Mostra de Cinema IPO Lisboa 100 Anos

Inserida nas comemorações do centenário do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, a Mostra de Cinema organizada em parceria com o IndieLisboa vai levar ao ecrã do Cinema São Jorge seis filmes que apresentam diversas abordagens e perspectivas sobre a forma como lidamos com o corpo e o cancro.

A inauguração é às 18h de sexta-feira (05/01), precedida por um cocktail de abertura antes da exibição de A Luta Contra o Cancro em Portugal, curta-metragem documental assinada por António Lopes Ribeiro em 1952, uma obra histórica sobre a criação, construção e implementação do IPO em Lisboa. A sessão de abertura prossegue depois com La guerre est déclarée, realizado e protagonizado por Valérie Donzelli, filme de abertura da secção Semaine de la Critique do Festival de Cannes em 2011.

Da programação, destaque também para o debate que vai acontecer no sábado, depois da exibição do filme estreado no último Festival de Berlim, Notre corps, de Claire Simon (sábado às 15h). Com o objectivo de enriquecer a experiência dos espectadores e discutir os temas abordados, o debate é moderado pela radialista Joana Cruz, com as participações de Paula Chaves (representante da Liga Portuguesa Contra o Cancro), Nuno Artur Silva (ex-secretário de Estado da Cultura e fundador das Produções Fictícias) e o poeta e editor das Edições Saguão, Rui Miguel Ribeiro.

Todas as sessões são apresentadas por profissionais de saúde do IPO que vão complementar a exibição de cada filme com uma visão experiente e de proximidade, de quem lida diariamente com a doença oncológica.

A mostra reúne filmes premiados, assinados por cineastas de prestígio como Nanni Moretti, Arthur Hiller ou Catarina Vasconcelos, que contam histórias de coragem, resiliência e esperança.

O programa da Mostra é o seguinte:

5 JANEIRO, SEXTA-FEIRA

18h00

A LUTA CONTRA O CANCRO EM PORTUGAL

António Lopes Ribeiro, Portugal, Documentário, 1952, 16’

+

LA GUERRE EST DÉCLARÉE

Valérie Donzelli, França, Ficção, 2011, 100’

21h00

LOVE STORY

Arthur Hiller, EUA, Ficção, 1970, 100’

6 DE JANEIRO, SÁBADO

15h00

NOTRE CORPS

Claire Simon, França, Documentário, 2023, 168’

»» sessão seguida de Debate

21h00

CARO DIARIO

Nanni Moretti, Itália, Ficção, 1993, 100’

7 DE JANEIRO, DOMINGO

15h00

THE FAREWELL

Lulu Wang, EUA / China, Ficção, 2019, 100’

18h30

A METAMORFOSE DOS PÁSSAROS

Catarina Vasconcelos, Portugal,

Documentário/Ficção, 2020, 101’

 

04.01.2024 | por martalanca | cinema

Inauguração da Toponímia Presença Africana em Lisboa

13 janeiro, 15h, Largo de São Domingos

No seguimento do projeto apoiado pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) inserido no Programa BIP/ZIP, a Associação Cultural e Juvenil Batoto Yetu Portugal (BYP) tem o prazer de a/o convidar para estar presente na inauguração das placas toponímicas e da estátua que assinalam algumas personalidades e espaços da presença africana na cidade de Lisboa. O evento terá lugar dia 13 de janeiro, pelas 15h, no Largo de São Domingos (Rossio, Lisboa). Este projeto é composto por 20 placas, distribuídas pelos principais locais de memória da histórica presença africana na cidade, e conta também com uma estátua em homenagem a “Pai Paulino”, obra do escultor moçambicano Frank Ntaluma. Este projeto foi realizado em parceria próxima com o Hangar, Gabinete de Estudos Olissiponenses, Jardim Botânico Tropical, JF de Arroios, JF da Misericórdia, JF de Santa Maria Maior, JF de Santo António, JF de São Vicente, JF de Belém, JF da Estrela, Museu da Marioneta, Paroquias associadas à Igreja da Graça, Igreja de São Domingos, Basílica dos Mártires, Lisbon Walker, Sardinha do Bairro Tuk Tuk, Battuta Experiencies Tuk Tuk, Traço Invulgar Lda (Mármores e granitos), apoiantes via crowdfunding, PAR – Respostas Sociais, Casa Pia de Lisboa, I.P. e Infotreff.

Este projeto contou com a consultoria da Professora Doutora Isabel Castro Henriques, bem como com o apoio técnico da DMC/DPC/DSPC/CML. Este evento, de relevância nacional e internacional, é parte de um percurso traçado pela BYP, que data de 1996 – ano da sua fundação –, a partir da qual, a associação se empenhou no resgate de um conjunto de manifestações e práticas artísticas do continente e da diáspora africanas, continuado mais tarde pela sua investigação sobre o Fado Dançado, as Visitas Guiadas aos espaços de presença africana na Área Metropolitana de Lisboa e no Vale do Sado e, mais recentemente pela promoção, em parceria com a Secretaria de Estado da Igualdade e Migrações, da Plataforma Memória Africana Digital em Portugal.

04.01.2024 | por martalanca | batoto yetu portugal, ISABEL CASTRO HENRIQUES, presença africana

Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais

Episódio #8 Em Memória da Memória, hoje sentamo-nos com Amalia Escriva.

Amalia Escriva pertence a uma família que viveu na Argélia durante várias gerações. As vidas de vários dos seus parentes – avós, pais, tios e tias – foram profundamente impactadas pela experiência da guerra e pelo processo de descolonização que se lhe seguiu. Muitos deles acabariam por abandonar o território um ano depois da independência nacional.

Conversámos com Amalia sobre a sua infância e sobre como cresceu a ouvir a palavra Argélia remetendo para um espaço nostálgico, de afetos, mágico, mas perdido. “França,” por sua vez, seria o lugar do frio, do abandono. Esses imaginários foram-se alterando com o tempo – muito fruto do seu trabalho posterior de cineasta e documentarista. Amalia falar-nos-á disso e de muito mais. Sobre como o seu avô paterno, por exemplo, a fez prometer que jamais regressaria à Argélia. Mas Amalia voltou, 50 anos mais tarde, mas voltou. E, desde aí, não mais deixou de lá voltar. Na ocasião em que primeiro regressou ao país fê-lo em trabalho. Queria contar a história da sua bisavó paterna, a quem deve o nome: Amalia Escriva.A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. A voz de Amalia Escriva é dobrada por Cátia Soares. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.

Márcio de Carvalho (cortesia do artista)Márcio de Carvalho (cortesia do artista)

 

02.01.2024 | por mariana | Africa, africanstudies, Amália Escriva, Argélia, cineasta, independência

2024 na Cinemateca: destaques da programação - Memória do País, memória do Cinema

Em anteriores aniversários redondos do “25 de Abril” (nos 10, 25 e 40 anos) a Cinemateca levou a cabo importantes ciclos e outras iniciativas de celebração. Aos 50 anos, a imensidade de memórias, reflexões e interrogações que a data nos sugere no próprio território do cinema exigiu outra escala de tempo, invadindo um ano inteiro de programação. Em 2024, todo o ano será assim contaminado por esta evocação, seja de forma direta seja de forma indireta, estabelecendo-se uma grelha de programação em que outros ciclos estruturantes virão confrontar-se, e de algum modo sempre dialogar, com iniciativas várias que reuniremos sob o chapéu “Abril 50”. O que propomos não é só lembrar Abril, ou pensar Abril, ou pensar a nossa história; é também lembrar e pensar tudo isso tomando por base a história do cinema, mais uma vez pensando-e pensando com ela

ABRIL 50

QUE FAREI EU COM ESTA ESPADA? Dentro deste chapéu, a primeira e maior iniciativa a assinalar é aquela que correrá a totalidade do ano, de janeiro a dezembro, e que terá início logo na primeira sessão de 2024: tomando de empréstimo (e naturalmente em explícita homenagem) o título de João César Monteiro QUE FAREI EU COM ESTA ESPADA? aí reuniremos quatro grandes eixos de programação temáticos, livremente trabalhados na história do cinema, todos sugeridos pelo memória de Abril, pela suas ressonâncias históricas e pela projeção destas no nosso presente. São eles REVOLUÇÃO, LIBERDADE, COMUNIDADE e FUTURO. Com eles abriremos e fecharemos o ano, e a eles voltaremos, portanto, regularmente, no decurso dele.

 

O CINEMA EM 1974 E 1975 Uma segunda vertente sugerida pelo cinquentenário será a revisitação do “estado das coisas” no cinema mundial, no momento da mudança histórica ocorrida em Portugal e durante o tempo da maior convulsão política e social que dela derivou – os anos de 1974 e 1975. O que era o cinema nesse exato período do século XX? Com que obras do cinema internacional veio o cinema português da época confrontar-se? O que eram os marcos da ficção cinematográfica e também do documentário? Serão dois anos de cinema a evocar através de uma seleção de filmes que exibiremos ao longo de dois meses, neste caso (e por entre as iniciativas mais diretamente ligadas à própria realidade histórica de Abril de 1974) em abril e maio de 2024.

 

IMAGENS DE ABRIL / UMA HOMENAGEM AO CINEMA PORTUGUÊS / CORTES DE CENSURA / INSTALAÇÃO DE LUCIANA FINA Também no próprio mês de abril de 2024, e em datas mais próximas da efeméride propriamente dita, a Cinemateca voltará a exibir as “imagens de abril”, seja nas obras de referência da época, em filmes posteriores que a evocam, ou até em alguns documentos inéditos entretanto recuperados. No feriado de 25 de abril, voltaremos a abrir as portas da sede, onde decorrerá uma maratona de imagens dessas várias tipologias. Próximo dessa data, apresentaremos de novo (repetindo e renovando a experiência feita nos 70 anos da Cinemateca) uma longa sessão de homenagem ao Cinema Português, numa “montagem crua de bobines” de filmes de múltiplos géneros, em diálogo com a nossa História contemporânea. Voltaremos ainda ao tema CENSURA, retomando a exibição de montagens de “cortes” feitos pela censura portuguesa do Estado Novo. Finalmente, no próprio dia 25 de abril será também inaugurada na sede uma instalação da realizadora Lucina Fina, convidada pela Cinemateca para uma evocação livre do tema.

 

TEMPO COLONIAL – TEMPO PÓS-COLONIAL / CINEMAS DA LIBERTAÇÃO Ainda outra vertente, que consideramos indissociável de toda esta memória e interrogação, será a da realidade colonial e pós-colonial, que aqui abordaremos numa dupla dimensão. Por um lado, voltaremos aos primórdios do cinema colonial, com imagens do nosso e de outros arquivos europeus. Por outro – na ponta oposta do espectro – incluir-se-ão mostras de cinema de países lusófonos libertados do jugo colonial, nisso incluindo obras importantes fundadoras das suas próprias cinematografias e exemplos de criações recentes por parte de novas gerações.  

 

02.01.2024 | por martalanca | Cinemateca de Lisboa

“Awards Charme e Prestígio: Migrantes e Afrodescendentes 2023”, prémio para Conceição Queiroz

Conceição Queiroz, jornalista da CNN e da TVI ganha mais um prémio! Vence na categoria ‘Jornalismo’, nos “Awards Charme e Prestígio: Migrantes e Afrodescendentes 2023”. A Pivot e grande repórter foi escolhida por unanimidade, pela exímia dedicação e entrega ao jornalismo, desde 1994. A CulturFace, com o apoio do Alto Comissariado para as Migrações enaltece o seu percurso e o impacto do trabalho que desenvolve com rigor e coragem. Conceição Queiroz é referência entre gerações, no processo de integração em Portugal. É mais uma vez galardoada, mantendo um inegável caminho marcado pela perseverança e regularidade, numa busca incessante pela verdade.

28.12.2023 | por martalanca | Conceição Queiroz, jornalismo

“Fuckin' Globo!”

21 de dezembro às 19 h - 22h  no Hotel Globo em Luanda!

Aos kambas e amantes da arte nas redondezas não percam!!! A exposição colectiva “Fuckin’ Globo!” reúne vários artistas multidisciplinares, que apresentarão trabalhos em diferentes linguagens tais como performance, fotografia, som e instalação no mítico Hotel Globo, um empreendimento incontornável na vida cultural da baixa de Luanda. Nesta exposição pretende-se fazer uma abordagem sobre o uso do corpo, da imagem e do som, numa era em que o dialogo é substituído pela violência dos equipamentos de alta tecnologia, e em que a galopante globalização dos conflitos tornou-se no principal factor de contaminação e homogeneização cultural.Em “Fuckin´ Globo!”, o espaço se tornará parte indissociável do conceito das obras apresentadas, criando uma interação em uníssono entre as várias intervenções, afim de representar um universo submerso numa gritante cacofonia. Num ambiente claustrofóbico, e na intimidade dos quartos, as obras no Hotel Globo pretendem funcionar como uma metáfora sobre a inconformidade de quem vive num planeta em pleno caos e de acelerada mutação. A palavra e a imagem serão submetidas a um processo de distorção e manipulação, arriscando sobre os limites e definições da criação artística num especifico contexto geográfico.

Artistas:

Globo 112 (João Ana e Elepê)

Edson Chagas

Kiluanji Kia Henda

Marcos Kabenda

Orlando Sérgio

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The collective exhibition “Fuckin’ Globo!” is an assemblage of interdisciplinary artists and they’ll be displaying works in a wide range of art mediums and form such as performance, photography, sound and installation, at the mythical Hotel Globo, a pivotal building on Luanda’s downtown cultural life. The aim of the exhibition is to discuss the modern use of the body, image and sound, at the contemporary days we’re living, where verbal communication is replaced by the violence of the high tech hardware and the ever growing global warfare has become the principal factor of the cultural contamination and similarity.On “Fuckin’ Globo!” the space of the exhibition will be an inseparable part from the general concept of the works being shown by the artists, generating an unison from the various interventions, that will end up representing an Universe submersed in a giant cacophony. At a claustrophobic environment and the intimacy of the rooms, the purpose of the performances is to set a metaphor on the unconformity set to all of us living on a planet full of chaos and advanced mutation. Word and image will be put through a process of distortion and manipulation, thus venturing on the limit and definition of artistic creation at a specific geographical context.

23.12.2023 | por martalanca | artistas angolanos, Edson Chagas, Elepê, Fucking Globo, João Ana, kiluanji kia henda, Marcos Kabenda, Orlando Sérgio

The Best Books We Read in 2023

By Words Without Borders

WWB staff members share their favorite translated books of the year and the titles they’re most looking forward to in 2024.

Joaquim Arena’s Under Our Skintranslated from the Portuguese by Jethro Soutar, an investigation into the remarkable lives of João de Sá Panasco, Thomas-Alexandre Davy de la Pailleterie, Andresa do Nascimento, and Marcelino Manuel da Graça, to name just a few of the historical figures profiled in this stunning book on the African diaspora in Portugal, could not have come at a better time—just as I have been reading about Juan Latino, Charles Graves, Mary Wilhelmina Lancaster, and Priscilla Henry, equally impressive figures of the diaspora in Spain and the United States. In addition to leading me through the lives of these key figures as they intersected with the course of History and came to be represented in the arts, Arena, whose book begins with his return to Portugal from his home in Cabo Verde after the death of his adoptive father, also grounded me by creating a striking sense of place. Consider his description of Alcácer do Sal: “But there’s something alluring and hospitable about the place too, as if its shadowy streets guard ancient secrets. The castle on the hill, the al-qasr (‘the castle’ in Arabic) that gives the town its name (along with sal, the Portuguese word for ‘salt’), watches over the floodplains, vast and lushly green, and looks down on the white town that climbs the slope from the river. The place has been the scene of historical battles, invasions, clashes between great empires and civilizations, and this knowledge undercuts the sleepiness with a sense of import.” Passages like this one, wonderfully mediated by Soutar, keep me returning to Arena’s book and contemplating the various groups of people that carried their languages, customs, and chattel atop a hill in the Iberian Peninsula and made something happen. Arena’s book reminds us that what was made can be unmade if we, like his friend Leopoldina (also profiled in this book), understand how things came to be. In that regard, I think that Louis Timagène Houat’s The Maroons, which tells the story of Frême and Marie’s escape from slavery and introduction into a maroon community in a forest on Réunion Island—translated by Aqiil Gopee and Jeffrey Diteman—is a good harbinger for 2024. 

More info. 

 

17.12.2023 | por martalanca | Joaquim Arena, livros

Episódio #6 "França: fantasmas coloniais, Argélia e racismo", com Graça dos Santos

Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais.

Os fantasmas do colonialismo, feitos memória e pós-memória, estão no centro dos debates sobre a nova identidade francesa no pós-descolonização. Uma França onde, com o fim do império e os fluxos populacionais que ele trouxe, os franceses e as francesas são também pieds-noirs – o equivalente dos retornados portugueses; harkis – que combateram com o exército colonial francês na Argélia; antigos combatentes; franco-argelinos cujos pais migraram para França antes e depois da independência; e descendentes de todos estes grupos. A França contemporânea é este caldeirão de pessoas diversas, com vivências e memórias muito diferentes do antigo império. No entanto, têm uma herança comum: testemunharam como as suas vidas – e as dos seus pais – foram afetadas por um momento histórico extremamente significativo, uma revolução que trouxe mudanças marcantes para as suas vidas, para a configuração dos seus países e para as suas identidades. Isso gerou uma variedade de narrativas de que ouviremos exemplos nos próximos episódios e que, de alguma forma, constroem uma história outra de França e da Argélia, a partir dos espectros familiares dos seus pais e avós.

Os argelinos, franco-argelinos e seus descendentes reivindicam hoje espaço para narrativas que efetivamente contem as suas histórias, contornando as lacunas, os silêncios e as divergências das memórias não-contadas dos seus pais, mães, tios e avós. Mas, sobretudo, ambicionam construir narrativas que preencham as lacunas, os silêncios e as divergências presentes na narrativa oficial do Estado francês, em particular no que diz respeito à guerra da independência da Argélia. Durante largas décadas, assim o conta Graça dos Santos, o Estado francês recusou-se a nomear explicitamente o evento, e isso, diz-nos, é sintomático de um mal-estar latente.

A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.

Ouvir aqui. 

15.12.2023 | por martalanca | Argélia, França, Memória da Memória, podcast

TERRATREME, 15 anos 100 filmes

13.12.2023 | por martalanca | cinema, Terratreme

"Joaquim – O Conde de Ferreira e seu legado"

INAUGURAÇÃO 

15.12.2023
Uma exposição de Barbara Neves Alves & António Ramalho, Dori Nigro & Paulo Pinto, Francisca Calisto, João Ana, Ivo Tavares e Paulo Moreira & Thaís Freire de Andrade 
Curadoria: Nuno Coelho

Programa:
Conversa com artistas e curador
16h | FBAUP Aula Magna
  
Inauguração
18h | Rampa

Joaquim Ferreira dos Santos (Porto, 1782) saiu de uma situação humilde para enriquecer com o tráfico transatlântico de pessoas escravizadas no Brasil. Regressado a Portugal, em 1832, investiu em negócios e apoiou o liberalismo, ganhando o título de Conde de Ferreira. Após a sua morte, em 1866, o seu testamento destinou fundos para projetos sociais, incluindo a construção do primeiro hospital para saúde mental em Portugal (Hospital Conde de Ferreira) e da primeira rede escolar primária no país (120 Escolas Conde de Ferreira). No entanto, a origem da sua fortuna é do desconhecimento geral da sociedade beneficiária. Ao referir-se a esta figura histórica pelo seu nome próprio, simbolicamente destronando-o do pedestal e destituindo-o do título, esta exposição pretende indagar e problematizar este homem, o seu legado e o que representa hoje, convocando profissionais das artes visuais e performativas, arquitetura e design. Complementada por um programa paralelo, a exposição pretende criar espaço para uma urgente e necessária reflexão coletiva sobre o passado e presente da sociedade portuguesa.

Programa paralelo 

16.12.2023 + 06.01.2024
16h | Rampa
Visitas guiadas à exposição

13.01.2024
16h | Rampa

Projeção do filme “Debaixo do Tapete” (48’) de Catarina Demony & Carlos Costa seguida de conversa com Catarina Demony e Nuno Coelho, moderação de Alexandra Balona

20.01.2024
16h | Rampa
Performance “Alva Escura” (20’) de Dori Nigro & Paulo Pinto

27.01.2024
16h | Rampa
Conversa-debate “Ecos silenciados: entre a memória e a censura” com Dori Nigro, Paulo Pinto, Georgia Quintas e Virgílio Ferreira, moderação de Alexandra Balona

03.02.2024
16h | Rampa
Conversa-debate “Memorializar a escravatura no espaço público português” com Evalina Gomes Dias, Marta Lança e Paulo Moreira, moderação de Nuno Coelho

Esta exposição tem o apoio do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra (CEIS20) / Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e da Direção-Geral das Artes / Ministério da Cultura. A Rampa é uma estrutura financiada pela Direção-Geral das Artes / Ministério da Cultura e pelo Criatório / Câmara Municipal do Porto.

12.12.2023 | por martalanca | Conde Ferreira, escravatura, memorialização, Rampa

Zoos humanos, ethnic freaks y exhibiciones etnológicas – Conferência com Hasan G. López Sanz

Quinta-feira, 14 de Dezembro às 19 horas

Esta conferência abordará questões que o filósofo espanhol Hasan G. López Sanz tem vindo a debruçar na sua investigação, como as complexas relações entre exotismo e educação, antropologia e memória colonial, restituição e reparação.  A apresentação incluirá, também, uma reflexão sobre a forma como a arte contemporânea tem vindo materializar estas ideias, nomeadamente através de projetos de artistas que têm vindo a desconstruir o pensamento colonial, que muitas vezes persiste em algumas das ciências humanas e da Academia. “Zoos humanos, ethnic freaks y exhibiciones etnológicas. Una aproximación desde la antropología, la estética y la creación artística contemporánea”, publicado por Hasan Lópes em 2017, constituiu-se, ainda, como uma das múltiplas referências para a construção do conhecimento basilar do eixo Memória de Elefante, do Ping!. A publicação, editada pela editora Concreta, aborda temas marcantes para a reflexão e debate destas questões, como foi o caso da decisão do Estado Novo em organizar a “Primeira Exposição Colonial Portuguesa”, nos Jardins do Palácio de Cristal do Porto, em 1934.

Local:Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett
Para assistir à conferência deve levantar o bilhete gratuito (máximo 2 por pessoa) até 15 minutos antes do início do evento. Pode reservar o seu lugar antecipadamente através do email galeriamunicipal@agoraporto.pt.

Hasan G. López Sanz é doutorado em Filosofia. É professor na área de Estética e Teoria das Artes na Faculdade de Filosofia da Universidade de Valência, investigador associado do CRAL (Centre de Recherches sur les Arts et le Langage) em Paris, e membro e diretor do grupo de investigação “Grupo de estudios visuales sobre memoria de la esclavitud, el colonialismo y sus legados”, entre outros projetos.Desenvolve a sua investigação no domínio da imagem, das suas práticas e usos públicos, especialmente em relação com a antropologia, a estética e a arte contemporânea. Entre as suas publicações, incluem-se livros como o “Zoos humanos, ethnic freaks y exhibiciones etnológicas. Una aproximación desde la antropología, la estética y la creación artística contemporánea” (Concreta, 2017), “Let’s bring blacks home! Imaginação colonial e formas de aproximação gráfica dos negros em África” (1880-1968) (PUV, 2020).

ver mais programa Ping!

09.12.2023 | por martalanca | Exposição Colonial Portuguesa, Hasan G. López Sanz, ping!, Zoos humanos

Episódio #5 "Herdar o Império" Conversa com Verónica Leite e Castro

 
Em Memória da Memória. Interrogações e testemunhos pós-imperiais 7 de dezembro 2023

Em memória da memória, hoje sentamo-nos com Verónica Leite e Castro. 

Verónica Leite e Castro é natural de Luanda, capital de Angola, onde nasceu em 1959. O seu pai era português e emigrou para Angola, onde dirigiu um estabelecimento comercial. Aí, viria a conhecer a mãe de Verónica, mulher angolana, nascida na província do Uíge, filha de pai português branco e de mãe negra bacongo do norte de Angola. Verónica Leite e Castro cresceu numa família de mulheres, tendo conhecido o pai apenas aos 16 anos, depois de vir viver para Portugal. 

As circunstâncias de ter crescido com uma história familiar profundamente intrincada com o colonialismo e com as relações de poder e de violência racista, sexista e de classe que ele produz impactaram a sua vida posterior. 

Quando se deu a revolução do 25 de abril de 1974, que pôs fim à ditadura em Portugal, ainda residia em Angola. No ano seguinte, veio viver para Portugal. Explica que não é retornada, que a sua história é diferente. Olhando para o caminho percorrido em termos de memória pública do colonialismo em Portugal, Verónica Leite e Castro destaca o modo como as heranças coloniais ainda moldam de forma determinante a sociedade portuguesa.

A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.

07.12.2023 | por martalanca | Verónica Leite e Castro

AND Hap: "2023 em retrospetiva", com Fernanda Eugenio & Coletivo AND + Bete Esteves

15 de dezembro, 18h-22h | Espaço AND Lab, Lisboa 

No dia 15 de dezembro, o estúdio do Espaço AND Lab abre portas, das 18 às 22h, para o último AND Hap do ano: uma breve retrospetiva de 2023, com uma partilha experimental e experiencial de uma dupla instalação participativa e mostra dos artefactos gráficos AND Lab. Pelas 20h, haverá uma conversa informal, de apresentação da questão-tema 2023 “Re-Pouso & Re-Voo”, por Fernanda Eugenio, e de debate sobre as criações em processo, com Fernanda e as artistas Manoela Rangel (Coletivo AND), Dai (colaboradore convidade) e Bete Esteves (artista Crafting). O bar, instalado na sala de produção, irá acolher o convívio e a celebração, com comes & bebes.

Durante todo o ano, Fernanda Eugenio e o Coletivo AND estiveram ocupades com a questão-tema transversal “Re-Pouso & Re-Voo: Amparo, Encanto e Restauração”, refletida nas diferentes situações de encontro e transmissão da Escola do Reparar (oficinas, laboratórios e retiros) e na criação, em marcha, de “Peças-Rituais de Amparo & Encanto”.

Para esta mostra AND Hap, selecionamos um conjunto de proposições emergentes desse processo dedicadas à ativação do “estado de ninho”. Agrupadas numa única-múltipla instalação, Ninho(s), todas elas tomam a forma da videoperformance associada a um programa-convite para experimentar a sensação do amparo/re-pouso.

Do programa Crafting, que oferece assistência singularizada a processos de criação através da aplicação das ferramentas do Modo Operativo AND, convidamos Bete Esteves - uma das artistas acompanhadas por Fernanda Eugenio durante 2023 - a mostrar um excerto da sua criação “Que(m) Sabe de Que(m) Sou Feita”, oferecendo, a partir da partilha de uma experiência concreta, um vislumbre de como operam os processos de criação assistida.

Entrada livre, todes bem-vindes! Agradecemos a confirmação de presença.

Nota: para desfrutar de algumas das propostas da instalação Ninho(s), será necessário o uso de telemóvel e fones de ouvido. Teremos alguns fones para empréstimo, mas pedimos que quem puder traga os seus :)


Próximas atividades AND Lab:

07.12.2023 | por martalanca | AND Lab

Episódio #4 "Herdar o Império" Paulo Faria

 
Em Memória da Memória.Interrogações e testemunhos pós-imperiais

Em memória da memória, conversamos com Paulo Faria.

Paulo Faria nasceu em Lisboa em 1967. É escritor e tradutor literário e é muitíssimo provável que já se tenham deparado com o seu nome impresso lá em casa mais do que uma vez, nalgum dos livros de Cormac McCarthy, Charles Dickens ou George Orwell que verteu para português. Em memória da memória do pai, mas também de um passado do qual se assume como sujeito implicado, escreveu dois romances – e outros textos – em torno dos legados da guerra colonial.

No podcast do projeto MAPS conversamos com Paulo Faria sobre silêncios, heranças e sobre as razões que explicam como para descobrir o pai, foi preciso primeiro descobrir a guerra: uma guerra contra o esquecimento, uma guerra com o luto, uma guerra contra o trauma, uma guerra consigo mesmo, uma guerra contra os modos como ainda hoje se pensa e conta este acontecimento em Portugal. Sobre tudo isso nos falará Paulo Faria no Em Memória da Memória.

A realização é de Inês Nascimento Rodrigues, a edição de som de José Gomes e a imagem gráfica de Márcio de Carvalho. Indicativo: voz de Rui Cruzeiro e música original da autoria de XEXA.
 

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SABER MAIS
© Imagem: Márcio de Carvalho (cortesia do artista)

Realizado no âmbito do projeto de investigação “MAPS – Pós-Memórias Europeias: Uma Cartografia Pós-Colonial”, coordenado pela investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Margarida Calafate Ribeiro, e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o podcast vai contar com 18 episódios e vai ficar disponível na plataforma REIMAGINAR A EUROPA. Poderá também ser subscrito em SpotifyApple PodcastsAmazon Music e noutras plataformas de podcasts. 

30.11.2023 | por martalanca | guerra colonial, memoirs, memória, Paulo Faria

Performando Sentimentos Públicos, Ana Pais

Sentimentos públicos são forças invisíveis que circulam na esfera pública, modelando desejos, informando escolhas e, muitas vezes, determinando comportamentos. No entanto, a dificuldade em reconhecer como eles influenciam, tanto a nossa experiência afectiva individual quanto colectiva, tem implicações profundas na vida pública, em particular, no que respeita à pluralidade da democracia e ao exercício pleno da cidadania.

A minha hipótese de trabalho é a de que as artes performativas frequentemente sintonizam com os sentimentos públicos dominantes num determinado momento e contexto histórico, revelando as suas forças invisíveis durante o encontro com o público. Além das práticas artísticas, darei atenção ainda a outras práticas sociais que recorrem à performance pública de sentimentos que reverberam no colectivo (discursos políticos e institucionais, bem como a respectiva difusão nos media), trabalhando sobre a noção da performatividade dos sentimentos públicos: o que nos fazem, como nos atravessam e o que podem as artes performativas contribuir para o seu discernimento e, consequentemente, para uma vida cívica plural?

29.11.2023 | por martalanca | afeto, Ana Pais, artes performativas

Africanidade em ação: Essencialismo e imaginações musicais da África no Brasil

Seminário GIEEMP | 

SEMINÁRIO PERMANENTE DO GRUPO DE INVESTIGAÇÃO ETNOMUSICOLOGIA E ESTUDOS EM MÚSICA POPULAR  2023-12-13 | 15h00 | NOVA FCSH, Colégio Almada Negreiros, Campolide (Lisboa) | Sala 208 - Piso 2 | Sala Zoom  Entrada livre, presencial e online.   Africanidade em ação: Essencialismo e imaginações musicais da África no Brasil Juan Diego Dias | UC Davis

Neste seminário, Juan Diego Diaz compartilhará ideias sobre o seu premiado livro Africanness in Action: Essentialism and Musical Imaginations in Brazil (OUP, 2021). O livro discute como músicos negros da Bahia, Brasil, envolvem tropos comuns sobre música e cultura africanas em seu trabalho criativo. Através de quatro estudos de caso, veremos como esses músicos afirmam identidades afro-brasileiras, promovem mudanças sociais e criticam a desigualdade racial ao envolver criativamente tropos essencializados sobre a música e a cultura africanas. O argumento principal é o de que, em vez de reproduzir essas noções, os músicos demonstram agência ao enfatizá-las ou minimizá-las estrategicamente. Na segunda parte da apresentação, Juan Diego leva-nos a atravessar o Atlântico para examinar como quatro pequenas comunidades da África Ocidental (Gana, Togo, Benim e Nigéria) olham para o Brasil como uma fonte de inspiração para a criação musical.

Juan Diego Díaz | Professor Associado de Etnomusicologia na Universidade da Califórnia, Davis. Desenvolve pesquisas sobre as músicas do Atlântico Negro, com foco no Brasil e na África Ocidental. Os seus livros incluem Tabom Voices: a history of the Ghanaian Afro-Brazilian Community in their Own Words (2016) e Africanness in Action: Essentialism and Musical Imaginations of Africa in Brazil (OUP, 2021), tendo este último recebido várias menções honrosas da SEM e da BFE. Seu trabalho sobre as conexões transatlânticas entre o Brasil e a África Ocidental também é apresentado no seu documentário Tabom na Bahia (2017), co-dirigido com Nilton Pereira. Estudante e estudioso de longa data da capoeira angola, publicou numerosos artigos sobre esta forma de arte e liderou conjuntos universitários de capoeira angola e berimbau.

 

29.11.2023 | por martalanca | seminário

Diálogos entre literatus: do livro ao escritor

No dia 2 de Dezembro, sábado, a partir das 16h30, no Hotel Globo, acontece a 1ª edição do evento “Diálogo entre literatus: do livro ao escritor”, em torno da obra literária “A Caricatura do Abandono”, do escritor Lourenço Mussango.


“Diálogo entre Literatus: do livro ao escritor” surge como um espaço cultural onde discutir-se-á obras literárias contemporâneas e não só, explorando o imaginário de seus autores sob o olhar incisivo de leitores, roteiristas, realizadores, críticos literários, jornalistas, editores e etc. Trata-se de uma iniciativa experimental que, a partir do crivo de um entusiasta da leitura, buscará promover o diálogo da literatura com outras manifestações artísticas como o cinema e a pintura.
As edições acontecerão em torno de obras de escritores angolanos convidados, assim como, em edições especiais, de escritores de praças literárias africanas e de outros continentes.
As conversas reflectirão também sobre as possibilidades de se transformar narrativas literárias nacionais em obras fílmicas através de adaptações cinematográficas, uma das propostas da iniciativa.
Com entrada gratuita, a 1ª edição do “Diálogo entre literatus: do livro ao escritor” conta com a curadoria e coordenação de André Gomes e, a conversa, por sua vez, será moderada pela leitora e criadora de conteúdo literário, Áurea Assíduo.  Organizado pelo projecto Cinéfilos & Literatus, o evento tem a parceria da associação KinoYetu e Goethe Institut Angola e o apoio da Refriango e Asas de Papel Editora.
A Caricatura do Abandono “é uma obra vibrante. Em sete contos, o autor mostra a sua habilidade de transformar momentos comuns em histórias excepcionais, protagonizadas por personagens que reflectem a vida de homens e mulheres que carregam nos ombros o peso do abandono, do amor gorado, do passado esquecido e do sonho defraudado”.
Terminado o evento teremos venda e sessões de autógrafos da obra referida no valor de 7.000 kz, pela Asas de Papel Editora.
Sintam-se convidad@s!

André Bastos Gomes

28.11.2023 | por martalanca | Lourenço Mussango, “A Caricatura do Abandono”

Djaimilia Pereira de Almeida: Tecelã de Mundos Passados e Presentes

Sheila Khan & Sandra Sousa (Eds.)

2023 | UMinho Editora

Este livro é uma dedicatória à obra da escritora Djaimilia Pereira de Almeida. Nele, diversos contribuidores, oriundos de diferentes lugares e com trajetórias de vida singulares, unem-se pelo amor à literatura, ao pensamento crítico e social em torno da relação entre passados e presentes diversos. Neste espaço, todos tentam desvendar e atribuir sentido (ou criar novos significados) aos mundos impressos nas páginas de uma interrogação constante para pensar o mundo da experiência histórica e humana, que perpassa na sua obra. A autora pertencente a uma geração de afrodescendentes formados em Portugal que questiona o papel de herdeiros de processos imperiais e pós-coloniais, tanto local quanto globalmente. Estabelecendo elos com uma diáspora europeia ou mesmo americana, Djaimilia proporciona-nos a oportunidade de repensar o lugar da sua geração num mundo marcado pela violência, so- lidão, silêncio, discriminação e imposição de fronteiras. Este livro representa um encontro audacioso com uma cidadã e escritora que desafia o mundo do antes, do agora e do porvir, por meio de uma escrita ativa, comprometida e profundamente humanista. Os textos incluídos nesta coletânea demonstram a riqueza e diversidade de análises que a obra de Djaimilia Pereira de Almeida inspira numa atitude crítica perante a nossa contemporaneidade.

o livro pode ser baixado e lido aqui. 

Sheila Khan (coord.) Escola de Ciências Humanas e Sociais, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal/Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho, Braga, Portugal

Sandra Sousa (coord.) Department of Modern Languages and Literatures, University of Central Florida, Orlando, Estados Unidos da América

Índice 

  • Prefácio: Inocência Mata
  • Introdução: Por uma Ecologia de Questionamentos e de Encontros I Sandra Sousa, Sheila Khan
  • As Relações Possíveis Apesar do Sofrimento Abissal: O Realismo Afetivo de Djaimilia Pereira de Almeida IRoberta Guimarães Franco
  • Deficiência, Racialização, e Colonialidade em Luanda, Lisboa, Paraíso I Daniel F. Silva
  • Maremoto: Despojos de Guerra, Solidão e Testemunho em Tempos Pós-Coloniais I Sheila Khan
  • Vidas Precárias, Vulnerabilidades Masculinas I Cláudia Pazos-Alonso
  • Ecocumplicidade em A Visão das Plantas de Djaimilia Pereira de Almeida I Sandra Sousa
  • Memória Histórica, Literatura e Rasura: Escrita Reparativa em Três Histórias de Esquecimento (2021) I Margarida Rendeiro
  • Uma Economia de Afetos Coloniais: A Mediação de Identidades Subalternizadas em Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida I Daniel Marinho Laks
  • “Ver Vem Antes das Palavras”: As Crónicas de Djaimilia Pereira de Almeida I Susana Pimenta
  • Análise Lexicométrica de Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida I Carla Sofia Araújo

28.11.2023 | por martalanca | Djaimilia Pereira de Almeida

O Hábito Faz o Colonizador: Narrativas e Artivismos no Pós-Colonial

18 e 19 de julho de 2024, Departamento de Línguas e Culturas, Universidade de 

Aveiro Site 

Sobre o congresso:

“O hábito não faz o monge”. A antiga expressão popular dizia que as pessoas não deviam ser julgadas somente pela sua aparência, mas também pelos seus atos e condutas. Tempos depois adquiriu uma conotação contrária. Hoje, afinal, também se pode dizer: “o hábito faz o monge”. Como escreveu José de Alencar, em 1854, no folhetim Ao correr da pena: “Hoje, apesar do rifão antigo, todo o mundo entende que o hábito faz o monge. Vista alguém uma calça velha e uma casaca de cotovelos roídos. Embora seja o homem mais relacionado do Rio, passará incógnito e invisível”. Isto é, mais do que uma veste medieval ou terno puído, ontem como hoje, o hábito diz respeito a uma série de costumes, regras, modos e dogmas frequentes e – muitas vezes – permanentes, que induzem maneiras usuais de agir, fazer, sentir e até mesmo de ser. Como postulou Pierre Bordieu, o habitus constitui-se como duro capital simbólico incorporado no modo de agir das pessoas através dos rituais de socialização institucional. Não há, pois, colonialismo nem pós colonialismo fora deste contexto. Escola, estado, trabalho, espaço público têm, assim, a “função de produzir indivíduos dotados de um sistema de esquemas inconscientes, o qual constitui a sua cultura”, as suas crenças arreigadas (Bourdieu, 1974, p. 346). Nesse sentido, o hábito faz o monge. Portanto, o hábito molda o colonizador e enforma também o preconceito.

Neste âmbito, tomamos emprestado esse significativo ditado para pensar criticamente e debater as Narrativas (literárias, performativas e outras) e Arte Ativistas, nos seus múltiplos formatos e suportes – plástico, visual, musical, escrito, videográfico, digital, podcasts e soundscapes diversos (Blaagard et al., 2023), mas incluindo também o próprio corpo, considerado como tela e espaço de criação (Martins & Campos, 2023) – articuladas em torno de conceitos como o Pós-Colonial (Castellano, 2021, pp. 262-264),  o Anti-Colonialismo, a Colonialidade do poder (Grosfoguel, 2008), do saber (Lander et al., 2005) e do ser (Maldonado-Torres, 2007), o Contra-Discurso, a Descolonização, a Decolonialidade (Ashcroft et al., 2000), as Transperiferias Colaborativas (Windle et al, 2020); e linhas de pensamento como a Filosofia da Libertação de Dussel (2016), a Teoria da Dependência de Quijano (2005) e a Categoria Político-Cultural de Amefricanidade de Gonzalez (1988), etc.

Para tal, o evento, propositadamente de banda larga, destina-se a expressões académicas e filosóficas que se alimentem da postura crítica discutida pelas teorias e práticas pós-coloniais organizadas nos temas listados abaixo e outros que se enquadrem nesse âmbito:

– Artivismo pós-colonial transdisciplinar, inter e multiartes;

– Planeamento do território e práticas de resistência à segregação étnica, religiosa, cultura;

– Discursos e intervenções no tema reparações históricas;

– Narrativas nos media e confrontação política;

– A abordagem histórica no aparelho educativo da antiga metrópole e ex-colónias;

– A velha máxima do Luso-tropicalismo e suas ramificações;

– Artistas no exílio e perspectivas (anti-)coloniais, pós ou decoloniais;

Habitus colonial e discursos ideológicos;

– O papel da ficção especulativa em narrativas pós-coloniais;

– Colonialidade do saber, epistemologias subalternas e a legitimidade do conhecimento;

– Colonialidade do poder contra as lutas identitárias de género, raça e classe;

– Colonialidade do ser e a influência das Narrativas em processos de subjetivação.

– Associações artivistas, comunas de artistas, cooperativas e movimentos artísticos unidos em torno de objetivos sociopolíticos;

– O corpo enquanto problemática e ferramenta artivista nos seus diversos usos;

– Estética artística e campo político: intersecções, porosidades, oposições;

– Artivismo vitalista: o corpo e a vida de ativistas enquanto obra de arte, narrativa e ficção vital;

 

Chamada de trabalhos:

 

O congresso irá recorrer ao uso da língua portuguesa como meio de comunicação entre todos os participantes. Ademais se alerta que não serão consideradas comunicações via zoom e também se encontram fora dos parâmetros seletivos o envio de gravações. Em linha com os objetivos deste congresso, pretende-se dar primazia às interações pessoais e, em conformidade, todas as comunicações serão presenciais. 

As propostas devem ter entre 200 e 300 palavras, incluindo palavras-chave. Devem ser enviadas até ao dia 31 de janeiro de 2024, acompanhadas de uma breve nota biográfica (máximo de 100 palavras). O título do ficheiro com o resumo deve obedecer ao seguinte formato: “nomeResumo”. Exemplo: “AndréMirandaSantosResumo”

As comunicações ao congresso terão entre 15 a 20 minutos. Todas as propostas serão analisadas atempadamente e os autores notificados em tempo útil, tão breve quanto possível. As mesmas deverão ser enviadas para o seguinte endereço eletrónico: habitocolonizador@gmail.com

Todas as informações disponíveis em: 

https://ohabitofazocolonizador.wordpress.com/

 

Referências

 

Ashcroft, B., Griffiths, G., & Tiffin, H. (2000). Post-Colonial Studies: The Key Concepts (2a). London: Routledge.

Blaagaard, B., Marchetti, S., Ponzanesi, S., & Bassi, S. (Eds.) (2023). Postcolonial Publics: Art and Citizen Media in Europe. (1 ed.) Edizioni Ca’Foscari, Venice University Press. Studi e ricerche Vol. 30 https://doi.org/10.30687/978-88-6969-677-0

Bordieu, P. (1974). A Economia das Trocas Simbólicas (Introdução, organização e seleção de 

Sérgio Miceli). São Paulo: Perspectiva.  Miceli, S., Barros, M., Catani, A., Catani, D., Montero, P., Durand, J. (trads.)

Castellano, C. (2021). Art activism for an Anticolonial Future. Albany: SUNY Press

Dussel, E. (2016). Transmodernidade e interculturalidade: Interpretação a partir da filosofia da libertação. Sociedade e Estado, 31(1), 51–73. https://doi.org/10.1590/S0102-69922016000100004

Gonzalez, L. (1988). A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, 92, 69–82.

Grosfoguel, R. (2008). Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: Transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. Revista Crítica de Ciências Sociais, 80, 115–147. https://doi.org/10.4000/rccs.697

Lander, E., Dussel, E., Mignolo, W. D., Coronil, F., Escobar, A., Castro-Gómez, S., Moreno, A., Segrega, F. L., & Quijano, A. (2005). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino- americanas (E. Lander (ed.); J. C. C. B. Silva (trad.)). CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ www.clacso.org

Maldonado-Torres, N. (2007). Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. Em S. Castro-Gómez & R. Grosfoguel (Eds.), El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global (pp. 127–167). Siglo del Hombre Editores.

Martins, J. C. F., & Campos, R. M. de O. (2023). The body as theme and tool of artivism in young people. European Journal of Cultural Studies, 0(0). https://doi.org/10.1177/13675494231163647

Quijano, A. (2005). Colonialidade do Poder, Eurocentrismo e América Latina. Em E. Lander (Ed.), & J. C. C. B. Silva (Trad.), A colonialidade do saber. Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas (pp. 227–278). CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_...

Windle, J., Souza, A. L. S., Silva, D. N., Zaidan, J. M., Maia, J. O., Muniz, K., Lorenso, S. (2020). Por um paradigma transperiférico: uma agenda para pesquisas socialmente engajadas. Debate: Trabalhos em Linguística Aplicada, 59 (2). https://doi.org/10.1590/01031813749651220200706

28.11.2023 | por martalanca | Artivismo, Narrativas, pós-colonial

Conferência de Miguel Carmo: Um percurso entre a história do solo e a história agrícola

Expansão agrícola, degradação do solo e fertilização em Portugal, 1873-1960

UM PERCURSO ENTRE A HISTÓRIA DO SOLO E A HISTÓRIA AGRÍCOLA 

Nesta conferência irá discutir-se o que aconteceu à fertilidade dos solos agrícolas durante a Campanha do Trigo, iniciada em 1929. É comummente aceite que a expansão excessiva das culturas de trigo durante o Estado Novo resultou na degradação dos solos na metade sul de Portugal. A década de 1950 parece representar, a partir dos discursos da agronomia portuguesa, um período de intensificação de fenómenos de esgotamento e de erosão do solo disseminados por todo o país e com dimensões calamitosas a sul. Submetemos este panorama a uma revisão crítica que nos obrigou a recuar ao final do século XIX em busca de um sentido histórico para a transformação – indissociável – dos sistemas de cultivo, das práticas de fertilização, das ciências agronómicas e do próprio solo. Por que modos a expansão agrícola, ininterrupta entre 1870 e 1960, interagiu com a evolução das condições de fertilidade do solo?

Miguel Carmo

(Tavira, 1980) licenciou-se em engenharia do ambiente no Instituto Superior Técnico em Lisboa e finalizou, em 2018, o doutoramento em engenharia agronómica no Instituto Superior de Agronomia, a partir do qual desviou o percurso académico para a história da agricultura e para a história ambiental. Atualmente é investigador integrado no Instituto de História Contemporânea, na Universidade Nova de Lisboa, onde coordena o projeto Paisagens de fogo: Uma história política e ambiental dos grandes incêndios em Portugal (1950-2020), financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

26.11.2023 | por martalanca | Agricultura, Alentejo, Beja, Campanha de Trigo, Miguel Carmo