"Passageiros da Liberdade" de STANLEY NELSON

"Passageiros da Liberdade" de STANLEY NELSON Em 1961, com todas as "leis" segregacionistas no sul dos E.U.A. que, entre outras barbaridades, não permitiam que negros e brancos dividissem do banco do ônibus aos bebedouros e assentos em bares e restaurantes (relacionamento amoroso nem pensar), um grupo de negros e brancos, homens e mulheres, ingressam em ônibus de turismo para chegar a Nova Orleans passando pelos Estados mais racistas da América.

27.09.2010 | por Clementino Junior

Terra Sonâmbula

Terra Sonâmbula A estória começa quando Menino e Tio, fatigados de andar pelas estradas de terra batida do interior Moçambicano, correndo para uma periferia longe do ruído das minas e das bombas, encontram um machibombo, um autocarro perdido e carbonizado depois de ter sido pilhado por marginais.

20.09.2010 | por Rui Manuel Vieira

Non, ou a Vã Gloria de Mandar

Non, ou a Vã Gloria de Mandar é no entretecer desta disputa ideológica que o filme vai evocando os factos e figuras que marcaram a construção da nossa identidade como povo. De forma exemplificativa, a própria figura de Viriato é perspectivada como a de um “patriota trágico” , que não compreendia as vantagens civilizadoras da romanização. Por analogia histórica, serve o episódio de Viritato para despoletar uma discussão mais actualizada sobre o sentido da herança colonial em territórios africanos.

20.09.2010 | por Mariana Brito

Non, ou a Vã Gloria de Mandar

Non, ou a Vã Gloria de Mandar No princípio é a vontade de desenterrar a História oficial para escovar a mitologia pátria a contra-pêlo. Da epopeia à tragédia, o programa de NON mais não é do que um virar de Os Lusíadas ao contrário. Trata-se de pesar o destino da “primeira nação da Europa”, não à luz das suas vitórias militares – e a História, como o nota Benjamin, costuma ser contada pelos vencedores –, mas a partir das batalhas perdidas.

20.09.2010 | por António Preto

Dockanema 2010

Dockanema 2010 Desde o seu lançamento que o Festival propõe-se oferecer, aos diferentes públicos da cidade de Maputo, a dupla oportunidade de se confrontarem com parte do melhor que se faz no mundo do cinema, no seu género documentário, e poderem fazer uma pausa na vulgaridade audiovisual que lhes é oferecida o resto do ano.

20.09.2010 | por Pedro Pimenta

Dockanema: a realidade surpreendida e reinventada

Dockanema: a realidade surpreendida e reinventada No conjunto das disciplinas artísticas, e não só, que perseguem a representação da realidade, o documentário é, certamente, uma das que mais interrogações provoca. Tradicionalmente virado para um olhar fragmentado do mundo que nos rodeia e do devir do que acontece, o documentário actual coloca-nos problemas e desafios acrescidos quer na tentativa de enquadrá-lo dentro de uma determinada tipologia, quer na interpretação dos significados que dissemina.

20.09.2010 | por Francisco Noa

considerações sobre "A Costa dos Murmúrios"

considerações sobre "A Costa dos Murmúrios" Para falar de África é sempre preciso, primeiro, explicar África, o que é uma pena e muito redutor. Quando queremos falar de África, tratar determinados assuntos, temos que lidar sempre com a terrível culpa de não estar a fazer justiça a nada porque estamos a falar de uma coisa que não é verdadeiramente África mas aquilo que nós conseguimos perceber de África, que é muito pouco. A única maneira de lidar com isso é sacudir essa culpa e pensar que se falarmos de sentimentos e emoções universais, as nossas hipóteses de sermos injustos são mais reduzidas...

10.09.2010 | por Margarida Cardoso

A Costa dos Murmúrios

A Costa dos Murmúrios Se, aparentemente, o discurso da mulher do capitão, Helena, alcunhada de Helena de Tróia pela sua beleza, parece não ser mais do que a expressão do pensamento cruelmente racista do marido, a sua submissão não é total. E é nesse jogo de aparente adesão ideológica àquela guerra que Helena vai revelando os atropelos que os militares cometem e a cumplicidade do tenente Luís, marido de Evita, nos massacres da população autóctone.

10.09.2010 | por Mariana Brito

alheava_filme

alheava_filme A realidade dos portugueses que povoaram e viveram em Moçambique, no período anterior e posterior ao 25 de Abril e a representação é a informação que se guardou, que pertence ao passado, e se reconhece fundida com uma reflexão sobre esse passado, em que nos são transmitidas informações que se foram acrescentando em momentos posteriores, constituindo deste modo um filme visual e mental, feito de registos múltiplos, do que se sabe e do que se pensa que sabe.

10.09.2010 | por Cristina de O Alves

Os Mestres Loucos, 1955

Os Mestres Loucos, 1955 Neste seu trabalho, onde se alicerça todo um programa de prática e pesquisa, Rouch alia o lado brutal de uma arte em busca de empatia com as técnicas do gesto, à vocação de construir, acabar e inacabar – a montagem e a sonorização constituem aqui um verdadeiro tratado de acabamento.

09.09.2010 | por Regina Guimarães

Notas para uma Oresteia africana

Notas para uma Oresteia africana Tratando-se de dois objectos cinematográficos impressionantes e construídos sobre pressupostos ideológicos comuns, 'África 50' de René Vautier é um filme militante sobre a necessária libertação, enquanto que 'Notas para uma Oresteia africana' de Pier Paolo Pasolini, é um ensaio político sobre a invenção da liberdade. São dois filmes que nascem de questões sócio-culturais afins, mas representam movimentos de natureza intelectual e de exigência estética distintos.

04.09.2010 | por João Sousa Cardoso

As estátuas também morrem

 As estátuas também morrem O escândalo da arte africana não estar, à época, representada no Museu do Louvre (onde as grandes tradições artísticas não-ocidentais foram incluídas), mas no Museu do Homem, resulta num documentário que, mais do que sobre a “arte negra”, reflecte sobre a museologização dos objectos extraídos a uma cultura onde não há museus e, por consequência, sobre as relações de poder – económico, político e simbólico – entre a cultura europeia e as culturas africanas, sob a organização colonial.

01.09.2010 | por João Sousa Cardoso

“Digam simplesmente a verdade”

“Digam simplesmente a verdade”  A minha reflexão incide sobre o modo como se pode fazer cinema em África, à nossa maneira: a maneira como nos mexemos, a maneira como saboreamos, como ouvimos as coisas, como vemos as coisas, a nossa percepção do mundo.

22.08.2010 | por Samba Félix Ndiaye

Ver e fazer filmes, a partir de Cataguases

Ver e fazer filmes, a partir de Cataguases Emídio Jossine, Amâncio Mondlane e Nelson Mondlane vieram “do outro lado do oceano”, de Maputo, directamente para Cataguases. Vamos encontrá-los na “base”, nome de guerra para o galpão onde se aprende, se testa, se erra, se trocam ideias, e se “respira cinema”. Estão a aguardar pelo genérico que finalizará a edição do seu doc “A Espera no Quintal" e, enquanto não chega, falamos sobre o Festival e o cinema do seu país.

22.08.2010 | por Marta Mestre

EDOUARD GLISSANT: UM MUNDO EM RELAÇÃO estreia mundial do filme de Manthia Diawara

EDOUARD GLISSANT: UM MUNDO EM RELAÇÃO estreia mundial do filme de Manthia Diawara A mudança? Passa pela aceitação do Outro na sua opacidade que Gissant reivindica em alto e bom tom, através de uma extraordinária história sobre brócolos de que ele afirma não gostar sem saber porquê! O racista é aquele que recusa o que não compreende. A barbárie é impor ao outro a sua própria transparência. As fronteiras? Deviam ser permeáveis para os migrantes, mas não deviam ser abolidas, para preservar o sabor de cada ambiente.

10.08.2010 | por Olivier Barlet

Espécies de espaços. Lugares, não-lugares e espaços identitários na obra videográfica de Ângela Ferreira.

Espécies de espaços. Lugares, não-lugares e espaços identitários na obra videográfica de Ângela Ferreira. - sobre três vídeos d’Ângela Ferreira « Untitled » (1998), « Pega » (2000), « Joal la Portugaise » (2004). Se a dualidade territorial, indissociável de um certo percurso biográfico, das deslocações constantes entre África - Moçambique e a África do Sul - e a Europa, marca, indubitavelmente, a obra de Ângela Ferreira, é precisamente essa dualidade territorial que vem inscrever a história no espaço indeterminado do discurso videográfico, apontando para questões relacionadas com a geopolítica e remetendo-nos, simultaneamente, para o trabalho de desconstrução da iconografia e do imaginário coloniais e pós-coloniais que vem sendo sistematicamente desenvolvido pela artista.

04.08.2010 | por Raquel Schefer

O último voo do flamingo, de João Ribeiro

O último voo do flamingo, de João Ribeiro Será, pois, necessário ter tempo para se tornar um país. É uma tarefa longa, mas outros flamingos virão. São tão numerosos como naquele primeiro plano do filme. Eles guiam os vivos. Na região de Tizangara, os pescadores chamam-lhes “salva-vida”: basta seguir a sua voz para alcançar a terra quando se está perdido. A doce e bela música de Omar Sosa convida a dar tempo ao tempo.

06.07.2010 | por Olivier Barlet

Papel dos festivais na recepção e divulgação dos cinemas africanos

Papel dos festivais na recepção e divulgação dos cinemas africanos Toda a ambiguidade da ajuda ocidental às cinematografias africanas decorre do fato de que ela carrega boa parte das contradições que cercam as relações do ocidente com o Outro e com as culturas do Outro. (...) O cinema africano continua sendo feito com grande dificuldade, mas festivais dedicados exclusivamente a filmes africanos se multiplicam nos quatro cantos do mundo. Estes festivais internacionais, que poderiam alavancar o lançamento comercial dos filmes realizados por cineastas africanos, acabam funcionando apenas como única oportunidade de exibição pública.

04.07.2010 | por Mahomed Bamba

Recordar Liceu Vieira Dias

Recordar Liceu Vieira Dias Acaba de sair a terceira e última parte da trilogia sobre música popular angolana realizada por Jorge António. Baseado na obra "Estórias para a História da música angolana" de Mário Rui Silva, intitula-se "O Lendário 'tio Liceu' e os Ngola Ritmos", e aborda a figura mítica de Liceu Vieira Dias e o seu grupo Ngola Ritmos, criado no final dos anos 50, representando uma força cultural pioneira na luta contra o colonialismo português. O documentário é uma viagem ao universo criativo de um dos mais notórios compositores de música popular angolana, confirmando a sua originalidade e contributo permanentes na história cultural e sócio-política de Angola. Falámos com o realizador.

12.06.2010 | por Marta Lança

O negro na telenovela, um caso exemplar da decadência do mito da democracia racial brasileira

O negro na telenovela, um caso exemplar da decadência do mito da democracia racial brasileira Examinar a representação dos atores negros em quase 50 anos de história da telenovela brasileira, principal indústria audiovisual e dramatúrgica do país, é trazer à tona a decadência do mito da democracia racial, sujando assim uma bela mas falsa imagem que o Brasil sempre buscou difundir de si mesmo, fazendo crer que a partir de nossa condição de nação mestiça, superamos o “problema racial” e somos um modelo de integração para o mundo.

07.06.2010 | por Joel Zito Araújo