Também foi assim que as coisas se passaram

Também foi assim que as coisas se passaram A geração dos “filhos de abril” está em condição privilegiada para pensar as memórias indiretas, ou partilhar as percepções destas memórias que, a par das estruturas sociais e culturais, nos definem como geração. Este “outro olhar” não tem a visão turvada pela autoridade do “eu estive lá e sei”, ainda que o grau de afetividade seja proporcional ao tipo de narrativa ideologizante que lhe foi transmitida. Sobre "um museu vivo de memórias pequenas e esquecidas" de Joana Craveiro.

02.12.2017 | por Marta Lança

A propósito do espectáculo "O Olhar de Milhões" de Raquel Castro

A propósito do espectáculo "O Olhar de Milhões" de Raquel Castro Ora se o consumo é ele próprio um trabalho que é ele próprio uma guerra, não é de admirar que a situação adquira permanentemente tons de excepcionalidade e proliferem fronteiras entre os sujeitos, os territórios, as classes. “Viver ao máximo”, “atrever-se ao impossível”, “arriscar”, “ser único”, “pensar fora da caixa”, “destacar-se dos demais”... compõem um conjunto de situações para as quais não pode nem deve haver paralelo, sendo impossíveis de partilhar, porque absolutamente únicas uma vez que desenhadas on demand para o utilizador individualizado – i.e. para o consumidor que é pensado nos seus desdobramentos ad infinitum.

18.11.2017 | por Ana Bigotte Vieira

Libertação

Libertação Este trabalho contribui para uma re-escrita da nossa história colonial e ajudar à discussão de problemas actuais que advêm de questões coloniais não debatidas. Faz parte de um movimento atravessa a sociedade portuguesa pelas universidades, as artes, os jornais, associações e que olha para o passado porque quer alterar o presente e a forma como se conta esse passado.

26.10.2017 | por André Amálio

O olhar de milhões

O olhar de milhões Fomos crescendo cada vez com mais dilemas, com a falsa ideia de que podemos escolher e ser livres, mas estamos presos ao dinheiro, à precariedade, a uma sociedade que nos molda para sermos os melhores em tudo o que fazemos. Será que somos mais felizes do que os que vieram antes de nós? E os que vierem a seguir? Serão eles mais felizes do que nós fomos? Poderemos pelo menos dizer que fomos felizes a tentar?

22.10.2017 | por vários

Eles não usam Tênis Naiqui

Eles não usam Tênis Naiqui Ambientado numa favela do Rio de Janeiro, ELES NÃO USAM TÊNIS NAIQUE é o trabalho mais recente da CIA MARGINAL, grupo de teatro atuante na cidade do Rio de Janeiro (Brasil) há 12 anos. O espetáculo narra o reencontro de um pai e uma filha que não se viam há muitos anos. Ele foi traficante nos anos 80, quando o comércio ilegal de drogas ainda mantinha um vínculo moral com a comunidade, ela é uma jovem traficante nos dias atuais. O espetáculo gira em torno de um embate ideológico entre os dois personagens, representados em cena por quatro atores que se alternam sucessivamente nos dois papeis, num jogo cênico em que nenhuma posição é fixa e onde a ficção está sempre sob o risco da realidade.

27.09.2017 | por CIA MARGINAL

Antropocenas

Antropocenas Sabemos que ecocídio=genocídio e que não vamos mudar o mundo porque este já acabou. O meio ambiente é um ambiente partido ao meio. O capitalismo é um eterno garimpo do ou(t)ro. Ecoologia não desce a temperatura. Partimos de um exercício de inverter ou suspender alguns lugares comuns: e se em vez de pensarmos a natureza como mãe, pensássemos a natureza como amante ou paciente em estado terminal?

08.09.2017 | por Ritó aka Rita Natálio

Moçambique é uma fantasia pós-colonial

Moçambique é uma fantasia pós-colonial Das múltiplas chaves de entrada em tão eficaz dramaturgia destaco a desconstrução liminar do sistema assistencialista das organizações de ‘ajuda humanitária aos africanos’, a exploração dos refugiados sob o pretexto de um trabalho dignificante, as cenas de contracena e faz-de-conta clássicas à maneira de Molière, a energia contagiante dos ‘números coreográficos’ mimetizando danças de resistência moçambicanas e um trabalho perfeito sobre os equívocos que conduzem a posições racistas quando a identificação de alguém por um colono se sobrepõe à identidade que o ex-colonizado reclama para si.

21.08.2017 | por António Pinto Ribeiro

Festival Música do Mundo - Porto Covo, 2017 / Reportagem

Festival Música do Mundo - Porto Covo, 2017 / Reportagem Reportagem do Buala no Festival Músicas do Mundo - Porto Covo (FMM' 2017), que decorreu entre 21 e 23 de Julho.

30.07.2017 | por Giorgio Gristina e Mariana Pinho

África Festival terminou há 10 anos. O que mudou?

África Festival terminou há 10 anos. O que mudou? A maioria dos eventos usam o rótulo de lusofonia para a auto-legitimação e crítica pós-colonial. Estes processos complexos de negociação de representação utilizam Lisboa como montra de misturas lusófonas e um hub de comunicação do seu potencial para o mundo exterior. Festivais de música interculturais como África Festival são ‘espaços cosmopolitas’ por excelência que funcionam como plataformas para a apropriação de determinados ambientes musicais e sociais.

19.07.2017 | por Bart Paul Vanspauwen

10 anos África Festival. Conhecer a vitalidade da criação africana, entrevista a Paula Nascimento

10 anos África Festival. Conhecer a vitalidade da criação africana, entrevista a Paula Nascimento As visões aludiam quase exclusivamente a abordagens tradicionais das culturas africanas, sobretudo com carácter étnico, antropológico ou exótico. As artes contemporâneas que entretanto emergiam no continente africano e nas diásporas não tinham espaço nem visibilidade em Portugal, e pouca representação no conjunto da oferta cultural do país.(...) O África Festival deu a conhecer o melhor da criação artística nas músicas de África e das diásporas africanas, espetáculos de grande qualidade a um público alargado,

19.07.2017 | por Marta Lança

Teatro em Angola, uma brevíssima síntese

Teatro em Angola, uma brevíssima síntese Falar de teatro em Angola é quase sinónimo de lamentar a falta de teatro em Angola. Vale a pena fazer um levantamento muito sucinto que dê a conhecer as pontas soltas - grupos, atores, encenadores, espaços - que têm mantido o teatro angolano vivo nestes 41 anos de Independência.

18.07.2017 | por Marta Lança

Reflexões Pós-Parto. Uma crítica a Parto Rosa de Renata Torres

Reflexões Pós-Parto. Uma crítica a Parto Rosa de Renata Torres O presente texto debruça-se sobre a peça Parto-Rosa, da qual Renata Torres é autora e intérprete. A encenação é de Torres e Matamba Joaquim. Parto Rosa estreou em Luanda, no Centro Cultural Brasil Angola, no dia 31 de Março, numa apresentação única. O que trazemos aqui não é um resumo da peça com citações transcritas, mas uma curta análise do trabalho da autora, cuja visão crítica interessa reflectir um pouco.

20.04.2017 | por Maria-Gracia Latedjou

Históricos e emergentes: oito novos concertos confirmados no FMM Sines 2017

Históricos e emergentes: oito novos concertos confirmados no FMM Sines 2017 Cantautores, DJs, MCs, solistas, compositores, multi-instrumentistas, enfim, músicos de corpo inteiro e mente aberta. São assim as primeiras confirmações “no masculino” da programação do FMM Sines - Festival Músicas do Mundo 2017, que se realiza de 21 a 29 de julho em Sines e Porto Covo.

07.03.2017 | por vários

Claire Fontaine: em vista de uma prática ready-made

Claire Fontaine: em vista de uma prática ready-made Lançamento do livro + Conversa + Performance // O título do livro dá nome a este encontro que parte do conceito de "greve humana" do coletivo Claire Fontaine para pensar a intervenção estética como prática política de um "artista ready-made".

12.01.2017 | por vários

Entrevista a Pedro Coquenão: "Há quem diga que é normal em tempos de guerra as pessoas agrupam-se e defendem-se umas às outras"

Entrevista a Pedro Coquenão: "Há quem diga que é normal em tempos de guerra as pessoas agrupam-se e defendem-se umas às outras" O meu ponto é: deve ser dado um contexto um bocadinho mais livre e rico às pessoas. Se em Portugal não há música nas escolas, em Angola nem escolas há. E aqui a música acabou transformada num exercício de escapismo em relação à guerra, pois durante a guerra todos os músicos com um discurso minimamente interessante e relevante estavam fora do país. E é precisamente esse discurso critico e consciente que enriquece a terra porque faz com que ela circule e não fique estática. Algo que esteve na origem do kuduro, por exemplo. Foi uma espécie de reacção à realidade.

25.11.2016 | por Hugo Jorge

Coreografar o nosso tempo, Vânia Gala

Coreografar o nosso tempo, Vânia Gala Digo “coisas” (o não-humano) para me referir a objectos, arquitectura, seres vivos, som e mesmo aspectos invisíveis (frequências sonoras de um espaço) ou imaginários (fantasmas?) que fazem parte do espaço performativo. É uma pesquisa centrada na invisibilidade, ausência, hiper-capitalismo e que novas questões se levantam para as artes performativas. Mas é também o questionar de muitos binários – próprios da modernidade – assumidos como verdades absolutas nas artes performativas: a ideia de supremacia do “estar no momento” ou que as artes performativas só existem no presente e não deixam rastro.

11.10.2016 | por Marta Lança

Zululuzu: é isto, é aquilo. Mas não é isso!

Zululuzu: é isto, é aquilo. Mas não é isso! Mariana Pinho escreveu um artigo sobre o nosso espetáculo, ZULULUZU, a que deu o nome de “Zululuzu: é isto, é aquilo? Ai não pode ser”. Não temos por hábito reagir ao que se escreve sobre o que fazemos, mas discutindo-se no espetáculo as questões e políticas de identidade, onde se dialoga com normas e convenções, e notando nós nesta leitura de Mariana Pinho a gramática de uma ontologia dominadora que estrutura a opressão contínua dos diversos esquemas sociais, decidimos redigir este texto.

11.10.2016 | por Teatro Praga

Zululuzu: é isto, é aquilo? Ai não pode ser.

Zululuzu: é isto, é aquilo? Ai não pode ser. Aqui o dispositivo teatral de representação surge como um constante “piscar de olho” ao espectador: os actores representam perante o público de espectadores – frente-a-frente – criando uma espécie de cumplicidade com os mesmos. Cumplicidade essa que nos vai tentando mostrar sim, estão a ver? Nós sabemos que vocês também sabem. Esse formato interactivo que montam com o espectador acaba por definir as regras do jogo que estamos a ver. Se num primeiro momento deixavam espaço para pensarmos essa imagem de África que temos na cabeça - e que até aí não associámos ao Pessoa - aqui, a literalidade visual, revestida de provocação, somada ao tom de denúncia permanente, fazem com que se perca esse espaço de reflexão autónoma e desilude nesse clássico tom de sobranceria perante as evidências.

03.10.2016 | por Mariana Pinho

Festival Música do Mundo - reportagem vídeo do BUALA

Festival Música do Mundo - reportagem vídeo do BUALA Durante 4 dias Mariana Pinho e Giorgio Gristina estiveram em Sines a seguir os concertos, a entrevistar músicos e a recolher ritmos e histórias para fazer este vídeo. Um olhar BUALA para o Festival de Músicas do Mundo de 2016.

17.08.2016 | por Mariana Pinho e Giorgio Gristina

Das ruas de Kinshassa até Sines: KONONO Nº 1 meets BATIDA (dia 29)

Das ruas de Kinshassa até Sines: KONONO Nº 1 meets BATIDA (dia 29) À conversa com o BUALA, Pedro Coquenão (BATIDA) contou-nos que o encontro com os KONONO Nº1 começou no WOMEX (World Music Expo): “estava lá a dar um concerto e estavam várias pessoas próximas dos Konono a assistir que acharam que havia ali um ponto qualquer de contacto entre o que eu faço e a banda deles. Além de ser muito lisonjeiro terem pensado nisso, eu identifico-me muito com o que a banda faz e com essa ideia de música africana urbana e experimental que eles fazem e que já tem tanto tempo e que continua a ser sempre actual.” Mais tarde decidiram então encontraram-se, “fui ter com eles, jantámos – comer junto é importante – e foram todos muito simpáticos, o sentimento foi de amizade, de proximidade, e quisemos voltar a estar juntos”.

03.08.2016 | por Mariana Pinho e Giorgio Gristina