Sem Sol - Regresso à Guiné-Bissau

Sem Sol - Regresso à Guiné-Bissau “Cinco Áfricas/Cinco Escolas”, a representação portuguesa na 8ª Bienal de Arquitectura de São Paulo, reflecte as diferentes realidades dos países africanos cuja língua oficial é a portuguesa. Para cada um deles, um protótipo de escola desenvolvido por outras tantas equipas de arquitectura. Para a Guiné-Bissau, Pedro Maurício Borges projectou uma Escola Básica na cidade de Cacheu. Num contexto de pobreza extrema, a possibilidade de construir uma escola será uma acção suficiente para suspender qualquer outro tipo de consideração crítica. Não obstante, para lá do eventual valor humanitário da iniciativa, fica a arquitectura. Num lugar onde ela se cinge – como tudo o resto – ao limiar do que existe, é necessário fazer com pouco. Mas também com muitas outras coisas: com as memórias de um país que interessou o mundo.

16.05.2010 | por Diogo Seixas Lopes

A Cidade Camaleão - extractos de um hypomnèmata

A Cidade Camaleão - extractos de um hypomnèmata Os corpos estão fechados, quase fechados. Os corpos são ilhas fantásticas isoladas na matéria. As ilhas são sérias à força de fixarem o horizonte. O horizonte, linha curva e cruel que nos interdita o que está para lá. no Mindelo...

16.05.2010 | por Mattia Denisse

Nós, os do Grande Hotel da Beira

Nós, os do Grande Hotel da Beira Como qualquer casa ocupada tem as suas regras de convivência e de organização. Ali a ordem tem os seguintes representantes: o secretário de unidade, o de corredor, quarteirão e bloco (andar), os quais se reúnem para resolver problemas dos inquilinos, e dirigem o tribunal de moradores numa ex-suíte do hotel, onde se discute quem tem mais direito à casa (uma mulher com crianças leva vantagem) ou que fulano anda a atirar água suja para a varanda de sicrano. Duas regras são fundamentais: “manter a limpeza e o respeito”.

14.05.2010 | por Marta Lança

Lisboa pós-colonial e outras fortalezas na modernidade

Lisboa pós-colonial e outras fortalezas na modernidade Como praticar o cosmopolitismo, se a cidade persiste em criar barreiras entre aqueles que pertencem e os que dela são excluídos? Se os bairros lisboetas tradicionais têm vindo a acolher imigrantes recentes, estes também são rapidamente imobilizados em territórios específicos, como o Martim Moniz, a Praça de S. Domingos, os Restauradores, algumas partes de Alfama, antigo gueto mouro e judeu. Algo que testemunha o carácter sempre multicultural da cidade; tanto os seus momentos mais tolerantes como racistas. Mas, por sua vez, aqueles que vivem há mais tempo em Portugal e cujos filhos já nasceram em Lisboa parecem ter sido relegados, banidos, para não-lugares, as banlieues, locais de ostracismo, bairros sociais que fornecem a matéria-prima que apimenta as noticias sensacionalistas que os repórteres gostam de inventar em torno da criminalidade, violência e diferença.

13.05.2010 | por Manuela Ribeiro Sanches

O sonho de Niemeyer e o Universo Paralelo

O sonho de Niemeyer e o Universo Paralelo Novembro de 1975, num relâmpago milhares de pessoas abandonam a cidade. Termina a colónia, recomeça a contagem. Luanda, capital de Angola, na costa ocidental de África é agora um espaço vazio e aguarda, ansiosa, pelos novos inquilinos. Novos habitantes, nova liberdade. Tal como “ocupas” hoje dentro de edifícios marcados por momentos, recordações, odores de outrora, Luanda antecipa o conceito e recebe de portas abertas os novos ocupantes.

13.05.2010 | por Kiluanji Kia Henda