Memórias do Rio Envenenado

 Memórias do Rio Envenenado Se o cuidado que um rio manifesta ao mundo for retribuído, poderá viver uma vida longa e saudável. Ao longo da sua vida, o rio vê coisas, aprende coisas e transmite o seu conhecimento a quem quiser ouvir. A história de um rio é também a nossa história; a música que canta também é a nossa. Poderíamos dizer que o passado de um rio é uma lente para o nosso futuro e que a morte de um rio prenuncia a nossa própria morte.

Mukanda

23.12.2023 | por Imani Jacqueline Brown

No Need for European Decolonial Instruction

No Need for European Decolonial Instruction O resultado evidente do processo disciplinar desencadeado pela Documenta15, confirmado pelo que está a acontecer nos últimos dias, é o desmascarar da hipocrisia perversa da política cultural descolonial europeia. Em vez de resolver questões internas que vêm à tona de modo cada vez mais flagrante, o Estado alemão prefere aplicar medidas disciplinares autoritárias, repetindo antigas formas de gaslighting implementadas na Alemanha de Leste durante as décadas de 1970 e 1980 e criando, a cada situação, novos bodes expiatórios.

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21.11.2023 | por Laura Burocco

Contra a Mudez das Paredes

Contra a Mudez das Paredes Passamos pelas obras de Ana Aragão, Carlos Bunga, Herberto Smith, G Fema, Kiluanji Kia Henda, Petra Preta, Tony Cassanelli (dos Aurora Negra), Wasted Rita, Xullaji, Julinho KSD e muitos outros artistas contemporâneos. Artistas estes que nos vão preenchendo o quotidiano com os seus projetos e formas de comunicar cultura. Que estudam e aperfeiçoam os seus trabalhos para que o público possa retirar destes a informação necessária por forma a promover e efetuar mudanças na sociedade. Indo assim ao encontro de uma das premissas do projeto, “(…) refletir sobre que cidade, espaços urbanos e instituições artísticas e culturais podem ser construídas (…). Porque afinal, podemos e devemos educar-nos de diversas maneiras.

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17.02.2023 | por Alícia Gaspar

Bienal de Luleå, autodeterminação dos povos originários dos países nórdicos europeus

Bienal de Luleå, autodeterminação dos povos originários dos países nórdicos europeus Há uma longa história de autodeterminação dos povos originários dos países nórdicos europeus que, muitas vezes, escapa aos olhos mesmo daqueles que concentram o seu pensamento crítico em países longínquos. Em vez de definir um tema abrangente para a Bienal, os curadores decidiram guiar o próprio trabalho num processo de escuta e de aprendizagem do contexto local – com o qual ambos não são familiarizados, vindos do sul do país –, formulando quatro princípios para desenvolver a bienal: Pensamento Além da Fronteira (Beyond Border Thinking); Descentralização (Decentering); Imaginação da Terra (Earthed Imagination); Custódia (Custodianship).

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12.01.2023 | por Laura Burocco

Em Kassel

Em Kassel Como propaganda, a Justiça Popular não é complexa. À direita estão os simples cidadãos, aldeões e trabalhadores: vítimas do regime. À esquerda estão os autores dos crimes e os seus cúmplices internacionais. Os representantes dos serviços de inteligência estrangeiros - a ASIO australiana, MI5, a CIA - são representados como cães, porcos, esqueletos e ratos. Existe mesmo uma figura com o rótulo "007". Uma coluna armada marcha sobre uma pilha de crânios, uma vala comum. Entre os perpetradores encontra-se um soldado com cara de porco, usando uma Estrela de David e um capacete com "Mossad" escrito. Ao fundo, um homem com cachos laterais, nariz torto, olhos ensanguentados e dentes de vampiro. Veste um fato, fuma charuto e o chapéu tem as iniciais "SS": um judeu ortodoxo, representado como um banqueiro rico, em julgamento por crimes de guerra - na Alemanha, em 2022.

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10.08.2022 | por Eyal Weizman

PARTE para levar a Arte de Portugal ao Mundo

PARTE para levar a Arte de Portugal ao Mundo PARTE Portugal Art Encounters é um programa anual e de continuidade que apoia a internacionalização do sistema da Arte Contemporânea em Portugal, reforçando a relação com o Turismo para afirmar o nosso País como um destino de referência no circuito artístico. O programa concretiza-se em dois circuitos consecutivos, designados PARTE Circuits, que culminam com a realização do seminário internacional PARTE Summit e o lançamento da publicação-roteiro PARTE Book. Cada circuito tem a duração de uma semana e acolhe um grupo de sete convidados: seis curadores, diretores de museus, bienais e outros grandes eventos de arte; e um crítico ou jornalista da imprensa especializada. A cada ano contam com a curadoria de anfitriões convidados pela organização e percorrem locais nas cinco regiões do território continental, com perspetivas de futuramente incluir os territórios insulares.

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05.06.2022 | por vários

Uma galeria que (se) Ocupa de um Porto e da arte contemporânea

Uma galeria que (se) Ocupa de um Porto e da arte contemporânea Ocupar-se e ser um lugar que se permite ocupar. É assim que a Galeria fundada por Alexandre Teixeira e Filipa Valente habita numa rua onde a paisagem se pinta crua e se resgata no meio de tantas outras.

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03.01.2022 | por Patrícia Silva

De Palácio a Centro Cultural de Luanda. Nota da CDC Angola

De Palácio a Centro Cultural de Luanda. Nota da CDC Angola a designação de “Palácio” há muito caiu em desuso, por nos remeter para um contexto de regimes políticos em decadência que instrumentalizavam as artes mantendo-as cativas da sua grandiosa máquina propagandística ditatorial, por outro, marginaliza, numa total falta de respeito e consideração, os artistas / profissionais da DANÇA.

Palcos

22.11.2021 | por vários

Descolonização em, de e através das imagens de arquivo “em movimento” da prática artística

Descolonização em, de e através das imagens de arquivo “em movimento” da prática artística Este ensaio examina a forma como as práticas artísticas contemporâneas têm contribuído para uma descolonização epistémica e ético-política do presente através da investigação crítica de vários tipos de arquivos coloniais, quer públicos, quer privados, quer familiares, quer anónimos. Tomando como estudos de caso obras dos artistas Ângela Ferreira, Kiluanji Kia Henda, Délio Jasse, Daniel Barroca e Raquel Schefer, este ensaio indagará até que ponto a estética destas práticas videográficas, fotográficas e escultóricas implica uma política e uma ética da história e da memória relevantes para pensar criticamente as amnésias coloniais e as nostalgias imperiais que ainda caracterizam uma condição pós-colonial marcada por padrões neo-coloniais de globalização e por relações difíceis com comunidades migrantes e diaspóricas.

Jogos Sem Fronteiras

06.12.2020 | por Ana Balona de Oliveira

A cidade-fantasma de Ihosvanny

A cidade-fantasma de Ihosvanny Nesta permanente reconfiguração, estaleiro de obras ora aqui ora acolá, requalificações seriadas, corrida às cidades sustentáveis, mais ou menos cidadãs friendly, não dispensam camadas de demolições, entulho, lixo. Um dos seus problema de fundo é lógica de acumulação, é isso que lhes dá sentido existencial. As cidades tudo engolem e tudo regorgitam, lidando mal com os resíduos, sejam eles matéria ou pessoas.

Cidade

13.08.2020 | por Marta Lança

Obras de arte na condição da pós-memória: alguns atributos (2)

Obras de arte na condição da pós-memória: alguns atributos (2) estávamos ainda no início dos debates sobre o pós-colonialismo e não havia uma reflexão aprofundada sobre o contexto de produção das obras de artistas afro-descendentes. Uma geração mais tarde, assiste-se a uma reflexão teórica e a uma produção académica e literária que estuda e reconhece os artistas afro-descendentes como artistas da pós-memória. As suas obras têm um lugar no panorama da arte contemporânea. Destacam pela expressão de continuidade de um universo veiculado por memórias de vivências diferidas, ou seja, não experienciadas na primeira pessoa, que permanece como inspiração, e através do qual se convocam novas formas de inquirir o real e de produzir novas representações pós-imperiais do mundo.

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27.07.2020 | por António Pinto Ribeiro

I am not here. eu estou aquI notas sobre um corpo-lugar acidental

I am not here. eu estou aquI notas sobre um corpo-lugar acidental Estados patológicos como «doença da terra», «doença da cabeça cansada» ou ainda «doença feita com-a-mão» aludem aos estados de ansiedade, precariedade e vulnerabilidade destas comunidades, mas também de perda de localização em relação ao espaço cultural e geográfico que os sujeitos ocupam. Traduzem igualmente o estado de negociação intensa entre as «forças sobrenaturais negativas» e as estruturas sociais e políticas desiguais, num lugar a meio caminho entre a terra de origem e a terra de chegada.

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23.09.2019 | por Rita Fabiana

Ni le soleil ni la mort, de João Louro

Ni le soleil ni la mort, de João Louro Aqui, a visão da catástrofe está a olho nu. João Louro contrapõe imagens do teatro de guerra com tabelas periódicas dos elementos, expõe colagens e palavras não já impressas, mas sim bordadas. O artista recria, com grande clareza, a forma como os dadaístas se interessaram por outras culturas, sobretudo a africana.

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29.07.2019 | por Marta Rema

Lost Lover: o que diríamos da história se a pudessemos contar

Lost Lover: o que diríamos da história se a pudessemos contar Sobre as condições políticas e histórico-geográficas da produção e controle do conhecimento, nos fala a exposição Lost Lover, com curadoria de Lara Koseff, originalmente apresentada no Rio de Janeiro, no exterior do espaço Lanchonete e presentemente no espaço Rampa, no Porto. Numa das salas, onze vídeos projectados em loop de artistas maioritariamente sul-africanos confrontam-nos com o abandono do medo, assim convocando questões habitual e estrategicamente silenciadas.

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12.06.2019 | por Eduarda Neves

Exposição Inaugural no espaço RAMPA: Lost Lover I Porto

Exposição Inaugural no espaço RAMPA: Lost Lover I Porto Nas ruas de Joanesburgo, em postes elétricos e paredes foram afixados cartazes onde simplesmente se lê "Lost Lover" (Amor Perdido) em letras garrafais a vermelho ou azul. São estranhamente belos devido à sua simplicidade, mas também pela complexidade das histórias que evocam. Assim deixam um rasto de poesia pelas ruas da cidade agreste, sugerindo que entre as nossas necessidades primárias vive o desejo do regresso a um amor em tempos perdido ou roubado. Falam-nos também, numa voz simples, daquilo que nos torna humanos, desse desejo por uma realidade diferente.

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20.05.2019 | por vários

Francisco Vidal x Fronteiras Invisíveis

Francisco Vidal x Fronteiras Invisíveis Nunca foi tão imperativo repensarmos a nossa forma de estar no mundo, e, é ao encontro desta necessidade de combater mentalidades e atitudes que possam condicionar a possibilidade de fazer acontecer mais além deste tempo, que devemos lutar por uma poesia fértil, transparente e inteligente que, neste espaço expositivo, começa com um simples gesto de pintura. É neste território, de reflexão e de expressão, individual e coletiva, que a arte cumpre um papel fundamental, enquanto motor de mudança, reflexo do tempo presente, e património de amanhã – um lugar Manifesto, entre o Real e o Ideal, como o que é invocado nesta exposição, e celebrado através da pintura e do desenho.

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16.05.2019 | por Namalimba Coelho

Padrão Crioulo de Francisco Vidal

Padrão Crioulo de Francisco Vidal Francisco Vidal está mais interessado noutras figuras e depois da série em construção dos retratos a tinta da china ei-lo a enveredar por uma pintura iconoclasta da comunidade dos seus heróis e amigos. A série mais recente é composta por cinco retratos que têm a particularidade de serem de músicos negros: Dj Nervoso, Marfox, Niga Fox, Dj Nídia e Dj Firmeza.

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24.04.2019 | por António Pinto Ribeiro

Programa da ARCOlisboa 2019 e a arte e os seus públicos

Programa da ARCOlisboa 2019 e a arte e os seus públicos A ARCOlisboa 2019 acolhe a participação de mais de 70 galerias de 17 países. A secção inédita ÁFRICA EM FOCO, organizada pela curadora Paula Nascimento, reúne 6 galerias de Angola, Uganda, Moçambique e África do Sul, e apresenta uma série de conversas temáticas sobre as artes e as culturas contemporâneas do continente africano.

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24.04.2019 | por vários

Muitas vezes marquei encontro comigo próprio no ponto zero

Muitas vezes marquei encontro comigo próprio no ponto zero Pois o que é o silêncio? A resposta clássica seria ausência de vibrações mecânicas transmitidas pelo ar. O silêncio pressupõe que qualquer coisa exterior ao ser humano estaria em estado de repouso ou seria anulada por algum efeito. O ruído seria neste sentido tudo aquilo que, não desejado, imprime uma qualidade de perturbação ao sinal: ou o próprio sinal. Na verdade, nunca houve silêncio. Sempre houve muito ruído. O silêncio é, por vezes, a representação do vazio, da ausência de algo, de um termo, de outro elemento ou pessoa.

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06.02.2019 | por Marta Rema

(RE)MEMBERING / (FOR)GETTING de Rita GT

(RE)MEMBERING / (FOR)GETTING de Rita GT No centro de todos os poderes imperialistas, Portugal incluído, existiu sempre uma incrível habilidade para esquecer, uma fábrica incrível de esquecimento. A tarefa dos artistas, escritores e pensadores é de analisar este processo de ‘lembrar e esquecer’.

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22.01.2019 | por George Shire