Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho - painel III

Durante os dias 10 e 11 de dezembro de 2015, teve lugar, na galeria Quadrum, o colóquio Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho, integrado no ciclo Paisagens Efémeras. Publicamos as comunicações, antecipando a futura publicação online dos artigos resultantes do colóquio. 

Inês Dias, Marta Lança e Kelly AraújoInês Dias, Marta Lança e Kelly Araújo

Dia 10

Cinema e o “presente angolano” – III


Moderação – Marta Lança


Inês Dias. A câmara e a nação: a criação de um país nos filmes de RDC. 

Alguns filmes de RDC destacam a celebração da independência, como Uma festa para viver, outros a experiência do colonialismo descrita por trabalhadores rurais angolanos (Como foi, como não foi), e outros o povo Mumuíla (Kimbanda Kambia). Em O Camarada e a Câmara: para Além do Filme Etnográfico, no território angolano convivem uma multiplicidade de culturas e vozes que, com a independência, devem fazer parte do processo de construção de uma identidade nacional. Estes documentários pretendem dar voz a essa pluralidade de experiências, rurais e urbanas. Pretendo demonstrar como RDC constrói uma ideia de identidade nacional através da sua prática cinematográfica, e como dá voz a diversos grupos até então silenciados pelo colonialismo, imaginando assim um futuro para uma nova Angola.

 

Kelly Araújo. Angola de dentro para fora nas “Atas da Maianga”. Percursos políticos no pensamento de RDC.

Era fevereiro de 2002. Para os angolanos um mês de um ano que a todos remete a algo, para o bem ou para o mal. Encontrei-me com RDC no Colombo, em Lisboa, nunca o tinha visto. Falaríamos sobre o projeto nacional para o desenvolvimento da cultura em Angola no pós-independência. Liguei o gravador, mas havia coisas mais urgentes a conversar. Ruy Duarte trabalhava no livro [“dizer da(s) guerra (s) (,) em Angola (?)], assim com todos estes parênteses e colchetes como numa equação de 2º grau da matemática, de difícil resolução. Dizia-me que precisava voltar a Luanda, que o livro, após a morte de Savimbi, precisaria de complemento, já que os seus escritos baseavam-se em excertos recolhidos na sua varanda da Maianga, e ali lidos, relidos e ruminados. A reflexão que proponho está no ponto de intersecção entre a entrevista de fevereiro de 2002 e o Atas da Maianga, terminado em outubro de 2002, e que pode ser compreendido como a expressão do seu pensamento, em primeira pessoa, sobre a política em Angola e tudo o que ela e dela deriva. 

 

pode escutar aqui

You are missing some Flash content that should appear here! Perhaps your browser cannot display it, or maybe it did not initialize correctly.

 

Kelly Araújo, S.Paulo, 1977. Pós-doutoranda na Fundação Getúlio Vargas. Fez doutoramento sobre as relações político-militares engendradas entre Angola e União Soviética (URSS) entre os anos 1975 e 1990 (Université Paris IV - Sorbonne). Graduação em História na Universidade de São Paulo; tese de mestrado: Um só povo, uma só nação. O discurso do Estado para a construção do Homem Novo em Angola (1975-1979). Viveu em Luanda, em Paris, Lisboa, Moscovo, e deseja voltar para Luanda.

contacto Kelly Cristina Oliveira de Araujo <kcris.araujo@gmail.com>

 

Inês Dias está a terminar o doutoramento no Departamento de Espanhol e Português na Universidade da Califórnia, Los Angeles. A sua tese é sobre as relações entre cinema e política nos países lusófonos, durante os anos 60 e 70. A Inês faz também parte do grupo de investigação CITCOM, do Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Antes de começar o doutoramento, foi leitora do Instituto Camões na Universidade de Porto Rico.

contacto Ines Dias <inesdias@ucla.edu>

 

 

por vários
Ruy Duarte de Carvalho | 20 Janeiro 2016 | Inês Dias, Kelly Araújo