Meirinho Mendes, um actor do excesso

Meirinho Mendes, um actor do excesso Meirinho tem convicção na voz, um olhar forte, um corpo seco que se impõe e uma impetuosidade às vezes provocadora. Não atura o que não gosta. É um actor com muita vitalidade: a sua energia, transbordante, tem de ser trabalhada em sintonia, às vezes difícil, com a disciplina que o teatro exige. Porque Meirinho é uma pessoa do excesso. Mas isso, canalizado para o teatro, pode ser algo genial.

29.11.2010 | por Marta Lança

João Carlos Silva, o cozinhador

 João Carlos Silva, o cozinhador Para João Carlos Silva, o famoso apresentador dos programas de televisão Na Roça com os Tachos e Sal na Língua, a cozinha é uma forma de arte e um pretexto para se falar de história, cultura ou património. Saboreie a sua deliciosa história de vida.

28.11.2010 | por Jaime Fidalgo

“Não entrego a ninguém o sonho da dignidade humana”, entrevista a Carlos Moore

“Não entrego a ninguém o sonho da dignidade humana”, entrevista a Carlos Moore  Carlos Moore, etnólogo e cientista político cubano, rompeu com o regime de Fidel e lutou pela emancipação de África. Trabalhou com Savimbi, viveu de perto o calvário de Viriato da Cruz, privou com Mário de Andrade e foi angolano por um ano. Na voz e no olhar, preserva o idealismo a que chamam utopia.

27.11.2010 | por Pedro Cardoso

A Beleza da Arquitectura Elusiva –exposição de António Ole “Na pele da cidade”

A Beleza da Arquitectura Elusiva –exposição de António Ole “Na pele da cidade” A exposição "Na pele da cidade", de António Ole, fala sobre espaço. É a sua cidade natal Luanda, mas poderia ser sobre qualquer outra cidade, um local onde ele parou, numa das suas muitas viagens, para absorver as suas particularidades; para absorvê-las e permitir que se entranhem na sua própria pele.

26.11.2010 | por Nadine Siegert

Carlos Cardoso foi morto há dez anos

Carlos Cardoso foi morto há dez anos A 22 de Novembro de 2000, o jornalista Carlos Cardoso foi assassinado a tiro numa rua de Maputo quando seguia para casa após um dia de trabalho. Moçambique perdeu um jornalista sem medo, comprometido com a verdade e a justiça. Tinha 48 anos.

22.11.2010 | por Nuno Milagre

A arte da felicidade é uma soma de cores noctívagas - sobre Roberto Chichorro

A arte da felicidade é uma soma de cores noctívagas - sobre Roberto Chichorro Destes quadros soltam-se notas de jazz e marrabenta; ouvem-se timbilas de Zavala por detrás de um certo cantar de “blues”; Jamelão, o velho e amado sambista brasileiro (ou será Martinho da Vila, ali naquela esquina?), mascara-se de Arlequim para nocturnas serenatas, jorrando pássaros − pássaros-garimpeiros de luas antigas e dos segredos do seu ouro esvoaçado e límpido − sobre a «Espera em noite dourada» ou sobre a «Janela com gato e mulher de vermelho», nesse «Fim de Carnaval para jantar de peixe frito». E eis o tom de voz e o dom desta pintura − que é pura música fluindo das suas cores e formas −, onde a felicidade assenta, faz morada, e pelo olhar se nos vem sentar à mesa dos sentidos.

20.11.2010 | por Zetho Cunha Gonçalves

O uso da morte na política é a morte da política, entrevista a Homi Babha

O uso da morte na política é a morte da política, entrevista a Homi Babha A civilização africana opunha-se à civilização cristã ocidental? Não. Não havia choque até haver uma política de colonização. E o mesmo se pode dizer de outras situações. 
O que cria antagonismos culturais é uma rede muito complexa de circunstâncias e escolhas, e para compreender isso é necessário ver as relações políticas, históricas, sociais e morais. Tem muito mais a ver com a forma como evoluíram as relações entre essa culturas - o que é uma discussão histórica - do que com a natureza da cultura ou da civilização, em si.

14.11.2010 | por Alexandra Lucas Coelho

“A oralidade é meu culto”, entrevista a Ana Paula Tavares

“A oralidade é meu culto”, entrevista a Ana Paula Tavares Nasci na Huíla, no meio de uma sociedade colonial injusta. Os pastores estavam ali. À sociedade Nyaneka eu devo a poesia, a música, o sentido do cheiro, a orientação a sul. O contacto era-nos (a quem estava em processo de assimilação) interdito. E, também por isso, o desejo era mais forte. Conhecer, saber quem eram e quem éramos deu um sentido à vida. A escrita, em português, ficou para sempre ligada ao paradigma da oralidade, da chama do lugar, do acompanhamento dos ciclos, do respeito pela diferença, do horror à injustiça.

07.11.2010 | por Pedro Cardoso

Mauro Pinto

Mauro Pinto Mauro Pinto é um fotógrafo comprometido com um olhar de alerta do seu tempo. Representa a resistência de um contexto periférico e a coragem da inevitável afirmação de um olhar original em circuitos regionais e inter-continentais, afirmando-se como um fotógrafo de contrastes e de forte dinamismo social tem no seu trabalho uma boa base para o entendimento de diferenças e semelhanças entre várias culturas.

04.11.2010 | por António Vergílio

Zumbipenetrações

Zumbipenetrações Tenho para mim que Jorge Dias é uma dessas crianças perdidas de Hamelin que voltou para nos atazanar o espírito e a mente. Não lhe regateemos o zumbido, a sua leve coloração demoníaca. Coisas que deve ter aprendido com o Mestre Hamelin.

04.11.2010 | por António Cabrita

Mário Bastos, temos novo realizador em Angola!

Mário Bastos, temos novo realizador em Angola! Para o jovem realizador as prioridades para estimular a produção audiovisual nacional são a lei do cinema e a prática do mecenato cultural. Considera a formação uma peça-chave para consolidar referências cinematográficas: “fala-se muito nas novas tendências no audiovisual angolano, deve-se apoiar, claro, mas não lhes podemos chamar cinema”.

03.11.2010 | por Marta Lança

Jorge Dias: olhar o passado de soslaio, abraçar avidamente o presente

Jorge Dias: olhar o passado de soslaio, abraçar avidamente o presente Para além da contestação dos que continuam a pensar e a olhar a arte com ‘outros olhos’, fazem-se, às vezes, sobre o trabalho de Jorge Dias, e de outros artistas do nosso tempo, comentários do tipo: “Isto é arte europeia, arte ocidental, não tem nada de africano ou de asiático ou de latino-americano”. No caso de Jorge Dias, este tipo de comentários, feitos por africanos e não-africanos, têm por base uma noção de ‘africanidade’ essencial(ista) que deixa de lado a coexistência e o confronto de realidades diferentes e a criação permanente de novas formas de relações culturais.

03.11.2010 | por Alda Costa

Mário Macilau - foto-relatos da contemporaneidade moçambicana

Mário Macilau - foto-relatos da contemporaneidade moçambicana Mário Macilau, fotógrafo moçambicano, finalista do concurso BesPhoto 2011. Macilau seguiu continuamente, e de perto, o quotidiano do Xiquelene com a sua lente. Retratou o amanhecer do mercado, o montar das bancas, a criação do espaço para fazer o negócio, a compaixão exercitada entre vendedores, a partilha do almoço, a solidariedade para com aqueles que num dia menos lucrativo não têm dinheiro para voltar a casa, a extrapolação da rede de amizade para lá das linhas do mercado nas casas de cada um, nas festas de família. Macilau fotografou nos tempos de chuva, quando debaixo de condições inóspitas as pessoas continuavam a ir trabalhar. Fotografou quando “o Governo decidiu destruir o mercado de uma forma muito injusta”.

27.10.2010 | por Joana Simões Piedade

O regresso de Chica Xavier

O regresso de Chica Xavier Vinda de Salvador na primeira metade da década de 50, para trabalhar no serviço público e se tornar atriz, acompanhada de seu futuro e até hoje marido Clementino Kelé, Chica após estudar arte dramática com Paschoal Carlos Magno, estreou com pompa na produção histórica de Vinicius de Morais, "Orfeu da Conceição", no papel da Dama Negra que simbolizava a Morte. "- Eu tenho minha primeira carteira de trabalho assinada por Vinícius de Moraes. E eu não dei baixa na carteira porque ele não rescindiu o meu contrato. Acho que até hoje ele está me esperando..." afirma Chica com saudosismo.

26.10.2010 | por Clementino Junior

Mauro Pinto fotografa os restos do mundo em Maputo

Mauro Pinto fotografa os restos do mundo em Maputo Em Maputo, um homem penteia-se como Batman e vários homens vagueiam nus. Arminda acabou nas ruas da Baixa, com todo o seu enxoval. No caniço, Bitula vende feitiços debaixo de uma árvore. Além do fotógrafo Mauro Pinto, sucessor do mítico Ricardo Rangel, ninguém parece vê-los. Um percurso pela capital de Moçambique, onde hoje há eleições autárquicas.

21.10.2010 | por Alexandra Lucas Coelho

“O que faço melhor é o que de mais raiz nós temos”, entrevista a Paulo Flores

“O que faço melhor é o que de mais raiz nós temos”, entrevista a Paulo Flores Esta conversa refere-se à sua trilogia “Ex-Combatentes” (“Viagem”, “Sembas” e “Ilhas”), que navega em águas poéticas e documentais da vida angolana. "Descubro muita humildade nas pessoas que sempre estiveram aqui e a forma erguida como continuam a levar a vida impressiona-me. Sempre reclamei de tudo, mas quando vejo como as pessoas levam a vida, perpetuando, elas sim, uma identidade tão forte, isso é o que me inspira."

21.10.2010 | por Marta Lança

"A beleza e o sofrimento" - conversa com o artista Barthélémy Toguo

"A beleza e o sofrimento" - conversa com o artista Barthélémy Toguo A passagem de Barthélémy Toguo por Lisboa em 2009 foi pretexto para a conversa que se segue. Apresentou no espaço Carpe Diem a instalação "Road for Exile" integrada numa programação sobre a ideia de viagem, exílio, solidão, medos urbanos e barbárie. A conversa que tivemos é uma ocasião para revisitar os seus projectos anteriores, as suas origens camaronesas e as viagens. Barthélémy Toguo é um dos mais importantes artistas internacionais da sua geração, e tem uma obra que organiza o mundo como um ciclo de vida e de morte.

19.10.2010 | por Marta Mestre

No rasto de instrumentos inovadores, Victor Gama

No rasto de instrumentos inovadores, Victor Gama Os Kronos Quartet apresentarão a peça “Rio Cunene” de Victor Gama no Grande Auditório do CCB, em Lisboa, já em Novembro, depois de o terem feito no Carnegie Hall, Nova Iorque. A pesquisa e construção de instrumentos continua em Angola, uma fonte inesgotável de projectos, onde Victor Gama nasceu e cresceu, dividindo também o seu trabalho com Portugal e Colômbia. Este compositor e performer, formado em Engenharia Electrónica, conta o porquê de instrumentos musicais inovadores.

18.10.2010 | por Marta Lança

Arqueologia de uma cultura soterrada, entrevista a Emanoel Araújo

Arqueologia de uma cultura soterrada, entrevista a Emanoel Araújo Entrevista com o artista plástico e curador brasileiro Emanoel Araújo, em 2003, o início do projecto que deu origem ao Museu Afro Brasil em S.Paulo.

15.10.2010 | por Anelito de Oliveira

Barthélémy Toguo: unbounded exile

Barthélémy Toguo: unbounded exile No Carpe Diem - Arte e Pesquisa em Lisboa o artista franco-camaronês Barthélémy Toguo expôs a instalação Road for Exile, uma vasta narrativa sobre tráfico, trânsito e morte, mas também a beleza que tudo isto pode conter. Actualmente, Barthélémy Toguo trabalha com a prestigiada galeria Robert Miller (NY), e continua o seu percurso consolidado, acrescentando imagens belas e grotescas ao seu universo. Vimos a sua participação no projecto “Carpe Diem - Arte e Pesquisa”.

14.10.2010 | por Marta Mestre