Dia da Consciência Negra no Brasil é celebrado em Portugal unindo organizações contra Bolsonaro

O ato, que se integra aos protestos Fora Bolsonaro que ocorrem no dia 20 de novembro em todo Brasil, é organizado pelo Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira em Lisboa, com o apoio da Casa do Brasil de Lisboa, Projeto Arrepio Poético e Djass - Associação de Afrodescendentes, que convidam organizações e entidades, em Portugal, para denunciar o ataque às populações racializadas nos dois lados do Atlântico. No Brasil, este é o segmento que mais sofre com a necropolítica do Governo Bolsonaro. A manifestação será realizada na Praça do Município, às 16h30, com apresentações artísticas. 

 

Segue a Convocação para o Dia da Consciência Negra contra Bolsonaro, em Lisboa, na íntegra:

O Brasil vive um dos mais dramáticos períodos da sua História. Mergulhado num misto de negacionismo, política de ódio, destruição e retrocesso. A necropolítica do governo Bolsonaro é responsável por uma profunda crise que atinge os mais pobres, num ataque generalizado à cultura, ao meio ambiente, às políticas sociais e trabalhistas. A pandemia veio como aliada a Bolsonaro em sua política de extermínio das minorias: as pessoas racializadas são quem mais morre.

Estudos realizados pelo Núcleo de Operações e Inteligência e Saúde da PUC- RJ comprovam que pretos e pardos morrem mais de Covid19 que brancos. Ao potencializar a pandemia, subestimar a letalidade e transmissibilidade do vírus, desqualificar a ciência e disseminar informações falsas, o Governo Bolsonaro colocou na mira a população mais fragilizada, para quem a pandemia foi física, econômica, social e psicologicamente mais violenta. Em paralelo, não há no Governo Bolsonaro qualquer política pública de combate ao racismo ou de proteção e respeito à populações racializadas e aos povos originários. Pelo contrário, as políticas existentes e duramente conquistadas nos últimos 20 anos foram destruídas ou abandonadas.

De acordo com levantamento da ONG Instituto Polis, “homens negros são os que mais morrem pela covid-19 no país”: são 250 óbitos pela doença a cada 100 mil habitantes. Entre os brancos, são 157 mortes a cada 100 mil. Entre as mulheres, as que têm a pele preta também morreram mais: foram a 140 mortes por 100 mil habitantes, contra 85 por 100 mil entre as brancas. Já o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirma que mulheres, negros e pobres são os mais afetados pela doença. A cada dez pessoas que relatam mais de um sintoma da Covid19, sete são pretas ou pardas. 

Para além dos aspectos relativos à saúde, de acordo com dados do IBGE, no segundo trimestre de 2021, quando somados todos os desempregados no Brasil, 63,9% são negros. E mais, os negros têm os piores salários comparativamente aos salários dos brasileiros brancos, a propulação negra, no  contexto de crise é a primeira a perder o emprego. O retrato do governo racista se materializa sobretudo na escalada da violência. Segundo o Relatório apresentado pela Coalização Solidária Brasileira, ações de violência aumentaram durante o governo Bolsonaro e 66,6% dos casos de feminicídio são de mulheres negras. Na mesma pesquisa,  74% das pessoas em insegurança alimentar são negras. Esse padrão se explica por desigualdades sociais, pelo preconceito e pelo racismo.

Neste dia da Consciência Negra no Brasil, 20 de novembro, os subscritores abaixo  conclamam a sociedade portuguesa a unir-se na denúncia do que o governo de extrema-direita que governa hoje o Brasil representa para a população brasileira, em especial a população negra. Unimo-nos mais uma vez aos atos organizados no Brasil pelo Fora Bolsonaro.

Coletivo Andorinha – Frente Democrática Brasileira em Lisboa

Casa do Brasil de Lisboa

Arrepio Poético

Djass - Associação de Afrodescendentes

por vários
Mukanda | 19 Novembro 2021 | arrepio poético, Bolsonaro, Brasil, casa do brasil de lisboa, Coletivo Andorinha, Dia da Consciência Negra, djass, fora bolsonaro, Portugal