Esta tese explora o semba, uma expressão cultural artística de dança e música urbana, profundamente enraizada na cidade de Luanda. Analiso como este bem cultural tem sido transformado em património cultural imaterial enfrentando desafios como a patrimonialização, comercialização, objetificação e turistificação. A investigação contextualiza a iniciativa global de elevar gêneros musicais e de dança à categoria de património imaterial pela UNESCO e examina as políticas culturais do Estado angolano, nesta corrida ao património imaterial. Foco-me particularmente nas interações entre a comunidade de práticas do semba e comunidade autorizada do património, explorando como estas comunidades, grupos e indivíduos gerem, performam e representam o semba como património cultural intangível.
Palcos
08.08.2024 | por André Soares
É preciso defender o património cultural e reconhecimento a todos os agentes culturais espalhados pela diáspora que fazem o trabalho de documentar e de promover o nome de Angola num espaço global e digital enquanto, ironicamente, em Angola e em Portugal, as danças “sociais” da diáspora africana ainda são vistas como algo apenas recreativo, com baixo teor artístico, e não algo que possa ser valorizado, documentado ou apoiado financeiramente.
Palcos
15.06.2021 | por Iris de Brito
Angola entrou para a lista do Património Mundial da Humanidade em 2017, com a inscrição de Mbanza Congo, na Lista do Património Mundial da UNESCO como paisagem cultural pré-colonial. Esse momento marca a entrada de Angola na corrida patrimonial gerida de forma supranacional pela UNESCO.
Em 2018, a Ministra da Cultura de Angola avançou com a vontade de começar o processo de patrimonialização do semba com ecos na imprensa angolana e para satisfação dos músicos e sembistas.
A ler
11.05.2021 | por André Castro Soares
A kizomba veio nas bagagens dos africanos, que em finais dos anos 90 do século passado fizeram de Lisboa a cidade das suas vidas. A kizomba parece ter vindo do ambiente das festas de quintal de Luanda e Angola, mas claro que veio em jeito de passada de São Vicente ou da Praia, de Cabo Verde. Ao juntarem-se nas discotecas africanas em Lisboa e nas festas africanas nas universidades portuguesas a kizomba começa a entrar no léxico dançante das pessoas que visitavam estes espaços. Muitas das discotecas latinas tinham momentos de kizomba, o que também ajudou a levar o género um pouco à boleia da salsa e da bachata da República Dominicana.
Palcos
04.02.2021 | por Marta Lança
O meu ponto é: deve ser dado um contexto um bocadinho mais livre e rico às pessoas. Se em Portugal não há música nas escolas, em Angola nem escolas há. E aqui a música acabou transformada num exercício de escapismo em relação à guerra, pois durante a guerra todos os músicos com um discurso minimamente interessante e relevante estavam fora do país. E é precisamente esse discurso critico e consciente que enriquece a terra porque faz com que ela circule e não fique estática. Algo que esteve na origem do kuduro, por exemplo. Foi uma espécie de reacção à realidade.
Palcos
25.11.2016 | por Hugo Jorge
Este trabalho, estas palavras, estas melodias e sonoridades são originalmente o que me sobrou da perda de meu pai, da perda do meu pai e de todas as memórias que se avivaram em mim depois dessa perda. Dos lugares, dos cheiros, do tempo que tinha muito mais tempo dentro de si, mas principalmente das pessoas. Das pessoas de meu pai, assim crédulas, próximas umas das outras. Avivaram-se memórias dos casamentos de três dias em que o meu pai tocava (dj) nos quintais da cidade...
Palcos
29.11.2013 | por Paulo Flores
Há 40 anos que faz música de Angola, tem quase 500 temas gravados e muitos quilómetros de estrada. Sente-se hoje compensado por todo esse esforço e colaboração. O novo disco de Bonga, Hora Kota apela à mais profunda identidade africana, valorizando ensinamentos e princípios ancestrais, na escuta das estórias dos mais-velhos, que podem contribuir com alguma clarividência num mundo confuso.
Palcos
20.01.2012 | por Marta Lança
Feliz a iniciativa de Gabriel Baguet Jr., para quem a música de Paulo Flores “é um hino constante de emoção”, de celebrar a sua arte, entre amigos e admiradores e através do livro Paulo Flores: o Talento da Utopia. Nesta viagem musical, de já vinte-anos-e-lá-vai-fumaça, nunca deixou de “procurar caminhos, sonoridades e novas abordagens musicais. Porque lhe interessa compreender a música também enquanto fenómeno social e a matriz dos sons, trabalhando para trazê-los aos nossos tempos de forma criativa.
Palcos
08.02.2011 | por Marta Lança
Os nossos pais tiveram filhos à vontade, somos famílias numerosas onde não há tédio, deixamos de curtir as nossas próprias emoções para desfrutar da onda dos filhos, sobrinhos e netos. E como somos mãos largas, os homens sustentam várias mulheres, mas estas também os sustentam mais os seus rebentos de dentro e de fora do casamento, e fica tudo em família. Por isso há muitas farras, aniversários, baptizados, bodas de ouro e de prata, pedidos de casamento, caldos de poeira.
Mukanda
01.11.2010 | por Sílvia Milonga
Esta conversa refere-se à sua trilogia “Ex-Combatentes” (“Viagem”, “Sembas” e “Ilhas”), que navega em águas poéticas e documentais da vida angolana. "Descubro muita humildade nas pessoas que sempre estiveram aqui e a forma erguida como continuam a levar a vida impressiona-me. Sempre reclamei de tudo, mas quando vejo como as pessoas levam a vida, perpetuando, elas sim, uma identidade tão forte, isso é o que me inspira."
Cara a cara
21.10.2010 | por Marta Lança
Paulo Flores é um cantor angolano e uma referência na geração de jovens artistas que trabalham a música popular moderna. Falámos com ele quando lançou «ExCombatentes», três discos que marcam uma viragem na sua carreira. Flores mergulha o Mundo em Angola e leva a música mais longe do que poderíamos esperar.
Cara a cara
27.05.2010 | por Carla Isidoro