Os autores confrontaram-se com a ausência de informação sobre a representação de homens e mulheres negros na pintura europeia, o que os levou a interrogações muito objetivas: quem eram as pessoas representadas, o que motivou a sua representação, e porque é que na pintura raramente tinham uma identidade individualizada.
10.07.2019 | por Ana Paula Rebelo Correia
Trazendo algumas reflexões sobre práticas de decolonização do conhecimento e artes no contexto afro e índio brasileiro, este artigo alerta sobre o possível esvaziamento de termos e teorias, concentrando-se no movimento afrofuturista. Em paralelo, o debate sobre o afropolitanismo em relação ao cosmopolitanismo, pan-africanismo, e a formação da identidade africana, reconhecendo múltiplas modernidades. Para concluir, aponta-se para o perspectivismo ameríndio como possível fuga na assunção de humanidades como base de um pensamento decolonizado. E ainda alguns trabalhos de artistas africanos, afrodescendentes e indígenas brasileiros.
02.07.2019 | por Laura Burocco
Quando proponho a experiência estética como algo que nos coloca a ver a democracia – e aqui penso estética como Rancière a propõe em sua partilha do sensível, ou seja: como aquilo que possibilita a estese – em consonância com o título da intervenção estadunidense contra a anestesia de uma posse fascista, o que proponho de fato nada mais é do que observar aquilo que difere.
01.07.2019 | por Allende Renck
O facto deste assunto estar por todo o lado quer dizer que transbordou da esfera político-museológica para o espaço público e mediático, o que é bastante positivo, sobretudo se for acompanhado de intervenções e de debates esclarecedores. O processo, que não era simples à partida, tornou-se mais complexo importando novos problemas e, dada a heterogeneidade das posições dos Estados envolvidos, aumentou a sofisticação que era exigida para tratar deste assunto.
30.06.2019 | por António Pinto Ribeiro
Por que é que a Europa tem (ainda) tanta dificuldade em mostrar uma atitude coerente perante os discursos legitimadores dos racismos e da xenofobia? Quais são essas máscaras que lhe impedem de aceitar o seu passado colonial e considerar, de uma vez por todas, as diásporas como parte integrante da riqueza do mapa cultural europeu? O “velho continente” será capaz de conciliar o seu glorioso legado cultural (incluindo o teatro grego, dentro do contexto histórico em que este se insere) com o seu – menos glorioso – passado colonial?
22.06.2019 | por Felipe Cammaert
Comecei a descer com o meu traje de mergulho, cabelo desarrumado... Andando desconfortavelmente, percebi que não havia motivo para pânico. Ninguém se incomodava. Na Turquia, as pessoas olhariam, tentando perceber quem era aquela pessoa e o que estava fazendo lá. Naquele momento, entendi ‘Estou na Europa mesmo’. Ninguém se incomoda. Eles são livres”.
16.06.2019 | por Sinem Taş
a difícil assunção de uma guerra politicamente derrotada e o fecho traumático do ciclo imperial tenderam a produzir uma memória sobre a guerra colonial na qual – ainda que acentuando frequentemente a dimensão «trágica» ou «inútil» do acontecimento – sobressai uma leitura da participação no conflito como um gesto de dever e da figura do ex-combatente como alguém que fora vítima, ora dos «ventos da História», ora de uma guerra que fora obrigado a combater.
16.06.2019 | por Miguel Cardina
A partir do olhar pessoal dessas artistas sobre a história francesa, depreendem-se elementos que permitirão construir novas narrativas oficiais em que o imigrante não seja visto como ameaça, mas como parte da diversidade de uma nação. Ao incluir a história daqueles que ajudaram a reconstruir a Europa, a ideia mesma da Europa resulta fortalecida. Nas suas mais diversas formas, a arte destas mulheres permite a análise do contemporâneo e a construção de uma ideia de futuro. “A arte é a força que obriga a realidade a dizer o que ela não poderia dizer por seus próprios meios ou, em todo caso, o que ela arriscaria manter voluntariamente em silêncio” escreveu o autor congolês Sony Labou Tansi.
09.06.2019 | por Fernanda Vilar
Hartman oferece novas pistas metodológicas para a crítica literária que trabalham com arquivos e mostra-nos como os estudos literários podem usufruir do conhecimento de vidas de mulheres rebeldes como Esther Brown para ampliar o seu entendimento e interpretação das práticas criativas. Ler Hartman hoje recorda-nos a importância e o imperativo político que temos de interrogar no que diz respeito aos espaços e às estruturas de opressão, de aprisionamento e de conformismo a partir da perspetiva – especulativa se necessário – daqueles/as que neles resistem.
04.06.2019 | por Alexandra Reza
“Será a língua portuguesa um instrumento ideal a usar no processo de ensino-aprendizagem para a libertação do povo da Guiné?”. Tendo em conta que a língua portuguesa foi um dos instrumentos usados pelo colonialismo para a dominação do povo da Guiné, não seria normal o mesmo instrumento de opressão servir para um processo educativo que pretenda a libertação do mesmo povo da alienação colonial.
02.06.2019 | por Sumaila Jaló
O recente acréscimo de protagonismo das vozes de negros e afrodescendentes que, em Portugal, crescentemente se posicionam contra o racismo gerador desigualdade de oportunidades, é o que melhor configura a força de uma ancestralidade que merece ser resgatada e inventada.
26.05.2019 | por Bruno Sena Martins
Por instinto, acima de tudo, Jul’Antone é um homem que ama o arquipélago, é um puro ilhéu. Nota-se-lhe o apego plasmado a São Vicente, laços espirituais que a miséria e a falta de condições não conseguem quebrar. Nem dado de vidro abandonará em definitivo a sua terra, foi aqui que nasceu e será aqui que terminará os seus dias.
23.05.2019 | por Paulo Lima
Inspirado no tom de realismo mágico da novela, este artigo-animado estabelece um paralelismo o com o avô da narradora desenhada, que deixa Portugal para ir trabalhar para Moçambique durante a ditadura salazarista. Uma micro reflexão sobre o passado colonial no qual os brancos que foram para as "colónias", movidos por diferentes motivos e com posturas distintas perante os regimes coloniais europeus estavam, inevitavelmente, dessincronizados com os ambientes e culturas africanos nos quais desembocaram.
20.05.2019 | por Júlia Barata
Os “Congos” foram vários e o “Congoísmo” revelou-se maleável na forma e conteúdo, mas estável na utilidade. Assim sendo, a invocação da sua história e da sua memória só pode ser muito cautelosa. Aspecto importante, requer ainda que se considere a sua história não-europeia, a sua natureza transnacional, transregional e transatlântica, mas também no próprio continente africano. Que não se anule diversidade de actores, instituições, “discursos” e imagens, motivações e interesses.
18.05.2019 | por Miguel Bandeira Jerónimo
Uma série de textos que buscam produzir reflexões sobre o racismo vivenciado em países de língua oficial portuguesa nos três continentes; debate necessário para o posicionamento e confronto ao fenómeno persistente - o racismo - que se tem intensificado nos últimos anos, mostrando que não se trata somente de um facto do passado colonial.
18.05.2019 | por Renísia Cristina Garcia Filic
A reflexão sobre as dimensões transgeracionais do conceito de memória é, contudo, naturalmente, muito anterior à proposta de Hirsch. Em particular na literatura do Holocausto, a construção de uma “memória do não-vivido”, característica da atitude pós-memorial, constitui um modelo que pode ser abundantemente documentado e que, justamente pela força do paradigma da confrontação com o Holocausto para o conjunto dos estudos sobre violência, trauma e memória, merece uma atenção particular.
04.05.2019 | por António Sousa Ribeiro
Olha o ERRO gramatical da fonética vernácula. A quem pensas que influencias (vocabulário fica no armário)? Mandem chamar já e jááá… o DICIONÁRIO. Sem chapéu, acentuando metaforicamente o ponto final. Uma crónica tem fim? Que vitupério! Inpercebência. Dinossauro. Parece giro, popular. Contemporâneo! O Cronista. Polémico ou pacifista? Com as suas noções sócio comunicativas reais
04.05.2019 | por Indira Grandê
NARRATIVAS AFRO-EUROPEIAS é um projecto sobre as ligações dos cidadãos europeus com países e culturas africanos, enraizadas nas suas histórias pessoais e familiares, bem como na nossa memória coletiva e na História da Europa e da África: narrativas sobre raízes africanas e afrodescendência, sobre memória e pós-memória colonial, sobre diásporas e retornos, mas também sobre experiências atuais e sobre a interação afro-europeia de culturas e identidades.
28.04.2019 | por vários
As intervenções políticas, sociais e culturais dos portugueses invisíveis continuarão a ser cruciais para se começar a narrar Portugal de forma mais objetiva e responsável – haja porém vontade de desencobrir e agir sobre as invisibilidades da sociedade portuguesa.
19.04.2019 | por Hélia Santos
O fato de Franco estar enterrado "em local sagrado" e da decisão da sua família – de que caso não se possa impedir uma exumação, a que se opõem irrefutavelmente, Franco seja transferido para a Catedral de Madrid – forçou o governo a procurar apoio junto do Vaticano, transferindo o conflito para a esfera diplomática. O destino do corpo de Franco, que ainda está no Vale, tornou-se o centro de uma controvérsia memorial de primeira ordem que questiona a capacidade da democracia espanhola de se livrar de uma vez por todas do tenaz fantasma do seu último ditador.
06.04.2019 | por Francisco Ferrándiz