O corte simboliza a situação do que aconteceu comigo com a minha cicatriz. Foi em Luanda. A festa é já cá em Portugal no bairro Fim do Mundo, as festas que a minha mãe fazia. A amnésia são partes em que busco coisas no subconsciente.
Cara a cara
28.11.2022 | por Marta Lança
A narrativa construída sobre este episódio é dada pela parte portuguesa, a do “massacre”, que ofusca e apaga o movimento de resistência dos santomenses. Daí ter optado por referi-lo enquanto Guerra da Trindade (1953). Claro que foi desigual, mas houve confronto, os santomenses não se baixaram perante a atitude do governador Carlos Gorgulho. E esse movimento de resistência organizada, pensada e estruturada é algo sobre o qual não se ouve falar.
Palcos
17.05.2021 | por Marta Lança e Zia Soares
A kizomba veio nas bagagens dos africanos, que em finais dos anos 90 do século passado fizeram de Lisboa a cidade das suas vidas. A kizomba parece ter vindo do ambiente das festas de quintal de Luanda e Angola, mas claro que veio em jeito de passada de São Vicente ou da Praia, de Cabo Verde. Ao juntarem-se nas discotecas africanas em Lisboa e nas festas africanas nas universidades portuguesas a kizomba começa a entrar no léxico dançante das pessoas que visitavam estes espaços. Muitas das discotecas latinas tinham momentos de kizomba, o que também ajudou a levar o género um pouco à boleia da salsa e da bachata da República Dominicana.
Palcos
04.02.2021 | por Marta Lança
Chegou, acabada de acordar, de saia comprida às riscas e sapato brilhante, alta e altiva. O seu enorme riso interior provocou uma empatia imediata, a ousadia da artista Titica é desarmante. Afectuosa no trato, prefere não falar muito da sua sexualidade, explicando, de forma assertiva e cansada de ter de se justificar, que é “mulher e ponto”. E uma mulher com convicção. A cantora, que diz preferir o carinho do público ao cachet, ganhou o prémio de Melhor Artista de Kuduro em 2011 e sente-se “reconhecida”. Explica que, na sua vida de artista, “tudo acontece de uma forma natural”. Acrescenta porém que, apesar da sua energia tudo fazer acontecer, no palco, Titica encarna “outra pessoa”.
Cara a cara
05.01.2021 | por Marta Lança
Em 1998, Portugal ainda era a ex-metrópole naïve que festejava os Descobrimentos na inconsciência de que haveria uma ressaca do dia seguinte, e de que até o Padre António Vieira se tornaria tóxico. Vinte anos, algum pós-colonialismo e muito kuduro depois, África tornou-se um sujeito e um objecto recorrente nas práticas artísticas que irradiaram de Lisboa para o resto do país — ou, nalguns casos, do resto do mundo.
Jogos Sem Fronteiras
10.12.2020 | por Inês Nadais
Portugueses de origem africana manifestam o orgulho comum do seu legado e cultural, reacriação e mistura. E é através da música que o perpetuam. Kuduro, Afrohouse, Ghetto, Funaná, Rap Crioulo, Batuque, são vários os estilos que procuram disseminar e fazer chegar aos mais diversos públicos. Ao longo do documentário observamos que todas estas vertentes musicais africanas unem as comunidades num ambiente de descontração e interação. E Portugal? Que papel tem nesta história? Desde sempre “senhorio”, quer em terras estrangeiras injustamente expropriadas, quer na sua própria “casa”. Se é assim acolhedor quanto se pinta, qual é a razão para tanta discriminação?
Afroscreen
20.10.2020 | por Alícia Gaspar
O kuduro em Angola é intervenção urbana e social. Além da música e dança tão potentes que não deixam ninguém indiferente, é “forma” de contar uma estória. Se repararmos na questão linguística, a linguagem kudurista reveste-se de grande criatividade, absorve qualquer gesto do quotidiano, ironias e falas de rua, calão, inventando até idiolectos como o "burguês", performatizando a loucura da vida urbana, sobretudo do gueto.
Palcos
02.01.2019 | por Marta Lança
O meu ponto é: deve ser dado um contexto um bocadinho mais livre e rico às pessoas. Se em Portugal não há música nas escolas, em Angola nem escolas há. E aqui a música acabou transformada num exercício de escapismo em relação à guerra, pois durante a guerra todos os músicos com um discurso minimamente interessante e relevante estavam fora do país. E é precisamente esse discurso critico e consciente que enriquece a terra porque faz com que ela circule e não fique estática. Algo que esteve na origem do kuduro, por exemplo. Foi uma espécie de reacção à realidade.
Palcos
25.11.2016 | por Hugo Jorge
Angola torna-se, nos últimos tempos, um actor importante na economia global devido à sua riqueza em petróleo e diamantes, depois de constar nas notícias sobretudo devido às atrocidades duma persistente guerra civil. A maioria da população do país vive em Luanda, uma metrópole de cerca de sete milhões de habitantes. Neste cenário urbano, tanto utópico quanto de pesadelo, nasceu uma das músicas mais intrigantes do continente africano: o kuduro. Neste artigo vamos explorar o papel dessa música popular electrónica e estilo de dança angolana no processo de actualização da identidade nacional angolana, a "angolanidade", nas condições do novo milénio.
Palcos
22.06.2012 | por Nadine Siegert e Stefanie Alisch
Não é exactamente Luanda e não é propriamente Lisboa. Batida é uma ponte, e o mundo vai aprender a atravessá-la.
Palcos
05.04.2012 | por Mário Lopes
Kalaf Angelo, um dos entusiastas do projeto Buraka Som Sistema, um dos responsáveis pela expansão além fronteiras do ritmo kuduro, lançou recentemente o seu primeiro livro, Estórias de Amor para Meninos de Cor. Com este ensaio, o músico angolano desafia a escrita em homenagem a Lisboa, cidade mulata que o fascinou desde que nela aterrou, depois de ter deixado Luanda nos anos 90. O autor prepara já o seu próximo título: um romance.
Cara a cara
29.02.2012 | por João Carlos
O percurso do músico e poeta angolano que cativou os europeus tem muita determinação. Soube evidenciar em Lisboa o que ainda não estava à vista: a riqueza cultural de origens africanas em forma de novos sons. Pegar naquilo que traz e lhe vem de Angola e sintonizar com os tempos que correm nas cidades europeias, falar das novas tendências e ser um cidadão do mundo, são alguns dos segredos da sua singularidade.
Cara a cara
22.07.2010 | por Marta Lança
O Kuduro é criado e produzido nos musseques de Luanda e rapidamente difundido nos Kandongueiros. Diariamente surgem novas músicas que alimentam o vocabulário de Luanda de novas dicas (expressões), novas batidas (ritmos / sons), e novos toques (movimentos). Esta criação frenética de linguagens urbanas tem uma expressão importante na sociedade angolana actual e sobretudo nos mais jovens.
Palcos
01.06.2010 | por Francisca Bagulho