Doc's Kingdom 2017 I Emergir no conflito

ARCOS DE VALDEVEZ 3 a 8 de Setembro

COM A PRESENÇA DE :

BILLY WOODBERRY

CLARA LÓPEZ MENÉNDEZ

JAMIKA AJALON

GRAEME THOMSON & SILVIA MAGLIONI

INHABITANTS (Pedro Neves Marques, Mariana Silva, Margarida Mendes)

JAMES N. KIENITZ WILKINS

LOUIS HENDERSON

THE OTOLITH GROUP (Anjalika Sagar & Kodwo Eshun)

REGINA GUIMARÃES & SAGUENAIL

SANA NA N’HADA

PROGRAMAÇÃO

FILIPA CÉSAR, NUNO LISBOA, OLIVIER MARBOEUF

INSCRIÇÕES


O seminário internacional de cinema documental organizado pela Apordoc desde 2000, Doc’s Kingdom, é aberto ao público e os vários modos de inscrição (desde 25 Euros) dão acesso a todos os eventos organizados pelo seminário. Ainda estão disponíveis alguns lugares para inscrição com alojamento incluído. A inscrição é feita online em http://docskingdom.org/pt/actual/inscricoes.html

Cada dia do seminário é composto por sessões de cinema com início às 10h00 e às 14h30, seguidas de um debate colectivo ao final do dia. O Doc’s Kingdom é a experiência integral e cumulativa que inclui as sessões de cinema, os debates e o encontro colectivo numa atmosfera informal, com a presença dos realizadores convidados ao longo de todo o seminário, num programa que é o mesmo para todos os participantes, sem sessões paralelas.

Insistindo na dimensão colectiva e integral do programa, este deixou de ser divulgado previamente desde a edição do Doc’s Kingdom 2013: o programa de sessões é secreto e pode sofrer alterações ao longo da semana consoante a dinâmica do grupo que, a cada jornada, entra na sala de cinema sem mapa, aliando a disponibilidade e o risco para cooperar numa experiência que não pode antecipar.

Os realizadores e artistas convidados do Doc’s Kingdom 2017 são: Billy Woodberry, Clara López Menéndez, Jamika Ajalon, Graeme Thomson e Silvia Maglioni, Inhabitants (Pedro Neves Marques, Mariana Silva e Margarida Mendes), James N. Kienitz Wilkins, Louis Henderson, The Otolith Group (Anjalika Sagar e Kodwo Eshun), Regina Guimarães e Saguenail, Sana na N’Hada.

O Doc’s Kingdom 2017 é programado por Filipa César, Nuno Lisboa e Olivier Marboeuf: 

Gostaríamos de convidar-vos para uma viagem. Não para atravessar o oceano, mas para examinar a sua superfície. Esqueçam a história sólida e luminosa dos continentes e os seus faróis que desfazem a noite com as suas certezas deslumbrantes. Em vez disso, entrem na sombra macia das profundezas, do outro lado do espelho opaco da água, numa paisagem infinitamente mutante que ignora as velhas fronteiras e os limites do corpo. Movimento líquido de subversão, ondas de vozes e ondas de rádio, telepatia. Space is the place. Este não é lugar para monumentos, para além dos ossos daquelas que são atiradas borda fora. Migrantes que têm como única bússola o desespero, mulheres grávidas que fertilizam as profundezas do oceano. A terra deste outro planeta, tão próximo, engendra alienígenas que adoptamos como parentes, tal como os mortos de ontem se tornam aliados das nossas lutas. O descendente de escravos, afogado e anónimo, exala na sua concha a chamada à revolta. Conseguem ouvir?

Artistas convidados do Doc’s Kingdom 2017

Billy Woodberry (Dallas, 1950) é um das figuras chaves do movimento conhecido como L.A. Rebellion (também chamado de Los Angeles School of Black Filmmakers), formado por uma jovem geração de Africanos e Afro-Americanos que estudaram na Escola de Cinema da UCLA entre o final da década de 1960 e os anos 1980. Com a influência vital do discurso político e social de 1967 e 1968, estes cineastas independentes criaram um Cinema Negro que oferecia uma alternativa ao cinema clássico de Hollywood. O termo L.A. Rebellion foi cunhado pelo académico Clyde Taylor: o movimento procurou uma nova estética e um novo modo de representação e narração que falasse das realidades da existência negra. Marco essencial deste cinema, o filme de Billy Woodberry “Bless Their Little Hearts” (1984) examina as tensões causadas pelo conflitos de classes dentro de uma família Afro-Americana. O seu filme, assim como os de Julie Dash, Haile Gerima, Charles Burnett, entre muitos outros, ajudaram a criar narrativas da experiência negra nos EUA. Os filmes deste movimento foram comparados pelos críticos com os filmes do Neo-Realismo Italiano dos anos 40, o Third (World) Cinema dos finais de 1960 e da Nova Vaga Iraniana dos anos 90. Billy Woodberry é professor na School of Art e na School of Film/ Video da CalArts desde 1989. Enquanto actor, participou nos filmes “When it Rains” (1995) de Charles Burnett, “Ashes to Embers” (1982) de Haile Gerima, e fez a narração para filmes como “Red Hollywood” (1996) de Thom Andersen e “Four Corners” (1998) de James Benning. O filme “And when I die, I won’t Stay Dead” (2015), um documentário sobre a vida e o trabalho do poeta Bob Kaufman, estreou na Viennale ’15 e foi premiado no DocLisboa ‘15.

Desenvolvendo a sua prática artística nas áreas da curadoria, de pedagogia, da crítica de arte e da performance, Clara López Menéndez é actualmente artista convidada na CalArts e é a directora da plataforma experimental de filmes e vídeo queer Dirty Looks LA. O seu trabalho escrito tem sido publicado na Mousse, Art News, Bomb e Little Joe. Entre outras colaborações, trabalhou com a Redcat, Participant Inc, Los Angeles Contemporary Exhibition e com die neue Gesellschaft für bildende Kunst (Berlim). Para o Doc’s Kingdom 2017, Clara propõe “uma série de exercícios de movimento, com a intenção de aumentar o espaço de comunicação entre os participantes, os filmes e a espácio-temporalidade do seminário. O Doc’s kingdom é uma experiência imersiva no cinema que tenta romper com as condições regulares do espectador, gerando um espaço de discussão que leva em conta a dimensão social criada pelo ato de ver os filmes em conjunto, onde a exposição, projecção e distribuição de imagens não é deixada pendurada no silêncio da contemplação, mas é confrontada e abraçada pelo diálogo.”

Artista interdisciplinar, Jamika Ajalon trabalha com a palavra escrita e falada, som e fotografia, cinema, vídeo, texto e música, tendo colaborado com artistas de todo o mundo ao longo da sua carreira. Jamika cresceu nos Estados Unidos da América, fez mestrado em Londres (Goldsmith College), vive e trabalha há mais de 20 anos na Europa (França, Inglaterra e Alemanha). A sua produção recente inclui, em 2017, “Ready to Rumble” (exposição de Fotografia e Vídeo) e “Seen: Space for you” (uma anti-palestra Audio Visual), apresentadas na Academia de Belas-Artes de Leipzig, na Alemanha, “Nowhere Blues Cut Up”, um vídeo-poema sónico e digital, publicado na revista digital April Poets.

Graeme Thomson & Silvia Maglioni são cineastas e artistas que vivem e trabalham em Paris. As suas práticas interrogam possíveis formas e ficções emergentes das ruínas da imagem em movimento, incluindo a criação de curtas e longa-metragens, exposições, instalações de vídeo e sonoras, performances, eventos, programas de rádio e livros. A sua produção (e resistência à produção) dos últimos anos tem-se concentrado em explorar novas configurações de imagem, som, texto e política, usando frequentemente o cinema de forma expandida para reativar arquivos ou histórias perdidas ou esquecidas e criar novos modelos de visão coletiva e de envolvimento com o pensamento contemporâneo. A sua filmografia inclui “Wolkengestalt” (2007), “Facs of Life” (2009), “Through the Letterbox” (2010), “In Search of UIQ” (2013), “Blind Data” (2013), “Disappear One” (2015). O trabalho de Thomson e Maglioni foi apresentado em Festivais de Cinema, Museus e Galerias de Arte, tais como FID Marseille, Bafici International Film Festival, Jihlava Film Festival, Il Vento del Cinema, FIFVC-Beirut, Anthology Film Archives, Tate Britain, Serralves, Centre Pompidou, Redcat, MACBA, Ludwig Museum, The Showroom, KHOJ New Delhi, Museu de Arte Moderna de Bahia, Castello di Rivoli, Institute of Modern Art Brisbane, Whitechapel, Casco.

Inhabitants é um projecto iniciado por Mariana Silva e Pedro Neves Marques em 2015, colaborando com Margarida Mendes como consultora. Inhabitants é um canal on-line para vídeos exploratórios e documentais, em formato de curta-metragem, com episódios focados num tópico diferente. Inhabitants colaboraram com instituições como a Haus des Kulturen Der Welt e o Max Planck Institute for the History of Science (Berlim), Museu Colecção Berardo (Lisboa), Contour8 biennale (Bélgica), e actualmente estão em colaboração com TBA21 para uma série de vídeos sobre mineração do fundo dos oceanos. 

Pedro Neves Marques é um escritor e artista visual que vive e trabalha em Nova Iorque. É o autor dos livros de ficção “Morrer na América” (2017) e “The Integration Process” (2012), e o editor do livro “The Forest and the School: Where to Sit at the Dinner Table?” (2015), uma antologia sobre antropologia e Antropofagia brasileira. Foi editor convidado para o e-flux Journal: Supercommunity, uma edição sobre a 45ª Bienal de Veneza: “All The World’s Futures” (2015), e escreve regularmente para outras revistas e livros. Enquanto artista, Pedro Neves Marques já exibiu na Galeria PAV Parco Arte Vivente (Turim), Museu Sursock Art (Beirut), e-flux (Nova Iorque), Fundação Kadist Art (Paris), Sculpture Center (Nova Iorque), a 12ª Bienal de Cuenca (Cuenca), Fundação EDP (Lisboa), Museu de Arte Contemporânea de Serralves (Porto) e Museu Berardo (Lisboa). 

Mariana Silva é uma artista visual que vive e trabalha em Nova Iorque. Já exibiu o seu trabalho na Bienal de Gwangju (Coreia do Sul, 2016), Bienal de Moscovo (Rússia, 2016), Fundação EDP (Lisboa, 2015), Museu Astrup Fearnley (Oslo, 2015), Parkour (Lisboa, 2014), e-flux (Nova Iorque, 2013), Indie Lisboa (Lisboa, 2012), Galeria Whitechapel (Londres, 2011), Kunsthalle Lissabon (Lisboa, 2011) e no Museu de Arte Contemporânea de Serralves (Porto, 2010). 

Margarida Mendes é uma investigadora, curadora e activista. Actualmente dirige o Movimento Oceano Livre, uma organização contra a exploração mineira em águas profundas. Em 2016 fez parte da equipa curatorial da 11ª Bienal Gwangju, na Coreia do Sul, e co-dirigiu da “Escuelita” no Centro de Arte Dos de Mayo Madrid - CA2M. Entre 2009 e 2015 dirigiu o projecto e espaço The Barber Shop, em Lisboa, tendo coordenado um programa de seminários e residências dedicadas à pesquisa artística e filosófica. Explorando a sobreposição entre a cibernética, a história da ciência, o extrativismo, a cosmologia e o cinema experimental, a sua pesquisa pessoal investiga as transformações dinâmicas no ambiente e o consequente impacto nas estruturas sociais e produção cultural. Algumas destas questões foram desenvolvidas no projecto telefónico The World in Which We Occur, co-realizado por Jennifer Teets. Margarida Mendes é Mestre em Cultura Aural e Visual pela Goldsmiths College (Londres), em 2013 incorporou o Grupo de Pesquisa Curatorial Synapse, incluído na publicação do Anthropocene Project na Haus der Kulturen der Welt Berlin, do volume Textures of the Anthropocene: Grain Vapor Ray, editado pela MIT Press (Cambridge, MA).

James N. Kienitz Wilkins (1983) é um artista e realizador residente em Brooklin. As suas curtas e longas metragens e projectos de multimédia têm sido apresentadas em festivais de cinema um pouco por todo o mundo: New York Film Festival, Rotterdam, Locarno, Toronto (Wavelengths), Vancouver, CPH:DOX, MoMA PS1, Migrating Forms, Edinburgh (Black Box), entre outros. Da sua cinematografia destacamos a longa-metragem experimental “Public Hearing” (2012) e a curta-metragem “Special Features” (2014), vencedora do Prémio Founder’s Spirit, no Festival de Cinema Ann Arbor 2015, e o grande prémio no 25 FPS Festival 2015. Em 2016 venceu o ART AWARD no LICHTER Filmfest Frankfurt International com a curta-metragem “B-ROLL with Andre” (2016), tendo sido selecionado como um dos 25 New Faces of Independent Film pela revista Filmmaker. Os seus projectos têm sido financiados por variadas instituições: New York State Council on the Arts, Lower Manhattan Cultural Council, Jerome Foundation, Foundation for Contemporary Arts, Experimental Television Center and Wave Farm, entre outras. Desenvolveu projectos nas Residências Triangle Workshops, Residency Unlimited, Vermont Studio Center e na MacDowell Colony, onde foi galardoado com uma bolsa NEA. James é licenciado pela Cooper Union School of Art em Nova Iorque.

Louis Henderson é um artista e realizador cujo trabalho investiga as ligações entre o colonialismo, a tecnologia, o capitalismo e a História. A sua investigação busca formular um método arqueológico no uso do cinema, refletindo sobre o animismo materialista. Louis Henderson já exibiu o seu trabalho nos festivais de cinema de Roterdão, DocLisboa, CPH:DOX, New York Film Festival, The Contour Biennial, The Kiev Biennial, The Centre Pompidou, SAVVY Contemporary, The Gene Siskell Film Centre e na Tate Britain. Em 2015 recebeu o Prémio Barbara Aronofsky Latham para Artista Emergente no 53º Festival de Cinema Ann Arbor, nos Estados Unidos da América, e também o prémio European Short Film Award no New Horizons International Film Festival, em Wroclaw. O seu trabalho é distribuído pela LUX (Reino Unido) e Video Data Bank (EUA).

The Otolith Group foi fundado em 2002 e é formado por Anjalika Sagar e Kodwo Eshun que vivem e trabalham em Londres. Ao longo da sua colaboração, The Otolith Group têm criado a partir de uma grande multiplicidade de recursos e materiais, explorando a imagem em movimento, o arquivo, o sónico e o aural no contexto do museu e da galeria. O seu trabalho é baseado na pesquisa e particularmente focado no filme-ensaio como uma forma que procura olhar para condições, eventos e histórias na sua forma mais expandida possível. The Otolith Group já exibiu, instalou e projectou o seu trabalho internacionalmente, recebendo convites regulares para desenvolver e exibir em museus, galerias públicas e privadas, bienais e fundações, entre outros espaços. O seu trabalho age como ferramenta que é documentada no site com o nome The Otolith Collective, a plataforma pública do grupo em funcionamento no Reino Unido. Em 2010, The Otolith Group foi nomeado para o Prémio Turner.

Regina Guimarães (Porto 1957) e Saguenail (Paris 1955) desenvolvem trabalho amante nas brechas e nas margens da escrita, do cinema, da tradução, da canção, etc. Vivem e trabalham juntos desde 1976. Hélastre é o signo da sua obra comum.

Sana na N’Hada (1950) participou na luta armada pela Frente de Libertação Guineense contra o colonialismo português. Primeiro como paramédico, depois como cineasta. Foi um dos pioneiros do cinema na Guiné Bissau quando, em 1967, juntamente com outros 3 estudantes, foi para o Instituto de Cinema de Cuba, beneficiando de um acordo entre o líder da Revolução, Amílcar Cabral, e Fidel Castro. No seu regresso, em 1972, o grupo inicia uma prática cinematográfica recente, a partir da qual nasce o Instituto Nacional de Cinema da Guiné Bissau (INCA). Sana na N’Hada é co-autor de grande parte dos filmes e registos filmados arquivados no INCA. A sua filmografia incluí os documentários “O Regresso de Amílcar Cabral” (1976), “Les Jours d’Ancono” (1978) e “Fanado” (1984), a longa de ficção “Xime” (1994), que foi selecionado para a secção Un Certain Regard do Festival de Cannes, e mais recentemente “Bissau d’Isabel” (2005), e “Kadjike” (2012). Sana na N’Hada trabalhou com diversos realizadores, incluindo Anita Fernandez, Chris Marker, Sarah Maldoror, Joop va Wijk, Leyla Assaf-Tengroth e, de forma mais regular, com o seu colega de longa data, Flora Gomes. 

Programadores

Filipa César (1975) é uma artista e realizadora interessada nos aspectos ficcionais do documentário, nas fronteiras porosas entre o cinema e a sua recepção, nas políticas e poéticas inerentes à imagem em movimento. Desde 2011 que investiga as origens do cinema do Movimento de Libertação Africana na Guiné Bissau como um laboratório de resistência às epistemologias correntes. Filipa César estreou o seu primeiro documentário de longa-metragem “Spell Reel” (2017) na secção Forum da 67ª Berlinale. Os seus filme têm sido exibidos internacionalmente: na 29ª Bienal de São Paulo, 2010; Manifesta 8, Cartagena, 2010; Haus der Kulturen der Welt, Berlin, 2014–15; Jeu de Paume, Paris, 2012; Kunstwerke, Berlin, 2013; SAAVY Contemporary, Berlin 2014–15; Tensta konsthall, Spånga, 2015; Mumok, Vienna, 2016; Contour 8 Biennial, Mechelen, Gasworks, London and MoMA, New York, 2017.

Nuno Lisboa dirige o Doc’s Kingdom desde 2013. Entre 2006 e 2017, organizou - com José Manuel Costa, Ricardo Matos Cabo, Federico Rossin, Aily Nash, Filipa Cesár e Olivier Marboeuf - nove programas do seminário Doc’s Kingdom: “A circulação da palavra”, “Paisagem: o trabalho do tempo”, “A imagem-arquivo”, “Ideia de uma ilha”, “Todas as fronteiras”, “O fim da natureza”, entre outros. Em 2017, foi o programador convidado do 63rd Robert Flaherty Film Seminar, organizando um programa intitulado “Future Remains”, com a participação dos cineastas Vincent Carelli, Filipa César, Kevin Jerome Everson, Dominic Gagnon, Laura Huertas Millán, Trinh T. Minh-ha, Sana Na N’Hada, Peter Nestler, Laura Poitras e Eduardo Williams.

Na era de hiper-mediatização e capitalização do conhecimento, Olivier Marboeuf está interessado em condições específicas de transmissão de práticas, estratégias e formas de vida minoritárias. Falando de uma ecologia da sombra, Olivier tenta definir um espaço de segredo, um retiro da luz necessário para a partilha de experiências, saberes e situações de conhecimento que existam numa forma subterrânea, ligando-as ao corpo como uma cura. Situações de presença e bondade que criam um espaço efémero que contraria a cultura de uma forma institucionalizada. Como poderemos acolher aquilo que ainda não tem nome e surge espontaneamente? Como o guardamos? Talvez utilizando forças de narrativa especulativa que traduzam uma experiência sem ter de a contar abertamente mas permitindo que se sinta, permanecendo nas suas periferias sem mapa ou sem luz.

por vários
Afroscreen | 20 Agosto 2017 | cinema, Doc's Kingdom, emergir no conflito