Ciclo Paisagens Efémeras I LISBOA

10 dezembro’15 – 20 janeiro’16 | Galeria Quadrum, Lisboa

[exposição e colóquio]

 

Uma Delicada Zona de Compromisso [exposição]

Inauguração: 10 dezembro, 18h00

10 dezembro’15 – 20 janeiro’16

Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho [colóquio]

10 e 11 dezembro’15

 

Decorridos cinco anos sobre a morte de Ruy Duarte de Carvalho, um dos maiores escritores de língua portuguesa, o ciclo Paisagens Efémeras (título do projeto inacabado do autor) apresenta uma exposição e colóquio em Lisboa. 

O colóquio DIÁLOGOS COM RUY DUARTE DE CARVALHO pretende revisitar a multiplicidade da sua obra, sempre ligada tanto à particularidade dos lugares que habitou quanto à transumância constante que caracterizou a sua biografia e pensamento. Menos homenagem do que ponto de partida para uma reflexão conjunta em torno de um pensamento eminentemente crítico, o encontro deverá também constituir um pretexto para a releitura de uma obra que questionou fronteiras entre lugares, géneros e saberes. Reúne investigadores e personalidades do Brasil, Angola e Portugal que trabalham a obra de Ruy Duarte de Carvalho e pensam temas afins.

ver programa e resumos.

Exposição UMA DELICADA ZONA DE COMPROMISSO

A partir do espólio de Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010), seguimos o percurso que emerge da diversidade dos seus materiais e processos criativos. Um vasto percurso: da África Austral ao Brasil, do pós-independência de Angola ao exílio interior, do deserto ao mar, das obstinações às hesitações, da família à exigente solidão, da longa guerra à análise das suas implicações, da minudência dos diários de campo ao jogo de espelho entre observador eobservado. Seguimos, perplexas, as pistas da sua pesquisa, metódica e multiplicadora de sentidos. 

Deixámo-nos encantar pelos bastidores das suas obras nos quais, através das planificações iniciais, temporárias efinais, assistimos às ideias a nascer, a crescer e a transformar-se. Interessámo-nos também pelos efeitos da passagem do tempo, incorporando acasos de uma vida inteira: ideias inacabadas, materiais que o tempo alterou, fotogramas que ganharam riscos, papel que o bicho comeu. Esses detalhes adicionados pelo tempo recordam-nos que a obra, inacabada, abandonada ou publicada, tanto pode ser refeita como pode ser princípio para outros fins. 

A exposição conta ainda com contribuições dos artistas António Ole, Délio Jasse, Kiluanji Kia Henda e Mónica de Miranda, entre outros,  convidados a dialogar com o imaginário da obra de Ruy Duarte de Carvalho. Propõem-se assim novas possibilidades de leitura a partir de um diálogo, nomeadamente intergeracional, com outras práticas artísticas. Este encontro toma forma curatorial num momento que, embora já não sendo o de Ruy Duarte, é insistentemente interpelado pela sua obra. 

Ana Balona de Oliveira, Inês Ponte e Marta Lança

 

Tudo quanto pela vida fora se me foi revelando e determinando lugar no mundo, sempre acabou por ocorrer de maneira imediata, vivida, empírica, in vivo, a exigir, às vezes, e sem ser pela mão fosse do que ou de quem quer que fosse, opções e ações de vida ou de morte no pleno desenrolar dos acontecimentos. Elaborações e ruminações, teoria ajudando, foi quase sempre só depois. Não me lembro de ter vindo ao mundo, evidentemente, mas em compensação lembro-me muito bem de ter mudado inteiramente, tanto de alma como de pele, uma meia dúzia de vezes ao longo da vida.

Ruy Duarte de Carvalho, “uma espécie de habilidade autobiográfica” 

  

cartaz de ana teresa ascensãocartaz de ana teresa ascensãociclo Paisagens Efémeras

10 dezembro’15 – 20 janeiro’16 | Galeria Quadrum, Lisboa

[exposição e colóquio]

Exposição             | 10 dezembro’15 - 20 janeiro’16

Colóquio               | 10 e 11 dezembro [9h30-18h]

Leitura                  | 10 dezembro [18h] poemas de RDC por Manuel Wiborg

Livro                      | 11 dezembro [18h] lançamento do Livro+CD Diário do Deserto (Cristina Salvador),

                                Paisagens Propícias (João Lucas), ed. Mia Soave

                                apresentação por Ana Bénard da Costa

Filme                       | 15 dezembro [16h30] Nelisita, Ruy Duarte de Carvalho (1982)

Filme                       | 22 dezembro [16h30] Moia o recado das ilhas, Ruy Duarte de Carvalho (1989)

 

10 DEZEMBRO’15

9h30 Abertura
Marta Lança e Manuela Ribeiro Sanches

10h00 Diálogos literários e disciplinares - I 

moderação: ML/MRS

Ana Paula Tavares. “Há coisas que se sabem muito anteriormente”: a poesia e a prosa ou a geografia do afeto em Ruy Duarte de Carvalho.
Lívia Apa. Situar-se. Identidade e tradução em Ruy Duarte de Carvalho. 

Sónia Miceli. O pensamento triangular de Ruy Duarte de Carvalho, de Moia à Terceira metade.

12h00 Diálogos literários e disciplinares - II 

moderação: Rita Chaves

Christian Fischgold. Angola-Portugal-Brasil: representações literárias em Ruy Duarte de Carvalho.

Ana Maria Martinho. Revisitação de Lavra - arquivos literários e tradução cultural.

Anita Martins Moraes. Repensando a mimesis: realidade e discurso na trilogia Os filhos de Próspero, de Ruy Duarte de Carvalho.

15h00 Cinema, etnografia e o “presente angolano” - III

moderação: Ana Paula Tavares

Inês Dias. A câmara e a nação: a criação de um país nos filmes de Ruy Duarte de Carvalho.

Paulo Branco. Relação de Ruy Duarte de Carvalho com o cinema.

Kelly Araújo. Angola de dentro para fora nas “Actas da Maianga”. Percursos políticos no pensamento de Ruy Duarte de Carvalho.

18h00 Poesia de Ruy Duarte de Carvalho, por Manuel Wibor 

 Inauguração da exposição UMA DELICADA ZONA DE COMPROMISSO

11 DEZEMBRO’15

9h30 Epistemologias - IV

 moderação: Ana Balona de Oliveira

Luhuna de Carvalho. Ruy Duarte de Carvalho e o projeto Neo-animista.

Manuela Ribeiro Sanches. “[O] universo particular de seja quem for que não se tenha demitido de ser pessoa……”  Narrar a subalternidade ou de como o particular pode tornar-se no comum.

José Luís Garcia. “ Nas malhas do jogo do outro” - problemas da consciência moderna em África em Ruy Duarte de Carvalho.

11h00 Nomadismo, conflitos e a construção do Estado - V 

Maria Benedita Bastos. Notas e imagens por uma epistemologia nómada: Ruy Duarte de Carvalho e James Scott.

Rita Chaves. Ruy Duarte de Carvalho: escrita e mediação sob o signo do conflito.

Fernando Florêncio. O papel das autoridades tradicionais angolanas na construção do Estado de Direito. Reflexões a partir do caso do Bailundo.

15h00 Histórias de Angola - VI

moderaçao: Inês Ponte

Rafael Coca. Um certo olhar Kuvale para a história colonial do sul de Angola: possibilidades e alteridades através da obra antropológica de Ruy Duarte de Carvalho.

Alexandra Dias Santos. O conto “As águas do Campembáua” e o romance Predadores, de Pepetela - esboço de comparação para uma reflexão sobre modernidade, nação e identidade.

Cátia Miriam Costa - Vou lá visitar pastores: Um diálogo entre antropologia e literatura?

16h00 Labores e diálogos - VII

moderação: Marta Lança

José António Fernandes Dias. Um rio de várias margens. Crónica do fazer de “Dei-me portanto a um exaustivo labor”.

Inês Ponte. Conhecer e Animar o arquivo de RdC.

Ana Balona de Oliveira. Diálogos artísticos, transdisciplinares e intergeracionais: práticas artísticas contemporâneas e o imaginário de Ruy Duarte de Carvalho.

18h00 Lançamento de Livro + CD Diário do Deserto (Cristina Salvador)  Paisagens Propícias (João Lucas), ed. Mia Soave

Apresentação por Ana Bénard da Costa

Ficha técnica

Organização: BUALA

Parceria estratégica: AFRICA.CONT/CML e EGEAC-Galerias Municipais 

Colaboração: Centro de Estudos Comparatistas – FLUL e Fundação Calouste Gulbenkian

Curadoria:
Exposição “Uma Delicada Zona de Compromisso”

Ana Balona de Oliveira, Inês Ponte e Marta Lança
Colóquio “Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho”

Ana Paula Tavares, Manuela Ribeiro Sanches e Marta Lança

Desenho da exposição: Pedro Castanheira | Design gráfico: Ana Teresa Ascensão | Produção: Marta Lança

Agradecimentos: José António Fernandes Dias, Paula Nascimento, João Rapazote, João Mourão, Rute Magalhães, Luhuna Carvalho, Eva Carvalho, Luís Mouro, André Pires, Manuel Wiborg e Micael Espinha.

 

Galeria Quadrum
Rua Alberto de Oliveira / Palácio dos Coruchéus

1700-019 Lisboa
Horário: ter-sex:10h-13h/14h-18h | sáb e dom: 14h-18h

[*dias 10, 11 e 12 dezembro até às 20h]

Entrada livre

por vários
Ruy Duarte de Carvalho | 25 Novembro 2015 | colóquio, exposição, Paisagens Efémeras