Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho - comunicações

Durante os dias 10 e 11 de dezembro de 2015, teve lugar, na galeria Quadrum, o colóquio Diálogos com Ruy Duarte de Carvalho, integrado no ciclo Paisagens Efémeras. Publicamos as comunicações, antecipando a futura publicação online dos artigos resultantes do colóquio. 

Dia 10: 

Diálogos literários e disciplinares – I 

painel I - Sonia Miceli, Lívia Apa e Marta Lança (moderação)painel I - Sonia Miceli, Lívia Apa e Marta Lança (moderação)

Boas vindas. Marta Lança  

Lívia Apa. Situar-se. Identidade e tradução. Num ensaio de 1990, “A tradição oral enquanto recurso e referência para uma atualização poética interveniente”, RDC reflete sobre a importância da tradição oral como instrumento capaz de traduzir, através da prática poética, a relação entre as várias partes de Angola pós-colonial, o outro do outro, como virá a chamar-se na última parte da sua produção intelectual. Partindo do ensaio já referido, proponho uma leitura da intervenção autoral de Ruy Duarte enquanto ensaísta e escritor de literatura, mas também enquanto tradutor de culturas, tentando indagar as práticas, as estratégias textuais e as narrativas por ele construídas para situar a construção identitária da Nação angolana, elementos que põem em ação o seu valor no presente como ato cultural necessário para o diálogo entre as várias partes do corpo nacional.

Sónia Miceli. O pensamento triangular, de Moia à Terceira metade. Pensador de risco e de fronteira, RDC serve-se, em várias ocasiões, da figura do triângulo (símbolo de um pensamento que rejeita tanto as oposições binárias como a pacificação da síntese), como emA Terceira Metade procura reforçar os paradoxos e as contradições próprios dos processos acionados pela expansão ocidental. E triangulares são as relações acionadas, de forma mais ou menos explícitas, por obras que, mesmo não lidando diretamente com Angola, a ela sempre voltam: se Moia promove uma articulação entre Cabo Verde, Angola e Portugal, em Desmedida encontramos uma ligação Brasil-Angola, que não pode deixar de remeter para a antiga metrópole, ainda que o desafio atual seja justamente prescindir desse terceiro elemento. É a partir dessas – entre outras triangulações possíveis – que articulo algumas propostas teóricas do autor com as contribuições mais recentes de teóricos e críticos dos estudos pós-coloniais.

ouvir aqui:

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Lívia Apa nasceu em 1963 em Nápoles onde é investigadora junto da ’Università degli studi di Napoli “ L’Orientale”. Trabalha na área dos estudos culturais dos países de lingua oficial portuguesa , de memory studies, de cinema e de tradução literária. Seus artigos encontram-se publicados em revistas e volumes em Itália, Portugal, Brasil e Estados Unidos. Organizou  Il colore rosso della Jacaranda (2005), Angola e Mozambico, scritture della guerra e della memoria (2006) e Naçao e Narrativa Pós-Colonial-I (2013) e publicou  Abitare la lingua- Riflessioni sul portoghese in Angola (2010). Traduziu para italiano , entre os outros,  José Eduardo Agualusa, Mia Couto, Luís Carlos Patraquim, Ondjaki, Ruy Duarte de Carvalho, Florbela Espanca, Mário Cesariny de Vasconcelos, Ana Luísa Amaral, Ana Paula Tavares. Actualemente é responsável  da  Catédra “Margarida Cardoso” do Instituto Camões  junto da Orientale de  Nápoles.

contacto Lívia Apa <liviaapa@gmail.com>

Sonia Miceli é estudante de Doutoramento do Programa em Estudos Comparatistas. Obteve o grau de mestre em Estudos Comparatistas com uma tese sobre a trilogia romanesca de Ruy Duarte de Carvalho. No seu doutoramento, prossegue a investigação acerca das relações entre literatura e antropologia na obra de Ruy Duarte de Carvalho e de Bernardo Carvalho.

contacto Sonia Miceli <gaiastrana@hotmail.com>

 

Organização: BUALA / Marta Lança / Parceria estratégica: AFRICA.CONT/CML e EGEAC-Galerias Municipais / Colaboração: Centro de Estudos Comparatistas – FLUL e Gulbenkian / Comissão científicaAna Paula Tavares, Manuela Ribeiro Sanches e Marta Lança 

 

por vários
Ruy Duarte de Carvalho | 18 Janeiro 2016 | Literatura, Lívia Apa, Sónia Micelli