Portugal deve pagar indemnizações pela escravatura?

Portugal deve pagar indemnizações pela escravatura? Os países que escravizaram devem compensar os escravizados? Há quem diga que sim e até aponte um valor para uma indemnização: 30 triliões de dólares vezes 10 mil. Há quem diga que não, porque isso seria voltar à menorização dos colonizados. Antes disso, Portugal deve debater o seu passado esclavagista, dizem historiadores.

12.11.2014 | por Joana Gorjão Henriques

Por quem os tambores chamam

Por quem os tambores chamam Escravos Ngolas, Benguelas, Congos e Nganguelas chegaram ao Uruguai a partir do século XVII. Com outros africanos cativos, criaram um ritmo que ainda hoje agita as ruas da capital Montevideu. Deram-lhe um nome kimbundo: candombe. História desconhecida dos povos de Angola no outro lado do grande oceano.

10.10.2014 | por Pedro Cardoso

Estória verdadeira com poeta de verdade

Estória verdadeira com poeta de verdade . Um belo poema ao amor que encontrei logo, e exactamente ao lado aqui mesmo virado ao olho, espanto meu afinal... lá vem África tão felizmente longe-longe, bem congelada lá na época que caçou todo o imaginário, quem diria ainda preso aqui, criadas e cantáridas, meninos brancos desejosos e abandonados. O depois da iÁfrica terá morrido, seu passado existido teria não. Não se sabe – zumbis, cenário, palco, intervalo, alívio, reverso, personagens mudas, ecos, ecos – não se sabe.

24.09.2014 | por Branca Clara das Neves

Quem foi a mãe de Amílcar Cabral?

Quem foi a mãe de Amílcar Cabral? Aqui revisitamos a biografia de Iva Pinhel Évora (1893-1977) nas fronteiras da vida pública e privado. Por outro lado, propõe-se uma abordagem sobre a sua influência na formação do líder e teórico da luta de libertação da Guiné e de Cabo Verde.

16.09.2014 | por Eurídice Monteiro

Socorro, vem aí um meet!

Socorro, vem aí um meet! Por mim, imaginava o agente Bernaaardo das secretas, vestido à dred, na Cova da Moura, a tentar espiar perigosíssimos meets, e a dizer aos transeuntes, enquanto batia com o punho no peito: "respect, niga." Falando sinceramente, a histeria em relação aos meets diz mais do estado psicológico da classe média e de alguma comunicação social que da situação de miséria que vivem os subúrbios de Lisboa.

02.09.2014 | por Nuno Ramos de Almeida

Eduardo Lourenço anti-colonialista

Eduardo Lourenço anti-colonialista Em si, o título – Do Colonialismo como Nosso Impensado -- é já uma rebeldia contra toda uma tradição que vigora, tanto na academia portuguesa como no sistema político-partidário, e que insiste em ignorar que o colonialismo – em especial, o português – não é objecto prioritário de estudo nem de política nacional e internacional.

18.08.2014 | por António Pinto Ribeiro

África: o celeiro do mundo

África: o celeiro do mundo Em África, o mercado agro-alimentar representa mais de 35 mil milhões de dólares: a “revolução verde” já começou. Além do papel da mulher na investigação agro-alimentar, Moçambique tem sido também um “estudo de caso”, exemplo do que se tem passado a nível de investimento, corrida à concessão de terras e aumento da produtividade agrícola.

29.07.2014 | por Raquel Ribeiro

Sobre Sonhu Sonhado, Sonho Sonhado, Dreamt Dream, de Carlota de Barros

Sobre Sonhu Sonhado, Sonho Sonhado, Dreamt Dream, de Carlota de Barros No contexto, diferenciado e linguisticamente multifacetado, o crioulo foi e continua a ser o principal signo identitário e, por isso mesmo, ainda que em alguns casos somente em potência, o principal elo de ligação, de identificação e de comunicação entre os caboverdianos de todos os tempos e lugares, situados nas ilhas e nas diásporas, localizados nos lugares do passado, do presente e do futuro do nosso povo disperso pelo mapa-mundo da sua alma migratória e dos pés andarilhos do globo dos seus filhos emigrantes e da sua demanda de sempre de uma vida cada vez melhor.

07.07.2014 | por José Luís Hopffer Almada

Luanda, retrato literário

Luanda, retrato literário O prédio da Lagoa no centro de Luanda (Largo do Kinaxixi), carcaça deixada por acabar em 1975 e ocupada por refugiados da guerra a partir de 1992, é um musseque (bairro da lata) em altura que acabou por transformar-se involuntariamente em símbolo da capital angolana — 17 andares sem água, nem luz, nem saneamento básico, sem varandas, sem corrimãos —, um prédio carente das mínimas condições de habitabilidade transformado em abrigo para gente deslocada.

20.06.2014 | por António Rodrigues

A escravidão venceu no Brasil. Nunca foi abolida

A escravidão venceu no Brasil. Nunca foi abolida Eduardo Viveiros de Castro, 62 anos, é o mais reconhecido e discutido antropólogo do Brasil. Acha que “a ditadura brasileira não acabou”, evoluiu para uma “democracia consentida”. Vê nas redes sociais, onde tem milhares de seguidores, a hipótese de uma nova espécie de guerrilha, ou resistência. Não perdoa a Lula da Silva ter optado pela via capitalista e acha que Dilma Rousseff tem uma relação “quase patológica” com a Amazônia e os índios. Não votará nela “nem sob pelotão de fuzilamento”.

17.03.2014 | por Alexandra Lucas Coelho

Os fantasmas do colonialismo regressam

Os fantasmas do colonialismo regressam Na actualidade, a situação de subalternidade para onde o capitalismo empurrou todos os subalternos, ou seja, quase toda a humanidade, faz com que pensemos que talvez se esteja a caminhar em direcção a um “devir-negro” à escala global que já não identifica somente todas as pessoas de origem africana mas toda a humanidade que estiver na situação de subalternidade.

09.03.2014 | por António Pinto Ribeiro

Luta, Sangue e Liberdade

Luta, Sangue e Liberdade No século XVII um escravo de Angola ajudou a criar o primeiro território livre das Américas. Esta é a história de Matoza e do seu chefe político, Yanga.

24.02.2014 | por Pedro Cardoso

A noz de cola, um fruto simbólico

A noz de cola, um fruto simbólico Flor e fruto têm vidas dependentes. A flor é promessa, o fruto é concepção. A flor é receptáculo, o fruto é semente. A vida de um implica a morte do outro. Os dois fazem parte do singular processo de vida da natureza. O homem, como espectador e como actor, intervém, organiza, interpreta, inventa ordenações que tornam o mundo inteligível à sua medida. Projecta-se nesse universo misterioso e preenche-o de linguagens simbólicas. A flora não foge à regra; muito pelo contrário, faz parte desse nosso dia-a-dia de linguagens, gestos e sonhos. Para este estudo, elegemos não a flor, mas o fruto da coleira, a noz de cola, fruto muito expressivo nas sociedades da costa ocidental de África, de onde é originário.

20.01.2014 | por Maria do Rosário Pimentel

As lutas pela memória de Eusébio

As lutas pela memória de Eusébio Eusébio é, simultaneamente, o melhor jogador moçambicano de sempre e o melhor jogador português de sempre. A nacionalização de Eusébio, com a sua transladação para o Panteão Nacional, só poderá ser uma matéria tensa. O melhor será devolvê-lo à grande comunidade mundial dos adeptos do futebol e não transformá-lo, mais uma vez, em património nacional.

10.01.2014 | por Nuno Domingos

Um fantasma que vive no coração da selva

Um fantasma que vive no coração da selva Mais de 5 mil activistas do planeta acorreram à selva para discutir com os zapatistas um conjunto de acções internacionais. Sindicalistas, anarquistas, terceiro-mundistas, ecologistas e alguns astronautas viveram durante uma semana nas aldeias de Oventic, La Garrutcha e La Realidad. Foi nesta última que se deu a conferência de imprensa final. Os jornalistas aproveitaram a ocasião para perguntar a Marcos qual era a sua reacção às declarações do então líder do Partido dos Trabalhadores, Lula da Silva, que se manifestava contra os movimentos de guerrilha e achava que a conferência intergaláctica tinha querido concorrer com o Fórum de São Paulo, encontro de partidos de esquerda de todo o mundo que organizava o PT. Marcos olhou com cara de espanto para os jornalistas, "Fórum de São Paulo? Não conheço, julgava que a gente concorria com os Jogos Olímpicos de Atlanta". Nesta altura, como agora, as revoltas não se decretam, fazem-se, e às vezes acontecem. A força dos zapatistas não estava nas suas armas, mas nas suas ideias e nas populações indígenas que são o próprio movimento.

07.01.2014 | por Nuno Ramos de Almeida

Plataformas angolanas de aprendizagem de línguas nacionais

Plataformas angolanas de aprendizagem de línguas nacionais Porquê que é que em Angola, país de muitas línguas, os escritores apenas utilizam o português? Procurando contrariar o fenómeno, ao longo do ano de 2013 surgiram várias iniciativas online, criadas por jovens que olham para as tecnologias como um desafio para a promoção e salvaguarda das línguas nacionais. Um projecto ainda em fase inicial que promete fomentar a aprendizagem das línguas nacionais angolanas de uma forma inovadora, sem custos e ao alcance de todos que tenham acesso à internet é o Evalina, uma página de Facebook onde são disseminados conteúdos, estímulos à aprendizagem e lições sobre línguas nacionais. Até à data de publicação deste artigo havia lições de umbundu, a segunda língua mais falada a seguir ao português, e de kimbundo.

02.01.2014 | por Global Voices (Vozes Globais) e Mário Lopes

O que faço eu no reto de Paul Theroux?

O que faço eu no reto de Paul Theroux? Olhando para um mapa, ele descreve a fronteira entre a Namíbia e Angola como «uma terra desconhecida e por descobrir». Ousa ​​referir-se a Angola como «sobretudo terra incógnita» e até como um país em «isolamento». Estas descrições são inconcebíveis

27.11.2013 | por Lara Pawson

O cinzentismo da propaganda durante o Estado Novo - apontamentos acerca do jornal A Voz de S. Tomé

O cinzentismo da propaganda durante o Estado Novo - apontamentos acerca do jornal A Voz de S. Tomé Em São Tomé, em inícios de década de 1930, vários jornais que tinham sobrevivido à queda da República, cessavam a sua publicação. Por esse tempo, rejeitando qualquer concertação política com os ilhéus e, até, com os colonos, as autoridades do Estado Novo dispensaram-se de propaganda no exíguo território, que o poder colonial manteria vergado aos interesses dos roceiros. Decorreriam anos até surgir, em 1947, um órgão oficioso, A Voz de S. Tomé. Monolítico e visado pela censura, redigido por curiosos, tornar-se-ia o único periódico onde, além dos pálidos reflexos da vida local, se estampava uma propaganda cinzenta do regime e da metrópole, ao mesmo tempo que também se decantava uma leitura do mundo. Ora, ao invés do que se imediatamente se imagina quando se pensa num jornal, A Voz de S. Tomé serviu para perpetuar o isolamento.

18.11.2013 | por Augusto Nascimento

Política e religiosidade em São Tomé e Príncipe: os equívocos do colonialismo ao pós-independência. Notas para uma investigação

Política e religiosidade em São Tomé e Príncipe: os equívocos do colonialismo ao pós-independência. Notas para uma investigação Nestes apontamentos atentar-se-á nas relações entre o curso da política e diversos planos das vivências religiosas em São Tomé e Príncipe desde o século passado. Levando em conta a história recente, avaliar-se-á o multifacetado papel da religiosidade na actual configuração política e social do arquipélago.

23.10.2013 | por Augusto Nascimento

Imigrantes na literatura brasileira

Imigrantes na literatura brasileira Os sírios e libaneses não vieram para o Brasil expulsos pela fome, mas sim, em sua grande maioria, perseguidos pelo Império Otomano, por razões de crença religiosa, já que eram cristãos vivendo em território muçulmano. Assim, aportaram aqui famílias de classe média, com vocação urbana – o oposto dos italianos e alemães, pobres, camponeses, analfabetos. Destacam-se, em diversas gerações, nomes como Emil Farhat, Jamil Almansour Haddad, Salim Miguel, Mário Chamie, Manoel Carlos Karam, Jamil Snege, Carlos Nejar, Foed Castro Chamma, Waldyr Nader, Raduan Nassar, Nagib Jorge Neto, Milton Hatoum e Alberto Mussa.

17.10.2013 | por Luiz Ruffato