Coleções “Jardim da Vitória”

Coleções “Jardim da Vitória” Ao longo de 10 anos uma equipa constituída por artistas visuais, antropólogos, arquitetos, designers, engenheira agrónoma, participaram e realizaram um conjunto de projetos artísticos, documentais e cinematográficos no bairro da Quinta da Vitoria, com o pressuposto de contribuir para uma representação mais inclusiva destas comunidades. Ao mesmo tempo que o bairro foi sendo construído pelos próprios moradores, foi crescendo uma barreira invisível que o delimita da cidade. Esta divisão crescente, preconceitos e representações abstratas, contribuíram para a exclusão social e cultural destas comunidades.

Cidade

10.08.2022 | por Sofia Borges

“Manifesto” pela representatividade da arte e dos artistas em Cabo Verde

“Manifesto” pela representatividade da arte e dos artistas em Cabo Verde A falta de uma estratégia assertiva por parte das entidades que gerem o setor da cultura é gritante e assustadora. Quando se trata de selecionar artistas para representarem o país nas grandes mostras internacionais, temos que definir criteriosamente os parâmetros de seleção daqueles que queremos que nos representem. Representar uma nação é carregar nos ombros o peso da responsabilidade, dos sonhos e da resiliência de um povo. Não há maior carga simbólica para um artista do que estar num grande evento a representar milhares de pessoas com a sua música, pintura, dança, teatro, escultura, cinema, literatura...

Mukanda

02.03.2022 | por Ednilson Leandro Pina Fernandes

Tradicionalidade «versus» Contemporaneidade

Tradicionalidade «versus» Contemporaneidade O crioulo como uma língua dinâmica foi acompanhando a evolução e desde sempre adotou vocabulários de outras línguas, fenómeno associado às nossas caraterísticas culturais: somos um povo “aberto” ao mundo e àquilo que ele tem para nos oferecer. “Todas” as nossas manifestações culturais mais tradicionais são o culminar de uma mistura de povos que deram origem ao caboverdiano: a Tabanca, o Batuku, o Finaçon, o Funaná, a Morna, a Coladeira. A nossa forma vestir, a culinária, a pintura, a escultura, a tecelagem, a forma como os nossos escritores escrevem, a forma como nós pensamos e agimos. Cada uma destas manifestações culturais tem uma matriz influenciadora, toda a criação tem uma origem, uma influência. Esta influência está patente na cultura cabo-verdiana e é preciso protegê-la, cultivá-la e deixá-la fazer o seu caminho.

Jogos Sem Fronteiras

22.02.2022 | por Ednilson Leandro Pina Fernandes

Vandrea Monteiro. Atriz nas horas vagas.

Vandrea Monteiro. Atriz nas horas vagas. Pisar palcos internacionais não só era um sonho como uma oportunidade para evoluir enquanto atriz e profissional, até porque ela nunca conseguiu separar os dois mundos. Entre organizar eventos, escrever textos, briefings e sem esquecer as inúmeras viagens, mal teve tempo para os ensaios. Nas poucas vezes que acontecem têm de ser aos fins de semanas, à noite ou online. Vê-se muitas vezes entre um gole de café e uma fala. Dormir? Só depois de tudo estar na ponta da língua.

Cara a cara

14.02.2022 | por Denise Fernandes

Lutas dos saberes negros na educação artística: memória do algodão entre Brasil e Cabo Verde

Lutas dos saberes negros na educação artística: memória do algodão entre Brasil e Cabo Verde A partir do ciclo do algodão é criada uma ficção em torno de saberes negr@s em trânsito pela geografia do tráfico atlântico de escravizad@s. Este risco de imaginar o que ficou silenciado e apenas memorizado numa semente, vingada pela união e luta dos povos, provoca uma relação entre a comunidade quilombola de Conceição das Crioulas, no nordeste brasileiro e o projeto Neve Insular no Madeiral, interior da ilha de São Vicente em Cabo Verde. Neste artigo pretende-se fazer uma leitura sobre práticas de educação artística, por um lado a partir de uma lente crítica sobre como os regimes de plantação e colónia atravessam os séculos e as mentes até hoje, e por outro lado uma lente que herda do feminismo a radicalidade face ao patriarcado e ao capitalismo naturalizados como dispositivos de poder e apropriação da própria vida. Em ambas as geografias o algodão e os saberes em torno dele tornam-nos permeáveis a um universo político de questionamento da história da monocultura da planta e do pensamento, abrindo espaço para fazer estremecer a tentação de reproduzir os modos de ensinar e aprender.

A ler

25.01.2022 | por Rita Rainho

'Futur passod na presente', entrevista ao rapper Revan Almeida

'Futur passod na presente', entrevista ao rapper Revan Almeida Entender como é que funciona a política, qual é a sua ideia em relação à política, para que serve, como se posicionar, perante as desigualdades, nomeadamente em termos de oportunidade em relação a outros lugares por nascerem naquele meio: questões de habitação, alimentação, situação económica, oportunidade de frequentar espaços abertos para todos, habitação, por que razão são empurrados para a periferia, etc. Tem a ver com tudo isto.

Cara a cara

20.12.2021 | por Marta Lança

A poesia desencaixada de Arménio Vieira

A poesia desencaixada de Arménio Vieira Portentoso cartapaço de 416 páginas, Safras de um triste Outono é um livro de esconjuro e de catarse, arquitectado sobre uma vasta panóplia de motivos, ritmos, imagens e recorrências estilísticas, num jogo polifónico de meditação inquiridora sobre a finitude e a morte, ou os desvairados processos da própria criação poética, mas também de celebração da Vida e suas contingências em permanente estado de Humor rejubilante e libertário, nos seus múltiplos cambiantes. Socorrendo-se A.V. da fábula, da parábola, do poema dramático, do epicédio, da sátira e do poema lírico, onírico ou fescenino, num rigoroso equilíbrio harmónico − posto que, como assevera o próprio poeta, «entre o veneno e o remédio / a dose faz toda a diferença» −, é de sublinhar e saudar o facto nada despiciendo de se não encontrar um poema bambo, excrescente, excessivo ou a embotar este longo e monumental poema fragmentário, verdadeira epopeia do Riso inteligente e transgressor.

A ler

01.10.2021 | por Zetho Cunha Gonçalves

Vida difícil, vida cansod: o esquecimento paira na Ribeira da Barca

Vida difícil, vida cansod: o esquecimento paira na Ribeira da Barca impact é o nome de um sistema construtivo adaptado à realidade cabo-verdiana, que promove a dignidade no acesso à habitação e ao trabalho com uma reflexão paralela sobre a forma como se tem construído nas últimas décadas. Este é um projecto que se formaliza ao ser selecionado para o Salão Created in Cabo Verde da URDI2020 promovido pelo CNAD - Centro Nacional de Artesanato e Design, e que sintetiza problemáticas extensamente abordadas por Inês Alves e Lara Plácido.

Mukanda

15.07.2021 | por Inês Alves e Lara Plácido

"Ciclo Perpétuo": Memórias (re)aparecidas e práticas decoloniais no Tarrafal, Cabo Verde

"Ciclo Perpétuo": Memórias (re)aparecidas e práticas decoloniais no Tarrafal, Cabo Verde Hoje o Tarrafal é um museu e monumento nacional e, desde 2004, integra a lista indicativa de Património Mundial da UNESCO. Portugal, para além de ter ajudado com a criação e desenvolvimento deste museu, anunciou em 2019 que iria apoiar Cabo Verde com a sua candidatura do Tarrafal à UNESCO. Recentemente, foram levadas a cabo obras de restauro do espaço, por uma empresa portuguesa, e no próximo 5 de Julho, os governos de Cabo Verde e Portugal vão assinar um memorando de entendimento para a candidatura deste espaço à UNESCO.

Mukanda

21.06.2021 | por Sofia Lovegrove

Cultura e Educação em Cabo Verde

Cultura e Educação em Cabo Verde Cabo Verde é um arquipélago rico a nível cultural, mas subaproveitado a todos os outros níveis. Temos, ao longo do tempo, ficado órfãos dos grandes embaixadores da nossa cultura. Passo a citar alguns nomes: Ildo Lobo, Cesária Évora, Bana, Katchas, Codé di Dona, Nha Nacia Gomi, Bibinha Cabral, todos eles no panorama musical. Pouco ou quase nada sabemos sobre a forma como muitos deles sentiam, viviam, ou sobre o que os levou a enveredar pelo caminho da música e, sobretudo, quais as suas fontes de inspiração. Todas estas perguntas ficaram sem uma resposta.

A ler

12.04.2021 | por Ednilson Leandro Pina Fernandes

Sou Quarteira, entrevista a Dino d’Santiago

Sou Quarteira, entrevista a Dino d’Santiago Os meus pais protegeram-me sempre muito para eu não crescer com estigma. Só já bem adulto é que adquiri noção de algumas coisas que vivemos. Como sou do bairro, habituei-me muito cedo a coisas como ser seguido por um segurança de cada vez que entrava numa loja. E em Cabo Verde não havia disso. Éramos todos iguais. Foi lá que me apercebi do racismo de cá. Quando voltei, pensei «eu não estou no meu país. Por mais que tenha nascido aqui eu nunca vou ser um português inteiro, porque sou filho de imigrantes, porque sou negro». Decidi que tinha de ver isto num outro prisma, de mostrar às novas gerações que, independentemente disso, podes ser tudo, podes triunfar.

Cara a cara

07.04.2021 | por Sara Goulart Medeiros

O rap cabo-verdiano enquanto plataforma pan-africana

O rap cabo-verdiano enquanto plataforma pan-africana Apesar de muito consumido pelos jovens, sobretudo os da classe privilegiada ou aqueles com contacto com a diáspora cabo-verdiana, o rap era ainda pouco explorado nos anos de 1980. O seu desenvolvimento acontece no início dos anos de 1990 enquanto imitação da cultura urbana americana. Na Praia, a geração a seguir à pioneira, em que se destacam, entre outros, grupos como Niggas Badiu, Black Power, Tchipie, apesar de forte influência dos beats caribenhos, começaram desde cedo a desenvolver um trabalho de (re)construção de uma identidade de resistência.

Palcos

25.03.2021 | por Redy Wilson Lima e Alexssandro Robalo

Cabo Verde, movimentos sociais e pan-africanismo

Cabo Verde, movimentos sociais e pan-africanismo A historiografia cabo-verdiana mostra que a história arquipelágica se confunde com a história de resistência cultural e política e de revoltas. Assim, pensar as vagas dos movimentos sociais em Cabo Verde na esteira dos trabalhos de Aidi e Mueller obriga-nos a buscar os antecedentes históricos num arquipélago marcado pela luta de integração étnico-racial e de intermediação (neo)colonialista.

Jogos Sem Fronteiras

16.03.2021 | por Redy Wilson Lima e Stephanie Brito Duarte Barbosa Vicente

Livro | Cesária Évora

Livro | Cesária Évora ELA retira com um movimento o maço de tabaco com isqueiro e levanta-se da cadeira com um pesado “oi” e começa a seguir o trilho traçado pela lanterna do Ângelo, consciente de que, mal transgrida o limiar seguro da escuridão, vão acordar todas as luzes que vagueiam pelo palco, vão virar para ela todas as objetivas, vão acender luzinhas de controlo de máquinas de filmar, e, afinal, toda a sala vai vibrar com palmas e gritos.

A ler

13.12.2020 | por Elżbieta Sieradzińska

Comunidade Obra de Maria em Cabo Verde

Comunidade Obra de Maria em Cabo Verde Os seus membros podem optar pelo celibato ou pelo matrimónio para levar a cabo a evangelização através do exercício de piedade e caridade, animação espiritual e social, promovendo a família e o espírito cristão. Os membros consagrados vivem a vida fraterna, estando à disposição da Igreja naquilo que esta necessitar, assumindo na sua consagração a pobreza, a castidade e a obediência através da efusão do Espírito Santo. Os membros estudam a Bíblia, valorizando a participação na missa e a adoração do Santíssimo Sacramento, procurando estar unidos à Igreja.

A ler

01.10.2020 | por Eloisa Andrade Ramos e Carlos Alberto Alves

«Chão de Massapé»

«Chão de Massapé» A opção por Portugal como país de emigração, resulta de inúmeros fatores, que vêm dos aspectos históricos da colonização, da proximidade da língua, e do reagrupamento familiar que o percurso das gerações tem provocado. A tudo isto se junta a necessidade de mão-de-obra ciclicamente sentida no país, e que vem colmatando recorrendo a este contingente, “mais ou menos voluntário”.

Cidade

10.08.2020 | por Elsa Fontes

Cabo Verde, rap e movimentos sociais

Cabo Verde, rap e movimentos sociais O papel do rap na mediação dos processos de paz no contexto da violência dos gangues de rua e contributo no processo de transformação dos gangues em organizações de rua. Por outro lado, tornou público os discursos infrapolíticos contra um sistema de Estado-bipartidário pós-colonial e nocivo aos interesses do cidadão comum e serviu de fundo sonoro às grandes movimentações de rua que marcaram o país nos últimos anos.

Cidade

05.08.2020 | por Redy Wilson Lima

Bairrismo em tempo de pandemia do COVID-19

Bairrismo em tempo de pandemia do COVID-19 o bairrismo tende a agudizar-se em tempos de COVID-19 e na discussão do EEP, ou seja, tanto do ponto de vista das relações sociais como político , na base de instituições jurídicas e políticas, bem como os modos de pensar e as respectivas ideologias ao estruturar a sociedade caboverdeana.

Cidade

26.07.2020 | por Elsa Fontes

Algumas ideias sobre a Economia da Cultura e a Pandemia

Algumas ideias sobre a Economia da Cultura e a Pandemia Seria bom que houvesse uma sensibilização política nacional, pilotada pelo Governo ao mais alto nível, para que todas as instituições públicas se envolvam. É ideal que haja uma recomendação expressa para que todos se engajem na execução dos seus programas culturais. Essa nova postura não precisa de incentivos fiscais ou ajuda financeira pública extra. Basta que aconteça com os meios que já estavam e estão previstos, e que estejam disponíveis, mas com a concepção de que, em vez do público ir aos eventos, agora os eventos vão ao público

A ler

25.06.2020 | por Mário Lúcio Sousa

Cabo Verde e a discussão sobre os símbolos esclavagistas, colonialistas e de reprodução da prática morgadia

Cabo Verde e a discussão sobre os símbolos esclavagistas, colonialistas e de reprodução da prática morgadia A carta que hoje traz o assunto da remoção dos símbolos esclavagistas e colonialistas, à qual acrescento o fim da reprodução da prática morgadia em modo de instalação de placas de ostentação da fulanização do poder, enquadra-se na terceira vaga de protestos antirracistas e anticolonialistas com séculos de história, mas materializado em parte com a declaração simbólica da independência.

Cidade

17.06.2020 | por Redy Wilson Lima