Mamadou Sene Bhour Guewel do Senegal para Cabo Verde

Mamadou Sene Bhour Guewel do Senegal para Cabo Verde A sonoridade única da banda continua enraizada no intercâmbio musical de fusão histórica entre Cabo Verde e Senegal e na exploração de novos horizontes, com um som cada vez mais influenciado pelo afro-jazz, por vezes prestando homenagem à mazurka caboverdiana, mas ancorado nos ritmos quentes do Senegal e na tradição griot. Cantando em wolof e crioulo, numa voz peculiar, Mamadou dá cor à música acústica de fusão com letras que contam histórias, como um griot canta o passado. Como dizia a avó N’Gom, “uma canção que não conta uma história, que não transmite conhecimento e amor não é uma canção, é uma brincadeira”.

18.03.2011 | por P.J. Marcellino

A necessidade do Teatro em Moçambique

A necessidade do Teatro em Moçambique Em Moçambique as pessoas necessitam do mais básico para viver: o teatro! O teatro em Moçambique faz-se com as ruas (o palco) e os outros (interlocutores). As ruas estão ao rubro, o teatro é por todo o lado, algazarra, desorganização organizada, dança, constante representação. Tudo razões para uma actuação gloriosa.

08.03.2011 | por Frederico Bustorff Madeira

Uma música com identidade

Uma música com identidade Em 1943 Benguela prospera. Com o famoso caminho-de-ferro a avançar em direcção ao interior africano, a cidade prepara-se para mudar de cara segundo um moderno plano de urbanização. Respira-se progresso. Numa das suas ruas um acontecimento importante está também prestes a acontecer: Dona Ludovina (uma cantadeira de mão cheia, diz-se), esposa de Sebastião José da Costa, um funcionário dos Correios e antigo jornalista, prepara-se para dar à luz uma criança a que dará o nome de Carlos Lamartine. Benguela prepara-se assim para receber, de braços abertos mais um grande filho, que se tornará num senhor grande da música nacional e autor de melodias imortais.

18.02.2011 | por Mário Rui Silva

Ao som da grafonola

Ao som da grafonola As tampas das panelas rodavam feito discos num aparelho de som imaginário. Fechavam-se os olhos e os sons ecoavam por todo o lado. Depois vieram as sessões de mornas e coladeras na guitarra de um primo que “morou lá em casa”. As grafonolas e as rádios pick-up também já lá moravam há muito. Mas isso foi no início, lá bem no início. Pela frente ainda haveria o Clube Marítimo Africano, as festas de finalistas, o agigantar de um novo valor e, por fim, o seu reconhecimento como grande nome da música angolana: Filipe Zau.

16.02.2011 | por Mário Rui Silva

Jorge Ben, homem-jongo

Jorge Ben, homem-jongo Ben tem a medida intransferível de um modo de cantar que não abole o acaso nem o erro. Seu canto e sua música se projetam sobre uma ludicidade harmônico-discursiva menos nonsense do que jongueira. Sua alegria contagiante, o poder de sua simpatia está em ser um compositor que tematiza — sem dor e sem o menor detrimento de sua competência como inventor — a possibilidade de fazer música para aprender a fazer música.

14.02.2011 | por Ronald Augusto

Paulo Flores, menino destino

Paulo Flores, menino destino Feliz a iniciativa de Gabriel Baguet Jr., para quem a música de Paulo Flores “é um hino constante de emoção”, de celebrar a sua arte, entre amigos e admiradores e através do livro Paulo Flores: o Talento da Utopia. Nesta viagem musical, de já vinte-anos-e-lá-vai-fumaça, nunca deixou de “procurar caminhos, sonoridades e novas abordagens musicais. Porque lhe interessa compreender a música também enquanto fenómeno social e a matriz dos sons, trabalhando para trazê-los aos nossos tempos de forma criativa.

08.02.2011 | por Marta Lança

O jazz não é uma música snobe, entrevista a Jerónimo Belo

O jazz não é uma música snobe, entrevista a Jerónimo Belo Depois de largos anos levando o jazz consigo como uma “segunda” opção profissional, Jerónimo Belo pode dizer-se que deixou o que fazia para trabalhar o e com o jazz. Gegé Belo, como carinhosamente é tratado pelos seus próximos, assume-se como a voz e o rosto mais conhecido no sentido da sua divulgação em Angola, onde vê crescer, com notável agrado, o número de seguidores.

06.02.2011 | por Adebayo Vunge

Os órfãos têm outra vez um lar

Os órfãos têm outra vez um lar A reedição do primeiro e único disco de Lou Bond é a epítome de todo um processo de recuperação da soul política da primeira metade da década de 1970. Dezenas de discos desaparecidos têm vindo à superfície nos últimos anos, mostrando-nos que a história da pop estava profundamente incompleta.

31.01.2011 | por João Bonifácio

Miriam Makeba: a mãe da world music

Miriam Makeba: a mãe da world music Miriam Makeba foi uma incansável activista política. Condenou o Apartheid em várias ocasiões, e chegou mesmo a depor perante a Assembleia Geral das Nações Unidas contra o regime político da África do Sul, uma honra que muitos poucos músicos tiveram. Não são todos os artistas que são chamados a conciliar arte com activismo político. Só muitos anos depois – foram 31 anos de exílio – é que regressa a África do Sul para a comemoração da libertação de Nelson Mandela. Canta, na sua voz melosa de menina, uma versão antológica de Soweto Blues.

21.01.2011 | por António Tomás

Mostrar e pensar o que se anda a fazer - festivais de teatro de língua portuguesa

Mostrar e pensar o que se anda a fazer - festivais de teatro de língua portuguesa Companhias e artistas viajam para apresentarem os seus trabalhos uns aos outros e a um público que refresca o olhar do seu habitual nicho de mercado, nos territórios nacionais. O trabalho ganha em visibilidade e reflexão, pois o debate entre pessoas da área ajuda a desenvolver critérios de exigência e de comunicação sobre aquilo que se apresenta. Um Festival tem uma dimensão festiva, não menos importante que tudo o resto, e contribui para esse intercâmbio no espaço lusófono, entre agentes culturais e representações das realidades de cada um.

24.12.2010 | por Marta Lança

Um novo canto da terra

Um novo canto da terra Canta os sons da terra, mas foram os Beatles os responsáveis pelo despertar para os múltiplos jogos melódicos que a escala musical encerra. Com uma carreira reconhecida fora e dentro de portas, Filipe Mukenga faz parte da geração que protagonizou a explosão da música nacional, nos anos 60 e 70, constituindo hoje uma referência incontornável dos que cantam Angola.

07.12.2010 | por Mário Rui Silva

Luanda está a mexer! Hip hop underground em Angola

Luanda está a mexer! Hip hop underground em Angola O hip hop trouxe consciência social e temáticas que andavam esquecidas no meio artístico angolano. Os rappers underground diagnosticam as contradições da sociedade angolana na vontade poético-política de crescer num país onde a liberdade e a justiça sejam possíveis. É uma cultura popular onde a juventude se revê e se questiona os destinos da nação. Ouvimos alguns mc’s que dão nome ao movimento.

04.12.2010 | por Marta Lança

O Cheiro da Feijoada

O Cheiro da Feijoada Preta-velha lavadeira, enquanto lava roupas, relembra uma feijoada que foi feita no tempo da escravidão e traz a tona fatos da história do Brasil, da formação do nosso povo. Iléa Ferraz dirige e interpreta sete personagens neste monólogo musical. a trilha sonora do espetáculo composta de Sambas, xotes e um inusitado funk.

23.11.2010 | por Iléa Ferraz

Desta nossa-de-todos Lisboa, sobre os espectáculos de Outras Lisboas

Desta nossa-de-todos Lisboa, sobre os espectáculos de Outras Lisboas "Lisboa está diferente, cheia de outros e novos lisboetas, de novos cheiros e novos sons” e é construída por “muitas Lisboas, outras gentes, outros públicos”. Em 2008 foi encomendada a construção de três espectáculos-reflexão sobre as comunidades de imigrantes existentes na cidade de Lisboa: ao Teatro Meridional foi atribuída a africana, ao Teatro Praga a de leste e a’O Bando a brasileira.

16.11.2010 | por Marta Lança e Ana Bigotte Vieira

Bety e os “pikinoti” dançam por um mundo melhor

Bety e os “pikinoti” dançam por um mundo melhor “52 histórias” é um livro ilustrado evocando uma agenda perpétua onde, ao longo de 52 semanas, sucedem-se 52 histórias, rostos, direitos, geografias de coragem, dignidade, mas também de privação e de injustiça. “52 histórias” integra a colecção “Arquipélago” da ACEP, que procura novas abordagens de comunicação com a sociedade portuguesa para combater estereótipos e desocultar pessoas e iniciativas que geram mudanças no mundo de que somos parte.

16.11.2010 | por Rita Vaz da Silva

Entrevista a Janelo da Costa, vocalista dos Kussondulola

Entrevista a Janelo da Costa, vocalista dos Kussondulola Janelo da Costa é líder de uma banda que na década de 90 pôs Portugal a pular com canções e ritmos novos: os Kussondulola. Entre portugueses e africanos vindos dos Países Africanos de Língua Portuguesa, não há quem não conheça esta banda, fusão de reggae com outros sons, que se popularizou tanto em Portugal. Quem não vibrava mal ouvia os primeiros acordes de "Pim Pam Pum"?

02.11.2010 | por Jorge Ramos

Milita, o cântico da borboleta

Milita, o cântico da borboleta Milita vive actualmente em França, onde fundou a Associação dos Artistas Angolanos Residentes naquele país. Como companheiro tem um músico croata que “também dá uns toques de pintura”. Sempre que há uma oportunidade não hesita e sobe ao palco. Ficam as palavras emocionadas: “de cada vez que canto, vivo o instante com o mesmo deslumbramento com que a borboleta vive o seu único dia de vida, pousada numa pétala colorida!”

27.10.2010 | por Mário Rui Silva

Música e lusotropicalismo na Luanda colonial tardia

Música e lusotropicalismo na Luanda colonial tardia A música, na Angola colonial, era escrita na dor, em privado, e torná-la pública era torná-la colectiva. O som e talvez até o processo, atraíam os brancos e no ínicio dos anos 70, num revirar irónico da narrativa lusotropicalista, muitos foram até aos musseques para ouvir os Ngola Ritmos e outras bandas populares. Afinal, era a música angolana e os africanos que produziam a cultura, tãp cosmopolita como africana, que atraía as audiências europeias.

30.09.2010 | por Marissa Moorman

Uma utopia chamada Mindelact

Uma utopia chamada Mindelact Terminou mais um Mindelact, festival internacional de teatro do Mindelo, a 16ª edição. Na memória fica uma avalanche de emoções e momentos únicos. Para sempre fica também a experiência humana e artística. O festival oferece uma variedade tonificante de espectáculos e registos, alguns menos conseguidos, mas sempre de grande entrega, outros sumptuosos acontecimentos de arte:

28.09.2010 | por César Shofield Cardoso

“A zona raiana baralha as pessoas e os telemóveis”

“A zona raiana baralha as pessoas e os telemóveis” Meias~irmãs é um espectáculo de simetrias: de um lado o vestido amarelo (Crista Alfaiate), a não mulata (filha da mãe portuguesa), a irmã bem comportada que ainda vive no Alentejo e toma conta do pai acamado, e do outro o vestido vermelho (Carla Galvão), a irmã mulata com pronúncia espanhola que partiu para longe em busca de uma vida melhor (porque... não é ela a bastarda?).

20.09.2010 | por Ana Bigotte Vieira