Papeis Velhos

Papeis Velhos Reescrevi biografias, topografias e narrativas. Quiçá, tentando, sem que o soubesse, desconstruir traumas, conciliar e articular, pelo uso da imaginação, o meu lugar de pertença, esta minha vida repartida entre dois continentes, querendo dar sentido à nostalgia e ao sofrimento sentido pelo avô. Seguindo ao seu lado, enquanto dá as voltas à mística mulemba e diz: “O que fica, fica aqui.”

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22.07.2021 | por Yara Monteiro

Mães do 27

Mães do 27 Uma visão mais alargada dos contornos dos acontecimentos do 27 de Maio, prestando especial atenção aos sentimentos dos que ficaram, em particular as mães. Com isso, não pretendemos de todo ignorar os restantes familiares, mas sim começar por onde a humanidade tem o seu início: no ventre materno. As consequências destes acontecimentos foram de tal maneira nocivas, que pretendemos dar início a um longo processo de cura, humanizar a tragédia para mitigar a dor e buscar a paz interior.

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11.07.2021 | por vários

"Estamos Aqui | Twina Vava | Nous Voici"

"Estamos Aqui | Twina Vava | Nous Voici" O livro "Estamos Aqui | Twina Vava | Nous Voici" é uma viagem pela cosmogonia kongo e o mote para o regresso da escritora Branca Clara das Neves ao "Mar de Letras".

Mukanda

08.07.2021 | por Branca Clara das Neves

Já são conhecidos os vencedores do Arquiteturas Film Festival

Já são conhecidos os vencedores do Arquiteturas Film Festival De 1 a 6 de junho, no Cinema São Jorge, em Lisboa, o Arquiteturas Film Festival reafirmou a importância de uma plataforma para a disseminação da cultura arquitetónica. Celebrou também o cinema produzido em Angola, país convidado. Para além do programa de filmes, o tema do festival foi explorado através de exposições e de um ciclo de debates abordando questões culturais, territoriais e sócio-económicas próximas da comunidade angolana e afrodescendente em Lisboa.

Afroscreen

09.06.2021 | por vários

Uma piscina vazia de corpos cheios

Uma piscina vazia de corpos cheios Este documentário valoriza os dançarinos enquanto pessoas e profissionais e reconhece-lhes o devido valor, e das coreógrafas e toda a equipa, enfatizando as dificuldades pelas quais passam para que o seu trabalho seja reconhecido e os esforços que fazem para continuarem a trabalhar na sua paixão. É também um alerta e uma crítica subliminar à falta de apoio aos artistas e ao não investimento no setor cultural.

Afroscreen

02.06.2021 | por Alícia Gaspar

Arquiteturas Film Festival — 1 a 6 Junho 2021

Arquiteturas Film Festival — 1 a 6 Junho 2021 A 8ª edição da Arquiteturas tem como objetivo refletir sobre a construção social do espaço conectado a um fio que circula dentro de suas próprias narrativas de dominação. Narrativas também sobre identidade que muitas vezes é retirada ou forçada a representar o nosso corpo. Contra algumas suposições atuais, vemos este paradigma perceptivo — um epítome da visão de nossos tempos — como fundamentalmente social, espacial e corporal. A arquitetura trabalha com poderes administrativos, económicos, políticos e estruturais que controlam, segregam e colonizam, mapeando ativamente os territórios espaciais habitados pelos nossos corpos.

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30.05.2021 | por vários

“Uma breve revisitação do cinema angolano” para ver, em junho, no Arquiteturas Film Festival

“Uma breve revisitação do cinema angolano” para ver, em junho, no Arquiteturas Film Festival O Arquiteturas Film Festival vai levar até ao Cinema São Jorge, em Lisboa, uma seleção de onze filmes produzidos em Angola, o país convidado desta oitava edição do festival, que se realiza entre os dias 1 e 6 de junho. Para além da programação cinematográfica, o café do Cinema São Jorge receberá um ciclo de debates intitulado “África Habitat”, bem como as instalações dos angolanos Lino Damião e Nelo Teixeira. Os cineteatros de Angola estarão também em destaque numa exposição organizada por Afonso Quintã, a partir de material do Cine-estúdio do Namibe, do arquiteto José Botelho Pereira.

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27.05.2021 | por Flávia Brito

Num Semba Poema, Num Semba Canção, Num Semba Ação: Escuta das Comunidades de Práticas do Semba enquanto Património Imaterial

Num Semba Poema, Num Semba Canção, Num Semba Ação: Escuta das Comunidades de Práticas do Semba enquanto Património Imaterial Angola entrou para a lista do Património Mundial da Humanidade em 2017, com a inscrição de Mbanza Congo, na Lista do Património Mundial da UNESCO como paisagem cultural pré-colonial. Esse momento marca a entrada de Angola na corrida patrimonial gerida de forma supranacional pela UNESCO. Em 2018, a Ministra da Cultura de Angola avançou com a vontade de começar o processo de patrimonialização do semba com ecos na imprensa angolana e para satisfação dos músicos e sembistas.

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11.05.2021 | por André Castro Soares

Compreender a tradição oral no contexto angolano

Compreender a tradição oral no contexto angolano Partindo de princípio que a historiografia bantu é obra colonial, o método da Tradição Oral em pesquisa correctiva pode ter consistência, no âmbito da Antropologia Cultural em auxílio. A pesquisa histórica, strictu sênsu, particulariza-se das demais ciências humanas por limitar-se das fontes arquivísticas em análise e síntese enquanto instrumentos-padrão obedecendo às críticas interna e externa, heurística e hermenêutica. A alegação ocidental, reprovada em África, da dependência historiográfica às fontes escritas, neste aspecto, torna-se consistente clarificando fronteiras entre a História e as demais ciências humanas.

Mukanda

11.05.2021 | por Armindo Jaime Gomes

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 7)

Diário de um etnólogo guineense na Europa (dia 7) É assim, os tugas disseram que o 25 de Abril de 1974, foi o dia da Revolução d’Escravos, que os capitães do Abril foram tomar o poder lá na Grândola da Vila Morena, porque o povo ordena. Na verdade, o povo nada ordena, o povo é ordenado, porque os tugas não conseguem fazer nada por si mesmos, precisam sempre e têm mania de capitães, os quais adoram e até lhes fazem estátuas. Quando chegaram ao Brasil tinham um capitão, à Guiné, outro capitão, ao Moçambique, mais um capitão, e na Madeira é o Cristão Ronaldo o capitão.

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26.04.2021 | por Marinho de Pina

Thó Simões: “A arte urbana revela e denuncia os monstros da alma humana”

Thó Simões: “A arte urbana revela e denuncia os monstros da alma humana” Thó Simões, artista plástico angolano, acabou de apresentar em Luanda a sua mais recente exposição intitulada “Entre Homens e Monstros”. As imagens criadas pretendem alargar o debate sobre as microviolências de uma cidade em constante mutação. O artista foi um dos percursores da arte urbana em Angola com uma trajetória com passagem por Linda-a-Velha, Oeiras, Malanje e Luanda. A prática profissional em agências de publicidade e depois a rua trouxeram-lhe a vontade de intervir politicamente através do mural e da arte urbana. Nesta conversa questiona a forma como a arte pode mudar as vivências de uma cidade e um país em crise económica e social e ainda com os estilhaços da guerra civil e a ocupação colonial.

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19.04.2021 | por André Soares

Sankofa: “Acredito que a poesia falada pode curar"

Sankofa: “Acredito que a poesia falada pode curar" Sem desprimor para quem pensa o contrário, eu considero essa discussão importantíssima em Angola. Isso porque a maioria das pessoas desta terra que é Angola, ainda se vê presa pela matriz colonial e pela razão imperial. Na construção dos meus textos eu tento passar a ideia de que precisamos de virar os conteúdos de cabeça para baixo. É necessário rever o que se pensa sobre o saber, como se pensa a história ou as estórias e recuperar os modelos de conhecimento, de produção do saber, de transmissão de experiências de uma geração para outra e incluir outras vozes para escrever outras histórias. Só assim vamos deixar de perpetuar o modelo imposto pelo Estado colonial e o sujeito branco burguês.

Cara a cara

16.04.2021 | por André Soares

O Arquiteturas Film Festival está de regresso de 1 a 6 de junho; “Bodies Out of Space” é o tema desta edição, de olhos postos em Angola

O Arquiteturas Film Festival está de regresso de 1 a 6 de junho; “Bodies Out of Space” é o tema desta edição, de olhos postos em Angola No Arquiteturas Film Festival, procura-se representar, a cada edição, documentários, ficções, animações e filmes experimentais com relevância para a divulgação da arquitetura portuguesa contemporânea, ao nível nacional e internacional. A edição de 2021 não é diferente, tendo sido dividida em três pilares distintos: na seleção oficial, na programação de competição e na programação do país convidado. Como também já é habitual, todos os anos o Arquiteturas Film Festival procura um ponto de foco sobre o qual desenvolve e explora a sua programação. Este ano, o festival está de olhos postos na produção cinematográfica saída de Angola, onde a confluência de tempos e regimes é visível na sua arquitetura e na sua memória coletiva.

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17.03.2021 | por vários

O maravilhoso 1972

O maravilhoso 1972 Este álbum faz-me regressar a um passado sonhado com uma visão e uma identidade muito fortes. Vejo-o como uma das obras mais marcantes da música portuguesa e da cultura de Angola, com uma estética vanguardista que ainda hoje se manifesta global, progressiva e contemporânea em todo o seu esplendor. Sem barreiras ou amarras, assumindo todas as culturas como matriz de todos os tons e ritmos, todas as cores e dialectos, onde a primeira brincadeira de infância, a primeira lembrança, a tradição, surgem traduzidas com alma, honestidade intelectual e pureza estética.

Palcos

02.02.2021 | por Paulo Flores

Zezé Gamboa, um percurso no cinema

Zezé Gamboa, um percurso no cinema Zezé Gamboa fala calorosamente das coisas que gosta, episódios de outros festivais, rodagens e problemas que o métier do cinema envolve. As pessoas riem-se pelo empolgamento e exagero. Quer trabalhar em paralelo, os homens no mar e o desespero das famílias na terra.

Cara a cara

05.01.2021 | por Marta Lança

Titica, kuduro trans

Titica, kuduro trans Chegou, acabada de acordar, de saia comprida às riscas e sapato brilhante, alta e altiva. O seu enorme riso interior provocou uma empatia imediata, a ousadia da artista Titica é desarmante. Afectuosa no trato, prefere não falar muito da sua sexualidade, explicando, de forma assertiva e cansada de ter de se justificar, que é “mulher e ponto”. E uma mulher com convicção. A cantora, que diz preferir o carinho do público ao cachet, ganhou o prémio de Melhor Artista de Kuduro em 2011 e sente-se “reconhecida”. Explica que, na sua vida de artista, “tudo acontece de uma forma natural”. Acrescenta porém que, apesar da sua energia tudo fazer acontecer, no palco, Titica encarna “outra pessoa”.

Cara a cara

05.01.2021 | por Marta Lança

África: negligência e demolição

África: negligência e demolição Nas últimas décadas, o conflito na África subsariana não só devastou as aldeias e criou campos de refugiados em lugares dispersos, como também transformou as cidades e vilas onde agricultores aterrorizados procuravam segurança e oportunidade. Apesar dos subúrbios desordenados – fruto de um crescimento urbano não planeado – não escaparem à visão dos gabinetes das autoridades do Estado e das instituições de apoio internacional, estas organizações não têm abordado a relação entre conflito e urbanização. Tal negligência compromete a reconstrução pós-conflito, desperdiça oportunidades para o desenvolvimento e arrisca-se a quebrar uma paz muito débil.

Cidade

02.01.2021 | por Simone Haysom

Tânia de Carvalho: “As liberdades não podem ser negociadas”

Tânia de Carvalho: “As liberdades não podem ser negociadas” A actual geração de jovens é muito crítica ao posicionamento da geração de jovens dos anos 80, que fez e viveu uma guerra. Quer comentar? A geração dos anos 80 sabe muito bem as amarguras de uma guerra, de um conflito, não teve uma juventude ou infância condigna, porque nasceu e viveu num país em conflito; teve os seus sonhos vendidos e destruídos. Muitos dos jovens dos anos 80 tiveram de abandonar o país para viver numa terra que nunca os acolheu, olhou para eles como estrangeiros que vieram estragá-la. Portanto, não estão dispostos, hoje, a perder esta estabilidade conseguida desde 1992.

Cara a cara

29.12.2020 | por Tânia de Carvalho

A história colonialista e escravocrata dos Donos de Portugal: o caso dos antepassados do banqueiro Fernando Ulrich

A história colonialista e escravocrata dos Donos de Portugal: o caso dos antepassados do banqueiro Fernando Ulrich Fernando Ulrich é trisneto de João Henrique Ulrich (1815-1885), um homem que enriqueceu com o tráfico de pessoas negras escravizadas e que a partir daí construiu o vasto império empresarial da família. Nascido em Portugal, este homem sinistro enriqueceu na costa Angolana e no Rio de Janeiro com a venda clandestina de pessoas, quando já era proibida a entrada de novos escravizados no Brasil. De regresso a Portugal, passou a dominar diversas empresas, ligou-se à banca e foi deputado da monarquia.

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12.11.2020 | por Pedro Varela

Devotos em cisma: a Igreja Universal do Reino de Deus em Angola

Devotos em cisma: a Igreja Universal do Reino de Deus em Angola O conflito entre a “direção brasileira” e o “movimento de reforma angolano” veio à tona em 28 de novembro de 2019, com a publicação de um “Manifesto Pastoral” assinado por mais de 300 pastores e bispos angolanos e encaminhado ao bispo Honorilton Gonçalves. Nele, exigiam que os líderes brasileiros deixassem o país e que a liderança da Igreja passasse aos homônimos angolanos, num movimento de “angolanização”. As acusações foram graves: prática de nepotismo, racismo, concessão de privilégio a religiosos brasileiros na atribuição de responsabilidades eclesiásticas e administrativas, tratamento discriminatório com os pastores angolanos, evasão de divisas para o exterior.

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19.08.2020 | por Pedro Feitoza e Jéssica da Silva Höring