Conjunto Gonguenha: ninguém os sungura!

Conjunto Gonguenha: ninguém os sungura! Agora mais crescidos, com mais truques de produção musical, continuam a questionar a sua Angola. A ela vão buscar a inspiração: o calão mangolé que eles, como tão bem sabem, usam para a rima, os absurdos da sociedade consumista, como a ostentação dos novos ricos (riqueza do berço ou o poder da fortuna?), novas imigrações e velhas emigrações, o tempo do socialismo recheado de histórias de professores cubanos, lendas do caixão vazio, namoradinhas do conjunto e traquinices dos candengues. O sangue dos N’gola Ritmos ainda corre nas veias dos rappers e o disco é um documento de uma certa juventude angolana.

02.09.2010 | por Marta Lança

Carlos Magno no Equador - A introdução do "Tchiloli" em São Tomé

Carlos Magno no Equador - A introdução do "Tchiloli" em São Tomé Os grupos do "Tchiloli", conhecidos na ilha por tragédias, têm cerca de trinta elementos cada um, e pertencem todos a uma determinada localidade de forros (assim se chamam os crioulos nativos de São Tomé). Dentro de certos limites dramatúrgicos, cada tragédia representa uma versão própria da peça. Conforme a tradição medieval, exclusivamente os homens representam todos os papéis, inclusivamente os de mulheres. Além disso, o mesmo actor amador representa sempre a mesma personagem. Os papéis, o guarda-roupa e os textos transmitem-se no seio das famílias.

24.08.2010 | por Gerhard Seibert

O Dzukuta-Pandza está a bater em Moçambique

O Dzukuta-Pandza está a bater em Moçambique O ‘Dzukuta-Pandza’ ou simplesmente ‘Pandza’ é um ritmo musical bastante popular em Moçambique. O ‘Pandza’ surge na segunda metade da década de 2000 e é uma mistura de ‘zukuta’, ‘marrabenta’, ‘hip-hop’ e outros ritmos moçambicanos.

15.08.2010 | por Rui Guerra Laranjeira

Tchiloli de S.Tomé ou Carlos Magno em África

Tchiloli de S.Tomé ou Carlos Magno em África Dir-se-ia que o Tchiloli tem um carácter exemplar, representando a difícil harmonização entre duas culturas (africana e europeia) que se encontraram por imperativos históricos, mas cujos sujeitos africanos conseguiram ultrapassar o vazio cultural resultante de um encontro catastrófico, reinventando os empréstimos europeus e criando uma cultura própria mas universal.

11.08.2010 | por Agnela Barros

A música é uma conversa de gente educada: “Mart’nália em África”

A música é uma conversa de gente educada: “Mart’nália em África” Assistíamos à gravação do extra intitulado “Roda de Semba” para o dvd da cantora brasileira Martinália, que acaba de sair. Tudo improviso, com muito samba no pé e alegria. Foi numa tarde de Abril, com feijoada e música no jardim de uma moradia em S. Conrado, Rio de Janeiro. Todas as vozes inconfundíveis, e carismáticas as figuras. Ali marcaram presença Martinho da Vila, Gilberto Gil, Carlinhos Brown e Mayra Andrade, cantora caboverdiana radicada em Paris

05.08.2010 | por Marta Lança

Sara Chaves - As chaves dos seus cantos

Sara Chaves - As chaves dos seus cantos O reconhecimento efectivo do seu talento chega em 1966, ano em que ganha o prémio de interpretação no Festival da Canção de Luanda, com a famosa “Maria Provocação”, de Ana Maria de Mascarenhas e Adelino Tavares da Silva. As recordações são ainda intensas: “Nessa noite de Setembro de 1966, no cinema Aviz, ouviu-se música tipicamente angolana. O sucesso foi estrondoso, assim como estrondosa foi a decepção quando anunciaram que ‘Maria Provocação’ não podia ser considerada concorrente ao festival, porque a organização não autorizava que os instrumentos típicos do Ngola Ritmos fossem integrados na orquestra.

18.07.2010 | por Mário Rui Silva

Ana Maria de Mascarenhas sem máscara

Ana Maria de Mascarenhas sem máscara Ainda que as suas composições já fossem conhecidas num ciclo restrito, foi com o Festival da Canção de Luanda que as suas obras se tornaram públicas. Nos anos 60 formou uma dupla com o jornalista português Adelino Tavares da Silva, que tinha chegado a Angola havia pouco tempo. Quatro ou cinco composições em conjunto e logo se inscrevem na SPA, Sociedade Portuguesa de Autores, ele como autor e Ana Maria como compositora. Pode dizer-se que foi a dupla que revolucionou o Festival da Canção, quando Maria Provocação foi defendida por Sara Chaves e Mulata é a Noite por Concha de Mascarenhas, ambas acompanhadas pelo Ngola Ritmos, conjunto de ritmos angolanos.

08.07.2010 | por Mário Rui Silva

Centro de Dia

Centro de Dia Toda a audiência expectante e especada à espera do início do espectáculo. Penso na tarde que passei. Convidam-nos para uma selva evocando, estereofonicamente, Tarzan. A selva da vida, pensa-se; o imaginário colonialista, evoca-se. Os actores reais espreitam na porta depois das funcionárias ultra-reais darem o mote do início do espectáculo. Bebo o meu último gole de água, da garrafa de um dia muito quente. Entramos com a mostragem de uma placa a sinalizar o capítulo: “todos os dias”.

08.07.2010 | por Ricardo Seiça Salgado

Estrelas congolesas Staff Benda Bilili lideram presença africana no FMM Sines 2010

Estrelas congolesas Staff Benda Bilili lideram presença africana no FMM Sines 2010 O Congo envia as suas estrelas mais brilhantes, mas o Mali é o país africano com mais representantes no FMM Sines 2010: Tinariwen, Cheick Tidiane Seck feat. Mamani Keita e Founé Diarra Trio (neste caso, juntamente com o quarteto do bretão Jacky Molard).

08.07.2010 | por Câmara Municipal de Sines

Os Monstros, quando a qualidade supera barreiras raciais

Os Monstros, quando a qualidade supera barreiras raciais Os Monstros tiveram um impacto bastante grande entre a juventude negra a nível das mentes. A sua auto-estima e os seus índices de confiança melhoraram bastante, pois, ao cantar Soul Music, música do negro norte-americano, estes passavam a mensagem de luta dado que aqueles eram conhecidos pelo uso da música como instrumento de luta, de denúncia e contestação ao sistema. Isto era feito de uma forma tão subtil e com uso de linguagem metafórica, que o poder colonial não se sentiu em nenhum momento confrontado, daí que o grupo tenha sido largamente aceite pelo establishment.

05.07.2010 | por Rui Guerra Laranjeira

As Formigas, a guerra, o actor e a experiência, peça de Rogério de Carvalho

As Formigas, a guerra, o actor e a experiência, peça de Rogério de Carvalho Imagine-se Boris Vian em português e em mucubal, língua de uma etnia do sul de Angola que vive entre o deserto do Namibe e do Kalahari. Além da experiência semântico-linguística, que convoca o espectador para duas culturas com significados diferentes, o diálogo em conflito e as sonoridades e tradução das duas línguas constroem o próprio material dramático da peça. A complexidade começa logo aí. As Formigas que o encenador Rogério de Carvalho e os actores Meirinho Mendes e Dulce Baptista apresentam no Festival de Almada, não faz nem uma ilustração do texto nem particulariza o acontecimento da guerra.

01.07.2010 | por Marta Lança

Peças para uma sombra iniciada e outros rituais mais ou menos

Peças para uma sombra iniciada e outros rituais mais ou menos Sobre a insegurança da infância e a rebeldia da adolescência existe a mão do saber que nos afaga e alenta, muitas vezes sem sucesso, perante a imagem da máscara que, ao ultrapassar o domínio da matéria, pretende transcender o humano. Revelando uma outra identidade, esta “sombra” viva exige e testemunha o respeito pelos seus poderes e pelos rituais em que desafiamos os nossos temores, correndo os riscos que nos são impostos.

20.06.2010 | por Ana Clara Guerra Marques

Diálogos sobre Dança Contemporânea, entrevista com Kepha Oiro

Diálogos sobre Dança Contemporânea, entrevista com Kepha Oiro Kepha Oiro, bailarino e coreógrafo do Quénia, dirige um novo grupo performativo, Tuchangamke, sediado no Teatro Nacional do Quénia, em Nairobi, que pesquisa a fusão de movimentos. Está também à frente da iniciativa “Dance Marathon”. A conversa com Nadine Siegert deu-se em Colónia, na Alemanha, durante uma residência artística, entre Outubro de 2009 e Março de 2010.

15.06.2010 | por Nadine Siegert

Música, Cidade, Etnicidade: explorações a partir de cenas musicais em Lisboa

Música, Cidade, Etnicidade: explorações a partir de cenas musicais em Lisboa No horizonte das cidades imaginadas como “megacidades transculturais”, a música tende a ganhar espaço na promoção dos sentimentos de lugar e pertença na, e à cidade. Os processos e valores relativos à internacionalização da cultura que, de forma geral, se enquadram no contexto da “nova economia política e sua cultura” podem ser explorados a partir de algumas manifestações musicais na cidade de Lisboa.

15.06.2010 | por Jorge de La Barre

O divertimento do ‘Unce’

O divertimento do ‘Unce’ O "Unce" é um ritmo musical urbano de influência árabe e contemporâneo da Marrabenta. Produto da mestiçagem cultural africana e muçulmana, a sua origem está associada a indivíduos muçulmanos provenientes das Ilhas Comores. Cantado e tocado em ocasiões festivas como aniversários e casamentos de pessoas que professam o Islamismo.

15.06.2010 | por Rui Guerra Laranjeira

O sentido do afecto

O sentido do afecto Ana Clara Guerra Marques, coreógrafa e directora artística deste espectáculo inédito no nosso ambiente cultural, arrumou um conjunto bem uniforme e bem contrastante de meios humanos e técnicos para levar ao palco um ritual de dança sagrado e ao mesmo tempo profano, já que conseguiu unir no mesmo gesto rítmico o espírito da máscara e a química inefável da sombra.

06.06.2010 | por José Luís Mendonça

Música do fim do mundo

Música do fim do mundo A world music no contexto actual: o seu papel enquanto instrumento de poder durante o colonialismo e a sua posição social enquanto género musical em tempos apocalípticos e de ruptura - o fim de século e o fim de milénio. Algumas questões a partir do pensamento de Philip Bolhman em «World Music at the “End of History”».

05.06.2010 | por Carla Isidoro

KUDURO, a batida de Luanda

KUDURO, a batida de Luanda O Kuduro é criado e produzido nos musseques de Luanda e rapidamente difundido nos Kandongueiros. Diariamente surgem novas músicas que alimentam o vocabulário de Luanda de novas dicas (expressões), novas batidas (ritmos / sons), e novos toques (movimentos). Esta criação frenética de linguagens urbanas tem uma expressão importante na sociedade angolana actual e sobretudo nos mais jovens.

01.06.2010 | por Francisca Bagulho

Marrabenta: evolução e estilização 1950-2002

Marrabenta: evolução e estilização 1950-2002 A Marrabenta é o principal ritmo musical de Moçambique, bem no coração da sua identidade. Ritmo urbano, a sua estilização deve-se a pessoas urbanizadas que, distantes do seu meio social e cultural e sujeitos à influência da cultura ocidental, criaram este ritmo, pegando noutros já existentes como a Magika, Xingombela e Zukuta. Começou no final dos anos 30, mas será na década 50 que se tornaria popular com conjuntos como Djambu, Hulla-Hoope Harmonia.

31.05.2010 | por Rui Guerra Laranjeira

Já dizia Jacques Rigaut: "pensar é uma ocupação de pobres"

Já dizia Jacques Rigaut: "pensar é uma ocupação de pobres" A hora agora é a de detonar um novo Big Bang do norte ao sul da dimensão que nos apreende, mas de mansinho. Passarão meses, anos, ou talvez séculos e milénios até as cinzas se tornarem húmus, o húmus se tornar pedra, e a pedra se desfazer em petróleo. Quando isso acontecer já não serão cinzas nem haverá caras que custem a recordar, serão finalmente alicerces de um mundo discrepante, orfão de outras perguntas e respostas. Neste tempo de Ubus, aproveitemos enquanto o sangue ainda for inflamável; desperdicemo-lo no teatro.

24.05.2010 | por Andreia Farinha