Octopus e Miopia, de Ilídio Candja Candja

EXPOSIÇÃO

Octopus e Miopia é uma exposição que compõe uma selecção de processos e percurso do artista moçambicano Ilídio Candja Candja desde 2014 a 2021, que se estabeleceu na cidade de Porto, em 2006. Fazendo parte de uma geração de artistas que nascem num momento eufórico de Moçambique que culminou com a independência e um processo complexo de descolonização que ainda reclama um espaço de diálogo.

Se o Ilídio Candja nasce em 1976, um ano depois da independência de Moçambique e imprime esta consciência no seu trabalho, pensamos nas gerações pós-25 de Abril em Portugal, mas também dos territórios nacionais em África que estiveram sob domínios coloniais.
No seu processo, retraça o seu embate na tentativa do domínio ou inserção no espaço, imprimindo a sua preocupação com responsabilidade da sua sobrevivência. Com uma urgência e necessidade, desenvolve gestos e formas de organizar o sentido de um mundo exterior “caótico” que possamos apreender pelos sentidos, criando uma linguagem e um espaço imaginário através de uma capacidade de raciocínio abstracto, impregnado a partir de tintas, cores, formas, signos, símbolos, marcas sobre telas, servindo de “mediuniacção” na elaboração consciente para apreensão e construção da realidade em que ele está inserido.

– Rafael Mouzinho, curador

Ilídio Candja Candja, 'África minha'; técnicas variadas; 2018; Cortesia do artistaIlídio Candja Candja, 'África minha'; técnicas variadas; 2018; Cortesia do artista

 

curadoria
Rafael Mouzinho
data
24.04.2021
– 27.06.2021
horário
Terça e sexta: 10h-13h e 14h-18h
Sábado e Domingo: 10h-13h

mais infos.

 

29.04.2021 | por martalanca | EGEAC, Ilídio Candja Candja, Moçambique, pintura

"Formação de professores Primários e Identidade Nacional: Moçambique em tempos de mudança"

Novo livro do autor José de Sousa Miguel Lopes — Formação de professores Primários e Identidade Nacional: Moçambique em tempos de mudança


Inúmeros processos no campo político e educacional que se apresentam em Moçambique e com os quais o autor se viu confrontado mergulham suas raízes em acontecimentos da primeira década de independência (1975-1985), acontecimentos nos quais teve o privilégio histórico de participar ativamente. Vivenciou a agonia e queda do colonialismo, por força de uma luta armada de libertação nacional. Acompanhou in loco o processo que conduziu à independência de Moçambique, bem como as profundas transformações que se seguiram e que levaram o país a se envolver num projeto de construção do socialismo. Encontrou-se, pois, colocado face a face a um processo de ruptura política, econômica e social que vai fazer emergir uma nova nação, atravessada por divisionismos de todo o tipo, como o racismo, o tribalismo, o regionalismo, a opressão da mulher e pelo choque de valores culturais da sociedade tradicional feudal, da sociedade colonial e da nova sociedade socialista que se pretendia implantar.

Na década que precedeu a independência, foi professor primário em várias escolas da Região Sul do país. É nesse período que, progressivamente e de forma muitas vezes contraditória, vão avolumando-se discordâncias em relação ao ensino colonial, quer ao nível de seus pressupostos político-ideológicos, quer no campo pedagógico. Sua experiência de trabalho docente forjou-se, pois, no contato cotidiano com a perversidade do colonialismo, que discriminava a presença de negros, sempre uma minoria nas escolas, e que impunha programas de ensino completamente desligados da realidade.

Contudo, foi no ano de independência de Moçambique (1975) que o autor teve a possibilidade de iniciar, a outro nível, um processo de trabalho no campo de formação de professores primários. Com efeito, nesse ano foi chamado para trabalhar no Ministério da Educação e Cultura, tendo desenvolvido atividades durante cinco anos na Comissão de Formação de Quadros[1], estrutura que tinha por tarefa dirigir a formação inicial e em exercício dos professores do ensino primário (1ª a 4ª classes) em todo o país. Nesse período, foram criados 10 centros de formação de professores primários (um por província), os formadores de professores (instrutores) foram preparados, elaboraram-se os currículos, os programas de ensino, os textos de apoio, selecionaram-se livros didáticos, definiram-se critérios de seleção de alunos, foi elaborado o sistema de avaliação, o regimento do estágio, o regimento interno dos centros de formação de professores primários, definiu-se a articulação com a escola anexa e com a comunidade.

Em 1979, um novo ciclo se abre ao autor, quando foi indicado como Diretor Provincial de Educação e Cultura de Maputo (província que englobava a capital do país), tarefa que foi desempenhada pelo período de cinco anos. Nesse período, intensificou-se a guerra em Moçambique: primeiro, mediante a agressão do regime racista da Rodésia do Sul e, depois, por meio de ação armadas do regime sul-africano. Num contexto de guerra, novos desafios se apresentavam. Como fazer funcionar a educação e todos os outros setores de atividade econômica e social? Como garantir que a nação que estava emergindo não caísse sob novas tutelas, perdendo uma soberania tão duramente conquistada?

Em 1984, foi chamado, de novo, a trabalhar no Ministério da Educação, onde passou a trabalhar por um período de cinco anos, na Direção Nacional de Formação de Quadros de Educação. Essa estrutura passou a dirigir a administração unitária do Subsistema de Formação de Professores e a formação e aperfeiçoamento dos técnicos de educação. Assistiu-se, nesse período, a uma intensificação sem precedentes da guerra de agressão movida pelo regime do apartheid. De novo, emergiram reflexões sobre a edificação do homem moçambicano e da sociedade pluricultural em que ele se encontrava inserido. Eram várias as etnias, várias as línguas, em suma, várias culturas num mesmo espaço geográfico chamado Moçambique.

Todas essas questões acabaram por fazer emergir novos desafios no sentido de definir o que configura a identidade nacional e sua relação com a educação. É todo o envolvimento com o processo descrito que incitou o autor a penetrar de forma mais profunda e elaborada nas inúmeras facetas que estão presentes no binômio formação de professores primários/identidade nacional nos primeiros 10 anos de independência de Moçambique.

Como enfrentar, no campo social, o ressurgimento de antigos divisionismos (de ordem tribal, racial e de gênero) que poderiam pôr em causa o projeto de construção da nação moçambicana? Qual papel cabe à educação e, em particular, aos educadores?

Este livro, de 336 páginas, vai, por um lado, procurar cobrir a exiguidade de estudos que abordem essa problemática no caso moçambicano e, por outro, vai tentar oferecer subsídios para aqueles que acreditaram/acreditam na construção de uma sociedade livre, justa e soberana, onde, entre outras coisas, a educação e, em particular, a formação de professores primários, possam, de algum modo, contribuir para a formação da cidadania, sem prejuízo da diversidade cultural presente no tecido social moçambicano.

Ao analisar o caso moçambicano, procurou priorizar, no campo educativo, a vertente da formação de professores primários, pois é essa vertente que é decisiva para a formação da identidade nacional.

Nenhuma medida política para o problema da formação da identidade nacional será bem-sucedida se ela não conduzir a uma clara emancipação econômica para a maioria dos seus habitantes, se não assegurar um desenvolvimento nacional equilibrado. Na persecução desse princípio, a formação de professores primários, ainda que de forma modesta, poderá dar o seu contributo.

28.04.2021 | por Alícia Gaspar | educação, identidade nacional, José de Sousa Miguel Lopes, livro, moçambicanidade, Moçambique, professores, sistema educativo

Cinemas pós-coloniais e periféricos - ebook

Este é o terceiro volume da série de publicações  intitulada Cinemas pós-coloniais e periféricos, produzida no âmbito do GT homônimo da Socine – Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual. Esta rede de pesquisadores dedica-se aos estudos pós-coloniais a partir do cinema e suas implicações políticas e estéticas no campo das artes em geral.

De acordo com pensadoras e pensadores latino-americanos, como Maria Lúgones, Walter Mignolo e Nelson Maldonado-Torres, o discurso central da suposta universalidade do projeto da modernidade trouxe como consequência a eliminação de saberes e culturas locais, ancestrais, comunitárias e não industriais ligadas aos antigos povos originários. A justificativa utilizada para tal epistemicídio corresponde à celebração da participação de tais grupos na “civilização ocidental” moderna, cuja composição social é marcada pelo racismo estrutural. Portanto, o que é entendido como periférico, subalterno ou marginal revela-se como um importante aparato, uma construção social amplamente demarcada pelo biopoder, um tipo de poder regulador de vidas (e de mortes) bem como um índice de determinação das ficções e das representações acerca da vida do “outro”.

É nessa ampla corrente epistêmica, intelectual e política dos estudos pós-coloniais que esta coletânea se insere, uma área interdisciplinar que agrega vários saberes das Humanidades, desde a Crítica Literária aos Estudos Artísticos. Grande parte dos pesquisadores e pesquisadoras reunidos tanto neste volume quanto nos dois anteriores mostra um esforço inédito no campo do cinema, no caso do Brasil, no questionamento de nossa historiografia, filmes, bibliografias e referências canônicas.

Download do livro disponível aqui.

23.04.2021 | por Alícia Gaspar | cinema, civilização ocidental, colonialismo, cultura, ebook, pós-colonialismo, racismo estrutural

SINTIDUS: chamada para artigos | número especial natureza-sociedade

SintidusRevista de Estudos Científicos e Interdisciplinares da Universidade Lusófona da Guiné abre chamada para artigos para aquele que virá a ser o número especial natureza-sociedadeA chamada para artigos permanecerá aberta até 15 de junho de 2021.


A interface natureza-sociedade tem sido amplamente discutida através de diferentes perspetivas interdisciplinares e tem merecido renovada atenção no âmbito do presente contexto climático. Este número especial pretende refletir sobre o cruzamento entre a sociedade e a natureza no contexto dos desafios socioecológicos contemporâneos tendo a Guiné-Bissau como foco agregador.

A contemporaneidade guineense é marcada por fenómenos, processos e contextos que servem de inspiração a esta chamada para artigos, mas que não esgotam as possibilidades de análise.

Entre eles nomeamos alguns que julgamos importantes para contribuir para pensar a sustentabilidade, a justiça ambiental e a coexistência, tais como:

(a) a pesca, diversa relativamente aos tipos e esforços de captura, é uma importante fonte de receita nacional e importante fonte de alimento e de renda;

(b) a produção de castanha de caju, também relevante do ponto de vista da geração de receita nacional e familiar, transformou consideravelmente as paisagens socioambientais;

(c) a desflorestação e a exploração capitalista de recursos florestais, mencionada várias vezes nos meios de comunicação, tem merecido menos atenção pela academia;

(d) as dimensões socioecológicas das áreas protegidas, que atualmente representam uma parte considerável do território guineense, aparecem como fundamentais para a continuidade dos modos de vida rurais;

(e) a interação entre humanos e não-humanos em contextos agroflorestais é relevante para delinear futuros de coexistência;

(f) a expansão urbana apresenta desafios à ecologia e agricultura urbanas;

(g) a gestão de resíduos formal e informal, e as suas possibilidades de processamento, são cruciais à salubridade do espaço público;

(h) o aquecimento global e as alterações climáticas colocam sérios riscos à agricultura e modos de vida tais como os conhecemos;

(i) o extrativismo e os grandes empreendimentos infraestruturais acarretam impactos socioambientais e, por fim;

(j) os saberes ecológicos locais e tradicionais, e sua relação com outros saberes, merecem ser perspetivados através da noção de justiça cognitiva. Perspetivas da ecologia política, ecologia humana, história, antropologia e sociologia ambientais, e outras afins são bem-vindas.

A chamada para artigos para este número especial permanecerá aberta até 15 de junho de 2021Solicitamos envio de artigos para sintidus.revista@gmail.com. As normas para autores podem ser consultadas em http://sintidus.blogspot.com/p/instrucoes-para-autores.html

A organização deste número especial conta com a participação de Ilsa Cá e Sá (Centro de Estudos Sociais Amílcar Cabral, CESAC), Joana Sousa (Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra, CES-UC), Raul Fernandes (Universidade Amílcar Cabral, UAC) e Rui Sá (Centro de Administração e Políticas Públicas - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa, CAPP/ISCSP).

22.04.2021 | por Alícia Gaspar | chamada para artigos, Guiné Bissau, natureza, revista, revista de estudos científicos e interdisciplinares, Sintidus, sociedade

A new biography of one of Africa’s seminal anti-colonial thinkers and activists

On 20 January 1973, the Bissau-Guinean revolutionary Amílcar Cabral was killed by militants from his own party.

Despite Cabral’s assassination, Portuguese Guinea became the independent Republic of Guinea-Bissau. The guerrilla war that Cabral had started and led precipitated a chain of events that would lead to the 1974 Carnation Revolution in Lisbon, toppling the forty-year-old authoritarian regime. This paved the way for the rest of Portugal’s African colonies to achieve independence.

Written by a native of Angola, Amílcar Cabral: The Life of a Reluctant Nationalist narrates Cabral’s revolutionary trajectory, from his early life in Portuguese Guinea to his death at the hands of his own men. Using recently opened state security police archives, the book details his quest for national sovereignty, beleaguered by the ethnic-based identity conflicts the national liberation movement struggled to overcome. Through the life of Cabral, António Tomás critically reflects on existing ways of thinking and writing about the independence of Lusophone Africa. 

António Tomás is Associate Professor in the Graduate School of Architecture at the University of Johannesburg. He holds a PhD in Anthropology from Columbia University, in New York. He has worked as a journalist in Angola and Portugal and has written extensively on issues related to Lusophone Africa.

20.04.2021 | por Alícia Gaspar | activist, Africa, Amílcar Cabral, anticolonialism, history

Ciclo Mundos 2021 - 27 de Abril

LUCA ARGEL | Samba de Guerrilha


 Cantor e compositor brasileiro vem para Portugal em 2012. É mestre em Literatura pela Universidade do Porto. Divide o tempo entre os palcos e outros projectos, como trilhas sonoras para dança e cinema, programas de rádio e podcasts dedicados à música brasileira. Tem livros de poesia publicados no Brasil, Espanha e em Portugal. Um deles foi semifinalista do Prêmio Oceanos 2017, considerado um dos prêmios literários mais importantes entre os países de língua portuguesa. 

Samba de Guerrilha que vai apresentar pela primeira vez ao vivo no Teatro da Trindade é o seu quarto disco. Um álbum conceptual em que o músico radicado no Porto traça a história política do samba, lembrando os “protagonistas esquecidos” da luta contra a escravatura e a ditadura militar e onde presta homenagem aos intérpretes que tentaram fazer frente ao racismo estrutural do país.

 

20.04.2021 | por Alícia Gaspar | Brasil, ciclo mundos 2021, concerto, luca argel, Portugal, samba de guerrilha

Companhia de Dança de Almada celebra o Dia da Dança dentro e fora de portas

Para assinalar o Dia da Dança celebrado a 29 de abril, em 2021 a Companhia de Dança de Almada (Ca.DA) aceitou o desafio de se mostrar fora de portas, ao mesmo tempo que apresenta novos talentos à sua cidade natal.

CaDA. Escola.CaDA. Escola.

O programa comemorativo inicia-se a 22 de abril, com a estreia de um espetáculo composto por criações de Maria José Bernardino, Raquel Tavares e Luís Malaquias, coreógrafos residentes nesta cidade, que há vários anos têm demonstrado o seu valor e potencial artístico. O programa tripartido “Amebas Traidoras” + “Gifted” + “Cinza”, da Companhia de Dança de Almada, pode ser visto no Auditório Fernando Lopes-Graça, em Almada, pelas 21h.

A 24 de abril, integrado na primeira edição do festival “Borders of Nature - Borders of Culture” organizado pela companhia Polski Teatr Tańca - Polish Dance Theatre, é apresentado online o videodança “Sete Dias de Inverno”, realizado por Henrique Pina, a partir da coreografia de Bruno Duarte. O videodança pode ser visto durante 48h, com acesso livre, na plataforma VoD do Polish Dance Theatre. Mais informações em http://ptt-poznan.pl/pl/timeline/en

Por sua vez, a 29 de abril em S. João da Madeira, está prevista a apresentação da Companhia de Dança de Almada na “A Cidade Dança”, evento com a curadoria de São Castro. As performances “Marvel”, de Luís Marrafa e “Noir”, de Bruno Duarte compõem um programa bipartido, a ver na Casa da Criatividade, pelas 19h.

Em Almada, o Dia da Dança é assinalado com um espetáculo dedicado a jovens intérpretes formados na Ca.DA Escola. Resultante do trabalho das disciplinas de Repertório Clássico e Dança Contemporânea, o programa foi desenvolvido pelos alunos do Curso Básico e Secundário de Dança (ensino articulado) e do Curso Vocacional, sob a orientação dos professores Maria Franco, Carla Albuquerque e Bruno Duarte. Para ver no Auditório Fernando Lopes-Graça, em Almada, às 21h.

Celebrado desde 1982, a 29 de abril, o Dia da Dança foi instituído pelo CID - Conselho Internacional de Dança, Unesco. É assinalado em todos os países do mundo por milhões de bailarinos, tanto profissionais como amadores. Tem como propósito chamar a atenção para a arte da dança.

CaDA. Comemoração do dia mundial da dança. Pedro SoaresCaDA. Comemoração do dia mundial da dança. Pedro Soares

Amebas Traidoras. CaDA. Joana Casado.Amebas Traidoras. CaDA. Joana Casado.

22 abril | 21:00

Auditório Fernando Lopes-Graça, Almada

Amebas Traidoras + Gifted + Cinza | ESTREIA

Companhia de Dança de Almada

informações e reservas: auditorio@cma.m-almada.pt, 212 724 927/20 (4.ª a 6.ª-feira, das 14h30 às 18h, sáb., das 15h às 18h)

preço do bilhete: 6 euros (-50% para jovens e seniores)

24 abril | 19:00 (hora em Portugal)

Plataforma VoD em https://www.vod.ptt-poznan.pl/

Sete Dias de Inverno (videodança)

Companhia de Dança de Almada

informações: http://ptt-poznan.pl/pl/timeline/en

livre acesso por 48 horas

29 abril | 21:00

Auditório Fernando Lopes-Graça, Almada

Comemoração do Dia da Dança

Ca.DA Escola

informações e reservas: escola@cdanca-almada.pt | 212 500 145 (2.ª a 6.ª-feira, das 16h às 20h)

preço do bilhete: 2,5 euros (preço único)

29 abril | 19:00

Casa da Criatividade, S.João da Madeira

Marvel + Noir

Companhia de Dança de Almada

informações: casadacriatividade@cm-sjm.pt | 962 145 716

CaDA. Cinza. Joana Casado.CaDA. Cinza. Joana Casado.

20.04.2021 | por Alícia Gaspar | Almada, arte, corpo, dança, dia da dança, evento

CIAJG | Novo Ciclo de Exposições: "Nas margens da ficção"

No próximo dia 16 de abril, às 17h00, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) dá início a um novo programa artístico do museu, intitulado Nas margens da ficção, com curadoria geral de Marta Mestre, que será assinalado pela inauguração de 8 exposições inéditas com intervenção de vários artistas e novos diálogos com a coleção permanente de José de Guimarães. As novas exposições poderão ser visitadas gratuitamente no dia de abertura até às 21h00. 

“Nas margens da ficção” sucede a “Para além da história” (2012-2020), programa com a autoria de Nuno Faria e que fundou o carácter reflexivo e curatorial do CIAJG, definindo a sua matriz de exposições inéditas inspiradas nas especificidades do acervo do museu, do território e do mundo.

Os caminhos da ficção, tal como pensados neste novo programa, continuam o carácter reflexivo do CIAJG, ao mesmo tempo que apontam para alternativas à experiência da História. A dimensão subjetiva e irregular da ficção, tal como aqui é entendida, diz respeito ao museu em primeiro lugar. Espaço tradicional da purificação dos discursos, mas também crise entre objetos, subjetividades e ideias, importa repensar o seu sistema de montagem (a tesoura, que aparece amiúde no trabalho de José de Guimarães, é uma das imagens-guia do programa). 

De baixo para cima, do piso -1 ao piso 1, as Exposições que agora se inauguram percorrem várias dimensões da ficção e vão para além da mesma. O tema “fundacional” do Colosso de Pedralva, um caso local de arqueologia especulativa que institui a história como anedota. Um teatro de personagens insólitos, de Fernão Cruz. A máquina do mito, com Horácio Frutuoso, José de Guimarães, Kiluanji Kia Henda, Manoel de Oliveira e Anna Francheschini. As verdades e as ficções do “pasado”, com Rodrigo Hernández. Néons de letras e a desconstrução do signo, por José de Guimarães. “Cosmic Tones”, de Francisca Carvalho. O cinema de Sarah Maldoror em curto-circuito com a Sala das Máscaras. A transmissão e a emancipação nas “maternidades” africanas da coleção de José de Guimarães, e no trabalho de Yasmin Thayná, Maria Amélia Coutinho e Carla Cruz. As tradições do contar e do narrar dos povos de Cabinda em articulação com o “Alfabeto Africano” de José de Guimarães.

Para assinalar este momento, editamos um “Glossário para Nas margens da ficção”, que pode ser descarregado como PDF. Conta com verbetes de autores e autoras de várias nacionalidades, textos inéditos e republicações, tais como, “Monstros” (Eduarda Neves), “Máquina Mitológica” (Vinicius N. Honesco), “FC/SF - Especulações sobre uma ficção científica tecno-afro-xamânica-feminista” (Patrícia Mourão e Luiza Proença), “Anedota” (Eduardo Sterzzi), “Pangolim” (Sénamé Koffi Agbodjinou), “Realidade” (Matheus Rocha Pitta), “Ficção” (Tatiana Salem Levy), “Museu para o séc. XXI” (Pollyanna Quintella), “Narrador Narrações” (José Marmeleira), “Oralidade” (Tiago Pereira), “Storytelling e Antropologia” (Filipe Verde), “Talismã” (Marta Mestre), “Fim do Mundo” (Yuri Firmeza), “Especulação” (Musa Paradisíaca), “Diorama” (Marta Jecu), Bestiário VII. Colosso Colossal (Pedro G. Romero), entre outros.

Há ainda para descarregar em PDF o Jornal de Exposição com os textos de sala e contribuições da artista Carla Cruz e de João Pedro Sousa (Bolsa de investigação em Antropologia CRIA. ISCTE/ CIAJG. Oficina _ FCT).

NAS MARGENS DA FICÇÃO

SALAS 1 – 8  
COLEÇÃO 
José de Guimarães  
Arte Africana  
Pré-Colombiana  
e Antiga Chinesa  

SALA 2  
MISTÉRIOS DO FOGO  
A música portuguesa a gostar dela própria  

Carla Cruz  

José de Guimarães  
Maria Amélia Coutinho  
“Maternidades” africanas da coleção de José de Guimarães  
Yasmin Thayná  

SALA 3  
SALA DAS MÁSCARAS CONVIDA…  
Sarah Maldoror  

SALA 4  
COSMIC TONES  
Francisca Carvalho  

SALAS 5 – 6  
SIGNOS SINAIS  
José de Guimarães  

SALAS 7 – 8  
“PASADO”  
Rodrigo Hernández  

SALAS 9 – 11  
MITOS… NON… AVESSO  
Anna Franceschini  
Horácio Frutuoso  
José de Guimarães  
Manoel de Oliveira  
Kiluanji Kia Henda  

SALA 10  
QUARTO BLINDADO  
Fernão Cruz  

SALAS 12 – 13  
COMPLEXO COLOSSO  
Alisa Heil e André Sousa  
Andreia Santana  
Carla Filipe  
Gareth Kennedy  
Jeremy Deller  
José de Guimarães  
Jorge Barbi  
Jorge Satorre  
Lola Lasurt  
NEG: Nova Escultura Galega  
Pedro G. Romero  
SAL Joaquim António Salgado de Almeida  
Taxio Ardanaz  

Curador convidado 

Ángel Calvo Ulloa

Horário 

Terça a Sexta  10h00 – 17h00   
Sábado e Domingo  11h00 – 13h00

13.04.2021 | por Alícia Gaspar | alfabeto africano, Anna Francheschini, ciajg, exposição, história, Horácio Frutuoso, José de Guimarães, kiluanji kia henda, Manoel de Oliveira, marta mestre, Museu, nas margens da ficção

Galeria MOVART apresenta “Matéria Vital” de António Ole

A galeria MOVART reabre portas no dia 15 de abril, quinta-feira, com a exposição Matéria Vital de António Ole. Trata-se da primeira individual do artista de origem angolana em Lisboa desde 2016, ano em que inaugurou a sua importante retrospetiva Luanda, Los Angeles, Lisboa, no Museu Calouste Gulbenkian.

Matéria Vital tem curadoria de Ana Balona de Oliveira e reúne obras de diversos períodos do multifacetado percurso artístico de mais de cinquenta anos de António Ole (Luanda, 1951). “Realizadas em vários meios, da escultura à fotografia, do desenho ao vídeo, estas obras colocam em evidência a atenção que Ole tem dedicado à natureza e aos seus elementos e matérias vitais”, explica a curadora. 

Corpo Fechado - António Ole. Cortesia do artista e da galeria Movart Corpo Fechado - António Ole. Cortesia do artista e da galeria Movart “A terra, a água, o fogo e o ar assumem aqui inúmeras formas que, no seu conjunto, convidam a uma percepção planetária e a uma consciência ecológica não só da coabitação, mas, sobretudo, da interdependência entre formas de vida humana e não-humana (animal, vegetal, mineral) – assunto vital (vital matter), para cuja premência e urgência a própria realidade pandémica veio, mais do que nunca, alertar”, sublinha Balona de Oliveira. “A sobrevivência do humano no nosso planeta dependerá desta consciência profunda, aliada a formas de acção consequentes. As lições a aprender constituirão modos de desaprender a obsessão pelo desenvolvimento e pelo crescimento económicos e pela constante aceleração da produção e do consumo às custas do necessário equilíbrio ambiental”. 

O novo projeto do artista, que é um nome incontornável do panorama angolano e internacional, interpela reflexões sobre a crise ambiental, associadas a dinâmicas de exploração, extração e violência, que persistem globais e coligadas ao sistema colonial. A obra de Ole tem influenciado as gerações mais jovens de artistas de origem africana e apoiado a reconfiguração das histórias da humanidade e, muito em particular, da história de Portugal na sua relação crítica com as culturas e comunidades afro-portuguesas. 

A exposição Matéria Vital poderá ser visitada na MOVART Lisboa até ao dia 9 de junho, de terça a sexta das 10h às 18h30 e ao sábado entre as 10h e as 13h. A admissão no espaço encontra-se limitada a 5 pessoas em simultâneo, é obrigatório o uso de máscara facial e o cumprimento das normas das normas da DGS a respeito do distanciamento social.

***

ANTÓNIO OLE (Luanda, 1951). Estudou Cultura Afro-Americana e Cinema na UCLA (University of California, Los Angeles). Ao longo de cinco décadas, tem desenvolvido um trabalho eclético com recurso ao desenho, pintura, colagem, escultura, instalação, fotografia, vídeo e cinema. Inspira-se na arte tradicional como estímulo para desenvolver um discurso contemporâneo adequado ao seu tempo e circunstância. Os diferentes modos de utilização das práticas expressivas clássicas africanas atravessam toda a sua obra.

Entre as suas exposições individuais mais recentes, destacam-se: António Ole – 50 anos, Passado, Presente e Futuro (2019), Galeria do Banco Económico, Luanda, Angola; Projecto a Solo (2017), Feira de Arte FNB Joburg art Fair, Joanesburgo, África do Sul; Luanda, Los Angeles, Lisboa(2017), Museu Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal; e António Ole. Memória e Esquecimento (2013), Fundação Carlos de Amberes, Madrid, Espanha.

Das exposições coletivas em que participa desde 1967, destacam-se: 57ª, 56ª e 55ª Bienal de Arte de Veneza (2017, 2015, 2013), Itália; Sentido em Deriva (2013), Culturgest, Lisboa, Portugal; Elos de Lusofonia (2011), Museu Histórico Natural, Rio de Janeiro, Brasil; Who Knows Tomorrow(2010), Alte Nationalgalerie, Berlim, Alemanha; Artists in Dialogue (2009) com Aimé Mpane, National Museum of African Art-Smithsonian Institution, Washington DC, E.U.A. O seu trabalho foi premiado em Angola, Portugal e Cuba e encontra-se representado em inúmeras coleções públicas em Portugal, Angola, África do Sul, E.U.A., Alemanha, França e Cuba.  

13.04.2021 | por Alícia Gaspar | Ana balona de oliveira, António Ole, exposição, exposição matéria vital, galeria movart, lisboa, Luanda, panorama angolano e internacional, reabertura

O Riso dos Necrófagos - Teatro GRIOT

Teatro Griot | O Riso dos Necrófagos Teatro Griot | O Riso dos Necrófagos O Riso dos Necrófagos começa nos vestígios da Guerra da Trindade encontrados na ilha de São Tomé, pela encenadora Zia Soares e pelo músico Xullaji, nas bocas dos que a viveram e dos que a ouviram contar, relatos de memórias desfocadas pela passagem do tempo. 

Nesta guerra os mortos foram amontoados em valas comuns ou no fundo do mar, num exercício de violência, perpetrado pelo invasor que acredita que, ao despojar os mortos dos seus nomes, os condena ao esquecimento. Mas para os santomenses, são presenças na ilha como símbolo encarnado e, para celebrá-los, anualmente no dia 3 de fevereiro, cumprem um itinerário ritualístico, desfilando ao longo de várias horas numa marcha amplificadora de falas, cantos, risos e sons que saem de corpos convulsos.

O Riso dos Necrófagos é prolongamento desse percurso celebratório, entrópico, onde os atuantes manipulam tempos e imagens, desossam e riem do delírio, reconfigurando os vestígios e os fragmentos do morticínio, a partir da ideia de celebração - a festa, a liturgia e os aspetos ritualísticos do quotidiano.

O Teatro GRIOT é uma companhia de atores cujo trabalho se desenvolve a partir da tensão entre corpo e território, imaginários coletivos e individuais, operando num espaço de intersecção de territórios geográficos e simbólicos como ponto nevrálgico de um movimento artístico de contra-memória.

Agenda:

20 ABR 2021
TER 19:00

21 ABR 2021
QUA 19:00

22 ABR 2021
QUI 19:00

23 ABR 2021
SEX 19:00

Mais informações em Culturgest

10.04.2021 | por Alícia Gaspar | arte, o Riso dos Necrófagos, São Tomé e Príncipe, teatro, teatro griot, Zia Soares