A segregação é muito baseada na classe social. Por causa de situações e de toda a história portuguesa e de migração, a população negra tem tido menos oportunidades de subir socialmente, o que se reflete também na cidade. A maioria da população negra vai para as periferias, resultados de décadas de empobrecimento sistémico. Lisboa é um Airbnb, com boa parte da população negra a servir às mesas e a fazer a cama dos turistas, trabalhando para a cidade, mas não podendo habitá-la.
Cidade
19.09.2025 | por Marta Lança
A maioria dos imigrantes sul-asiáticos enfrentam barreiras linguísticas, e ausência de reconhecimento de qualificações. Têm dificuldade de acesso à habitação digna e os seus empregos têm com remuneração média baixa. Muitos estão em setores como restauração, comércio e transporte. O maior obstáculo à integração é, assim, a precariedade habitacional e a discriminação no mercado de aluguer.
Cidade
19.09.2025 | por Marta Lança
A política governamental para a língua cabo-verdiana deverá ser incumbência de uma unidade de missão a funcionar junto do conselho de ministros, atuando também como provedoria da língua, seguindo e coordenando, com força legal, todos os desenvolvimentos nesta matéria até à oficialização plena. Ao mesmo tempo deverá ser implementada uma política de formação alargada em linguística e ensino, com incidência no estudo da língua cabo-verdiana e estudos comparados com outras línguas crioulas, através da concessão de bolsas pelo estado e pela Universidade de Cabo Verde, e o incentivo à criação de cursos de âmbito linguístico, nomeadamente crioulística, pelas universidades privadas.
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19.09.2025 | por José Luiz Tavares
Sem louvar a burocracia, dir-se-ia que a sala de espera, esse estádio intermédio onde se arrastam os corpos e as identidades, tem também potencial para ser um espaço de criação, um lugar excecional de pensamento e questionamento, artístico e político. Nesse sentido, as artes visuais e performativas, a música e o cinema, com os seus comentários mordazes, mais ou menos explícitos, são essenciais para expor a realidade dos sem papéis, para documentar os indocumentados, e tomar consciência que estes corpos existem e exigem dignidade.
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19.09.2025 | por Tiago Lança
A implementação do programa para a oficialização da língua cabo-verdiana é, sem dúvida, um processo complexo, que não poderá ser desenvolvido em linha reta, mas é necessária, urgente e possível. Os objetivos poderão ser atingidos num horizonte temporal exequível, com uma definição de estratégias e metas e com o planeamento da provisão da assistência técnica e dos recursos humanos e financeiros necessários.
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19.09.2025 | por Maria Cândida Gonçalves
Numa cidade cada vez mais imersa num imaginário de postais turísticos, ativos imobiliários e visões alienistas — onde o quotidiano de quem a habita tende a desaparecer -, Lisboa Mesma Outra Cidade propõe uma outra cartografia. Este segundo volume reúne sete ensaios fotográficos e três crónicas literárias que traçam um retrato fragmentário, íntimo e atento da cidade vivida por dentro. Mais do que definir o que Lisboa “é”, trata-se aqui de multiplicar as formas de ver, pensar e imaginar a cidade a partir de quem nela caminha, observa e habita.
Cidade
18.09.2025 | por David-Alexandre Guéniot e Catarina Botelho
Lisboa é completamente segregada mas não se nota porque é um espaço onde transitam pessoas de vários lugares e backgrounds. Mas é isso, elas só transitam, não habitam, não vivem, não usufruem da cidade. Elas só trabalham, só servem. E as pessoas que habitavam a cidade têm sido empurradas para fora dela, embora precisem de voltar diariamente para a servir. E nesses lugares para onde são empurradas não há nada além da cama. Quando tentam voltar para usufruir da cidade, nos poucos tempos que vão tendo livres: não há transporte.
Cidade
18.09.2025 | por Marta Lança
Paralelamente às suas primeiras estórias escritas e avulsamente publicadas, em finais da década de 1950, escreveu Luandino alguns poemas que circularam em jornais e revistas, tendo a poesia, no seu mais apurado grau de elaboração e factura, tomado e entranhado o rigor da prosa que foi escrevendo num crescendo de oficina lenta, implacável, furiosamente pessoal, encantatória. E que maravilhosa antologia poética se pode fazer com os «pontos luminosos» (Ezra Pound) da sua obra de ficção! Eis, entre tantos outros possíveis, um exemplo — obviamente não cooptado para este livro, mas aqui convocado pela sua fulgurante potenciação poética inequívoca:
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18.09.2025 | por Zetho Cunha Gonçalves
Esse trabalho analítico mobilizou a diversidade de saberes e experiências dos membros do grupo de trabalho, em todas as áreas que interagem na conceção e na elaboração do Manual, enquanto instrumento de suporte do ensino e da aprendizagem da língua materna e da cultura cabo-verdiana. São saberes e especializações em Linguística, Sociolinguística, Crioulística, Língua Cabo-verdiana e Literatura Cabo-verdiana; em Didática das Línguas, Pedagogia e Desenvolvimento Curricular. São saberes e experiências na conceção e na implementação de projetos bilingues, dentro e fora de Cabo Verde; no exercício da docência de várias disciplinas e da própria língua cabo-verdiana, do ensino básico ao universitário, em Cabo Verde e em Portugal;
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18.09.2025 | por várias
Embora haja numericamente muitos brasileiros em Portugal, nossa representatividade e influência em espaços públicos de discussão e decisão ainda não correspondem ao nosso volume populacional. Isso se deve, em grande parte, aos entraves burocráticos que consomem nosso tempo e energia, e também à desinformação. Muitas vezes, não sabemos como ou onde buscar orientação para participar mais ativamente da vida cívica, o que acaba silenciando nossa voz coletiva e limitando nossa capacidade de advocacy e de reivindicação de direitos.
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17.09.2025 | por Marta Lança
Portugal é um país de imigrantes, com uma história de idas e vindas, mas sei que há muitos casos de preconceito contra imigrantes de várias nacionalidades, potencializados por discursos de extrema-direita que os culpabilizam. Vejo pessoas vivendo em sistema rotativoss s em apartamentos (enquanto uns dormem de dia, outros trabalham à noite e vice-versa). Há preconceito nos serviços públicos e nas escolas. Não é algo exclusivo de Portugal, mas infelizmente faz parte do dia a dia em Lisboa.
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17.09.2025 | por Marta Lança
Esses movimentos servem para: Informar as pessoas sobre os seus direitos e deveres; Incentivar a participação comunitária em temas como habitação, violência policial, racismo e exclusão; Pressionar o Estado a implementar políticas públicas reparadoras; Trazer essas discussões para o centro do debate político e social. Mais do que protestar, estes coletivos estão a construir consciência cidadã, mostrando que temos direito a uma cidade justa, e que também temos poder para transformar essa realidade.
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15.09.2025 | por Marta Lança
A história de Adilson inscreve a de muitos "crioulos sem chão" que carregam Portugal às costas sem nunca poderem pertencer. «Eu não sou português, sou Portugal», a frase manifesto que valeu a Dino de Santiago vários comentários de haters e bots de extrema direita. O espetáculo rompe com o mito da integração: a realidade é feita de esperas, recusas e silêncios, mães que morrem no desgoto antes de verem resolvidos a cidadania. As personagens desfazem o mito da identidade ligada aos lugares concretos, somos feitos daquilo que trazemos, das curvas do bairro. Os nossos corpos são pátria. O que é que me espera do outro lado do mar?, A luta chama, será que eu vou? De que lado estou? E a pergunta meio ameaçadora: Quer ou não quer ser português? Lembrei-me da banda Miss Universo, que parecem responder a esta pergunta com outra mais interessante «explica lá outra vez o que é que ser português?»
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14.09.2025 | por Marta Lança
Se o surgimento do movimento dos Soulèvements de la terre foi a melhor notícia dos últimos anos no que diz respeito às lutas ecológicas e ambientais, a publicação do livro que aqui abordamos parece-nos um contributo essencial, com os recursos teóricos, táticos e estratégicos que nos apresenta, para as lutas ecológicas, agrícolas e sociais, transmitindo o gosto e a necessidade absoluta da ação direta coletiva.
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12.09.2025 | por várias
A criação é fluída, assim como foi o processo. O que começou com uma residência artística a solo de Sergio García (a primeira de um artista estrangeiro no Estúdio-V), rapidamente evoluiu numa conexão criativa com Mac Verkron, com a intenção deliberada de refletir em conjunto a crueza e dureza estética de fogo, ar, madeira e de outros elementos naturais, cada um com um significado espiritual.
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11.09.2025 | por Pedro Cardoso
Um trabalho sobre a vida da Mulher saharaui exilada há 50 anos no deserto mais inóspito do planeta. Cada peça apresenta uma imagem da realidade que as mães saharauis viveram durante um verão e um inverno, no deserto hamada. “Esta coleção conta uma história de resistência que perdura há mais de cinquenta anos, convidando o público a entender uma realidade frequentemente ignorada. É uma oportunidade única de aproximação à riqueza cultural e humana do povo saharaui, despertando empatia e reflexão através da arte.”, declara o artista plástico.
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11.09.2025 | por Maria Frederica
Achei-as muito exuberantes na postura e aparência. Cumprimentavam-se pelos nomes e perguntavam longamente como estavam os familiares. Moviam-se diretamente para o seu assento cativo e conversavam sobre os mais variados temas. Estavam em casa. A familiaridade com que se moviam no barco e falavam de uma fila para a outra, como diziam a pessoas estranhas para estarem à vontade, comprovava que aquele era o seu território de direito. Na hora do desembarque despediam-se rapidamente, voltavam a encolher-se nos casacos, e saiam desfazendo os laços de proximidade estabelecidos no interior do barco. Cada uma em sua direção e a velocidades distintas. Umas corriam para o metro, outras para os autocarros e outras, provavelmente, para os elétricos, ou até mesmo para outro barco. Desapareciam num ápice.
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10.09.2025 | por Marta Lança
Nesta Marxa, sob o mote “Di povu pa povu: Libertação, Dignidade e Soberania popular”, reconhecendo a importância indiscutível das lutas pela independência, olhamos criticamente para o percurso feito até agora e afirmamos o nosso compromisso com a luta pela soberania popular e panafricana ainda por construir.
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10.09.2025 | por vários
Além do atropelo de todos os comandos legais sobre a língua cabo-verdiana, que é, nem mais, e por lei da Assembleia Nacional, «fundamento de soberania», e por isso objeto de proteção especial, e daí a exigência constitucional da intervenção do senhor presidente da República, não podendo nenhuma intervenção técnica num simples manual escolar mudar a sua feição, há ainda a incompetência orgânica do ministério da educação para a realização de um ato de padronização linguística, ainda que encapotada, pois as mentes engendradoras de tal façanha, apesar das evidências em contrário, e por todos apontadas, juram por este mundo e pelo outro que não se trata de tal coisa.
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10.09.2025 | por José Luiz Tavares
O termo “laboratório” carrega aqui um duplo sentido. Por um lado, evoca a condição histórica de São Tomé e Príncipe como território-experiência: nas roças ensaiaram-se formas extremas de exploração agrícola, racial e social, espelhando no Atlântico o que já acontecia nas plantações americanas. Por outro lado, o laboratório afirma-se hoje como espaço de criação, de ensaio artístico e de produção crítica, onde a experiência coletiva se converte em imaginação partilhada. De entreposto de corpos arrancados às suas terras, as ilhas tornam-se entreposto cultural, lugar de circulação de ideias, linguagens e estéticas que devolvem ao mundo a sua própria imagem.
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09.09.2025 | por vários