Convívio ou violência? Os meets e a afirmação do direito à cidade

Convívio ou violência? Os meets e a afirmação do direito à cidade Portugal passou a conhecer uma nova forma de convívio entre os jovens. Chama-se meet e já integra a agenda sócio-política do país. O meet é um encontro realizado em espaços públicos de Lisboa, no qual as redes sociais desempenham um papel preponderante. O objectivo, conforme a descrição dos seus organizadores nas páginas dos eventos, é proporcionar o encontro de amigos, socializar e conviver. Foi a partir de um meet nas proximidades do centro comercial Vasco da Gama, em Agosto, que este assunto ocupou o horário nobre dos telejornais portugueses.

17.10.2014 | por Otávio Raposo

A city called mirage de Kiluanji Kia Henda

A city called mirage de Kiluanji Kia Henda A City Called Mirage é o título da exposição individual do artista angolano KILUANJI KIA HENDA (Luanda, 1979). Inaugura no dia 18 de Setembro, quinta-feira, às 21h30, poderá ser visitada, na Galeria Filomena Soares, em Lisboa, até dia 29 de Novembro de 2014. É uma exposição complexa que traça vias originais sobre um tema recorrente nos últimos tempos: o das cidades entre a virtualidade e a desertificação. Kiluanji aposta na ficção (científica e mitológica) e na ironia como formas de transcender o pessimismo da hipercrítica e a estética da ruína. Através do humor adquire-se consciência do quão efémeras são as maiores construções humanas: todas as cidades voltarão a ser matéria-prima, tal como os metais retirados do subsolo voltarão a fundir-se na terra.

11.09.2014 | por Lucas Parente

Assincronias urbanas: Cabo Verde e a necessária ressemantização do território

Assincronias urbanas: Cabo Verde e a necessária ressemantização do território O défice habitacional em Cabo Verde é elevado e essa carência materializa-se na multiplicação de bairros informais, que desfiguram o perfil paisagístico das cidades e condicionam a qualidade de vida das populações. Como chegamos a este ponto? Que vantagens trazem as soluções apontadas e quais as suas vulnerabilidades? Como resolver esta problemática?

22.08.2014 | por Andréia Moassab

Visões de África politicamente correctas

Visões de África politicamente correctas O mundo que o colonialismo mudou, por sua vez, só pode ser entendido na sua complexidade, a partir da análise das sociedades que ajudou a organizar, que influenciou e transformou, muitas vezes de forma dramática. Hoje, nos antigos impérios, alguns dos principais bloqueios a esta interpretação provêm da permanência de perspectivas pós-imperiais e nacionalistas que continuam a conceber a história à medida de uma gesta nacional.

05.04.2014 | por Nuno Domingos

África - visões do Gabinete de Urbanização Colonial (1944-1974) – uma leitura crítica

África - visões do Gabinete de Urbanização Colonial (1944-1974) – uma leitura crítica Esta Exposição que pretende estar atenta às marcas das observações coloniais, acaba por se enrolar, no texto e nas imagens, nas concepções redutoras das culturas africanas, lembrando uma paisagem lisa e simplificada que integra a natureza exuberante, o primitivismo das populações, o exotismo das realidades, a homogeneidade das formas sociais e das comunidades africanas.

17.03.2014 | por Isabel Castro Henriques e Miguel Pais Vieira

A afirmação da favela carioca

A afirmação da favela carioca A representação da favela sustenta-se em torno da equação pobreza-violência-favela e produz uma interpretação caricatural desses territórios: ocupações ilegais em morros, inexistência de lei e ordem, espaços subequipados e locais de concentração de pobres, analfabetos e criminosos. Local de habitações degradadas e precárias, ilegalmente construídas e destituídas de serviços urbanos – água, electricidade, instalações sanitárias, pavimentação – e qualquer tipo de planeamento urbanístico. Não haveria diferença entre as várias favelas, e o seu eixo paradigmático estaria assente naquilo que as favelas, supostamente, não possuiriam quando postas em relação a um modelo idealizado de cidade. Deste modo, a favela é apresentada como lugar de privação, sem Estado, globalmente miserável e local de moradia das chamadas “classes perigosas”.

29.01.2014 | por Otávio Raposo

Uma criança à janela disparando uma pistola de plástico

Uma criança à janela disparando uma pistola de plástico Joanesburgo, a capital financeira e cultural da África subsariana, é a cidade do frenético espírito empreendedor, dos investimentos nacionais e transnacionais, dos homens e mulheres sem medo de investir e de arriscar, dos artistas sem medo de experimentar, etc. Todos eles, porém, com medo de não fechar o portão, com medo de não fechar a janela, com medo de parar no semáforo vermelho. Joanesburgo é uma capital do medo. E uma das poucas capitais no mundo que não tem nem rio nem lago, que não está cercada por nenhum oceano.

27.11.2013 | por António Pinto Ribeiro

A Cidade e o Pós-colonial - parte II

A Cidade e o Pós-colonial - parte II Os passados coloniais continuam pre­sentes nos contextos pós-coloniais de várias formas, as quais podem ser encontradas quer na cultura pública, quer em luga­res inesperados do quotidiano e na esfera do mundano, mostrando que os entendimentos comuns em relação ao Império, no período pós-descolonizações, se articulam com uma grande variedade de canais e instituições

18.11.2013 | por Nuno Domingos e Elsa Peralta

A Cidade e o Colonial - parte I

A Cidade e o Colonial - parte I A cidade configura-se como um objeto de investigação a partir do qual é possível colocar uma série de problemas acerca da constituição de sociedades coloniais – incluindo nelas as suas metrópoles ou capitais – e da maneira como os seus princípios de organização se reproduzem em contextos pós-coloniais.

15.11.2013 | por Nuno Domingos e Elsa Peralta

Cidades Rebeldes | Passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil

Cidades Rebeldes | Passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil David Harvey teoriza sobre a liberdade da cidade que, segundo ele, é muito mais que um direito de acesso àquilo que já existe: é o direito de mudar a cidade de acordo com o desejo de nossos corações. “A questão do tipo de cidade que desejamos é inseparável da questão do tipo de pessoa que desejamos nos tornar. A liberdade de fazer e refazer a nós mesmos e a nossas cidades dessa maneira é, sustento, um dos mais preciosos de todos os direitos humanos”.

29.10.2013 | por autor desconhecido

Globalização, neocolonização e urbanização em África

Globalização, neocolonização e urbanização em África O padrão de ocupação do território resultante da rápida urbanização das cidades africanas não pode ser analisado nem à margem da globalização neoliberal tampouco fora do recente (e violento) processo de descolonização. Neste sentido, uma série de direitos têm sido constantemente negligenciados nas agendas nacionais, com forte impacto na configuração das cidades no continente. Urge, portanto, problematizar conceitos como território, cidade e urbanidade, em tempos de globalização neoliberal, em especial para lidar com as urbanidades do continente africano e, porque não, latino-americano?

18.10.2013 | por Andréia Moassab

Espaço Cultural Elinga, salvaguarda da liberdade espiritual artística

Espaço Cultural Elinga, salvaguarda da liberdade espiritual artística No meio de uma cidade frenética para o bem e para o mal, há pontos de abrigo – que nos abraçam e nos lembram que aqui também é a nossa casa. É importante não esquecer isto. O Espaço Cultural Elinga, local que alberga uma série de actividades lúdicas e culturais, é um desses pontos de abrigo. É antes de mais um local de cultura. Cultura no seu sentido mais original. A antiga Casa das Beiras do período colonial português é uma espécie de salvaguarda da liberdade espiritual artística, onde tudo é possível acontecer – mas sempre com algum estilo, com uma linguagem própria e interdisciplinar, com referências locais mas também internacionais.

17.06.2013 | por Miguel Gomes

Arquitetura habitacional em Cabo Verde: (re)conhecimento e desenvolvimento

Arquitetura habitacional em Cabo Verde: (re)conhecimento e desenvolvimento A compreensão dos hábitos de morar dá pistas acerca do meio físico e da organização social: a divisão dos cômodos da casa, ao separarem, por exemplo, servos de senhores ou homens de mulheres, indicam a construção hierárquica de uma dada sociedade. Assim como a pedra, o barro, a madeira, os vãos (muitos ou poucos), estão em acordo com o clima e a disponibilidade de material em cada região do globo terrestre.

02.05.2013 | por Andréia Moassab

Cidadania dos alfaiates africanos: uma abordagem baseada na co-aprendizagem

Cidadania dos alfaiates africanos: uma abordagem baseada na co-aprendizagem O design de moda sustentável é o veículo facilitador de mudanças sociais e do fortalecimento do conhecimento intercultural. Aqui os alfaiates africanos são considerados agentes para a operacionalidade da criatividade da moda local feita a partir das capulanas (ou tecidos sui generis) e por isso agentes para o desenvolvimento de mecanismos entre a tradição e a modernidade.

25.03.2013 | por Sofia Vilarinho

Algumas linhas sobre a urbanização colonial em Angola

Algumas linhas sobre a urbanização colonial em Angola A história das cidades conta-nos sobre seu povo e sua cultura. Entender fenômenos complexos do espaço urbano contemporâneo passa, necessariamente, por uma compreensão alargada do seu contexto histórico-político.

15.02.2013 | por Andréia Moassab

Território e identidade em Cabo Verde: debate sobre a (frágil) construção identitária em contextos recém independentes no mundo globalizado

Território e identidade em Cabo Verde: debate sobre a (frágil) construção identitária em contextos recém independentes no mundo globalizado Com ênfase nos seus desdobramentos no território, relacionaremos a pretendida indústria do turismo em Cabo Verde com os paradigmas do planejamento estratégico. Isto significa a valorização de parcelas específicas do território beneficiando apenas grupos investidores sem tomar em consideração os impactos sociais, culturais e territoriais de grandes empreendimentos imobiliários. A produção de “não-lugares” e o achatamento cultural da arquitetura dos grandes empreendimentos imobiliários, decorrentes deste modelo de ocupação do território, materializa uma assepsia política da questão identitária.

31.01.2013 | por Andréia Moassab

Interações reflexivas sobre o novo plano MARTIM MONIZ

Interações reflexivas sobre o novo plano MARTIM MONIZ No campo das liberdades parece-nos que, em relação a este projecto de requalificação, as comunidades locais estão privadas de algumas liberdades instrumentais de Sen. Nomeadamente a das liberdade políticas, dispositivos económicos, oportunidades sociais e garantias de transparência. A Câmara Municipal de Lisboa optou por uma estratégia que poderá ser válida, mas que parece contraditória com o seu discurso oficial. A história recente da Praça do Martim Moniz conta-nos que a artificialidade do seu uso comercial face ao seu quotidiano deriva em falência, embora tenhamos que expectar pela inauguração e ocupação dos novos edifícios da EPUL para melhor validar a viabilidade económica do novo projecto.

07.10.2012 | por António Brito Guterres

Morte de um teatro em Luanda, vítima dos promotores - Elinga

Morte de um teatro em Luanda, vítima dos promotores - Elinga Um importante centro da cultura angolana, o teatro Elinga, vai desaparecer, como tantas casas antigas do centro da capital. Os arranha-céus, esses, crescem como cogumelos e deslocam para os subúrbios, a toque de bulldozers selvagens e de bastonadas da polícia, os musseques, essas favelas angolanas sem água nem eletricidade em que se amontoa a maior parte dos 6 a 7 milhões de habitantes de Luanda. ”As autoridades pretendem fazer de Luanda o Dubai da África austral, lembra Claudia Gastrow, Mas não se vê a lógica urbanística nem a coordenação. O centro da cidade não é mais que uma fachada. “Copiar o modelo Dubai? Até ao ponto de projetar construir, como no Golfo, ilhas artificiais ao largo de Luanda.

28.09.2012 | por Christophe Châtelot

Luanda por terra água e ar

Luanda por terra água e ar Luanda por terra água e ar foi produzido durante uma viagem de investigação a Angola entre Abril e Junho de 2012, no âmbito do Prémio Távora. No filme, os testemunhos apresentados apontam para um diálogo genuíno entre o bairro e a cidade (e o Mundo). Apontam para um relação recíproca entre privado e coletivo, entre biografia e história. Desafiam o lugar-comum propulsor de uma “cidade global” (rica) rodeada por “bairros pobres” (desesperados). Luanda é muito mais complexa do que isso.

24.09.2012 | por Paulo Moreira

A África que anda a fazer suar Lisboa

A África que anda a fazer suar Lisboa “O B.Leza nasceu de uma história de amor”, em 1995, no Palácio Almada Carvalhais. 12 anos depois, uma ação de despejo contra o Casa Pia Atlético Clube – que subalugava o espaço ao B.Leza – atrapalhou as entrelinhas. Atrapalhou mas não matou. Após cinco anos à procura de casa, hoje revivem-se as noites de morna e coladeira. “Havia saudades do B.Leza”. Por isso é que, para além de um público jovem e renovado, continuam a ver-se os clientes do passado.

28.05.2012 | por Rute Barbedo