Canções comerciais

Canções comerciais Há cerca de um mês, num supermercado de uma ilha portuguesa encontrei música de origem caribenha. Ao som do congo e do piano, as vozes masculinas e femininas bailavam. Salsa? Rumba? Merengue? Cumbia? Associei os sons às origens das raparigas que trabalhavam na loja. Simpáticas e gentis, esclarecem-nos as dúvidas num português cheio de espanhol. Apontaram num mapa a localização de uma praia e indicaram-nos num folheto o nº do autocarro para o Funchal. No fim, satisfizeram-me a curiosidade. “Sim, nascemos na Venezuela, e agora vivemos aqui”. Já no dia seguinte, a música que envolvia as prateleiras era outra: metálico, acelerada, electrónica. Reggaeton?, perguntei-me algo surpreendido. Ali, aquela mutação do reggae parecia-me ganhar um sentido que antes não apreendera. Voltei às perguntas, com renovada curiosidade: “São vocês que fazem a selecção destas canções, que escolhem esta música?”. Com a simpatia do dia anterior, uma das raparigas abanou a cabeça. “Não, não. A música é da própria da loja. Não é nossa”.

Mukanda

29.08.2023 | por José Marmeleira