LA CUENCA (A Bacia Hidrográfica)

Documentário sobre a defesa da água e dos ecossistemas por grupos ambientalistas e comunidades indígenas Mapuche no Wallmapu (Patagónia

Chilena): https://www.lefthandrotation.com/lacuenca Sem Manifestação de Interesse, Escravatura Moderna Intervenção nas ruas de Lisboa sobre as novas políticas migratórias excludentes de Portugal: https://www.lefthandrotation.com/semmanifestacaodeinteresse
Edição ESPECIAL BUENOS AIRES de “A Volta ao Mundo em 80 Catástrofes”: Um novo guia turístico irónico com monumentos ao colonialismo, femicídios,
epidemias, guerras e outras catástrofes durante a era do Capitaloceno: https://www.lefthandrotation.com/avoltaaomundoem80catastrofes

27.09.2025 | por martalanca | Left Hand Rotation

O Doc’s Kingdom, Seminário Internacional de Cinema Documental. celebra 25 anos

Inscrições abertas. De 14 a 19 de novembro, o Doc’s Kingdom regressa a Odemira com um programa dedicado às práticas cinematográficas colectivas. Em 2025, celebram-se 25 anos do Doc’s Kingdom – Seminário Internacional de Cinema Documental, cuja primeira edição remonta ao ano 2000, em Serpa. Para esta edição especial, o Seminário regressa a Odemira pelo terceiro ano consecutivo, com uma semana densa e imersiva de filmes, debates e outras actividades. A cada ano, o seminário é um ponto de encontro internacional para profissionais e amadores de cinema documental, reunindo cerca de 120 participantes de várias nacionalidades. A experiência prolonga-se além da sala de cinema, envolvendo passeios, refeições colectivas e encontros com o território e as comunidades locais. Este ano, destaca-se a presença de representantes de colectivos cinematográficos históricos e contemporâneos de diversas geografias, incluindo Índia, Japão, Brasil, Portugal e Bolívia. 

Com o título “A collective / inarticulate memory” (a partir de um verso do poeta Sean Bonney), o programa pretende contribuir para uma reflexão sobre as possibilidades do cinema colectivista no presente. Pensado pela dupla Raquel Schefer e Rita Morais, selecionadas através de uma convocatória pública internacional, o foco desta edição examina continuidades e rupturas que interligam momentos-chave do cinema colectivo, analisando a complexidade das relações sociais horizontais, sem fugir às contradições frequentemente inerentes a modos colectivos de organização. O programa dialoga também com a história política do Alentejo – onde o Seminário foi criado e onde se realiza novamente desde 2023 (após ter passado também pelos Açores e pelo Minho) – particularmente com o processo de colectivização da terra e do trabalho que marcou profundamente a região durante a Reforma Agrária. Entre os colectivos que compõem o programa, conta-se o incontornável Grupo Zero, cooperativa cinematográfica activa em Portugal após a Revolução de 1974. O projecto Video Tracts for Palestine reúne e divulga, desde 2023, uma série de ciné-tracts anónimos contra o genocídio em curso na Palestina. CAMP, estúdio colaborativo fundado em 2007 em Bombaim, trabalha com cinema, arquivos e tecnologia desenvolvendo uma crítica situada das formas documentais. A filmografia do colectivo Ogawa Productions, marco incontornável do cinema político no Japão e no mundo, será apresentada com a participação do programador Ricardo Matos Cabo. Sueli e Isael Maxakali e seus colaboradores, cineastas Tikmũ’ũn (Maxakali), povo originário do Brasil, filmam em processos partilhados com as suas comunidades, afirmando que “sem terra não há cinema”. Mujeres Creando, colectivo anarca-feminista boliviano, propõe a criatividade como prática radical de intervenção social, com a participação online de María Galindo. Além dos nomes anunciados, o programa só é revelado no início de cada sessão. 

Este convite para revisitar e analisar práticas de cinema colectivo históricas e contemporâneas surge num momento em que a urgência política e social exige repensar modos de criação e de vida em comum. “Face ao genocídio em curso na Palestina, à ascensão do fascismo e do racismo em Portugal e no mundo […], assim como ao esvaziamento de certos conceitos do seu significado político, este programa aponta para a colectividade não como uma ideia abstracta, mas antes como uma forma de pensar, estar e agir em conjunto”, pode ler-se na apresentação do programa.

As inscrições estão abertas (através do website: docskingdom.org) e são limitadas. A inscrição cobre a participação em todas as actividades e as refeições. Além da participação integral para as pessoas inscritas, o seminário oferece uma série de sessões abertas ao público, no Cineteatro Camacho Costa, e outras actividades a anunciar em breve. 

Esta é a primeira edição do seminário sob a co-direção de Catarina Boieiro e Stefanie Baumann, que assumiram funções no início de 2025. Organizado pela Apordoc – Associação pelo Documentário, com financiamento do ICA – Instituto do Cinema e do Audiovisual / Ministério da Cultura e com o apoio do Município de Odemira, entre outros apoios e parceiros locais, o Doc’s Kingdom afirma-se como um espaço singular dedicado ao debate horizontal e ao pensamento crítico em torno da criação documental contemporânea. 

25.09.2025 | por martalanca | Doc’s Kingdom

Zineb Sedira. Standing Here Wondering Which Way to Go

20 set 2025 – 19 jan 2026  10:00 – 18:00  sáb, 10:00 – 21:00  Encerra à Terça Local Espaço ProjetoCentro de Arte Moderna Gulbenkian

Preço Entrada gratuita

Esta exposição individual da artista franco-argelina Zineb Sedira parte de uma reflexão em torno das utopias dos anos de 1960, colocando, lado a lado, cultura e resistência. Zineb Sedira (Paris, 1963) é uma artista franco-argelina que tem investigado temas em torno da migração, memória e transmissão, cruzando narrativas coletivas e pessoais, por vezes autobiográficas, questionando a parcialidade das histórias oficiais.

Na sua primeira exposição individual em Portugal, Sedira regressa aos temas da arte e resistência (e revolução), partindo de uma investigação sobre o Festival Pan-Africano de Argel (PANAF) de 1969, organizado pelo novo estado argelino, independente desde 1962. A sua capital, Argel, emerge como um lugar de encontros «revolucionários» para muitos dos movimentos globais de libertação e dos diferentes militantismos e utopias das décadas de 1960 e 1970. Em Argel é criada, em 1965, a primeira Cinemateca do continente africano, a par da emergência de um cinema militante, com coproduções internacionais. Produzido pelo estado argelino, o filme Festival Pan-Africano de Argel (1969) de William Klein é uma das presenças e evocações centrais da instalação.

O título da exposição, Standing Here Wondering Which Way to Go [Permaneço Aqui Pensando que Caminho Seguir], recupera uma canção interpretada pela cantora gospel afro-americana Marion Williams no PANAF, um extenso evento cultural e político de celebração e afirmação da cultura como arma de resistência à dominação colonial, e uma poderosa manifestação de esperança na mudança do mundo.

A instalação constrói-se em 4 «Cenas»: o vídeo mise-en-scène, realizado com negativos encontrados de filmes militantes; a série de fotomontagens e objetos For a Brief Moment the World Was on Fire…; o diorama Way of Life que reencena, em tamanho real, a sala de estar londrina de Sedira, estilo sixties; e a sua coleção de vinis de canções militantes We Have Come Back. Reúne também um conjunto de «presenças criativas», como William Klein, Jason Oddy, Nabil Djedouani e fotógrafos desconhecidos argelinos; e uma seleção de fotografias de Boubaker Adjali, realizadas em Angola e Moçambique em 1970, assim como um conjunto de edições portuguesas e outros documentos de luta e protesto que dialogam com o contexto histórico português.

17.09.2025 | por martalanca | Zineb Sedira

Bairros

domingo, 21 setembro 2025 Praça do Carvão – Exterior do MAAT Central

A celebração dos dez anos do Festival Iminente,  em coorganização com a Câmara Municipal de Lisboa, será assinalada por várias iniciativas ao longo dos próximos meses. A primeira acontece já no dia 21 de setembro de 2025, a partir das 13h, com um evento em parceria com a Fundação EDP, na Praça do Carvão - Exterior do MAAT Central.

Este dia, de entrada livre, apresenta ao público os resultados da edição de 2025 do projeto Bairros: Workshops Artísticos Comunitários Iminente, desenvolvido com comunidades locais da Alta de Lisboa e do Vale de Chelas. O programa deste domingo inclui oficinas, uma exposição, uma cabine de cinema, gastronomia e apresentações de música, performance e moda – dando início a um ciclo de momentos que reafirmam o Iminente como plataforma ativa de cultura urbana, participação e criação coletiva.

Bairros convida o público a descobrir, escutar e participar neste trabalho coletivo. A partir das 13h, os espaços de gastronomia estão a postos para receber o público, seguindo-se um programa de inúmeras atividades, das 15h às 19h:

Cafofo do Fazer: oficinas abertas de colagem em azulejo (Manel Alma), moda sustentável (Pitanga) e plantação urbana (Flor de Murta). Um espaço dedicado à experimentação e à sustentabilidade. 

Exposição Bairros: mostra dos trabalhos artísticos realizados com as comunidades. 

Espaço do Livro: biblioteca portátil e bancos de leitura construídos nas edições anteriores do Bairros. 

Cabine do Cinema do Bairro: projeção de curtas-metragens produzidas no âmbito do Bairros. 

Bancas do Bairro: gastronomia local, feita e servida pelas comunidades. 

Conversas à Sombra do Bairro: debate sobre território e cultura comunitária, com presenças da Alta de Lisboa e da Curraleira. 

O programa inclui também uma série de momentos de apresentação e celebração, a partir das 16h00

  • 16h00: Marcha da Curraleira – performance musical simbólica conduzida por Tristany, que funde tradição cigana, folclore português e a energia da juventude da Curraleira. 
  • 16h30: Desfile de Moda da Curraleira – com peças criadas numa oficina de upcycling orientada pela artista Pitanga. 
  • 17h30: Bairros Music 2025 – um momento que apresenta as atuações resultantes da oficina de música liderada por Fumaxa, Daus e Pika. 
  • 18h30: Deejay Rifox & Tia Vivix – concerto da dupla mãe-filho residente no PER9, que tem atuado em vários locais em Portugal, Espanha e Cabo Verde. 

Esta iniciativa assinala o culminar de um percurso de criação e celebração partilhada, e abre espaço à participação do público em diversas atividades de acesso aberto ao longo da tarde. 

SOBRE O PROJETO BAIRROS: WORKSHOPS ARTÍSTICOS COMUNITÁRIOS IMINENTE 

Criado em 2020, Bairros: Workshops Artísticos Comunitários Iminente é um projeto de criação artística comunitária promovido pelo Iminente, que opera na interseção entre cultura urbana, cidadania e coesão social. Através de oficinas práticas, intervenções artísticas e momentos de partilha, aproxima criadores, associações de moradores e comunidades locais, fomentando a criação colaborativa e o envolvimento ativo de residentes de todas as idades em processos de transformação cultural e social. 

 

17.09.2025 | por martalanca | bairros, Festival Iminente

Das Lutas de Independência aos Desafios do Futuro - Jornada de Feminismos Africanos

23 de setembro de 2025, 09h30

Anf. III, Faculdade de Letras da UC

Esta jornada reúne no CES mulheres protagonistas do pensamento, das artes e das lutas feministas nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa. O objetivo é, por um lado, repensar os 50 anos das Independências pela perspetiva das mulheres, bem como recontar uma história que se celebra essencialmente no masculino. Por outro lado, o presente e o futuro dos PALOP colocam desafios particulares aos feminismos, que implicam um balanço particular do presente e caminhos ousados e criativos para as lutas pela dignidade e bem-viver das mulheres. A celebração da luta no coletivo far-se-á, também, nesta jornada, com a música e a poesia.
Entrada livre, sem necessidade de inscrição. Com certificado de presença.
Programa

9h30 – sessão de abertura

10h00-12h00 | Mesa 1 – Lutas de mulheres nos PALOP – Passado e presente
Karyna Gomes (Guiné-Bissau), Solange Salvaterra (São Tomé e Príncipe), Isabel Casimiro (Moçambique), Paula Machava (Moçambique)
Moderação: Catarina Martins (FLUC/CES)

14h30- 16h30 – Mesa 2 – Desafios das Lutas de Mulheres nos PALOP
Aida Gomes (Angola), Celeste Fortes (Cabo-Verde), Terezinha da Silva (Moçambique), Paula Cardoso (Moçambique / Portugal)
Moderação: Teresa Cunha (CES/ESEC)

17h00- 18h00 – Roda de música e poesia

17.09.2025 | por martalanca | Jornada de Feminismos Africanos

Primeiros Abalos, de Les Soulèvements de la terre

Apresentação do livro Primeiros Abalos, de Les Soulèvements de la terre (tradução de Pedro Cerejo; revisão de Pedro Morais; capa de Catarina Leal)
Edições Tigre de Papel | 2025 
A editora Tigre de Papel traz à estampa a tradução para Português de Primeiros Abalos, a recente obra que traça, em mais de 400 páginas, as histórias do movimento ecologista francês Les Soulevements de la Terre. De 2 a 7 de Outubro terão lugar apresentações do livro de norte a sul de Portugal, onde se dará a conhecer o movimento e as experiências dos últimos anos mas também as perspetivas estratégicas e políticas do movimento. O momento é também de discussão e reflexão conjunta sobre o atual momento deste mundo em transe e a necessidade de enfrentar as múltiplas crises que vivemos.
 
Primeiros Abalos:
Ao longo das estações, formámos desfiles coloridos, armados com pás, megafones e trituradores, vestidos com fatos de trabalho e macacões brancos, escoltados por pássaros gigantes… Atravessámos campos e planícies, percorremos vales industriais e pistas de asfalto de fábricas – e chegámos mesmo a roçar os picos alpinos. Erguemo-nos para defender a terra e os seus usos comuns. Contra as megabacias, as pedreiras, a betonização e os especuladores da terra, queremos difundir os gestos de bloqueio, de ocupação e de desarmamento, para desmantelar as cadeias tóxicas. Sublevamo-nos porque não esperamos nada de quem governa a catástrofe.  Sublevamo-nos porque acreditamos na nossa capacidade de agir. Durante séculos, de norte a sul, os movimentos populares têm lutado para defender uma ideia simples: a terra e a água pertencem a todos, ou talvez a ninguém. Os Soulèvements de la terre não estão a inventar nada de novo, ou muito pouco. Trata-se de um regresso a uma convicção que nunca deveríamos ter abandonado. Os Soulèvements de la terre são uma tentativa de construir uma rede de lutas locais e, ao mesmo tempo, dar impulso a um movimento mais vasto de resistência e de redistribuição da terra. É o desejo de estabelecer um verdadeiro equilíbrio de forças com o objetivo de arrancar a terra à devastação da indústria e do mercado.
Apresentações:
02/10 | 19h | Porto | Gato Vadio | gatovadiolivraria.blogspot.com
03/10 | 11h | Coimbra | Colégio São Bento (Universidade de Coimbra) – Laboratório de Estudos Críticos do Antropoceno. CIAS DCV, auditório DC, 1.º andar, Colégio de São Bento, Universidade de Coimbra (calçada Martim de Freitas, 3000-456 Coimbra)
03/10 | 19h | Lisboa | Casa do Comum | casadocomum.org
05/10 | 16h | Lisboa | cem – centro em movimento | Leitura coletiva | https://c-e-m.org/  
07/10 | 18h30 | Montemor-o-Novo | AMOR VIL | https://maps.app.goo.gl/Qb23o28iiMFxhVr76

17.09.2025 | por martalanca | Primeiros Abalos

Seminário de Celebração da Independência dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa

Cinco décadas após a conquista da soberania política por Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, a Universidade Federal do Pará (UFPA) promoverá, entre os dias 17 e 19 de dezembro de 2025, o Seminário de Celebração da Independência dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOPs). O evento é organizado pela Cátedra João Lúcio de Azevedo (Camões I.P. – UFPA) e busca rememorar os processos históricos de emancipação que se seguiram à Revolução dos Cravos, em 1974, e culminaram na independência dessas nações africanas em 1975.

A programação contará com conferências, plenárias e mesas-redondas dedicadas a discutir arte, literatura e resistência anticolonialista. Haverá também espaço para a apresentação de comunicações orais, distribuídas em cinco eixos temáticos: Arte, Cultura e Saberes africanos; Circulação das literaturas africanas de língua oficial portuguesa no Brasil; Literatura africana de autoria feminina; Literatura contemporânea dos PALOPs em perspectiva comparada; e Representação da resistência anticolonialista na literatura e na história.

Para a professora Germana Araújo Sales, diretora da Cátedra João Lúcio de Azevedo, o seminário é uma oportunidade de fortalecer diálogos e laços históricos entre Brasil e África:

“É de suma importância celebrar a independência dos países africanos de língua portuguesa que permaneceram tantos séculos no domínio português e só em 1975, após a Revolução dos Cravos, foi possível a emancipação política”.

O encontro receberá inscrições abertas ao público, tanto para ouvintes quanto para apresentadores de trabalhos. As taxas variam de R$ 10 a R$ 25 para ouvintes (de estudantes de graduação a professores de ensino superior) e de R$ 10 a R$ 60 para apresentação de trabalhos, que podem ser submetidos até 26 de outubro de 2025, por meio do site oficial do evento.

Criada em parceria entre a UFPA e o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua (Portugal), a Cátedra João Lúcio de Azevedo tem como missão estreitar laços de cooperação entre instituições de investigação brasileiras e portuguesas. O programa foca nos estudos de História e Cultura, atuando também em áreas complementares como patrimônio, literatura e artes, sempre com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a história, a língua e a cultura luso-amazônica.

17.09.2025 | por martalanca | seminário

Nota de repúdio da organização de Black Europeans

A organização Black Europeans vem a público repudiar, com total clareza e firmeza, as declarações falsas recentemente difundidas pelo deputado André Ventura a respeito do Black Europeans Lisbon Summit 2025.
Infelizmente, não é a primeira vez que assistimos a ataques direcionados contra comunidades racializadas, movimentos sociais e iniciativas que promovem igualdade e justiça social. Já nos habituámos a ver a extrema-direita recorrer a mentiras, manipulações e discursos de ódio como ferramentas de intimidação, precisamente porque teme o poder da verdade, da memória e da mobilização coletiva.
O Sr. André Ventura afirmou que o nosso evento teria sido financiado com recursos públicos. Esta acusação é absolutamente falsa, desprovida de qualquer fundamento e mais uma tentativa de difundir desinformação para desacreditar o trabalho sério e comprometido que realizamos. A organização rejeita categoricamente esta mentira e desafia publicamente o deputado a apresentar provas concretas, devidamente documentadas, que sustentem aquilo que afirma.


Black Europeans Lisbon Summit 2025 resulta de um esforço coletivo e independente de pessoas, profissionais e organizações comprometidas com a promoção da justiça racial, da memória histórica e do fortalecimento das comunidades negras e racializadas em Portugal e na Europa. Nenhum recurso público foi utilizado para a sua concretização.
As palavras do deputado não são apenas uma difamação ao nosso trabalho, mas uma ofensa direta às centenas de pessoas — mulheres, homens, jovens, crianças, académicos, ativistas, profissionais de diferentes áreas e cidadãos da sociedade civil — que se juntam neste espaço de diálogo e construção.
É importante reforçar: as estratégias da extrema-direita baseiam-se em coação e desinformação. São estas as armas usadas para tentar calar-nos, para apagar a memória histórica e para impedir que se abram caminhos de reparação e justiça. Não nos calarão. Continuaremos a falar, a resistir e a construir.
O Black Europeans Lisbon Summit 2025 é, e continuará a ser, um espaço de afirmação, de dignidade e de futuro.

16.09.2025 | por martalanca | Black Europeans

Cantos, imagens, danças e sons: atos para a libertação

O curador do ciclo de filmes «Cantos, imagens, danças e sons: atos para a libertação», Olivier Hadouchi, reflete sobre como essas formas artísticas foram ferramentas valiosas de resistência ao domínio colonial, ligando-as ao primeiro Festival Cultural Pan-Africano e à exposição «Zineb Sedira. Standing Here Wondering Which Way to Go».

Olivier Hadouchi 11 set 2025 3 min

Em julho de 1969, realizou-se, na capital argelina, o primeiro Festival Cultural Pan-Africano, que acolheu responsáveis e militantes de movimentos de libertação da Ásia e da África (do MPLA ao PAIGC, passando pela SWAPO), os Panteras Negras (Eldridge e Kathleen Cleaver, entre outros), e incluindo exilados do Brasil ou de Portugal, como Miguel Arraes, Manuel Alegre ou Apolônio de Carvalho.  

Este festival foi imortalizado pelo cineasta e fotógrafo William Klein, assistido por várias equipas franco-argelinas, e redescoberto há cerca de uma quinzena de anos. Festival Panafricain d’Alger (1969) surge agora como um registo precioso deste evento, que se estendeu por vários dias, e onde as ideias de Frantz Fanon, Amílcar Cabral e Mário Pinto de Andrade acerca do papel da cultura nas lutas de libertação encontraram uma encarnação concreta. O filme será exibido na inauguração do meu ciclo concebido em ressonância e em diálogo com a exposição Zineb Sedira. Standing Here Wondering Which Way to Go no CAM. Enquanto proposta aberta, este programa reúne uma constelação de filmes anticolonialistas e antirracistas, que dão destaque, em grande medida, às resistências culturais e políticas, e à inventividade das lutas de libertação, filmes que souberam acompanhá-las.

still de «Festival Pan-Africano de Argel» (1969), de William Klein

Várias décadas após o festival de 1969, com Dreams Have No Titles (2022), a artista franco-anglo-argelina Zineb Sedira reproduz e revisita cenas de culto de filmes resultantes de coproduções entre a Argélia e outros países do Mediterrâneo, numa reatualização do fervor em torno da sétima arte e do carácter festivo (músicas, danças de corpos em movimento) das décadas de 1960 e 1970, redescobrindo os sopros líricos e sincopados daqueles anos que viram países renascer, assistiram à sua entrada na dança das nações e ao restabelecimento de novas relações mundiais, onde os sons das guitarras elétricas se combinaram com ritmos latinos e africanos.  

Danças, poesia, contos e canções tradicionais foram ferramentas valiosas de resistência ao domínio colonial, mantendo vivas as culturas e identidades africanas. O seu carácter frequentemente oral permitiu que escapassem à censura, apesar das vontades de assimilação e desaparecimento das línguas locais a favor da língua dominante do poder colonial, preservando a chama de um passado e de uma herança culturais, suscetíveis de servir de baluarte contra o domínio e a aculturação. Estas danças e canções acompanharam as guerras e as lutas pela independência, as marchas e as reivindicações culturais e políticas em diversos países. 

Still de «Dreams Have No Titles» [Os Sonhos Não Têm Título] (2022), de Zineb Sedira

Esta constelação de filmes anticolonialistas e antirracistas, abertos à memória plural e às diversas expressões culturais destas lutas, não para de surpreender. Continua a inspirar as novas gerações de artistas, ativistas, espectadoras e espectadores, convidando-nos a entrar na dança arrebatadora de sons e imagens, de sonhos e imaginários, ao ritmo dos desejos profundos de mudanças globais daqueles anos, para melhor questionar o nosso presente e o nosso futuro.

16.09.2025 | por martalanca | cinema, luta de libertação

Coral dos Corpos sem Norte, criação de Kiluanji Kia Henda

20 sáb, 19h e 21 dom, 16h na Sala Estúdio Valentim de Barros / Jardins do Bombarda (Lisboa)

No deserto angolano, outrora o fundo de um mar, viajantes que retornam às suas terras podem ser alvos de “pemba”, feitiço que os impede de sair novamente. Coral dos Corpos sem Norte pensa a migração como um processo da pemba. Uma maldição que acompanha o indivíduo a cada passo e o leva de regresso ao ponto de partida. Um caminho de círculos concêntricos sem início e sem final.
A condição de diáspora, forçada ou escolhida, faz parte da condição humana. Nesse movimento, ao invés de paraísos, os migrantes que acreditam numa vida possível no continente europeu encontram uma realidade atroz.
Esta obra confronta a imagem de razão, paz e moralidade projetada pela Europa, desde o chamado Iluminismo. Uma imagem em contraste com a realidade de uma força supremacista que colonizou o continente africano e de um Mar Mediterrâneo que se tornou um cemitério para todos os que foram mortos durante a tentativa de travessia.

 

 

texto Kiluanji Kia Henda e Lucas Parente
criação Kiluanji Kia Henda apoio à dramaturgia Zia Soares
interpretação Lua Aurora, Natacha Campos
coreografia Vânia Doutel Vaz, Natacha Campos, Kiluanji Kia Henda 
figurinos Neusa Trovoada
desenho de luz Iorgos Konstantinidis
modelação e modelagem em gesso Eva Lopes
música Michel Figueiredo (aka Zumbi Albino)
técnico de som Bernardo Barata edição de vídeo Lucas Parente desenho técnico Lilianne Kiame construção e instalação Forsemat Lda
comissão e produção BoCA - Biennial of Contemporary Arts (Lisboa)coprodução Teatro Nacional D. Maria II, MAAT

16.09.2025 | por martalanca | kiluanji kia henda

Cantos, imagens, danças e sons: atos para a libertação

Ciclo de filmes / 20 e 21 set

Em diálogo com a exposição «Zineb Sedira. Standing Here Wondering Which Way to Go», este ciclo reúne uma constelação de filmes anticolonialistas e antirracistas, em torno da resistência cultural e política, e da inventividade das lutas de libertação.

Ancorado nos movimentos de resistência cultural e política das lutas de libertação dos anos de 1960 e 1970, o programa convida-nos a entrar na dança ardente dos sons e imagens, dos sonhos e imaginações, ao ritmo dos desejos profundos de mudança planetária desses anos, para melhor questionar o nosso presente e o nosso futuro.

Estas são obras abertas à memória plural e às diversas expressões culturais dessas lutas, que não param de nos surpreender e inspiram novas gerações de artistas, ativistas e públicos.

A seleção inclui filme célebres como A Batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo (1966) e Festival Pan-Africano de Argel, de William Klein (1969), e outros menos vistos como East Timor, Island of Fear, Island of Hope [Timor-Leste, Ilha do Medo, Ilha da Esperança], de Boubaker Adjali (1976) e o muito atual Beyrouth, ma ville [Beirute, Minha Cidade], de Jocelyne Saab (1982).

O ciclo apresenta também Dreams Have No Titles [Os Sonhos Não Têm Títulos], o filme realizado por Zineb Sedira para a Bienal de Veneza, em 2022. Neste, a artista repete e revisita sequências de culto de filmes coproduzidos entre a Argélia e outros países mediterrânicos, atualizando assim o fervor em torno do cinema e o espírito festivo das décadas de 1960 e 1970. As danças tradicionais, a poesia, os contos e as canções foram instrumentos preciosos para resistir à dominação colonial, mantendo vivas as culturas e as identidades africanas.

Curadoria de Olivier Hadouchi

mais informações na página da Fundação Gulbenkian.


 

15.09.2025 | por martalanca | libertação

Vale da Amoreira: HISTÓRIAS DE UM BAIRRO EM MOVIMENTO

APRESENTAÇÃO DO LIVRO VALE DA AMOREIRA: HISTÓRIAS DA CIDADE NAS MARGENS

27 de setembro – 18h | Artepólon Associação – Av. José Almada Negreiros, n.º 50, Loja B, Vale da Amoreira

No dia 27 de setembro inaugura-se a exposição Vale da Amoreira: Histórias de um Bairro em Movimento e será apresentado o livro Vale da Amoreira: Histórias da Cidade nas Margenspublicado pela editora Fora de Jogo. Trata-se de um projeto coletivo que cruza investigação académica, participação comunitária, fotografia e criação artística. A exposição, em formato bilingue (português e cabo-verdiano), dá a conhecer a história e as histórias do Vale da Amoreira – um bairro nascido nos anos 1970, em plena descolonização e Revolução de Abril, ocupado em massa por retornados de Angola e migrantes internos e que, mais tarde, se tornou casa de sucessivas vagas de imigrantes. Entre diversidade cultural e tensões sociais, abandono estatal e reinvenção comunitária, o Vale afirma-se como território vivo, criativo e plural. Através de etnografia, testemunhos, documentos de arquivo, fotografia e intervenção artística, a exposição e o livro oferecem o retrato de um território tantas vezes estigmatizado, mas essencial para compreender as margens urbanas em transformação no Portugal contemporâneo – e para imaginar, a partir delas, futuros mais justos e comuns.

O projeto é coordenado por Elsa Peralta e conta com a fotografia de Bruno Simões Castanheira. Integra ainda um texto literário de Bruno Vieira Amaral, um poema original de Joãozinho da Costa e uma intervenção artística de Pedro Pinhal – os três crescidos no Vale da Amoreira. A exposição e o livro resultam de Constelações da Memória, projeto de investigação financiado pela FCT e coordenado por Elsa Peralta, que estuda as marcas da migração e da descolonização nos espaços urbanos de Portugal. A exposição estará patente na Galeria da Artepólon Associação, no Vale da Amoreira, entre 27 de setembro e 15 de novembro.

fotografia de Bruno Simões Castanheirafotografia de Bruno Simões Castanheirafotografia de Bruno Simões Castanheirafotografia de Bruno Simões Castanheira

Mais informação aqui.

Contactos para entrevistas e imagens de divulgação:

elsa.peralta@campus.ul.pt | rtepolon@gmail.com | 910 317 516

14.09.2025 | por martalanca | Vale da Amoreira

Como Falar do Trauma? Uma ditadura ainda presente nas artistas ibéricas

Alice Geirinhas, Ana Pérez-Quiroga, Carla Hayes Mayoral, Cintia Gutiérrez, Cristina del Águila, Elo Vega, Susana Gaudêncio, Susana Mendes Silva

CuradoriaAna Pérez-Quiroga, Bruno Marques, Javier Cuevas del Barrio

Data 16.05.2025 – 21.09.2025 HorárioTerça a domingo: 10h - 13h e 14h - 18h Local Galeria Quadrum inauguração 15.05 - 18h

A exposição coloca em diálogo oito artistas contemporâneas de Portugal e de Espanha (Andaluzia) a fim de explorar as marcas das ditaduras ibéricas no presente das mulheres. Os trabalhos reunidos abordam o impacto intergeracional da opressão política, assim como as dinâmicas entre memória, pós-memória e contra-narração. Numa perspetiva crítica, estas obras questionam a amnésia cultural e histórica que frequentemente silencia as experiências traumáticas de subjetividades marginalizadas.

Concebido como um percurso labiríntico, o espaço expositivo articula tecido e um jogo de luz, criando uma cenografia que dramatiza a tensão entre revelação e ocultamento. Este dispositivo enfatiza tanto as projeções imaginárias como os silêncios e ressonâncias que habitam nos interstícios da memória coletiva e nos ângulos mortos das narrativas oficiais.

Mais do que retratar somente a dor, Como Falar do Trauma? | ¿Cómo Hablar del Trauma? convida o público a atravessar as fronteiras entre o visível e o velado, o narrado e o esquecido, promovendo uma reflexão poética e consciência política sobre como lidar com as heranças do passado e a possibilidade de reimaginar futuros.

 

 

 

12.09.2025 | por martalanca | ditadura, trauma

“BANZO” é o filme português candidato aos Oscars 2026

O filme “Banzo é o candidato de Portugal à categoria de Melhor Filme Internacional, na 98.ª edição dos Prémios da Academia Americana de Cinema, que acontece a 15 de março de 2026, em Hollywood, Los Angeles (EUA).

Depois de uma votação entre os membros da Academia Portuguesa de Cinema (APC), que decorreu entre 22 de agosto e 10 de setembro, “Banzo” foi o filme mais votado. Em consideração estavam também “Hanami”, de Denise Fernandes (O Som e a Fúria), “Os Papéis do Inglês”, de Sérgio Graciano (Leopardo Filmes), “Sobreviventes”, de José Barahona (David & Golias) e “Sonhar com Leões”, de Paolo Marinou-Blanco (Promenade).

“Banzo”, realizado por Margarida Cardoso e produzido pela Uma Pedra no Sapato, mergulha na herança do colonialismo português em África. Com uma abordagem sensível e rigorosa, o filme revisita memórias e cicatrizes históricas através de um olhar contemporâneo. A obra destaca-se pela sua força visual e a narrativa intimista. Uma reflexão poderosa sobre identidade, dor e memória coletiva.

Esta obra foi distinguida com o Prémio ‘Árvore da Vida’ em 2024, na 21.ª edição do Festival IndieLisboa. Foi ainda selecionada pela Academia Portuguesa de Cinema como representante de Portugal na categoria de Melhor Filme Ibero-Americano, tanto nos Prémios Macondo 2025, atribuídos pela Academia Colombiana de Cinema, como nos Prémios Goya 2026, atribuídos pela Academia Espanhola de Cinema.

Trailer


12.09.2025 | por martalanca | BANZO

Em diálogos com a Arte - MACAM

06.09.2025 | por martalanca | conferências, MACAM

Inauguração da exposição “Laboratório do Atlântico - Arte Contemporânea de São Tomé e Príncipe” na UCCLA

Vai ter lugar no dia 11 de setembro, às 17h30, a inauguração da exposição “Laboratório do Atlântico - Arte Contemporânea de São Tomé e Príncipe” na galeria de exposições da UCCLA.
Para assinalar o momento, decorrerá uma palestra no auditório, que contará com a intervenção de Esterline Gonçalves Género (Embaixador de São Tomé e Príncipe em Portugal e embaixador permanente junto da CPLP), Luís Álvaro Campos Ferreira (Secretário-Geral da UCCLA), Isabel Castro Henriques (historiadora) e João Carlos Silva (curador e presidente da Roça Mundo).
A proposta curatorial - por João Carlos Silva e Ricardo Barbosa Vicente - pretende revelar a riqueza e a complexidade da produção artística ligada ao arquipélago, destacando São Tomé e Príncipe como um autêntico entreposto de artes e um laboratório de criação artística. 
O território tem sido, ao longo dos tempos, um ponto de confluência de culturas, onde influências diversas se cruzam, se reinventam e se traduzem em expressões visuais únicas. Assim, a exposição não se limitará à obra de artistas santomenses, mas incluirá também aqueles que, ao passarem por São Tomé e Príncipe, incorporam a fusão cultural e contribuem para a contínua construção da sua identidade criativa.
A mostra pretende estabelecer um diálogo profundo entre passado, presente e futuro, celebrando a herança histórica e cultural do país enquanto projeta novas perspetivas e narrativas. A seleção de artistas procura evidenciar a diversidade de linguagens e abordagens artísticas que vão da pintura à fotografia, do vídeo à instalação, permitindo ao público uma experiência sensorial e imersiva.
A exposição reunirá obras dos seguintes artistas: Adilson Castro, Amadeo Carvalho, Conceição Lima, Daniel Blaufuks, Dário Pequeno Paraíso, Eduardo Malé, Emerson Quinda, Geane Castro, Inês Gonçalves, Ismael Sequeira, Ivanick Lopandza, Janik Santos, José Chambel, Kwame Sousa, Mafalda Santos, Mariana Maia Rocha, Marilene Mandinga, Miguel Ribeiro, Nuno Prazeres, Olavo Amado, Preta (Roxana Perreira), René Tavares, Valdemar Dória e Yuran Henrique. 
Este tecido artístico, composto por criadores locais e internacionais inspirados pela cultura santomense, traduz a multiplicidade de perspetivas que orbitam em torno do arquipélago e da sua diáspora.

As técnicas utilizadas nesta mostra são: desenho, fotografia, instalação, instalação sonora, pintura e vídeo-instalação.
A entrada é livre.
A exposição poderá ser visitada até ao dia 11 de dezembro de 2025, de segunda a sexta-feira, das 10 às 13 horas e das 14 às 18 horas.
Parceiros da exposição “Laboratório do Atlântico - Arte Contemporânea de São Tomé e Príncipe”:
Organização: UCCLA e Camões I.P.;Parceiros: Roça Mundo, Embaixada de São Tomé e Príncipe em Portugal, Câmara Municipal de Lisboa, Comemorações Oficiais dos 50 anos da Independência de São Tomé e Príncipe e governo santomense; Apoio: DGArtes, Fundação Calouste Gulbenkian, Câmara Municipal de Loulé, Câmara Municipal do Porto, Atelie M, Coletivo Multimédia Perve, Galeria Vera Cortês, Innovarisk, Mén Non, MOVART e This is Not a White Cube; Media Partner: RTP, jornal Téla Nón, BUALA e CST.

02.09.2025 | por martalanca | Bienal de Arte e Cultura de São Tomé e Príncipe, exposição

"Construir amanhã com barro de dentro - vozes do pós-independência"

A editora Catalogus em parceria com o Camões - Centro Cultural Português em Maputo, lança no dia 27 de Agosto, às 17h30, a antologia de prosa intitulada “Construir amanhã com barro de dentro - vozes do pós-independência”, organizada pelos escritores e jornalistas Eduardo Quive, de Moçambique, e Israel Campos, de Angola. 

A obra reúne 19 contos de escritores dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), nomeadamente Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, países que têm em comum a celebração da efeméride dos 50 anos de independência. 

Trata-se de escritores nascidos no período pós-independência que, na sua maioria, já são referência na literatura contemporânea africana e outros promissores que têm vindo a destacar-se pelo seu talento. São eles Amadu Dafé, Ailton Moreira, Alice Pessoa, Edson Incopté, Eileen Barbosa, Happy Taimo, Ivanick Lopanza, Janine Oliveira, Jessemusse Cacinda, Luana Cardoso Pereira, Marinho Pina, Maya Ângela Macuácua, Mélio Tinga, Oliver Quiteculo, Pedro Sequeira de Carvalho, Rosa Soares e Sérgio Fernandes, incluindo os contos dos organizadores, Eduardo Quive e Israel Campos. 

A antologia conta com o prefácio da consagrada escritora moçambicana Paulina Chiziane e de Inocência Mata, professora de Literatura e Estudos de Cultura na Universidade de Lisboa. 

“Nestes textos, há mais choro do que dança. São textos de choro, denúncia e revolta. Mas, fiquemos claros. Choro é dor ou saúde. Por vezes, birra, rebelião, revolução. Quem não chora não mama. É preciso gritar para desassossegar.” escreve Paulina Chiziane. 

“Esta antologia convida o leitor a ler devagar, a cruzar vozes, a ouvir os silêncios. A cada página, uma pergunta se insinua: que Independência ainda falta conquistar? Ao longo destas páginas, encontraremos palavras que doem e inquietam, mas também que motivam, que dão esperança. Palavras que querem reinventar a gramática de uma história que se sonhou diferentes. Estes autores jovens escrevem a partir da experiência concreta, mas não deixam de encarar os precipícios do seu tempo. E a escolha do título di-lo: firmes na terra que pisam, esses jovens autores estão atentos às fracturas e silêncios que se abrem diante deles, narrando o presente com amarga lucidez. Não celebram, denunciam. Não proclamam verdades, sussurram dúvidas, expõem inquietações, revelam frustrações. E ainda assim, ou por isso mesmo, renovam o gesto inaugural dos poetas da Independência”, afirma no posfácio a professora Inocência Mata. 

Os organizadores 

Eduardo Quive é jornalista e escritor. Publicou, entre outros, A cor da tua sombra (Romance, 2025), Mutiladas (Contos, 2024), Para onde foram os vivos (Poesia, 2022) e O Abismo aos pés - 25 escritores lusófonos respondem sobre a iminência do fim do mundo em 2020 (co-autor, Entrevistas). Co-fundou a Catalogus e é colaborador da Fundação Fernando Leite Couto. 

Israel Campos é jornalista e escritor angolano, vencedor da 2ª edição do Prémio Literário Imprensa Nacional/Casa da Moeda (2024) e do Prémio de Literatura Juvenil Ferreira de Castro (2025). Com quase uma década de experiência na imprensa, colabora como freelancer para a imprensa internacional em órgãos como a BBC, Voice of America, Al Jazeera e Wall Street Journal. Em 2023, publicou o seu romance de estreia E o Céu Mudou de Cor (Kacimbo, 2023). Actualmente é doutorando em Media e Comunicação na University of Leeds. 

Informações e contactos para entrevistas 

E-mail: info@catalogus.co.mz 

Telf: +258 84 748 3011 

+258 87 000 9194 

23.08.2025 | por martalanca | Eduardo Quive, Israel Campos

Ação em Lisboa: FAKE OR REAL ESTATE OF ISRAEL?

Por trás do genocídio está (também) um negócio imobiliário multimilionário. Empresas sionistas de construção de assentamentos já se preparam para o futuro e veem Gaza como uma oportunidade de repetir o lucrativo negócio que realizam na Cisjordânia com o apoio de Donald Trump e sua ideia de criar a “Riviera de Gaza”.
O povo palestino sofre há décadas a desapropriação de suas terras, não apenas como um processo de limpeza étnica, mas também como um processo de gentrificação e destruição de suas casas desde o final da década de 1960 na Cisjordânia pelas forças de ocupação israelenses, colonos (aproximadamente 700.000) e empresas ocidentais de turismo e imobiliárias: Re/Max (EUA), Airbnb, Booking.com, etc.
A imobiliária Harey Zahav (Montanhas Douradas em hebraico), especializada na construção de assentamentos para colonos israelenses em áreas ocupadas (consideradas ilegais pelo direito internacional), anuncia em suas redes sociais o desenvolvimento de fileiras de casas à beira-mar na Faixa de Gaza. No meio de um genocídio, com a fome como arma de guerra e dezenas de milhares de mortes, o próprio dono da construtora reconheceu em entrevista que a publicação era um fake.
Coletivo Left Hand Rotationwww.lefthandrotation.com

11.08.2025 | por martalanca | Coletivo Left Hand Rotation, Gaza

CABRAL KA MORI

Inauguração no próximo sábado, dia 16 de AGOSTO de 2025, às 18 horas, no Espaço Cultural Mbongi_67.
CABRAL KA MORI foi organizada pela “Comissão 50 Anos 25 de abril”, e apresenta o contributo central que Amílcar Cabral e o movimento de libertação que ele liderou (PAIGC) deram para a história global das independências das colónias portuguesas em África, e além, e para o fim da ditadura fascista-colonial em Portugal.
A partir desta exposição, entre os dias 16 de agosto e 28 de setembro de 2025, o COLETIVO MBONGI_67 irá promover um conjunto de atividades como visitas guiadas, sessões de cinema relacionadas à temática, conversas, apresentação de livros, leitura de poesias e músicas de intervenção, etc..
Gostaríamos muito de poder contar com vocês na divulgação, e presença, deste evento que marcará Portugal, por se tratar de uma oportunidade única de reflexão crítica e coletiva sobre o legado das lutas de libertação. 
A inauguração conta também com a apresentação do livro O MUNDO DE AMÍLCAR CABRAL (Ed. Fora de Jogo), organizado por José Neves, Rui Lopes e Victor Barros, que estará presente.
Em anexo, encontra-se o material de divulgação da Exposição CABRAL CA MORI, como cartaz e post para as redes sociais. E, com certeza, estamos à disposição, para qualquer questão.
Abertura:  16/08/2025.  18 horas
Praceta António Sérgio 4A, Monte Abraão, 2745-252 SINTRA.

O Coletivo Mbongi 67 

11.08.2025 | por martalanca | CABRAL KA MORI, Coletivo Mbongi 67

BoCA Bienal 2025 propõe “Camino Irreal” e inaugura um novo eixo Lisboa–Madrid

Entre 10 de Setembro e 26 de Outubro, uma ópera inédita de Dino D’Santiago, uma instalação-teatral de Kiluanji Kia Henda sobre migração e memória, uma performance duracional de Milo Rau e Servane Dècle que revisita o caso Pelicot ou a criação coreográfica de Elena Córdoba e Francisco Camacho em torno da memória partilhada, são algumas das estreias absolutas que integram a 5.ª edição da Bienal de Artes Contemporâneas

 

BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas regressa em 2025 com uma proposta inédita: uma programação partilhada entre Lisboa e Madrid.

De 10 de Setembro a 26 de Outubro, a bienal estabelece um novo eixo ibérico de criação e apresentação artística, reunindo projectos transdisciplinares que cruzam as artes performativas e visuais, a música e o cinema.

Com curadoria de John Romão, esta quinta edição apresenta-se sob o título “Camino Irreal”. Entre o eco e o peso histórico da colonização e os atalhos distorcidos da era da pós-verdade, “Camino Irreal” é um convite ao desvio, ao deslocamento simbólico e à possibilidade de reconfigurar o lugar do artista e do espectador. Um caminho que não se encontra nos mapas turísticos nem nos roteiros oficiais, mas que pulsa nos corpos que criam, resistem e se deslocam, geográfica e artisticamente.

São muitos os destaques de programação, incluindo a estreia absoluta de “Adilson”, ópera encenada por Dino D’Santiago com libreto de Rui Catalão, sobre a luta de milhares de pessoas pela cidadania e o direito a serem reconhecidas no país onde vivem. João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata apresentam “13 Alfinetes”, um novo filme que articula devoção e desejo em diálogo com a memória visual de Lisboa e Madrid. Tânia Carvalho e Rocío Guzmán encontram-se num concerto que parte do cancioneiro tradicional português e do flamenco para reflectir sobre heranças partilhadas.
Entre as estreias absolutas, surgem também “Coral dos Corpos sem Norte”, de Kiluanji Kia Henda, uma criação de palco e uma instalação de grande escala sobre os fluxos migratórios e a persistência da memória; uma nova instalação performativa de Adriana Progranó, que ocupa o espaço público; “De Espiral em Espiral”, de Naufus Ramírez-Figueroa, performance que cruza história colonial e práticas de adivinhação familiar; e “O Julgamento de Pelicot”, de Milo Rau e Servane Dècle, uma vigília performativa construída a partir do caso real de violência sexual que chocou França e o mundo, onde a justiça é interrogada no espaço da arte.
A programação conta ainda com “Uma Ficção na Dobra do Mapa”, de Elena Córdoba e Francisco Camacho, projecto coreográfico que revisita o primeiro encontro criativo entre ambos; e com “Os Rapazes da Praia Adoro”, do dramaturgo e encenador espanhol Alberto Cortés com o pintor portugués João Gabriel, uma criação que parte do imaginário queer e da intimidade masculina para pensar a relação entre Portugal e Espanha a partir de um território fictício.

A BoCA 2025 distribui-se por equipamentos culturais de referência em ambas as cidades. Em Lisboa, marca presença no Centro Cultural de Belém, Fundação Calouste Gulbenkian, MAAT, Teatro Nacional D. Maria II, Culturgest, Teatro do Bairro Alto, Estufa Fria, Museu Nacional de Arte Contemporânea, Carpintarias de São Lázaro ou na Cinemateca Portuguesa. Em Madrid, colabora com instituições como o Museo del Prado, Museo Reina Sofía, TBA21 Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, Teatro de La Abadía, Museo Nacional del Traje, Goethe Institut Madrid ou a Filmoteca Española.

Em 2025, a bienal BoCA, seguindo o “Camino Irreal”, afirma-se como uma proposta crítica e simbólica de desvio face aos caminhos instituídos. Mais do que uma metáfora, é uma linha curatorial que convida artistas e públicos a percorrer territórios alternativos, abrindo espaço para novas leituras do presente e para possibilidades de futuro fora dos mapas convencionais.

Entre 10 de Setembro e 26 de Outubro, em Lisboa e Madrid, a BoCA traça uma geografia ibérica da criação, com mais de vinte estreias mundiais e nacionais e uma programação transdisciplinar que atravessa fronteiras, práticas e identidades.

Mais programação a anunciar em breve.

Todas as informações em www.bocabienal.org

The Geometric Ballad of Fear (Sardegna), Kiluanji Kia HendaThe Geometric Ballad of Fear (Sardegna), Kiluanji Kia Henda

08.08.2025 | por martalanca | boca