A Guerra Guardada: fotografia de soldados portugueses em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique (1961-74)

Museu do Aljube Resistência e Liberdade 13 de janeiro a 20 de março, 3ª a dom, 10h-18h

Durante os anos da guerra, milhares de jovens recrutados para Angola, Guiné-Bissau e Moçambique tiraram fotografias daquilo que os rodeava: os camaradas, os quartéis, as paisagens, o quotidiano, as populações civis, o aparato militar. Estas imagens escaparam à censura do regime, e foram guardadas ou enviadas pelo correio como provas de vida à distância.

Alguns destes homens construíram laboratórios improvisados, outros acederam a laboratórios oficiais. Vários frequentaram lojas de fotografia que floresceram com a procura gerada pela guerra, muitos compraram e trocaram imagens. Assim construíram os arquivos fotográficos de que agora mostramos partes.

Sessenta anos após o início do conflito, algumas coleções de antigos soldados foram destruídas, como se o passado se pudesse apagar nesse gesto. Outras, com o desaparecimento dos seus donos, ficaram órfãs. Muitas sobrevivem ainda, conservadas em álbuns ou em caixas, analógicas ou digitalizadas, e são mostradas em círculos restritos ou partilhadas nas redes sociais.

A Guerra Guardada explora coleções pessoais de homens que em tempos foram soldados. Dispersas um pouco por todo o país, retratam um tempo e um espaço distantes, e mostram uma guerra vivida mas também imaginada. Banais ou extraordinárias, revelam os muitos mundos de uma guerra longa e anacrónica que foi mandada combater pela ditadura. Que possam provocar diálogos em democracia.

Curadoras: Maria José Lobo Antunes e Inês Ponte

Nota: A Guerra Guardada inclui a possibilidade de ouvir algumas histórias por detrás das fotografias, através de QR codes. Sugerimos que leve o seu smartphone e auriculares quando a visitar, para garantir que desfruta em segurança desses conteúdos da exposição.

FICHA TÉCNICA 

Curadoria: Maria José Lobo Antunes e Inês Ponte

Fundos e intervenientes: Arquivo Aveiro e Cultura, Albano Costa Pereira, Antonino Pereira, António Barros, António Fernando Gonçalves, António Vilela, António Silvestre, Ângelo Teixeira, Boaventura Martins, Carlos Mendes, Casimiro Silva, Francisco Gomes, Fernando Penim Redondo, Fernando Silvestre, Fotosíntese/Buala, Gabriel Marques, Horácio Marcelino, João Freitas, João Gameiro, João Sousa, Joaquim Augusto Carvalho, Joaquim Cunha, Joaquim Silva, Joaquim Tomaz Soares, José Nunes Afonso, José Alves, José Cunha, José Freire, José Fernando Sousa, José Lopes, José Lourenço, José Pinto, José Rodrigues de Almeida, Luciano Leal, Luis Correa de Sá, Luis Mata, Manuel Carvalho, Manuel Rosa, Mário Martins, Mário Silva, Virgilio Santos

Artistas convidados: Daniel Barroca, Patricia Barbosa, Rita Neves, Maria Gonzaga

Máquinas Fotográficas: Fernando Penim Redondo

Museografia e Design: Ophelia Estúdio

Áudio: Ana Coelho, Filipe Fernandes, Luis Ferraz, Miguel Ramos, Rosário Melo (Confederação), AP Silvestre, Inês Ponte 

Gestão ICS-ULisboa: Eugénia Rodrigues, Pellegrino Cammino, Telma Vinhas

por Inês Ponte e Maria José Lobo Antunes
Vou lá visitar | 5 Janeiro 2022 | 25 de abril, angola, exposição, fascismo, Fotografia, guerra colonial, Guiné-Bissau, moçambique, Portugal