Are you for real?

Are you for real? O cinema Blaxploitation norte-americano e o movimento artístico transnacional (e transplanetário) do Afrofuturismo reescreve as histórias da diáspora africana e da escravatura através de novos paradigmas cosmológicos, mitologias e tecno-futurismos. Numa perspetiva queer observa-se as categorias de poder, como raça, género e sexualidade, e como os fenómenos influenciaram muitas expressões artísticas queer "negras" visuais e musicais, no Reino Unido, EUA ou Jamaica, como a soul, hip hop, rap, bouncing, voguing.

07.07.2015 | por Ricke Merighi e Pedro Marum

«FIEVRES» um filme de Hicham Ayouch

«FIEVRES» um filme de Hicham Ayouch Na sua terceira longa-metragem de ficção, Hicham Ayouch serve-nos este drama urbano com profunda delicadeza, sem condescendência nem julgamentos definitivos, com objetividade, não obstante a beleza transparente com que pinta algumas cenas deste quadro familiar doloroso.

28.06.2015 | por Luísa Fresta

are you for real?

are you for real? Retomamos a visita pelos cinemas queer africanos, prolongando o ciclo Queer Focus on Africa integrado no festival Queer Lisboa do ano passado. Desta vez saímos de África para o mundo americano e britânico, reiterando, assim, uma das premissas da extensão que “o africano”, a “africanidade”, ocupam no AFRICA.CONT – uma força cultural que anda pelo mundo como uma corrente marítima num oceano: faz parte dele mas tem os seus próprios movimentos e temperaturas, na bela imagem de Achille Mbembe. Ficamos certamente com vontade de conhecer as configurações que essa corrente toma nas suas diásporas centro e sul-americanas, europeias e asiáticas.

25.06.2015 | por José António Fernandes Dias

Ruy Guerra e o Pensamento Crítico das Imagens

Ruy Guerra e o Pensamento Crítico das Imagens Mueda, Memória e Massacre debruça-se sobre a memória sensível do colonialismo, uma contra-memória. Guerra interessa-se pela forma como o sistema colonial agiu sobre os corpos colonizados, deixando neles marcas (vestígios, restos). Nesse sentido, procede a uma reconstituição sensível das condições perceptivas e cognitivas do colonizado no sistema colonial. Os corpos e o olhar - o seu movimento - são aqui memória. O filme apresenta uma estética do sensível e da memória, enveredando ainda por uma pesquisa de contornos antropológicos dos sujeitos coloniais.

11.06.2015 | por vários

Entrevista com Ike Bertels sobre o filme “Guerrilla Grannies"

Entrevista com Ike Bertels sobre o filme “Guerrilla Grannies" Aprendi com a força delas a nunca desistir, continuar. Achei muito importante foi a forma como elas mostraram que podiam continuar a viver sem o apoio de homens, mesmo estando sozinhas a cuidar, não só da própria família, mas da família alargada.

25.05.2015 | por vários

«BOBÔ» ponto de confluência da condição feminina

«BOBÔ» ponto de confluência da condição feminina Bobô é o futuro, a menina que se nega à crueldade cega de uma tradição nefasta (embora já proibida por lei na Guiné Bissau, é uma prática que assenta em convicções amplamente difundidas e portanto difícil de erradicar apenas através do formalismo da Justiça). Ela representa também o passaporte de Sofia para o mundo real, com a sua dose de contradições e de dramas palpáveis, alguns deles evitáveis. Bobô é, finalmente, o livre arbítrio, a liberdade, o factor de união entre mundos díspares e distantes. O ponto de confluência da condição feminina.

06.05.2015 | por Luísa Fresta

A respeito da Violência

A respeito da Violência A RESPEITO DA VIOLÊNCIA é, simultaneamente, um documentário baseado em material de arquivo que abrange os momentos mais ousados da luta de libertação no Terceiro Mundo e uma exploração dos mecanismos de descolonização através de excertos de Os Condenados da Terra, de Frantz Fanon.

24.04.2015 | por vários

«MORBAYASSA», um filme de Cheick Fantamady Camara

«MORBAYASSA», um filme de Cheick Fantamady Camara Cheick aproveita aqui para nos dar uma imagem a vol d’oiseau de várias maleitas que inquinam o desenvolvimento das sociedades em geral, neste caso no contexto urbano africano: fala-se sobretudo de corrupção e de tráfico de influências, de sede desmedida de poder, de violência contra mulheres.

20.04.2015 | por Luísa Fresta

«O Espinho da Rosa»

«O Espinho da Rosa» Desfilam sob os nossos olhos traumas de guerra, mentes psicopatas, comportamentos perversos, crenças e tradições, como a figura aterradora da dama Pé de Cabra. O filme cativa sobretudo pela capacidade de surpreender e prender sem se tornar num equívoco ou num emaranhado de situações demasiado ambíguas ou previsíveis.

13.04.2015 | por Luísa Fresta

As memórias da guerra no documentário “Independência”

As memórias da guerra no documentário “Independência” O projecto “Angola nos Trilhos da Independência“ tem atiçado a curiosidade de muita gente. Foram 57 meses, 900 horas de material audiovisual recolhido em território angolano e internacional, que contem cerca de 700 depoimentos de protagonistas da luta anticolonial. Tudo isto destinado a preservar a memória de um período na História que diz respeito a Angola e à luta de todos os povos sob ocupação colonial cujas memórias padecem ainda de ser registadas e pensadas.É uma epopeia de grande fôlego que implicou muitas viagens, adversidades, muita poeira e entusiasmo. Através dele, a equipa (e futuramente nós) ficou a conhecer um país sob todas as suas diversas camadas. O resultado sai em 2015 na senda das comemorações dos 40 anos da Dipanda.

07.01.2015 | por Marta Lança

AfrikPlay | Filmes à Conversa Migrações e fronteiras

AfrikPlay | Filmes à Conversa Migrações e fronteiras Em sentido lato, uma fronteira é uma linha imaginária que delimita o território (terrestre, fluvial, marítimo e aéreo) de um determinado Estado, separando-o de territórios adjacentes. Dentro de cada um dos limites criados vigora um ordenamento político e jurídico, específico e autónomo, diferente daquele possível de encontrar “do outro lado”. Esta percepção vigorou até aos finais do século XX, quando o fim da “Guerra Fria”, o incremento do processo de Globalização, a crescente cooperação económica internacional e o desenvolvimento de instituições supranacionais trouxeram novas abordagens sobre o tema. As fronteiras foram então condenadas por vários teóricos a um “quase desaparecimento”, devido ao fluxo cada vez maior de pessoas, bens e serviços entre vários países, e mesmo continentes, e que contribuiu para cimentar o princípio de que as fronteiras não são linhas fixas ou barreiras

14.11.2014 | por Marta Patrício

Jean Rouch: o cineasta da máquina de escrever ou o escritor da câmara de filmar

Jean Rouch: o cineasta da máquina de escrever ou o escritor da câmara de filmar Numa parte significativa da sua obra cinematográfica de investigação etnográfica, Jean Rouch estuda exaustivamente o misterioso sistema cosmológico da cultura Dogon (no Mali), as batalhas fluviais dos pescadores Sorko com os hipopótamos (no Níger), as perseguições aos leões protagonizadas pelos caçadores Gaos (no Níger).

03.09.2014 | por Rui de Almeida Paiva

O Tabu da História

O Tabu da História A produção e recepção de imagens do passado − como do presente ou do futuro −, seja ela mais habitada por desejos de ficção ou de realidade, encerra aspirações de autonomia por parte de quem as cria e de quem delas se apropria. Mas será mais autónoma a produção (e a recepção) que se remete para um sistema auto-referencial do que a que a si mesmo se confronta com as múltiplas incrustações nos contextos históricos em que nasceu e em que actua? Reflexões a propósito do filme Tabu, de Miguel Gomes.

28.01.2014 | por Nuno Domingos

Entrevista a Fonseca e Costa

Entrevista a Fonseca e Costa Ainda antes de os filmes terem sido usados, em Angola, como uma arma pelos movimentos de libertação, já um cinema de causas – militante – ensaiara um contributo para a criação de um verdadeiro cinema angolano. Será abusivo afirmar que a primeira causa do movimento cineclubista em Angola foi a de, através da educação para o cinema e pelo cinema, criar um cinema angolano?

18.12.2013 | por Maria do Carmo Piçarra

Revolução e cinema: o exemplo português - chamada de trabalhos

Revolução e cinema: o exemplo português - chamada de trabalhos O cinema português contemporâneo defronta-se com a questão de como representar a revolução, de como reactivar o tempo da revolução no presente, presentificando-a, arrancando-a ao distanciamento do passado e do arquivo e conferindo força política objectiva e crítica às imagens do 25 de Abril. Se a travessia da história constitui uma operação crítica por excelência e se o método historiográfico comporta necessariamente um processo de identificação com os acontecimentos do passado, para os cineastas portugueses, sobretudo para aqueles que cresceram ou nasceram depois do 25 de Abril, a existência de um tão vasto arquivo e de um corpus cinematográfico extraordinário coloca o problema mais além de qualquer historicismo.

27.10.2013 | por Raquel Schefer

Um Fim do Mundo - no cinema em Lisboa e Setúbal

Um Fim do Mundo - no cinema em Lisboa e Setúbal Um dia na praia, antes das férias de Verão. Uma rapariga acabada de chegar que provoca curiosidade. Um rumor. Um desses dias que não acabam. Uma falha no sistema de distribuição de electricidade - um apagão - talvez se trate de um acidente, talvez seja só um pretexto para passar uma noite juntos.

09.10.2013 | por autor desconhecido

Cinema em Angola não era angolano

Cinema em Angola não era angolano Este livro é, por isso, um documento pioneiro e imprescindível para o estudo do cinema angolano (e também lusófono e colonial). Esperamos que o trabalho futuro dos investigadores Maria Carmo Piçarra e Jorge António continue (e continue a ser financiado) porque é com expectativa que aguardamos os volumes futuros. Porque não estamos só a falar de cinema per se. Sobretudo no caso de Angola, ao falar de cinema (do que há, do que não há, do que houve e do que se perdeu) estamos também a falar de movimentos históricos, de relações internacionais, de relações de poder, de olhares internos e externos sobre fenómenos económicos, sociais ou outros, de política e (sobretudo) de ideologia. Há escolhas, há olhares e há história(s) que têm de ser resgatados e estudados.

23.08.2013 | por Raquel Ribeiro

A batalha de Tabatô

A batalha de Tabatô Para a maior parte das pessoas a Guiné é apenas o terceiro país mais pobre do mundo. Coincidência ou não as suas ilhas foram dos primeiros lugares a ser descobertos (e comercializados) pelos portugueses e a escravatura o seu primeiro negócio. Voltar hoje à Guiné é encontrar os rastos deste trauma colectivo, é encontrar a apregoada auto estima da população a "menos que zero". E no entanto... no centro da Guiné passa-se algo de extraordinário. Encontramos a ideia deste projecto não na Guiné (onde nunca tinha estado) mas em Berlim. Um jovem alemão, violinista, sonhava viajar para a Guiné para aprender Djembé (tambor de bater com as mãos). Isso apanhou-me logo de surpresa, porque quando era pequeno, em África, os nossos pais mandavam os filhos para a Alemanha para aprenderem violino: agora são os jovens alemães que sonham aprender música em África (?!)

17.06.2013 | por João Viana

João Viana, a felicidade numa sala de cinema

João Viana, a felicidade numa sala de cinema ECAScreening5: Foi em África que decidiu que ia ser cineasta, foi em África que filmou A Batalha de Tabatô, foi África que lhe deu uma menção especial no Festival de Berlim. João Viana, dez anos depois da primeira curta, sente estar a viver “um filme” e não quer embandeirar em arco com a recepção à sua primeira longa.

16.06.2013 | por Jorge Mourinha

O retorno aventureiro ao cinema do Níger pelo olhar de Moustapha Alassane

O retorno aventureiro ao cinema do Níger pelo olhar de Moustapha Alassane ECAScreening4: Alassane constrói uma sátira ao mostrar-nos como o cotidiano vivido pelos cowboys das ficções é conflitante com a vida dos jovens da aldeia. O final que o autor escolhe para o filme cria para o novo conflito produzido pela presença dos cowboys na aldeia uma solução que nos mostra como “as diferenças entre as culturas colonizadora e colonizada permaneçam profundas nunca operaram de forma binária”. Hall defende que não se deve designar a transição no sentido de reforçar a ideia de um “antes” e um “agora”, mas reler os binarismos como forma de transculturação, de tradução cultural que se destinam a perturbar os binarismos culturais do tipo aqui/lá.

11.06.2013 | por Cristina dos Santos Ferreira