OFICINAS em BISSAU

Fizemos uma viagem à Guiné Bissau, eu, o João Ana e o Alexandre Diaphra (Birú) para, entre outras vontades pessoais, realizar umas oficinas do BUALA que decorreram no Centro Cultural Português de Bissau nos dias 4, 5 e 6 de abril.

Durante esses dias foi um prazer contar com a participação de estudantes e profissionais guineenses, e conhecer um pouco os seus contextos de vida e de trabalho, assimo como as suas preocupações com o país e problemáticas sociais e culturais. Fizemos uma apresentação do portal BUALA, em relação ao seu historial, dinâmica e conteúdos, no sentido de convidar todos os participantes a colaborarem.

Falámos de jornalismo cultural enquanto mediação cultural, interdisciplinar e colaborativo. Exemplifiámos com algumas manifestações e formatos: entrevista, críticas, recensões, ensaios. Abordámos os circuitos artísticos - criação e condições de produção - nos países de língua portuguesa, sobretudo de Angola, tendo o João Ana apresentado o projeto Fuck’ing Globo. Este artista angolano mostrou também algumas fotografias icónicas de personalidades ligadas aos movimentos de direitos civis da América do Norte.

Ouvimos sugestões de temáticas a desenvolver em futuros artigos, aos quais vamos dar continuidade para que ganhem forma, no intuito de que, tanto os assuntos da Guiné como os colaboradores guineenses, tenham mais presença no site.

Alexandre Diaphra (Birú) coordenou a oficina A PALAVRA E A SUA PERFORMANCE na qual tratou noções de tempo, comunicação/expressão, e criatividade. “Aqui a palavra tem espaço para ser desenhada, pintada, cantada, transformada. E espaço até para ganhar outro significado, expressar uma outra ideia que não a inerente, ser inventada. O objetivo é criar familiaridade com a palavra, explorando a relação entre as duas, através da arte e da sua performance, na fala, na escrita e na leitura. A palavra como ferramenta que permite comunicar/expressar e experimentar o Eu, criativamente, através de ideias/pensamentos e dos sentimentos – emoções e vontades.”

Nesse sábado à tarde houve SLAM POETRY (concurso de poesia performada) pelo artista e participantes, o qual foi bastante concorrido, com leituras e improvisações muito interessantes. O entusiasmo foi geral e esperamos mesmo dar continuidade à nossa comunicação.

Agradecemos em primeiro lugar ao Miguel de Barros e à Corubal, que desde o início se mostrou interessado em intermediar o projeto, criando as condições de apoio locais, ao Instituto Camões pela cedência do espaço do CCP e a disponibilidade de toda a equipa. Agradecemos tambem ao hotel a Coimbra pelo acompanhamento e apoio às iniciativas da Corubal. Obrigada à Filipa Carvalho que é a melhor anfitriã de Bissau. Obrigada à Joana Sousa pela ajuda na divulgação. Como escreveu o Miguel, “aos participantes, faço votos que os resultados e produtos das oficinas sejam impactantes no nosso ecossistema cultural, criativo e artístico.”

Quem quiser enviar propostas para o site este é o email: buala@buala.org

As oficinas seguem para Cabo Verde em maio e para a República Democrática do Congo em junho, com o apoio da internacionalização da dg artes e do Instituto Cultural Português do Mindelo, na figura do João Branco, e de Kinshasa, pela mão de Ana Vieira.

Passados 9 anos de atividade regular, o portal BUALA é um crescente arquivo de reflexão e de intervenção sobre questões pós-coloniais e do sul global. Tendo colaboradores e leitores no mundo inteiro, defende a interdisciplinaridade e a variedade de linguagens escrita e visual (do ensaio teórico ao jornalismo, passando por exposições virtuais), para que os discursos e olhares se contaminem nessa polifonia e transnacionalidade. Numa linha editorial muito abrangente, grande quantidade dos artigos produzidos para o BUALA versam sobre aspectos da história e da cultura de países africanos e da América Latina, abordando, entre outras, questões das continuidade coloniais, políticas de memória, urbanismo e expressões artísticas contemporâneas.

Com estas oficinas, pretendemos reforçar a colaboração com três países africanos: Cabo Verde, Guiné Bissau e Congo, pela riqueza cultural que é gerada nos seus contextos e pela escassez de trabalhos sobre os mesmos no portal BUALA. Queremos, assim, ampliar os “lugares de fala” deste portal internacional.

Objetivos das oficinas