EcoImagens - Festival de Cinema Indígena da Amazônia

Em parceria com o Doclisboao Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra apresenta o EcoImagens - Festival de Cinema Indígena da Amazônia.

O festival, que decorre nos dias 1 e 2 de Junho (15h) na Casa de Cinema de Coimbra e no dia 3 de Junho (19h), na Cinemateca Portuguesaapresenta uma seleção de olhares cinematográficos sobre a Amazônia que se concentra no vínculo dos povos da região com a sua terra, em diálogo com produções indígenas do resto do Brasil. 

Numa época de globalização, desterritorialização e desmaterialização das relações humanas, este cinema chama a atenção para a centralidade dos laços físicos e emocionais com determinados lugares e seres humanos e não-humanos que dão sentido à nossa existência. Nas imagens que estes filmes nos trazem, a Amazônia deixa de ser um lugar longínquo, idealizado e objetificado pelo olhar externo ocidental, e transforma-se numa realidade concreta e palpável através do registo do quotidiano de povos indígenas intimamente ligados aos lugares e seres da sua região.

É através da imagem cinematográfica que as/os cineastas documentam as suas vidas e nos apresentam a sua perspetiva sobre a sua terra, reconfigurando a Amazônia e o Brasil como lugares onde pessoas, animais e plantas convivem há milénios e onde lutam por continuar a co-existir neste mundo ameaçado pela destruição ambiental.

A programação tem a curadoria de Graciele Guarani, Ailton Krenak, Rodrigo Lacerda, Martiniano Neto, Patrícia Vieira e conta ainda com a participação especial de Kamikia Kisêdjê.

Programa

Parentes na Resistência

1 de junho de 2022, 15h00, Casa do Cinema de Coimbra 

Parente – A Esperança do Mundo, de Graciela Guarani
A serpente e a Canoa, de Anne Dantes (em colaboração com Ailton Krenak) 
Última Volta do Xingu, de Kamikia Kisedje e Wallace Nogueira 
Mesa-redonda com: Ailton Krenak, Graciela Guarani e Kimikia Kisedje

Cosmovisões Indígenas

2 de junho de 2022, 15h00, Casa do Cinema de Coimbra

Shuku Shukuwe – A Vida é para Sempre, de Pajé Agostinho Manduca Mateus Kaxinawá e Ikã Nas Bai Muru Huni Kuin
Mulheres Indígenas Universo de um Novo Mundo, de Graciela Guarani
Wotko and Kokotxi – Uma História Tapayuna, de Kamikia Kisedje
Mesa-redonda com: Graciela Guarani, Kimikia Kisedje

Do Presente para o Futuro

3 de junho de 2022, 19h00, Cinemateca Portuguesa

Amne Adji Papere Mba – Carta Kisêdjê para o RIO+20, de Kamikia Kisedje
Nossos Espíritos Seguem Chegando - Nhe’ẽ Kuery Jogueru Teride Kuaray Poty/Ariel Ortega e Bruno Huyer, com Pará Yxapy, Kerechu Miri/Elza Ortega e Pará Reté/ Elsa Chamorro
Nhemongueta Kunhã Mbaraete: Conversas n. 4, de Michele Kaiowá, Graciela Guarani, Patrícia Ferreira Pará Yxapy e Sophia Pinheiro
Mesa-redonda com: Ailton Krenak, Graciela Guarani e Kimikia Kisedje

31.05.2022 | por Alícia Gaspar | amazônia, cinema, Cinema Indígena, ecolmagens, festival de cinema, kamikia kisêdjê

Afropeu | A diáspora negra na Europa, de Johny Pitts

Redescobrir a Europa pelo olhar das comunidades afropeias. Afropeu – A diáspora negra na Europa, de Johny Pitts, é uma viagem pelos locais do Velho Continente onde os europeus de ascendência africana jogam com obediências múltiplas e constroem novas identidades. A obra vencedora do Prémio Europeu de Ensaio 2021, traduzida pelo escritor Bruno Vieira Amaral, chega a Portugal pela Temas e Debates a 2 de junho, e a sessão de lançamento, que conta com a presença do autor e de Bruno Vieira Amaral, acontecerá no dia 4 de junho, às 18h, na livraria Ler Devagar, em Lisboa.
Fascinante e arrebatador, Johny Pitts traz a visibilidade necessária a comunidades negras que continuam a ser silenciadas. De Afropeu – A diáspora negra na Europa resulta um mapa alternativo, que nos leva da lisboeta Cova da Moura, com a sua economia clandestina, a Rinkeby, zona de Estocolmo onde oitenta por cento da população é muçulmana. Johny Pitts visita também a Universidade Patrice Lumumba em Moscovo, onde os estudantes oeste-africanos continuam a aproveitar ao máximo as ligações com a URSS surgidas durante a Guerra Fria, e Clichy-sous-Bois em Paris, onde nasceram os motins de 2005. Seja qual for a geografia, são os afropeus os protagonistas da sua própria história. Com um efeito quase cinematográfico, é notável a maneira como Johny Pitts capta o espírito de cada lugar, fazendo com que a perceção que o leitor tem da Europa seja desafiada e reimaginada.

Sobre o autor:

Johny Pitts, movido pela sua própria história, viajou por vários países europeus (França, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Suécia, Rússia e Portugal) em busca de comunidades negras que não tivessem a visibilidade merecida. Como resultado, Afropeu – A diáspora negra na Europa é um belíssimo estudo sobre a identidade negra na Europa. Venceu também os prémios Leipzig Book Award for European Understanding 2021,Jhalak Prize 2020 e Bread & Roses Award for Radical Publishing em 2020.

O autor vai estar em Portugal para o lançamento do livro e está disponível para entrevistas.

Sessão de lançamento, com a presença do autor e de Bruno Vieira Amaral

dia 4 de junho

18h00

Livraria “Ler Devagar”

Lisboa

30.05.2022 | por arimildesoares | A diáspora negra na europa, Afropeu, Bruno Vieira Amaral, Johny Pitts, lisboa, Livraria ler devagar

Festa do projeto ReMapping Memories Lisboa - Hamburg: Lugares de Memória (pós)coloniais

Com um passeio-áudio à cidade literária, uma festa com leituras visionárias e uma intervenção artística nos ferries entre Lisboa e a margem sul do Tejo, o Goethe-Institut Portugal, juntamente com muitos colaboradores e convidados, celebrou no passado dia 28 de Maio o fecho preliminar do projecto ReMapping Memories Lisboa - Hamburg: Lugares de Memória (Pós)Coloniais. As boas-vindas foram dadas por Susanne Sporrer e Marta Lança, responsáveis pelo projeto.

Decorreu uma tertúlia sob o lema “leituras visionárias”, com contribuições de autores, entrevistados, artistas e ativistas que participaram ao longo dos últimos anos no ReMapping Memories, como Jéssica Falconi, Inês Beleza Barreiros, José Baessa de Pina, Gisela Casimiro, Ariana Furtado, Joaquim Arena, Isabel Castro Henriques e João Pedro George. Com moderação de Mariama Injai.

Após dois anos de reflexão e intervenção sobre as diferentes facetas pós-coloniais das cidades portuárias de Lisboa e Hamburgo, é tempo de entregar o projecto às duas sociedades para que esta troca possa continuar a muitas vozes.

30.05.2022 | por Alícia Gaspar | ativismo, festa do projeto remapping, Goethe institut, pós-colonialismo, ReMappingMemories, tertúlia

11º Congresso Ibérico de Estudos Africanos (CIEA11)

O 11º Congresso Ibérico de Estudos Africanos (CIEA11) vai realizar-se em Lisboa, nos dias 6 a 8 de Julho de 2022 na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O CIEA11 será organizado pelo Centro de História da Universidade de Lisboa (CH-ULisboa).

Desde 1991 e ao longo de dez edições, o Congresso Ibérico de Estudos Africanos (CIEA) constituiu-se como um espaço singular de encontro, partilha e questionamento sobre a produção académica ibérica e internacional no domínio dos Estudos Africanos. O CIEA10 realizou-se em Granada, em Janeiro de 2018, e foi organizado pelo AFRICAInEs: Investigación y Estudios Aplicados al Desarollo, Universidade de Granada.

O 11º CIEA adopta como lema: Trânsitos africanos no mundo global: história e memórias, heranças e inovações.

O Programa do CIEA11 inclui sessões plenárias – 3 oradores principais e 3 mesas-redondas – e sessões simultâneas de painéis propostos pelos participantes sob o tema do Congresso.

Está prevista uma sessão plenária final para discutir a criação de uma Associação Ibérica de Estudos Africanos.

Mais informações no site do 11º Congresso Ibérico de Estudos Africanos.

29.05.2022 | por arimildesoares | CIEA, Faculdade de Letras Universidade de Lisboa, heranças e inovações, Trânsitos africanos no mundo global: história e memórias

Manuscrito P. António Vieira S.J. na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

 

Terá lugar, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, a apresentação do manuscrito original da Clavis Prophetarum do P. António Vieira S.J..

Para mais informações poderá consultar a página Oggi Trovato.

Para se inscrever, por favor, clique aqui.

Uma colaboração entre a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
e a Universidade Gregoriana.

 30 de Maio de 2022

16h30

Anfiteatro I 

28.05.2022 | por arimildesoares | apresentação de manuscrito, faculdade de letras lisboa, padre antónio vieira s.j.

Chá de Beleza Afro — Vive o Teu Sucesso!

Chá de Beleza Afro prepara-se para receber cerca de 600 pessoas no maior evento de Afroempreendedorismo e networking feminino de Portugal!

 

Seja uma mulher que levanta outra mulher

Inspirar e ser fonte de inspiração

Sucesso não combina com desculpas

Vais querer o teu chá, com ou sem açúcar?

Junta-te ao Chá de Beleza Afro e sê AfroPower!

O Chá de Beleza Afro prepara-se para bater o recorde de participação e receber cerca de 600 pessoas na sua sexta edição, a realizar-se no dia 04 de junho, no Fórum Lisboa, sob o lema “Vive o Teu Sucesso”. Este é um evento que visa promover o afroempreendedorismo e networking, através de palestras e testemunhos de personalidades que inspiram e são fonte de inspiração. Conta também com momentos musicais de artistas afrodescendentes e com uma homenagem a uma figura de destaque.

O evento que vai decorrer presencialmente, das 14h00 às 20h00, conta com oradoras e oradores de diversas áreas, nomeadamente Romualda Fernandes, da esfera política;  a apresentadora Nádia Silva, a atriz e modelo Ana Sofia Martins e a estilista Roselyn Silva, da moda, entre outras/os do empreendedorismo, coaching, consultoria de imagem, e não só.

O Chá de Beleza Afro é um evento genuinamente inclusivo e representativo que nos últimos anos tem promovido o encontro e aproximação entre a comunidade negra e afrodescendentes que vive e passa por Lisboa. Através da sua dinâmica de relação próxima entre participantes e oradores, este rede tem permitindo a criação de parcerias e sinergias para a valorização e promoção da africanidade em vários domínios, quebrando estigmas e preconceitos sociais em relação às pessoas e certas profissões, e colocando lado a lado, com todo o mérito e humanismo, exemplos tradicionais e improváveis de sucesso.

A escolha do tema “Vive o Teu Sucesso” justifica-se numa altura em que muito se fala de autocuidado, aceitação, autoconhecimento, e cada vez mais temos acesso a informações que nos levam a questionar quem realmente somos e que caminho queremos seguir colocando o sucesso muitas vezes como algo intangível ou condicionado a fatores diversos.“Mas, afinal o que é o sucesso?” A sexta edição vai ajudar a refletir e encontrar respostas sobre isso.

O evento será dividido entre palestras, dinâmicas adaptadas ao tema, testemunhos reais, momentos culturais, proporcionando aos participantes uma tarde rica em debate e acção empoderadora com foco na mulher africana e afrodescendente,mas incluindo todos, independentemente do género ou nacionalidade, que se interessem sobre empreendedorismo, inclusão e humanismo.

Como toda boa festa, haverá música ao vivo e outras performances artísticas.

 Sobre o Chá de Beleza Afro

O Chá de Beleza Afro surgiu com o propósito de conectar mulheres africanas e afrodescendentes.

Há 6 anos, aquando da sua criação não existia nenhum espaço fora da academia que abordasse as problemáticas das mulheres negras. O CBA é um espaço pioneiro que congrega as mulheres negras, dando-lhes voz e contribuindo para a visibilidade e sucesso dos seus projectos de empreendedorismo.

O Chá de Beleza Afro é uma plataforma de networking que visa promover e empoderar as mulheres africanas e afrodescendentes em várias esferas da sociedade,  através de eventos, debates e ciclos de conversas.

Criado por Neusa Sousa, Mestranda em Estudo das Mulheres, Promotora cultural, apresentadora e produtora de Conteúdos do programa bem-vindos da RTP África, o Chá de Beleza Afro vai além deste evento, sendo um movimento de conexão, oportunidades e inspiração entre mulheres e homens, através de histórias de superação e sucesso.

Temas e oradores

Para o painel de oradoras nesta 6ª Edição, trazemos mulheres de diferentes nacionalidades, que se têm destacado nas mais diversas áreas da sociedade e na defesa e promoção das mulheres africanas e afrodescendentes.

●      Quem define sucesso e o que entendemos por sucesso;

●      Sucesso é uma coisa transversal para todos;

●      A visão homogéneo de sucesso;

●      A jornada da mulher no mercado de trabalho;

●      Realidade atual da mulher africana na esfera social, política, económica e na educação;

●      Falta de referência negra nos lugares de decisão;

●      O olhar discriminatório da formação e competências na ótica do sucesso.

●      Sociologia do sucesso

Como participar: Participação mediante inscrição obrigatória.

O valor da inscrição é 25,00€ e a lotação é limitada.

O Pagamento poderá ser feito por transferência bancária pelo NIB 0007 0386 0003 3170 0099 8 (Titular: Ednilze Luiz) ou através do MBWay pelo número 969641760

Os interessados devem enviar o comprovativo para o e-mail: eventochadebelezaafro2021@gmail.com

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Contactos

Neusa Sousa

Tlm 969 641 760

Local

Fórum Lisboa - Av. de Roma 14, 1000-143 Lisboa

26.05.2022 | por Alícia Gaspar | ana sofia martins, chá de beleza afro, comunidade negra, empreendedorismo, nádia silva, negritude, neusa sousa, romualda fernandes, roselyn silva

Plantation Europe: Summer School

Sponsored by The Colour of Labour (ERC AdG 695573) Instituto de Ciências Sociais, Universidade de Lisboa

Convener: Cristiana Bastos, PI, The Colour of Labour

Partners: Associação Terra Batida, Associação Batoto Yetu Portugal, Buala

Logistics: Mari Lo Bosco, adm. The Colour of Labour

Program

MONDAY JUNE 27 (ICS - AUDITÓRIO)

10h00 Opening Session Batoto Yetu, Terra Batida and The Colour of Labour

10h30 Plantation, labor, racializations: an historical and anthropological overview Cristiana Bastos, ICS – ULisboa, The Colour of Labour

11h00 Coffee break

11h30 African enslaved labor and Asian indentured labor: a view from Guyana and the Caribbean Marcelo Moura Mello, UFBA, The Colour of Labour

12h00 The persistence of the plantation: food circuits and migrant labor Seth Holmes, U Berkeley, The Colour of Labour, FoodCircuits

12h30 Lunch Break

14h00 Plantations and cropscapes: the case of rice Tiago Saraiva, Drexel U, The Colour of Labour 14h30 African knowledge and rice cultivation in the Sado region Pedro Varela, CES, U Coimbra Ricardo Ventura, CLEPUL / CEG-UAb

15h00 Break

15h30 The memory of malaria in the rice fields of Alcácer Moónica Saavedra, CRIA – U Coimbra

16h00 The precarious lives of rice workers in Alcácer-Comporta Pedro Prista, CRIA – ISCTE

TUESDAY JUNE 28

Guided field trip to the Sado region, Alcácer, Comporta, rice estates, and landmarks of African memory

WEDNESDAY JUNE 29 (ICS - SALA POLIVALENTE)

9h30 Guidelines for the final report Convener and enrolled students

10h00 Alentejo: An historical-anthropological approach to latifundia, class stratification and change in the Alto Alentejo José Sobral, ICS - ULisboa

10h45 Coffee Break

11h00 Raiva (Sérgio Tréfaut POR/FRA/BRA, 2018, 84 min) Film screening followed by debate

13h00 Lunch Break

14h30 Olives, almonds and water: current trends of unsustainability Pedro Prista, CRIA – ISCTE

15h00 Migrants in the greenhouses: Odemira and the global circuits of capital and labor Catarina Barata, DANT – ICS - ULisboa, Associação Terra Batida Kishor Subba Limbu, DANT- ICS - ULisboa, The Colour of Labour

15h30 Coffee break

16h00 Art and Activism in the Pantationoscene Oil Dourado (Andre Paxiuta) Superintensivo (Marta Lança) Eu nasci aqui, eu sou de cá (Fernando Antunes Amaral) Songs From Another Eden (Sohel Rahman John)

THURSDAY JUNE 30

Guided field trip to the Alentejo, visit to iconic estates and current landscape transformations, Montemor, Évora, Monsaraz, Alqueva

FRIDAY JULY 1 (ICS – SALA POLIVALENTE)

10h00 Reports from the field visits Students break into groups and produce reports on the field visits; collective discussion on the reports

12h30 Lunch break

14h00 The winescapes of Douro and the making of Port as a commodity José Sobral, ICS - ULisboa Marta Macedo, ICS - ULisboa, The Colour of Labour

15h00 The plantationoscene: an overview Tiago Saraiva, U Drexel, The Colour of Labour Marta Macedo, ICS - ULisboa, The Colour of Labour

15h30 Final discussion

All participants

Optional field trips:

FRIDAY JULY 1: departure for Porto for overnight (self-pay); alternative: departure for Odemira (self-pay)

SATURDAY JULY 2: guided field visit to Porto and Douro – optional, self-pay

26.05.2022 | por Alícia Gaspar | Anthropology, associação batoto yetu portugal, associação terra batida, history, labor, plantation, plantation europe, summer school, the colour of labour

Arquiteto e artista guineense Marinho de Pina debate descolonizar a descolonização na Católica

Dia 27 de maio, às 18h30, na Universidade Católica no Porto

“Até onde vão os limites da descolonização e da colonização? Como podemos descolonizar a descolonização, quando os donos do poder são quem controla o discurso?” Estas e outras questões serão temas em debate com Marinho de Pina, arquiteto e artista guineense, que irá encerrar o ciclo de aulas abertas 2022 da Escola das Artes. A sessão vai decorrer no dia 27 de maio, às 19h00, no FabLab do Edifício do Restauro da Universidade Católica, no Porto. A entrada é aberta a toda a comunidade.


O artista convidado pela Escola das Artes, Marinho de Pina, assinou um conjunto de projetos arquitetónicos como a modelação tridimensional e renderização de projeto artístico “Namibia Today” de Kasper König & Laura Horelli para o Pavilhão Alvar Aalto em Veneza (2018), e o projeto da Casa Pina em Bissau, na Guiné-Bissau (2017). Em 2017, venceu o Poetry Slam Lisboa (2017), o Concurso de Ensaios sobre Arquitetura do Departamento da Arquitetura da Universidade Lusófona (2009), entre outros. Assina também duas curtas-metragens: “A Minha Escola” e “Kankuran”, ambos de 2016. Nesta sessão, serão discutidas as possibilidades de considerar factos históricos e presentes moldam os discursos descolonizantes ou que deviam moldar os discursos descolonizantes mas não são considerados.

O programa das Aulas Abertas 2022 da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa no Porto integra artistas, investigadores e ativistas de áreas e contextos distintos. Os encontros têm como objetivo contribuir para os debates contemporâneos que circundam as práticas artísticas e o pensamento crítico. Entre fevereiro e maio, realizaram-se aulas abertas com Luiz Camillo Osorio, Ângela Ferreira, Ulrich Baer, Manthia Diawara, Rosangela Rennó e Jessica Sarah Rinland.

Entrada Livre

Escola das Artes

Universidade Católica Portuguesa no Porto

Rua de Diogo Botelho, 1327, 4169-005 Porto

Para mais informações sobre todos as sessões e artistas convidados, aceda aqui.

24.05.2022 | por Alícia Gaspar | aula aberta, Descolonização, marinho de pina, universidade católica

Lançamento do livro "Quem tem medo das emoções?" de Ana Pais

Escrito, na sua maioria, num lugar sensível, à flor da pele, este livro é uma espécie de abraço. Uma viagem sobre emoções e afectos, que circulam no espaço público, na qual conhecimentos especializados se tornam acessíveis.

Ana Pais é investigadora em artes performativas, dramaturgista e curadora. Nos últimos anos, tem vindo a trabalhar, no contexto das artes performativas, as atmosferas afectivas geradas no espaço público que condicionam a nossa experiência íntima. Nesse âmbito, destacam-se o seu livro Ritmos Afectivos nas Artes Performativas (Colibri, 2018) e os encontros Em Fluxo: sentimentos públicos e práticas de reconhecimento (2019) que comissariou.

A pandemia Covid-19 provocou um choque emocional em todo o mundo, convulsionando a vida como a conhecíamos e contaminando a nossa experiência íntima. Ainda não falámos o bastante sobre ela. Ainda não ganhámos uma maior consciência colectiva sobre como a nossa vida privada é determinada por condicionantes políticas, mediáticas, sociais ou culturais. O livro de Ana Pais Quem tem medo das emoções? reúne episódios em que esses condicionamentos são evidentes fazendo uma ponte com abordagens teóricas contemporâneas, numa perspectiva não de um relato do passado, mas de construção de futuro.

“Parece-me cada vez mais fundamental encontrar formas de lidar com os sentimentos públicos de forma ética e socialmente responsável”, afirma Ana Pais. Nos 16 breves capítulos que constituem este livro, viaja por temas de natureza muito diferente: atmosferas de medo, varandas, Marcelo Rebelo de Sousa, 25 de Abril, mãos, transmissão, abraço, espectáculos… Cada tema é abordado a partir de experiências concretas e situadas com que o leitor se pode imediatamente identificar.

Quem tem medo das emoções? procura tornar conhecimentos especializados sobre emoções e afectos acessíveis a todos. Mostrar a relação determinante entre os afectos que circulam no espaço público e a experiência afectiva privada. É um livro que fala de como o vírus nos mostrou que o outro é vital para a nossa sobrevivência.

Excertos

“Escrevi a maior parte destes textos de um lugar que todos, cada um à sua maneira, habitámos durante a pandemia do Covid-19: um lugar sensível, à flor da pele. Limitado o nosso movimento, a nossa pele expandiu, intensificando emoções. A pele é o lugar de manifestação de sensibilidades para com o outro e para connosco em contexto de alta tensão – contacto e fronteira com o exterior e com o interior. À flor da pele, os nossos nervos explodem face ao que nos surpreende a cada momento: o medo de ficarmos (ou de os nossos ficarem) doentes, o pânico do contágio que se infiltra pelos poros na circulação sanguínea, a irrupção súbita de um soluço quando vemos um vídeo, lemos uma notícia ou escrevemos uma mensagem, a saudade de todos os que amamos. Pequenas explosões que rebentam na pele, diariamente. Esta outra casa agigantou-se à medida que fomos sendo privados do nosso quotidiano habitual, destacando reacções e sentimentos contra o pano de fundo do isolamento ou do cumprimento de funções essenciais. Como uma espécie de tela onde se inscrevem as marcas de um processo individual e colectivo, a pele é a caixa preta deste período nas nossas vidas.” (capítulo Pele)

“Acredito que todos consigamos evocar uma situação em que a impressão da atmosfera foi palpável, desde o impacto de multidões, num estádio de futebol cheio de adeptos, num discurso político em plena campanha ou num concerto de música pop ao vivo, em que as forças do entusiasmo competem, o empenho ideológico vibra ou a admiração pelos músicos se expressa em gritos e ondas de aplausos, até situações do quotidiano em que uma subtil tensão ou, pelo contrário, descontração, pode contaminar o tom emocional de uma reunião de trabalho, de uma palestra ou de um jantar de família ou entre amigos. Estamos, pois, sintonizados com o ambiente afectivo que nos envolve e afecta. Sendo mais ou menos claras, mais ou menos palpáveis, as atmosferas exercem o seu poder sobre nós, sobre os corpos individuais. É esse o poder do contágio.” (cap. Atmosferas Afectivas)

“Ontem o Marcelo falou, mas não percebi nada”, dizia um trabalhador na esplanada do café da esquina, no último dia em que esteve aberto, ou seja, o dia após o anúncio do Estado de Emergência (iniciado a 18 de Março de 2020). E acrescentou: “Só percebi que temos um inimigo e que ele é invisível”. Muito provavelmente, esta foi a ideia que a maior parte da população fixou do discurso do Presidente da República. A outra ideia foi, seguramente, a de estarmos a viver uma guerra, metáfora amplamente utilizada pelos governos para mobilizar as populações, o que, aos olhos da Europa dos nossos dias, parece uma profecia ou uma piada de mau gosto.” (cap. Marcelo)

“Um pensamento é suficiente para envenenar o sangue. É como um pacotinho de chá mergulhado na água a ferver. Inerte e aparentemente inofensivo, o seu conteúdo contamina o ambiente onde submerge. O aroma das plantas vai-se diluindo, serpenteando suavemente em pequenas ondas até que toda a água fica tingida. Em apenas alguns minutos todo o bule fica da mesma cor. O mesmo acontece com os pensamentos, que transformam o tom emocional do nosso corpo. Imaginemos que um pensamento negativo pipoca na nossa mente, dilui-se silenciosamente e mergulha no nosso sistema sanguíneo, sem nos darmos conta. De repente, todo o organismo fica tingido pelas cargas afectivas que esse pensamento transporta e, como um filtro, permeiam todos os nossos comportamentos e acções dali em diante. Adquirimos o tom emocional desse pensamento, mesmo que não estejamos conscientes dele. De que cor está o nosso sangue depois de meses de pensamentos sobre a morte, a doença ou o contágio em infusão constante na mente? E, mais recentemente, em que cor se transmutou ele depois de semanas de exposição a imagens de guerra non-stop? Será que a nossa inquietação vem não só do facto de o conflito estar a acontecer na Europa, mas também da repetição incessante das mesmas imagens, uma e outra vez?” (cap. Varandas)

© Vitorino Coragem© Vitorino Coragem

Ana Pais (Lisboa, 1974) é investigadora em artes performativas (Centro Estudos de Teatro, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), dramaturgista e curadora. É autora do livro O Discurso da Cumplicidade. Dramaturgias Contemporâneas (Colibri, 2004) e de Ritmos Afectivos nas Artes Performativas (Colibri, 2018). Organizou ainda a antologia Performance na Esfera Pública (Orfeu Negro, 2017) e a sua versão em inglês disponível para download gratuito em www.performativa.pt. Foi crítica de teatro no Público (2003) e no Expresso (2004). Como dramaturgista, colaborou com criadores de teatro e dança em Portugal (João Brites, Tiago Rodrigues, Sara de Castro, Rui Horta e Miguel Pereira) e, como curadora, concebeu, coordenou e produziu vários eventos de curadoria discursiva, dos quais destaca o Projecto P! Performance na Esfera Pública (Lisboa, 10 > 14 Abril de 2017) e Em Fluxo: sentimentos públicos e práticas de reconhecimento (Lisboa, 3 > 5 Abril de 2019).

Ação de divulgação

TBA – Teatro do Bairro Alto Lisboa, Rua Tenente Raul Cascais, 1A 4 de Junho

16h

Lançamento em Lisboa precedido de workshop das 10h às 13h.

Conversa dinamizada por Sílvia Pinto Coelho e Manuel Loff.

24.05.2022 | por Alícia Gaspar | Ana Pais, lançamento de livro, literatura, quem tem medo das emoções?

Keli Freitas, Nádia Yracema, Raquel André e Tita Maravilha trazem Outra Língua ao D. Maria II

Uma criação de Keli Freitas, Nádia Yracema, Raquel André e Tita Maravilha, o espetáculo Outra Língua chega ao Teatro Nacional D. Maria II nesta semana, para ser apresentado na Sala Estúdio de 26 de maio a 12 de junho.

©Carlos Fernandes©Carlos Fernandes

A língua é portuguesa? Que língua falamos afinal? E a(s) nossa(s) língua(s), o que diz(em) sobre nós? Outra Língua é uma performance-conferência criada por mulheres de Angola, Brasil e Portugal onde, a partir da experiência de falantes de português de diferentes países, se procura questionar se a nossa língua mãe é a mesma e se, intervindo sobre ela, podemos alterar a realidade que a mesma descreve.

Uma criação conjunta de Keli Freitas, Nádia Yracema, Raquel André e Tita Maravilha, com texto de Keli Freitas e direção da mesma e de Raquel André, todas as sessões de Outra Língua contam com interpretação em Língua Gestual Portuguesa, audiodescrição e legendagem para pessoas surdas integradas no espetáculo. No dia 5 de junho, domingo, haverá ainda uma conversa com as artistas após o espetáculo.

Uma coprodução do Teatro Nacional D. Maria II, do Teatro Viriato e d’O Espaço do Tempo, o espetáculo teve estreia nacional na passada sexta-feira, dia 20 de maio, no Teatro Viriato, em Viseu. Esta semana chega a Lisboa, para três semanas de apresentações no D. Maria II, a partir de quinta-feira, dia 26 de maio.

Informações aqui.

24.05.2022 | por Alícia Gaspar | cultura, Keli Freitas, língua, Nádia Yracema, Raquel André, teatro, Teatro Nacional D. Maria II, Tita Maravilha