Gentrilogy: Trilogia da Gentrificação

Gentrilogy: Trilogia da Gentrificação O projeto levantou uma discussão crítica sobre o papel de artistas, instituições culturais e seus operadores (trabalhadores do conhecimento) sobre a transformação urbana. O fenômeno da gentrificação está associado à difusão de economias em transformação, motores de capitalismo cognitivo, parte de um sistema econômico unificado de que nós mesmos, como trabalhadores do conhecimento, somos parte.

12.09.2019 | por Laura Burocco

átimo de criação e tempo no museu-trabalho-e-trabalha-44h-semanais-e-

átimo de criação e tempo no museu-trabalho-e-trabalha-44h-semanais-e- Museu de Arte do Rio. uma teoria: depois do museu e durante ele, a noção de tempo alterou-se e nos alterou, tanto individualmente como trabalhando em dupla. Não que estejamos demarcades pelo museu, mas existe uma mudança na percepção do quanto algo pode durar. E de ficar uma hora revirando os olhos. Ou de olhos fechados. Mordendo algo. Nos faltou dizer, então, e fazer a memória da criação nesse lugar fechado.

28.08.2019 | por Jandir Jr e max wíllà morais

Consciência de Humanidade

Consciência de Humanidade Desfrisos, chapinhas, mises, tranças, postiços, aplicações fio fio ou bainha… Perucas a x euros. Entrei. Recebo um sorriso caloroso. Tirava todos os “protocolos”, sentia-me em casa. Matava ali as saudades. Um cabeleireiro africano em qualquer outro continente é uma "embaixada de abraços e confraternizações". Um abraço periférico.

29.07.2019 | por Indira Grandê

MFB e o seu (des)amor ao próximo

MFB e o seu (des)amor ao próximo Em Coimbra, era opinião corrente que apenas em último caso, quando os quartos bolorentos ficavam em prédios em ruínas e demoravam a arrendar, então as senhorias e os senhorios abriam uma excepção a estudantes africanos (gente de cor, como diziam), alegando que tardavam ou se esqueciam de pagar a renda, que gastavam muita água por causa do banho e muita luz devido à música, que faziam rebuliço até altas horas da noite e que davam muitas festas

16.07.2019 | por Eurídice Monteiro

'Partituras para ir', de Joana Braga

'Partituras para ir', de Joana Braga Partindo das formas existentes no percurso estabelecido e do imprevisto provocado pelos sujeitos, 'Partituras para ir' procurou instaurar relações de movimento e de repouso, de velocidade e de lentidão, através das quais se instaura o devir, um devir entendido enquanto processo de desejo.

30.06.2019 | por Marta Rema

O bom arquitecto português - tropicalizando o colonialismo: uma leitura crítica sobre a narrativa pós-colonial a partir da ideia de “arquitectura portuguesa”

O bom arquitecto português - tropicalizando o colonialismo: uma leitura crítica sobre a narrativa pós-colonial a partir da ideia de “arquitectura portuguesa” Por mais embrionária que seja a discussão pós-colonial em Portugal, quarenta e cinco anos após o princípio da descolonização e do fim do regime fascista, importa perceber que deveríamos estar num tempo de múltiplos caminhos e descobertas, e o que mais impressiona no campo disciplinar da arquitectura é a construção de uma visão praticamente hegemónica, institucionalizada no seio da academia nas vertentes disciplinares da arquitectura e na maior parte das representações de Portugal produzidas sob a tutela do Estado.

10.05.2019 | por Tiago Mota Saraiva

Catumbela das Conchas

Catumbela das Conchas As montanhas russas, os carrocéis: pulos sobre putos. Cavalos e girafas em curso, carros de círculos corridos de pó. Sapatos dos noventa, quebra mar dos oceanos. Pisa lavras, insectos caídos da mangueira. Crianças da corrente fria de Benguela. Como os nossos pais dançavam o merengue. Catumbela era caminho-de-ferro. De ferrugem! De sucata! Catumbela é gente. Cana de açúcar: rio e cevada. Jacarés de parede, paracuca - ginguba no dente. Cinco angulares por balão. Dia de festa! Canções do Ocidente. Catumbela é caminho. Caminho do tempo. Catumbela das Conchas!

24.04.2019 | por Indira Grandê

DANGEREUX, um bairro de nome (quase) francês

DANGEREUX, um bairro de nome (quase) francês Nós, os angolenses, caminhamos de gato e sapato. Onde estávamos mesmo? Luanda chove. BUÉ!!! A chuva escurecida sussurrava ao céu. Sussurrava aquando dos pássaros escondidos nas estribeiras da casa de chapa. A chuva sussurra ainda mais alto (barulhenta) e a nuvem estremece…BOOUM! BOOUM! Estremeceu! Uma cicatriz embranquecida no céu…BOOUM! Cai um balde de tinta de água. O chão escorrega…escorregadio. Uma tela transparente. ESCORREGADIA: a chuva inunda todas as cidades de Angola. Encharca os hóspedes no meio da morte. A chuva infiltra-se num país! Relâmpaga-se… tempestade!!! A chuva.

14.04.2019 | por Indira Grandê

As invisíveis

As invisíveis Mãe de três filhos pequenos, era o único sustento da família, o seu marido estava desempregado. Juliana é o exemplo de muitas mulheres que hoje em dia são as principais fontes de sustento das suas famílias – num panorama económico frágil onde as oportunidades de emprego são escassas. Como muitas das Zungueiras que são migrantes do interior do país – Juliana era originária de Libolo, província do Kwanza-Sul. Teria vindo para Luanda à procura de melhor qualidade de vida.

29.03.2019 | por Beatriz Ramalho da Silva

Cine Nimas 500

Cine Nimas 500 - Mademoiselle é um destino que nos persegue. Mesmo que abandonemos a memória, os monumentos e lugares carregam os seus fantasmas. Fantasmas? Souvenirs. Les Fantômes? – Non, Mademoiselle, não são esses fantasmas, estes só existem na Torre do Tombo. E o Nimas. O Nimas Sébastien!? RÊVE AVEC MOI. O Nimas é um fantasma da cinematografia, ou é um fantasma da filmografia (— Xé, pára só de filosofar!). O Nimas 500, onde nós, os filhos do «império» assistíamos ao glamour do cinema com histórias arquitectadas por cineastas “amicíssimos” de Salazar. -

25.03.2019 | por Indira Grandê

Psicólogos da paz ou traumas de guerra?

 Psicólogos da paz ou traumas de guerra? Cerca de um milhão (dados em constante mutação) de angolanos morreram na guerra civil. Como convivem os que sobreviveram a esta guerra fatídica com estas memórias traumáticas? Para onde foram estes militares pós guerra? Terão tido o acompanhamento necessário. E as famílias? O que foi feito à volta da humanização dos antigos combatentes? Para quando um investimento sério em «psicólogos da paz» ou mesmo academias e clínicas de especialidade?

24.02.2019 | por Indira Grandê

Desburocratizar Angola

Desburocratizar Angola Não sei como começou esta febre da “apropriação cultural” mas vem mesmo a calhar. É a expressão que faltava para caracterizar a burocracia. Sim, nós mangolês apropriamos a burocracia dos tugas e infelizmente fizemo-lo à letra; apropriamos a burocracia como cultura, ou a burocracia é que nos apropriou; a burocracia como doutrina, a burocracia agora é nossa, burocracia e mais burocracia. BU-RO-CRA-CIA. Vive la bureaucratie! Quem está bem é o bebé nas costas da mãe, cochila desconhecendo as nossas malambas diárias.

06.02.2019 | por Indira Grandê

De Amílcar Cabral ao bairro da Jamaica

De Amílcar Cabral ao bairro da Jamaica A ancestralidade de Cabral e do anticolonialismo é um crucial memorando de que há lutas que não podemos trair, um memorando das muitas latitudes de indignidade racista e, finalmente, um memorando de que os corredores das instituições, a escola piloto de Conacri, as matas da Guiné-Bissau e o Bairro da Jamaica no Seixal são referências cruciais para as cartografias partilhadas de um futuro antirracista e anticolonial.

02.02.2019 | por Bruno Sena Martins

Carta do Bailundo para a Jamaica: amor em tempos de ódio

Carta do Bailundo para a Jamaica: amor em tempos de ódio “Jamaica, Jamaica, veio só mostrar que a situação está bem malaica, depois de anos na miséria, foi preciso surra da bofia para nos levarem à séria. Racismo no café, no MNE e no SME Não não casos isolados como dizem os deputados que vetam fazer um censo racial para mostrar em números reais o que está mal, Discriminação, habitação e violência policial”

23.01.2019 | por Sílvia Norte

Agressões e racismo, todos passaram por isso

Agressões e racismo, todos passaram por isso As histórias contam-se na primeira pessoa. Fala-se de agressões gratuitas, da falta de respeito, de não se sentirem cidadãos de direito: “antes de se identificar já foi vítima”, “queremos ser tratados como cidadãos”; polícias à paisana com conversas ordinárias, insultos repetidos “pretos de me***”, “volta para a tua terra”; saídas à noite que acabam em tragédia, rusgas quando se está calmamente no café a ver a bola e se acaba deitado no chão à chuva, a ouvir insultos, festas de aniversário ou modestos convívios que de repente se misturam com balas, e ops, danos colaterais...

13.12.2018 | por Marta Lança

O que vale uma estátua? Memória e descolonização mental em Moçambique.

O que vale uma estátua? Memória e descolonização mental em Moçambique. A memória é uma espécie de consciência seletiva do tempo, não se opondo ao esquecimento. A memória é uma interação entre a supressão e a conservação, sendo que restituição integral do passado é impossível uma vez que memória implica sempre uma seleção. O historiador Fernando Bouza cita mesmo um ditado africano que sintetiza o que foi referido sobre o modus operandi da memória: A memória vai ao bosque e trás de lá a lenha que quer.

10.12.2018 | por Vítor de Sousa

“Para nós, por nós”: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate

“Para nós, por nós”: produção cultural africana e afrodiaspórica em debate Entre 2005 e 2018 podemos observar que o interesse pela criatividade do continente africano e das diásporas negras se ampliou bastante, a avaliar pelo número de iniciativas que, desde Lisboa, a fomentam. Este evento pretende fazer o balanço sobre o que realmente mudou em termos de criação, reflexão e acolhimento, seguindo processos singulares de afirmação de subjectividades. Queremos indagar como estamos no que toca à produção cultural afrodiaspórica desde Lisboa, debatendo as perspectivas de quem a protagoniza, e considerando as limitações do debate incipiente da sociedade portuguesa sobre o racismo.

04.12.2018 | por vários

Panorama: fantasmas latentes

Panorama: fantasmas latentes O hotel traz consigo a simbologia da viagem, dos trânsitos diaspóricos, é um dos elementos arquitectónicos recorrentes nas explorações da artista. Em Hotel Globo (2015), obra que tem como ponto de partida o hotel construído na década de 50 na Baixa de Luanda, o edifício adquire um estatuto de quase resistência às mudanças aceleradas em seu redor; Panorama materializa a decadência, é um navio naufragado, resignado à própria sorte.

29.11.2018 | por Paula Nascimento

Conflitos de memória: o "bairro africano" de Berlim

Conflitos de memória: o "bairro africano" de Berlim Este esforço, todavia, só pouco a pouco vai conseguindo trazer o tema à memória pública, no que, sem dúvida, a relutância das instâncias oficiais em tematizar adequadamente este capítulo da história alemã tem uma boa quota-parte de responsabilidade. Em 2016, uma iniciativa parlamentar tendente ao reconhecimento oficial da responsabilidade pelo genocídio dos Herero e Nama, foi rejeitada pela maioria dos deputados. O relatório elaborado pelos “Serviços Científicos” do Bundestag, um órgão com funções de assessoria e emissão de pareceres sobre matérias levadas ao debate parlamentar, concluía, baseando-se numa perspectiva estreitamente jurídica, do ponto de vista da qual apenas são aplicáveis as normas vigentes à época, que as acções do exército alemão não violaram o direito internacional

03.07.2018 | por António Sousa Ribeiro

A praça Lumumba em Bruxelas: um lugar de memória controverso

A praça Lumumba em Bruxelas: um lugar de memória controverso Ao fim e ao cabo, a questão da descolonização na cidade de Bruxelas, e por extensão na Bélgica, possui uma componente geracional inegável. Enquanto as lutas pelo reconhecimento de um outro discurso, afastado da dinâmica paternalista das gestas do rei Leopoldo II e dos benefícios da colonização, provêm essencialmente de homens e mulheres (congoleses e belgo-congoleses) das segundas e terceiras gerações, as reivindicações de quem se recusa a reconhecer a figura de Lumumba como um actor legítimo da história da descolonização são maioritariamente feitas por pessoas que viveram “em carne e osso” a experiência colonial.

03.07.2018 | por Felipe Cammaert