Como brasileira, persigo na sua viagem pelos nossos sertões, e não só, o encantamento e a capacidade de, no chão tão batido por outros viajantes, descobrir o inédito, elaborá-lo, convertê-lo em prosa, contrapondo as imagens do país apreendidas na errância às que colheu nas leituras desde a adolescência em Moçâmedes. Na escrita dessa experiência, compreendi o sentido de desmedida. Não a do país de dimensões continentais, mas a da energia do olhar que nos revela outras faces de nós mesmos.
23.08.2010 | por Rita Chaves
Era um prazer viajar com ele. Acordávamos muito cedo, “matabichávamos” juntos e depois... pé na estrada. Eu guiava no asfalto, ele na terra. Trocávamos impressões e memórias. Tínhamos todo o tempo do mundo, entre um ponto e outro do trajeto diário. Na Chapada Gaúcha, lugarejo mais próximo do Parque do Grande Sertão Veredas, subitamente o Ruy se apaixonou por uma menina que vendia flores de papel. E assim vivemos aqueles momentos.
22.08.2010 | por Daniela Moreau
tem um lugar, dizia eu, tem um ponto no mapa do Brasil, tem um vértice que é onde os estados de Goiás, de Minas Gerais e da Bahia se encontram, e o Distrito Federal é mesmo ao lado. Aí, sim, gostaria de ir... é lá que se passa muita da ação do Grande sertão: Veredas... e depois descer para o alto São Francisco, que é o resto das desmedidas paisagens de Guimarães Rosa... e ao baixo São Francisco, podendo, ia também... porque encosta aos Sertões euclidianos... sou estrangeiro aqui e nada me impede de incorrer no anacronismo de querer ir ver, de perto, Guimarães Rosa e Euclides da Cunha...
14.08.2010 | por Ruy Duarte de Carvalho
E julgo, chegado a esta altura da vida, não poder deixar de ter que entender que o mundo, por toda a parte e não só aqui, se urde e se produz recorrendo sempre, ou quase sempre, ao uso e ao abuso da boa-fé dos outros. Temo não conseguir nunca chegar, mesmo velhinho, a conformar-me com isso e a tornar-me no sujeito bem acabado, dissimulado, pirata, adaptável e finalmente adaptado que nunca, durante toda a vida, consegui ser.
12.08.2010 | por Ruy Duarte de Carvalho
Do exposto se infere qual é a nossa posição relativamente ao cinema que escolhemos fazer. O profissional de cinema tem plena consciência de que para fazer um trabalho de acordo com a realidade nacional deve munir-se de instrumentos de reflexão que lhe permitam escolher o que deve filmar e como fazê-lo. Ele sente-se autoconduzido à escolha de temas que legitimem o emprego do seu tempo de trabalho, e do da sua equipa, numa actividade não directamente produtiva e numa conjuntura em que a reabilitação da economia e da organização se impõe a todos como tarefa prioritária.
02.07.2010 | por Ruy Duarte de Carvalho
Filmes realizados pelo autor.
24.05.2010 | por Buala
Livros do autor.
24.05.2010 | por Buala
O ciclo dedicado a Ruy Duarte de Carvalho, em Fevereiro de 2008, tornou mais visível o caso raro de “um grande escritor de língua portuguesa, cuja obra se distribui por diversos campos de actividade – permitindo uma abordagem multidisciplinar ao seu universo.”, como referiu Mega Ferreira, seu impulsionador.
18.05.2010 | por Marta Lança
Criticando ou combatendo o paradigma humanista e prognosticando a recuperação de políticas do equilíbrio, os neoanimistas pretendem antes recolocar o desempenho e a livre existência das pessoas em equilíbrio, precisamente, com os interesses comuns das pessoas, de todas as pessoas e de toda a criação.
15.04.2010 | por Ruy Duarte de Carvalho
Aos arquitectos ocidentais que, como é o meu caso, têm vindo a desenvolver trabalho como projectistas ou como investigadores em Angola, a questão que ressalta é a aparente clivagem entre Luanda e o restante território angolano.
12.04.2010 | por Cristina Salvador