Fogo no Lodo

Fogo no Lodo Fica uma sensação de lugar, como outros carregado de histórias, este um tanto à margem da narrativa política estatal. Sensação essa sublimada pela cuidada sonoplastia, na quietude como nos ritmos musicais que ali coabitam – dos cânticos kyangyang e pentecostais à broska e ao reggae, do funk

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11.10.2023 | por Inês Galvão

Cidade da Ribeira Grande de Santiago (poema de Nzé de SAnt’Y Ago)

Cidade da Ribeira Grande de Santiago (poema de Nzé de SAnt’Y Ago) Todos nós éramos / todos nós fomos / excursionistas ocasionais / esporádicos caminhantes / das ruas sobreviventes / da mítica Cidade Velha

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11.10.2023 | por José Luís Hopffer Almada

Comunicado: Travar a guerra contra a humanidade no norte e leste da Síria. Travar as políticas de guerra e ocupação da Turquia

Comunicado: Travar a guerra contra a humanidade no norte e leste da Síria. Travar as políticas de guerra e ocupação da Turquia Os/as signatários/as expressam a sua solidariedade com o movimento curdo composto por crianças, jovens, mulheres, diversas identidades e o povo curdo em luta pelos seus direitos à autonomia e autodeterminação. E, através da nossa voz pessoal e coletiva, queremos que o mundo saiba o que está a acontecer no território curdo neste momento.

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08.10.2023 | por várias

Não serei eu uma criança? Racismo na Infância em Portugal

Não serei eu uma criança? Racismo na Infância em Portugal  Exigimos que o Estado português, designadamente, o sistema de justiça, reconheça a motivação racial desta agressão. Exigimos que, de uma vez por todas, abandone um entendimento legal “minimalista” sobre o que se entende por racismo. Exigimos que rompa com o padrão de negação do racismo que tanto prejudica a vida das nossas crianças e jovens e a vida democrática deste país.

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04.10.2023 | por vários

Filme Uýra - A Retomada da Floresta: A arte que transfigura a resistência amazónica.

Filme Uýra - A Retomada da Floresta: A arte que transfigura a resistência amazónica. Uýra - A Retomada da Floresta, realizado por Juliana Curi, é a primeira longa-metragem brasileira documental sobre uma artista trans indígena amazónica e é uma obra que contribui para superar imaginários preponderantes e para o reconhecimento da diversidade das identidades amazónicas.

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02.10.2023 | por Anabela Roque

O coletivo, as denúncias e as expectativas

O coletivo, as denúncias e as expectativas Os nossos relatos, ainda incompletos, resultam desse esforço enorme para recuperar memórias difíceis, organizá-las e narrá-las no pouco tempo que tivemos, enquanto equilibrávamos as várias dimensões da nossa vida (compromissos profissionais, pessoais e familiares; danos na nossa saúde mental e processos de cura; recomposição das relações quebradas entre nós em resultado do ambiente tóxico vivido; participação no debate público, que precisava ter a nossa voz; gestão do medo).

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02.10.2023 | por várias

Programa Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo

Programa Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo O cinema experimental e o cinema etnográfico foram historicamente considerados como práticas autónomas. Em Experimental "Ethnography: The Work of Film in the Age of Video", Catherine Russell debruça-se sobre os seus cruzamentos e examina a função da etnografia na “renovação” do cinema experimental. O ciclo de projecções e conversas Amérika: Gestos Cinematográficos para Reencantar o Mundo explora, nessa linha, os cruzamentos entre o cinema experimental e a etnografia através de uma cartografia de práticas e gestos cinematográficos desenvolvidos histórica e contemporaneamente na América Latina.

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25.09.2023 | por Raquel Schefer

Comunicado

Comunicado Sem prejuízo do trabalho da Comissão Independente do Centro de Estudos Sociais para o Esclarecimento de Eventuais Situações de Assédio, que se encontra em curso e cujos resultados ainda não são conhecidos, expressamos a nossa solidariedade e apoio a todas as vítimas de violência sexual e moral, bem como o nosso apoio às denúncias destas formas de violência em qualquer lado, incluindo no Centro de Estudos Sociais. Juntamo-nos contra qualquer forma de abuso de poder dentro e fora da universidade.

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25.09.2023 | por várias

Treze escritoras entre prosa e poesia, literatura angolana

Treze escritoras entre prosa e poesia, literatura angolana Trata-se de um lugar de origem, duma “pertença com mais ou menos pertença”, parafraseando uma delas: para uma é tão-somente onde os pais, ou até um só deles, nasceram; para outra um longínquo espaço duma memória prenhe e sofrida; para outra ainda um lugar familiar de vivências, trânsitos e laços que continuam presentes, quando não são umbilicais no sentido concreto e ritual da palavra. É Angola a unir, mesmo que, por vezes, flebilmente, a variada experiência dum conjunto de mulheres que representam, nas intenções do entrevistador e organizador deste livro, uma diáspora angolana da escrita.

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22.09.2023 | por Alice Girotto e Kesha Fikes

Censura académica em situações de más condutas sexuais e abuso de poder: na nossa academia, não!

Censura académica em situações de más condutas sexuais e abuso de poder: na nossa academia, não! Poderemos nós, como comunidade académica, permitir que uma editora privada influencie, e até censure, um debate tão importante, urgente e necessário no nosso campo profissional? A escrita académica é a ferramenta central da produção de conhecimento académico em todo o mundo, mas quando nós, pessoas que fazem investigação, não temos margem para refletir criticamente sobre como transformar o nosso campo a partir de dentro, quais são as implicações para a reflexão crítica sobre a academia?

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20.09.2023 | por várias

Caderno das duas irmãs e do que elas sabiam, de Regina Guimarães

 Caderno das duas irmãs e do que elas sabiam, de Regina Guimarães Contra estes e outros clusters insurge-se a voz inconformada de uma poeta possuída pelo excesso de lucidez ou de presciência (dom ou maldição?), que não contemporiza com a violência que se instala na própria língua. Se a língua obriga a dizer, a poeta obriga a desdizer, num trabalho corpo a corpo com o material linguístico (do fónico ao gráfico, do semântico ao simbólico), explorando as possibilidades infinitas da linguagem, num processo que é também de revelação (no sentido fotográfico do termo) e de libertação de palavras prontas a nascer – e com elas novas formas de olhar e de estar no mundo.

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20.09.2023 | por Maria de Lurdes Sampaio

Bienais do Sul

Bienais do Sul Nos últimos tempos assistimos cada vez mais a um “des-branqueamento” (De-Whitening) do mundo não só da arte, mas da cultura em geral. Embora inteiramente desejável, este movimento nem sempre é acompanhado de conteúdos concretos. Se não ter um artista negro no painel de artistas representados tornou-se hoje quase “inaceitável” para uma galeria – talvez por falta de estratégia financeira, uma vez os artistas não brancos influenciam os valores do mercado de arte – nem sempre estas escolhas vão além de interesses económicos.

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18.09.2023 | por Laura Burocco

No Centenário de Natália Correia, 9 poemas inéditos

No Centenário de Natália Correia, 9 poemas inéditos Valem estas longas elucubrações, não para questionar se acaso não seria hoje Natália Correia gloriosa e universalmente «cancelada», ou mesmo excomungada, como o foi durante a ditadura salazarista, mas para sublinhar a sua extrema e desassombrada capacidade especulativa e o seu implacável visionarismo libertário, ainda e quando visceralmente utópico, a que os poemas aqui dados a ler são perfeito testemunho, «[n]uma atitude cultural que pugna pela reabilitação do imaginário do regime feminino violentado pela colonização do abstraccionismo masculino surdo e cego para realidades que transcendam as categorias do seu voluntarismo intelectual.»

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12.09.2023 | por Zetho Cunha Gonçalves

Racismo estrutural: a invisibilidade mediática e nas artes das minorias étnicas

Racismo estrutural: a invisibilidade mediática e nas artes das minorias étnicas Negros que vivem na diáspora, como os que moram em Portugal, crescem num ambiente traumático sem muitas vezes o realizarem. Crescem numa sociedade pensada, criada e mantida para ser branca, em total alienação com o que o sujeito negro é de facto. Alheios a outras referências, crescem muitas vezes a acreditar nessa imagem que a sociedade projeta deles: em eterna posição de inferioridade, de feiura, de proscrição e relegados ao papel de vilão social

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11.09.2023 | por Aoaní d'Alva

Cadernos chilenos: tragédia e sopro

Cadernos chilenos: tragédia e sopro Há 50 anos, a 11 de setembro de 1973, Pinochet chegava ao poder. Há 50 anos, Salvador Allende suicidava-se, barricado no Palácio de la Moneda, sob bombas e cercado de militares golpistas. Meio século depois, grandes e pequenas tragédias põem o Chile frente a um espelho-poliedro. Apontamentos de um país assaltado por revisionistas e negacionistas. A 50 anos do início de um longo terror, e com um governo de esquerda de novo no poder, o Chile não se encontra. Nem nas ruas, nem na memória, nem nas canções.

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11.09.2023 | por Pedro Cardoso

Caro amigo guineense (da colonialidade)

Caro amigo guineense (da colonialidade) Caro amigo guineense, o povo da Guiné é claramente dominado, doutrinado, manipulado, segregado e explorado pelo próprio estado. Um estado que se diz soberano, entretanto manietado e manipulado pelos colonialistas, que hoje simplesmente se chamam de capitalistas, portanto, ainda servimos os mesmos amos, e carregamos o povo com o fardo de escravo moderno. É mais do que certo que o estado guineense desenvolve a sua colonialidade, o estado também trabalha para bancos privados e interesses económicos bem obscuros, que só mantém o povo no escuro e faz furos nos seus bolsos e nas suas vidas, esvaziando-os até dos direitos mais básicos, como a saúde e a educação.

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07.09.2023 | por Marinho de Pina

Cara equipe editorial da Routledge

Cara equipe editorial da Routledge Exigimos que a editora republique imediatamente o livro completo, incluindo o artigo. Exigimos que os académicos referidos no artigo cessem toda perseguição às autoras e às outras vítimas que se manifestaram. Exigimos que esses académicos comecem a agir de acordo com as suas próprias palavras, e se disponibilizem para um processo real de justiça reparativa. Exigimos que as instituições académicas, incluindo as editoras científicas, constituam grupos de trabalho diversificados e idóneos para promover reparações pelas práticas de abuso fomentadas pelo sistema racista, capitalista e patriarcal do qual fazem parte, seja no sentido histórico ou no imediato. Todas sabemos.

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07.09.2023 | por várias

Cinéfilos & Literatus: da palavra à imagem. Da ação à ficção

Cinéfilos & Literatus: da palavra à imagem. Da ação à ficção Ao olhar para as questões levantadas no começo desta abordagem, pode inferir-se que com Cinéfilos & Literatus ganha-se “novos olhares” sobre o cinema e a literatura; angolana e não só. Vê-se a literatura a partir do cinema. Alargam-se as competências de leitura e de imagética; elementos fundamentais para análise das transposições cinematográficas. Especificamente no campo da literatura angolana, o projeto permitirá conhecer, ainda que de maneira reduzida, que obras literárias foram adaptadas e especificar a razão da escolha das mesmas. Esse procedimento é importante, porque tende a possibilitar de (re)pensar a situação do cânone literário; e este é um elemento fundamental para o Plano Nacional de Leitura.

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31.08.2023 | por Salvador Tito

AGNÈS AGBOTON: O exílio feito poema irradiante - PRÉ-PUBLICAÇÃO

AGNÈS AGBOTON: O exílio feito poema irradiante - PRÉ-PUBLICAÇÃO     Agnès Agboton nasceu em Porto-Novo, no Benim, em 1960. Fez os estudos primários e secundários no seu país natal e na Costa do Marfim, e vive desde 1978 em Barcelona, em cuja Universidade se licenciou em filologia hispânica. O seu interesse, desde muito jovem, pelas culturas de tradição oral e pela gastronomia da África Ocidental em particular, matérias da sua investigação e estudo, levou-a à publicação do primeiro livro, La Cuina Africana [A Cozinha Africana], em 1989, ao qual se seguiram África des dels Fogons [África a Partir dos Fogões], em 2001, e Las Cocinas del Mundo [As Cozinhas do Mundo], em 2002. Desde 1990, tem percorrido escolas e bibliotecas em Espanha, narrando lendas e histórias da tradição oral do seu povo, tendo, nesse domínio, publicado Contes D’Arreu del Món [Contos de Todos os Lugares do Mundo], em 1995, Abenyonhú, em 2003, Na Miton: La Mujer en los Cuentos y Leyendas Africanas [Na Miton: A Mulher nos Contos e nas Lendas Africanas], em 2004, Eté Utú: De Por Qué en África las Cosas Son lo que Son [Eté Utú: O Por Quê em África de as Coisas Serem Como São], em 2009, e Zemi Kede: Eros en las Narraciones Africanas de Tradición Oral [Zemi Kede: Contos Eróticos da Tradição Oral do Golfo da Guiné], em 2011.

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30.08.2023 | por Zetho Cunha Gonçalves

Canções comerciais

Canções comerciais Há cerca de um mês, num supermercado de uma ilha portuguesa encontrei música de origem caribenha. Ao som do congo e do piano, as vozes masculinas e femininas bailavam. Salsa? Rumba? Merengue? Cumbia? Associei os sons às origens das raparigas que trabalhavam na loja. Simpáticas e gentis, esclarecem-nos as dúvidas num português cheio de espanhol. Apontaram num mapa a localização de uma praia e indicaram-nos num folheto o nº do autocarro para o Funchal. No fim, satisfizeram-me a curiosidade. “Sim, nascemos na Venezuela, e agora vivemos aqui”. Já no dia seguinte, a música que envolvia as prateleiras era outra: metálico, acelerada, electrónica. Reggaeton?, perguntei-me algo surpreendido. Ali, aquela mutação do reggae parecia-me ganhar um sentido que antes não apreendera. Voltei às perguntas, com renovada curiosidade: “São vocês que fazem a selecção destas canções, que escolhem esta música?”. Com a simpatia do dia anterior, uma das raparigas abanou a cabeça. “Não, não. A música é da própria da loja. Não é nossa”.

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29.08.2023 | por José Marmeleira