Breve reflexão sobre a exposição “the portuguese prison photo project”
no Museu do Aljube - resistência e liberdade

Breve reflexão sobre a exposição “the portuguese prison photo project”
no Museu do Aljube - resistência e liberdade O Aljube funcionava sobretudo como plataforma de trânsito, uma espécie de depósito de detidos que vinham de esquadras espalhadas pelo país e que depois, caso se considerasse necessário, eram trasladados para a sede da PIDE para serem interrogados ou/e eram transferidos para outras prisões. Assim, este Museu acaba por representar um dos processos mais marcantes da ditadura portuguesa: a detenção por delitos de opinião, a tortura e a morte de tantos defensores da liberdade. Deste modo é que constitui um espaço cuja carga simbólica é muito forte para receber esta exposição sobre prisões contemporâneas, e por isso mesmo importa que as duas narrativas não sejam confundidas.

18.08.2019 | por Fátima da Cruz Rodrigues

Marepe em paralaxe

Marepe em paralaxe "Cabeça acústica", construída com bacias de alumínio, catalisa uma experiência acústico-perceptiva que, diferentemente do material que a constitui, não tem nada de trivial. Instalada como uma espécie de epígrafe à mostra “Marepe: estranhamente comum”, com curadoria de Pedro Nery, a obra encarna aspectos da poética do artista

10.08.2019 | por Icaro Ferraz Vidal Junior

Ni le soleil ni la mort, de João Louro

Ni le soleil ni la mort, de João Louro Aqui, a visão da catástrofe está a olho nu. João Louro contrapõe imagens do teatro de guerra com tabelas periódicas dos elementos, expõe colagens e palavras não já impressas, mas sim bordadas. O artista recria, com grande clareza, a forma como os dadaístas se interessaram por outras culturas, sobretudo a africana.

29.07.2019 | por Marta Rema

Lost Lover: o que diríamos da história se a pudessemos contar

Lost Lover: o que diríamos da história se a pudessemos contar Sobre as condições políticas e histórico-geográficas da produção e controle do conhecimento, nos fala a exposição Lost Lover, com curadoria de Lara Koseff, originalmente apresentada no Rio de Janeiro, no exterior do espaço Lanchonete e presentemente no espaço Rampa, no Porto. Numa das salas, onze vídeos projectados em loop de artistas maioritariamente sul-africanos confrontam-nos com o abandono do medo, assim convocando questões habitual e estrategicamente silenciadas.

12.06.2019 | por Eduarda Neves

"The Unbalanced Land" de Adrián Balseca

"The Unbalanced Land" de Adrián Balseca O sistema estético de The Unbalanced Land assenta num princípio de fragmentação e tensão e num modelo representativo multitemporal, perscrutando as capas do passado que subsistem no presente e os itinerários materiais, discursivos, culturais e ideológicos dos objectos expostos. O gesto artístico de Balseca inscreve-se, portanto, numa genealogia de práticas poético-políticas descoloniais, apontando, ao mesmo tempo, para a persistência de formações coloniais no Equador contemporâneo.

21.05.2019 | por Raquel Schefer

"The portuguese prison photo project" no Museu do Aljube

"The portuguese prison photo project" no Museu do Aljube Quem já viu o interior de uma prisão? Para a maioria de nós são as imagens dos filmes e de algumas leituras que ficam. O projeto "The portuguese prison photo" cruza os olhares de Luís Barbosa e Peter Schulthess sobre o interior de sete prisões portuguesas contemporâneas, nenhuma de alta-segurança. Retrata as prisões portuguesas, da mais antiga (1880), à mais recente.

20.05.2019 | por Marta Rema

Exposição Inaugural no espaço RAMPA: Lost Lover I Porto

Exposição Inaugural no espaço RAMPA: Lost Lover I Porto Nas ruas de Joanesburgo, em postes elétricos e paredes foram afixados cartazes onde simplesmente se lê "Lost Lover" (Amor Perdido) em letras garrafais a vermelho ou azul. São estranhamente belos devido à sua simplicidade, mas também pela complexidade das histórias que evocam. Assim deixam um rasto de poesia pelas ruas da cidade agreste, sugerindo que entre as nossas necessidades primárias vive o desejo do regresso a um amor em tempos perdido ou roubado. Falam-nos também, numa voz simples, daquilo que nos torna humanos, desse desejo por uma realidade diferente.

20.05.2019 | por vários

C.o.n.s.t.r.u.c.t.i.o.n. de Tiago Borges

C.o.n.s.t.r.u.c.t.i.o.n. de Tiago Borges Se o mundo continua em crise, a história não se tornou progresso, o capital não supriu as desigualdades, e Deus morreu (Notre-Dame ardeu), o que fazer? Ao invés de alimentar a neurose da culpa que perpassa hoje o Ocidente, o gesto artístico de Tiago Borges vai ao encontro do híbrido e do impuro enquanto marcas dos processos de modernidade não canónicos desenvolvidos fora do eixo Europa-América do Norte.

17.05.2019 | por Marta Mestre

Francisco Vidal x Fronteiras Invisíveis

Francisco Vidal x Fronteiras Invisíveis Nunca foi tão imperativo repensarmos a nossa forma de estar no mundo, e, é ao encontro desta necessidade de combater mentalidades e atitudes que possam condicionar a possibilidade de fazer acontecer mais além deste tempo, que devemos lutar por uma poesia fértil, transparente e inteligente que, neste espaço expositivo, começa com um simples gesto de pintura. É neste território, de reflexão e de expressão, individual e coletiva, que a arte cumpre um papel fundamental, enquanto motor de mudança, reflexo do tempo presente, e património de amanhã – um lugar Manifesto, entre o Real e o Ideal, como o que é invocado nesta exposição, e celebrado através da pintura e do desenho.

16.05.2019 | por Namalimba Coelho

África diversidade comum

África diversidade comum A diversidade dos autores em termos de género, geografia, idade e geração encontra um elo comum na diferença de estilos, materiais e técnicas. O objectivo é revelar dimensões mais abrangentes que ultrapassam a vertente puramente estética e cromática das obras, o que pressupõe uma dimensão ética e filosófica do pensamento contemporâneo africano que é marcadamente não alinhado, rico de poesia silenciosa, que constitui a maior dádiva do seu discurso.

16.05.2019 | por Manuel Dias dos Santos

HISTÓRIAS DE ROSTOS: Variações Belting

HISTÓRIAS DE ROSTOS: Variações Belting Uma história do rosto, de Hans Belting, esta exposição, concebida como um ensaio visual, explora as dimensões antropológicas e artísticas do rosto, combinando uma seleção de obras das coleções Berardo, de outros acervos nacionais e internacionais e de diferentes âmbitos disciplinares. Artes gráficas, registos de arquivos, matérias científicas, formas comunicacionais e obras de arte compõem uma tessitura que busca exprimir — sem pretender esgotar — a «aventura» visual dos rostos.

30.04.2019 | por vários

Padrão Crioulo de Francisco Vidal

Padrão Crioulo de Francisco Vidal Francisco Vidal está mais interessado noutras figuras e depois da série em construção dos retratos a tinta da china ei-lo a enveredar por uma pintura iconoclasta da comunidade dos seus heróis e amigos. A série mais recente é composta por cinco retratos que têm a particularidade de serem de músicos negros: Dj Nervoso, Marfox, Niga Fox, Dj Nídia e Dj Firmeza.

24.04.2019 | por António Pinto Ribeiro

Programa da ARCOlisboa 2019 e a arte e os seus públicos

Programa da ARCOlisboa 2019 e a arte e os seus públicos A ARCOlisboa 2019 acolhe a participação de mais de 70 galerias de 17 países. A secção inédita ÁFRICA EM FOCO, organizada pela curadora Paula Nascimento, reúne 6 galerias de Angola, Uganda, Moçambique e África do Sul, e apresenta uma série de conversas temáticas sobre as artes e as culturas contemporâneas do continente africano.

24.04.2019 | por vários

OFICINAS em BISSAU

OFICINAS em BISSAU Durante esses dias foi um prazer contar com a participação de rapazes e raparigas guineenses, estudantes e profissionais, e conhecer um pouco os seus contextos de vida e de trabalho e as suas preocupações com o país e problemáticas sociais e culturais. Fizemos uma apresentação do portal BUALA, em relação ao seu historial, dinâmica e conteúdos, no sentido de convidar todos os participantes a colaborarem.

14.04.2019 | por Marta Lança

Mangueira 2019: a noite em que o Carnaval mudou a História

Mangueira 2019: a noite em que o Carnaval mudou a História Éramos 3500 a desfilar na Mangueira “a história que a História não conta”. E connosco estava o país que resiste desde 1500 até Bolsonaro. A Mangueira não ganhou só o Carnaval. Deu uma nova bandeira ao Brasil. O morro desceu para a História.

08.03.2019 | por Alexandra Lucas Coelho

Sobrevivemos?

Sobrevivemos?  Para um colombiano que viveu (e ainda vive) o conflito armado através da imprensa e da televisão, este itinerário museológico pelos trilhos da memória (dos indivíduos e da terra) resulta numa experiência tão perturbadora quanto renovadora a propósito dessas vozes no silêncio. Enquanto percorria esta segunda exposição e as suas histórias de dor e esperança, recordei-me de uma das peças do museu de Medellín acima referido, intitulada Susurros: historias para gritar, e que se compõe de pequenas caixas em madeira com altifalantes, das quais emanam, murmurantes, os testemunhos das vítimas de uma realidade atravessada pela brutalidade. São todas estas vozes que, afinal, sobreviveram e sobrevivem.

12.02.2019 | por Felipe Cammaert

Mulher

Mulher A imagem parece preservar a subjetividade e individualidade das pessoas fotografadas, a mulher e a criança. Mas o texto manuscrito vem perturbar a imagem, transformando esta mulher, num“tipo”,representativode“todas” as mulheres do norte de Angola em relação às quais o “Vitor” faz um comentário racista. Muitas destas imagens foram feitas em contexto de grande desigualdade – étnica, social, sexual. Mas a dignidade humana e o olhar da mulher sem nome, e da filha ou filho que leva ao colo, desafiam as palavras manuscritas que carrega às costas.

07.02.2019 | por Filipa Lowndes Vicente

Muitas vezes marquei encontro comigo próprio no ponto zero

Muitas vezes marquei encontro comigo próprio no ponto zero Pois o que é o silêncio? A resposta clássica seria ausência de vibrações mecânicas transmitidas pelo ar. O silêncio pressupõe que qualquer coisa exterior ao ser humano estaria em estado de repouso ou seria anulada por algum efeito. O ruído seria neste sentido tudo aquilo que, não desejado, imprime uma qualidade de perturbação ao sinal: ou o próprio sinal. Na verdade, nunca houve silêncio. Sempre houve muito ruído. O silêncio é, por vezes, a representação do vazio, da ausência de algo, de um termo, de outro elemento ou pessoa.

06.02.2019 | por Marta Rema

Escrita

Escrita Porque este bastão não é apenas uma insígnia de poder africano. Ele é também um suporte de escrita, já que apresenta aposto um lacre, marcado com um carimbo daquela chefia. Atrás desta peça está uma longa história que começa no século XVI,

04.02.2019 | por Catarina Madeira Santos

Arquivo, da exposição Contar Áfricas!

Arquivo, da exposição Contar Áfricas! Os documentos preservados pelos Estados ou chefaturas Ndembu (Jindembu) em Angola são testemunhos importantes da centralidade plurissecular de práticas africanas de arquivo. Em 1934, o antropólogo português António de Almeida tomou posse (alegadamente “por empréstimo”) do Arquivo de Estado do Dembo Caculo Cacahenda, trazendo-o para Lisboa, para seu estudo.

24.01.2019 | por Ricardo Roque