suportar negócios. Integra também ainda um laboratório de fotografia, uma oficina de palavras, e uma roda de conversa sobre o documentário As vozes da Mulher Negra.
26.07.2021 | por vários
A partir do dia 14 de Julho está aberto ao público o portal da Associação Tchiweka de Documentação (ATD) colocando online uma grande parte do arquivo que, desde 2006, o seu Centro de Documentação tem vindo a gerir, organizar e ampliar.
13.07.2021 | por Associação Tchiweka de Documentação
Uma visão mais alargada dos contornos dos acontecimentos do 27 de Maio, prestando especial atenção aos sentimentos dos que ficaram, em particular as mães. Com isso, não pretendemos de todo ignorar os restantes familiares, mas sim começar por onde a humanidade tem o seu início: no ventre materno.
As consequências destes acontecimentos foram de tal maneira nocivas, que pretendemos dar início a um longo processo de cura, humanizar a tragédia para mitigar a dor e buscar a paz interior.
11.07.2021 | por vários
Pele escura - da periferia para o centro", de Graça Castanheira, parte de uma ideia original de Kalaf Epalanga. Representa a viagem da periferia ao centro de seis amigos afrodescendentes, inscrevendo-se na paisagem branca e nas suas marcas exteriores de prosperidade.
24.06.2021 | por vários
A 8ª edição da Arquiteturas tem como objetivo refletir sobre a construção social do espaço conectado a um fio que circula dentro de suas próprias narrativas de dominação. Narrativas também sobre identidade que muitas vezes é retirada ou forçada a representar o nosso corpo. Contra algumas suposições atuais, vemos este paradigma perceptivo — um epítome da visão de nossos tempos — como fundamentalmente social, espacial e corporal.
A arquitetura trabalha com poderes administrativos, económicos, políticos e estruturais que controlam, segregam e colonizam, mapeando ativamente os territórios espaciais habitados pelos nossos corpos.
30.05.2021 | por vários
Numa época em que se fala, mais do que nunca, de muros a serem erguidos, de fronteiras
a serem reerguidas e de uma generalizada desconfiança do “outro” – o outro que somos nós, mas nascidos noutra circunstância –, é vital que o Imaterial se posicione também como plataforma de contactos entre os vários do mercado da música a nível planetário. Até porque também a pandemia de covid-19 veio lembrar-nos o quanto nos é essencial o pulsar da música ao vivo, assim como quão diferente e marcante é a experiência colectiva de nos reunirmos em torno de sons que vemos ganhar vida à nossa frente. A plataforma profissional associada ao Imaterial remete-nos também para uma das características notáveis do património imaterial – a faculdade de transportar uma identidade local e levá-la a correr mundo, apresentá-la num outro lugar, estabelecer diálogos e promover encontros entre povos.
27.05.2021 | por vários
O Arquiteturas Film Festival vai levar até ao Cinema São Jorge, em Lisboa, uma seleção de onze filmes produzidos em Angola, o país convidado desta oitava edição do festival, que se realiza entre os dias 1 e 6 de junho.
Para além da programação cinematográfica, o café do Cinema São Jorge receberá um ciclo de debates intitulado “África Habitat”, bem como as instalações dos angolanos Lino Damião e Nelo Teixeira. Os cineteatros de Angola estarão também em destaque numa exposição organizada por Afonso Quintã, a partir de material do Cine-estúdio do Namibe, do arquiteto José Botelho Pereira.
27.05.2021 | por Flávia Brito
E se a Nakba, a palavra que elucida a despossessão catastrófica por excelência, não é um evento do ano de 1948, mas uma condição constantemente reconstituída da vida palestiniana, então resguardar-se contra ainda outra Nakba passou a ser estrutural nesta história e entrelaçado com a própria vida palestiniana.
25.05.2021 | por Samera Esmeir
Articula‑se em dois temas: Em Ecopensamento, parte‑se de estudos ecocríticos para promover o debate sobre novas possibilidades de interdependência entre os domínios natural, social e político. Em Especulações Botânicas, introduzem‑se questões que têm sido levantadas por artistas sobre a ciência que se dedica ao estudo das plantas, tais como a nomenclatura científica atribuída às espécies e o reconhecimento do saber empírico e popular do seu poder curativo.
22.05.2021 | por vários
A galeria de arte contemporânea THIS NOT A WHITE CUBE expande a sua presença internacional com a abertura de um novo espaço em Lisboa, no Chiado.
Para assinalar a ocasião, entre 27 de Maio e 17 de Julho, apresenta em simultâneo nas duas delegações de Lisboa e Luanda, uma exposição individual do artista santomense René Tavares.
“In Memory We Trust” promove uma reflexão em torno das noções de memória, história, tradição, património e miscigenação.
16.05.2021 | por vários
O conjunto de obras aqui propostas constitui-se pós-colonial, não apenas porque revela facetas de sociedades que foram colonizadas e que preservam marcas dessa colonização, mas principalmente porque contém e ultrapassa relações entre identidades e alteridades nascidas durante o colonialismo.
Neste ciclo veremos: “Alma ta Fika” de um cineasta português citado quase 30 anos mais tarde em “Kmê Deus” por um cabo-verdiano; depois, “Mãos de Barro” de um cineasta brasileiro, radicado em Moçambique desde meados dos anos 1970; e finalmente “Luanda, a Fábrica da Música”, uma obra de uma cineasta portuguesa e de um cineasta angolano.
11.05.2021 | por vários
Historicamente, os artistas têm combatido criticamente as doenças e os preconceitos na sua prática, com vista a alterar dinâmicas institucionalizadas. Num momento em que epidemias, o capitalismo e aquecimento global ameaçam todas as formas de vida, queremos interrogar os modos como as diferenças e as formas de vulnerabilidade dos nossos corpos são capturadas em categorias estruturantes das relações sociais, criando estigmas que moldam percepções normativas. Vamos debruçar-nos também sobre a forma como essa mesma vulnerabilidade implica inevitavelmente a interdependência das nossas existências. Quais são as coreografias de solidariedade e cuidado?
10.05.2021 | por vários
Leituras Feministas acolhe o lançamento do livro “Matchundadi: Género, Performance e Violência Política na Guiné-Bissau” de Joacine Katar Moreira.
Um livro que coloca em fricção o conceito de “matchundadi” e a política e o Estado guineenses.
10.05.2021 | por vários
Diz-se que há cerca de dois séculos os habitantes de São Brás de Alportel, perante a aproximação de uma frota invasora e do perigo do saque, da destruição e da morte, socorreram-se de um ardil: à noite, ao longo da costa de frente ao mar, de tochas acesas nas mãos e outras enfileiradas cravadas no chão, convenceram o inimigo de que eram muitos e preparados, levando-o a cancelar o desembarque e a seguir caminho.
09.05.2021 | por Sara Goulart Medeiros e Vasco Célio
Face a uma degradação progressiva que representa a evolução das atitudes actuais mascaradas da globalização relativamente às culturas e, consequentemente, relativamente às religiões africanas e outras não europeias, tal culminou na negação absoluta da religiosidade das populações dessas imensas regiões ou no reconhecimento dessa religiosidade, embora seja um reconhecimento tímido, mesmo nos nossos dias.
06.05.2021 | por Rafael Mouzinho
"António Ole: Matéria Vital" reúne obras de diversos períodos do multifacetado percurso artístico de mais de cinquenta anos de António Ole (Luanda, 1951). Realizadas em vários meios, da escultura à fotografia, do desenho ao vídeo, estas obras colocam em evidência a atenção que Ole tem dedicado à natureza e aos seus elementos e matérias vitais. A terra, a água, o fogo e o ar assumem aqui inúmeras formas que, no seu conjunto, convidam a uma percepção planetária e a uma consciência ecológica não só da coabitação, mas, sobretudo, da interdependência entre formas de vida humana e não humana (animal, vegetal, mineral) – assunto vital, para cuja premência e urgência a própria realidade pandémica veio, mais do que nunca, alertar.
27.04.2021 | por Ana Balona de Oliveira