Exposição Meta-Arquivo: 1964-1985: Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura

A “Exposição Meta-Arquivo: 1964-1985: Espaço de Escuta e Leitura de Histórias da Ditadura” no sesc sp Belenzinho, em São Paulo, até 29/11, aborda a importância da preservação dos acervos de documentos relacionados com a história do Brasil. E como a arte trabalha a partir dos arquivos da ditadura. Nove obras inéditas, elaboradas por Ana Vaz, Grupo Contrafilé, O grupo inteiro, Giselle Beiguelman, Ícaro Lira, Mabe Bethônico, Paulo Nazareth, Rafael Pagatini e Traplev.

Com caráter pedagógico, a exposição surge como um espaço expandido de aprendizado, cujo objetivo primordial é despertar a reflexão acerca da documentação pública arquivada pelo Estado Brasileiro: como ler esses arquivos? Como construir memória a partir deles? Como aprender coletivamente sobre a história do país e de seu povo, a partir de sua análise? Como preservar esses acervos e, como consequência, a memória dos processos civilizatórios que alicerçam a sociedade atual?

Tais ponderações nortearam a gênese da exposição, a partir do programa de ação curatorial Arquivo e Ficção, desenvolvido por Ana Pato desde 2014, que busca valorizar os processos de construção da história brasileira. Sua metodologia de trabalho consiste na articulação de pesquisas artísticas e na formação de grupos de trabalho em torno de arquivos e acervos, diante da invisibilidade, do abandono e do risco de desaparecimento que os acervos documentais e artísticos vivenciam.Um desses grupos de trabalho se consolidou em julho de 2018, tendo como foco de pesquisa o período da Ditadura Civil Militar Brasileira (1964-1985), formado pela curadoria, os artistas e a equipe do Memorial da Resistência. Os artistas passaram a desenvolver uma ação artística junto a esses arquivos, que culminou nas obras que serão apresentadas na exposição. Criadas a partir desses documentos históricos, tais obras visam trazer à discussão os processos que levam ao apagamento da memória - e a importância de se manter relevantes e presentes os acervos documentais da história.Dentre as fontes consultadas para construção dessas obras estão o Arquivo Público do Estado de São Paulo, Arquivo Nacional, Brasil: Nunca Mais digit@l, Memorial da Resistência de São Paulo, Centro de Documentação e Memória da Unesp, Instituto Vladimir Herzog, Museu do Índio, Sesc Memórias, Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (Caaf) - Unifesp, Fundación Augusto y León Ferrari Arte y Acervo, entre outros centros de memória, arquivos, institutos e fundações. Seu desenvolvimento partiu de temas específicos, norteado pelas questões: “como construir um arquivo?”, “como torná-lo público?” e “como falar do trauma?”.

Todo o conjunto foi reunido em um projeto arquitetônico desenvolvido por Anna Ferrari, cujas estruturas metálicas aparentes atravessam o galpão expositivo do Sesc Belenzinho, fixadas entre o piso e o teto, enquadrando as obras e suas superfícies em madeira. A estrutura sem paredes permite a sobreposição das histórias ali apresentadas e faz referência ao mobiliário arquivístico e escolar.A exposição conta também com o Espaço de Pesquisa Meta-Arquivo, que disponibiliza ao público a consulta dos livros, documentos e referências levantados durante o processo de pesquisa dos artistas. Esse material, coletado pelo grupo de trabalho, foi reunido pela curadoria em dossiês e organizado como uma pequena biblioteca.

Os temas abordados ao longo do período expositivo são complementados com os programas públicos, formados por uma série de atividades propostas para aprofundamento e reflexão acerca das pesquisas realizadas pelos artistas presentes em Meta-Arquivo: 1964-1985, e a programação integrada que, até novembro, traz atividades diversas que dialogam com os assuntos abordados pela exposição. 

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Vou lá visitar | 3 Novembro 2019 | Ana Pato, Brasil, ditadura, Ícaro Lira, memória, memorialização, São Paulo