“O impulso fotográfico”, (Des)arrumar o Arquivo Colonial

“O impulso fotográfico” alude à propagação da fotografia pelo mundo e à sua apropriação enquanto um meio de comunicação considerado fidedigno e realista.

Nesta exposição, a expansão da fotografia associa-se à expansão científica colonial que vê na fotografia a tecnologia adequada para visualizar, medir, classificar e arquivar os seus objetos de estudo de modo potencialmente infinito, num contexto de progressivo extrativismo.  

Partindo desta obsessão pela medição e classificação, mostra-se os modos como os territórios e os corpos das pessoas colonizadas foram visualmente apropriados durante as missões científicas de geodesia, geografia e antropologia, no período 1890-1975, e como se difundiram as narrativas da ciência colonial. Também se quer mostrar como as pessoas colonizadas resistiram de diversas formas. No arquivo colonial encontramos inúmeras provas tanto da opressão quanto destas formas de resistência.

Procurámos outras histórias – umas ficcionais, outras não –, criadas ou desvendadas pelo sentido crítico da equipa multidisciplinar que se envolveu em diferentes fases do projeto: desde a conservação e restauro de álbuns fotográficos, à digitalização de fotografias e filmes, passando pela investigação teórica ou artística, até à própria construção museográfica. 

Esta exposição resulta de diversos encontros deste grupo de investigadores/as, artistas e ativistas que, num processo de curadoria colaborativa, contribuiu com as suas ideias, dúvidas e perguntas para debater questões como: qual o significado destas coleções de fotografias e objetos, no passado, no presente e para as diferentes comunidades? Que marcas deixaram estas imagens enraizadas na sociedade? O que mostrar e como mostrar?

Esta é uma exposição concebida para questionar e ser questionada.

Por isso o projeto museográfico desta exposição assume o mote da desarrumação, do trabalho em curso e do inacabado. 

O IMPULSO FOTOGRÁFICO (Des)ARRUMAR O ARQUIVO COLONIAL
É uma exposição feita a partir de uma releitura de um arquivo colonial de fotografia, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Lisboa entre 21 de Dezembro de 2022 e 31 de Maio de 2023
Autoria do projecto Photo Impulse do ICNOVA NOVA FCSH, com diversos parceiros.

A exposição é um dos resultados do projeto de investigação “O impulso fotográfico: medindo as colónias e os corpos colonizados. O arquivo fotográfico e fílmico das missões portuguesas de geografia e antropologia”, com financiamento público da FCT  nº PTDC/COM-OUT/29608/2017, acolhido pelo ICNOVA da NOVA-FCSH.

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Vou lá visitar | 11 Dezembro 2022 | arquivo, colonial, descolononizar, Fotografia