RENDA ACESSÍVEL

On Saturday, 26 July, an unorthodox protest unfolded on Lisbon’s Largo do Intendente. Marchers arrived bearing a coffin inscribed “AFFORDABLE RENT.” Dressed head‑to‑toe in black, with bouquets in their arms and skull masks on their faces, they set a funereal tone that felt equal parts carnival and wake. In their hands glimmered placards whose manifestos, written in Portuguese, formed an elegy for the right to housing:

menos casas acessíveis = mais caixões
fewer affordable homes = more coffins

em Lisboa só chega para alugar um caixão
in Lisbon you can only afford to rent a coffin

o preço da renda mata
the rent price kills

viver é caro, mas não por muito tempo
living is expensive—but not for long

investimentos para os ricos, morte para todos
investments for the rich, death for all

a renda é ao dia, a morte é para sempre
rent is by the day, death is forever

rendimento básico para os vivos
basic income for the living

o galo assado grita de tanto capitalismo
the roast rooster screams from so much capitalism

The action was staged by the Portuguese cell of The Party of the Dead—an art‑activist formation founded in 2017 by members of the St Petersburg collective {Rodina}. What began in Russia has metastasised across borders; when the Russian army’s full‑scale invasion of Ukraine began, many of the Party’s members fled the country yet carried their necropolitical theatre into new geographies.

In an era of ideological decomposition and accelerated neuro‑dopaminergic attractions, the dead return to reconstruct a political body. Lurching out of alleyways like Hollywood zombies, these living corpses bear the stigma of the ever‑excluded: foreigners who do not speak the imperial tongue, who move awkwardly through space, their fractured bodies refusing smooth choreography. Does the pop‑culture wave of zombie films not mirror Europe’s panic over migrant “flows”? The undead possess no home, yet they can temporarily occupy public squares.

Meanwhile Lisbon’s rents soar; investors smell growth and buy still more property, prolonging their own lives through costly pharmaceuticals and medical hardware, while the most vulnerable classes are priced out of shelter. At this vertiginous peak of capital accumulation, the dead assemble as a political bloc to expose the state‑corporate attachment to cadaverous mythologies. The grotesque carnival and black humour of the Party of the Dead extend the lineage of Russian actionist art and its bleak existential literature. Museums feed on the aura of direct political risk, but their vitrines entomb mummies—objects whose function is long lost. If every museum is a necropolis and any artwork dies the moment it enters that mausoleum, the Party of the Dead works pre‑emptively, choosing to die before ever crossing the threshold.

— Ricardo de Kores

 ** 

No sábado, 26 de julho, consumou‑se uma ação insólita no Largo do Intendente, em Lisboa. Os participantes trouxeram um caixão com a inscrição «RENDA ACESSÍVEL». Vestidos de negro integral, com flores nas mãos e máscaras de caveira a tapar o rosto, instauraram uma atmosfera fúnebre de cortejo e crítica. Nas tábuas que erguiam lia‑se:

menos casas acessíveis = mais caixões

em Lisboa só chega para alugar um caixão

o preço da renda mata

viver é caro, mas não por muito tempo

investimentos para os ricos, morte para todos

a renda é ao dia, a morte é para sempre

rendimento básico para os vivos

o galo assado grita de tanto capitalismo

A performance foi orquestrada pela célula portuguesa da Partida dos Mortos, coletivo artístico‑ativista criado em 2017 por membros do grupo pietrogradense {rodina}. Depois de irromper em várias cidades russas, o movimento espalhou‑se pelo exterior quando, com a invasão russa da Ucrânia, muitos dos seus integrantes se exilaram, levando consigo o seu teatro necropolítico.

Na era da decomposição ideológica e dos atrativos neuro‑dopaminérgicos acelerados, os mortos regressam para reconstruir o corpo político. Surgem dos becos como zombies de série B, trazendo consigo o pavor que desperta o grupo excluído: uma massa que não fala a língua da metrópole, suja, tensa, corpo quebrado fora de controlo. Não encarna esta vaga zombie, na cultura de massas, o medo perante o fluxo de migrantes? Os mortos‑vivos não têm casa, mas podem ocupar provisoriamente o espaço público.

Enquanto isso, o preço das casas em Lisboa continua a disparar; os investidores farejam crescimento, compram mais imóveis, alongam as suas próprias existências com fármacos e tecnologia médica dispendiosa, e os estratos mais vulneráveis deixam de poder pagar a renda. Neste instante de velocidade máxima do capital, os mortos unem‑se num bloco político para denunciar a afeição de Estados e corporações a mitologias cadavéricas. O carnaval grotesco e o humor negro da Partida dos Mortos prolongam a tradição do acionismo russo e da literatura existencial sombria. Os museus alimentam‑se da aura de risco político direto, mas nos seus expositores conservam‑se múmias — artefactos despojados de função. Se os museus são necrópoles e qualquer arte morre ao entrar nelas, a Partida dos Mortos joga em antecipação: decide morrer ainda antes de franquear o pórtico do mausoléu.

— Ricardo de Kores

29.07.2025 | par martalanca | crise, especulação, habitação, lisboa

Tira-gosto “Delírio Tropical: o Brasil pelo olhar da arte”

29/07 de 19:00 até 22:00


O Tira-gosto é um espaço de conversa criado pela Casa Oxente para acolher vozes em trânsito — artistas, escritores e agentes culturais que pensam o pertencimento a partir de deslocamentos, memórias e gestos de criação.

A nova edição do projeto Tira-gosto convida o público para uma conversa sobre a exposição Delírio Tropical, realizada na Pinacoteca do Ceará. A mostra foi reconhecida como a melhor exposição coletiva de 2024 pela Revista Select e indicada ao prêmio de melhor exposição do ano pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA).

Para esse encontro, contaremos com a presença de dois nomes importantes do cenário das artes visuais: Orlando Maneschy, artista, professor e curador da exposição e Bruno Marques, historiador da arte, professor e curador.

Sobre a exposição

Com curadoria de Orlando Maneschy e curadoria adjunta de Keyla Sobral, Delírio Tropical apresenta uma ampla cartografia da produção visual contemporânea brasileira. A mostra reúne 133 artistas de diferentes gerações e regiões do país, em obras que transitam entre o político, o poético e o inesperado. Realizada em parceria com a terceira edição do Fotofestival Solar, a exposição destaca vozes e visões que emergem de um Brasil multicultural, diverso e vibrante.

Informações importantes sobre o evento

  • O Tira-gosto acontece em Lisboa. O endereço completo será enviado por e-mail após a inscrição — por isso, é fundamental preencher seus dados corretamente.
  • O evento é gratuito, mas a inscrição é obrigatória, pois as vagas são limitadas.
  • As inscrições estarão abertas até o preenchimento total das vagas ou até o dia do evento.

Entrada gratuita, mediante inscrição prévia. Vagas limitadas.

Inscrições através deste link

22.07.2025 | par martalanca | arte, Brasil

Exalações

APRESENTAÇÃO PÚBLICA DO LIVRO EXALAÇÕES DE JOSÉ LUIS HOPFFER ALMADA

22.07.2025 | par martalanca | José Luís Hopffer Almada

“Sair da grande noite”: Uma conversa sobre a obra de Frantz Fanon

Uma conversa sobre a obra de Frantz Fanon por ocasião do 100º aniversário do seu nascimento, com a presença de Flávio Almada, Francisco Vidal, Vânia Sanhá e moderação de Manuela Ribeiro Sanches.
Frantz Fanon é hoje uma referência incontornável em vários contextos políticos e sociais um pouco por todo o mundo, sendo a sua presença uma constante nos movimentos antirracistas e nos debates sobre os legados do colonialismo, nomeadamente no que diz respeito à distribuição de poder a nível global. Mais recentemente, a atividade de Fanon enquanto psiquiatra tem conhecido maior divulgação e o elemento terapêutico no seu pensamento ganhou relevo. Em Portugal, este interesse tem sido acompanhado por novas edições da sua obra.
A leitura de Fanon revela-se fundamental não só para a compreensão do contexto histórico em que surgiu, com as suas ramificações entre os movimentos de libertação e as causas do chamado Terceiro Mundo nas décadas de 1960 e 1970, mas também e, agora, sobretudo na luta pelos direitos de grupos racializados. Com efeito, todas estas questões voltam a ecoar no século XXI, quer em movimentos sociais que reivindicam uma cidadania efetivamente igualitária, quer na discussão sobre a urgência da descolonização de saberes e instituições.
Como ler Fanon, hoje, a partir de Portugal? Qual o papel das instituições e dos diferentes movimentos na sua receção? Qual a relevância da sua obra para a nossa contemporaneidade, tendo em conta a complexidade das suas diferentes vertentes – anticolonial, antirracista, terapêutica – e a reivindicação para se “sair da grande noite” do colonialismo?
É em torno destes temas que se propõe uma conversa que dá o mote à iniciativa associada ao centésimo aniversário do nascimento de Fanon, a decorrer entre janeiro e fevereiro de 2026, através de um ciclo sobre as relações entre a sua obra e o cinema.

20.07.2025 | par martalanca | Frantz Fanon

Conferência: Os escravizados Africanos do Vale da Gafaria-Lagos: QUEM são? de ONDE vieram? para onde DEVEM ir?

A investigadora Vicky M. Oelze, da Universidade da Califórnia-Santa Cruz (EUA) em parceria com a Djass, vem apresentar os resultados de um projeto em que foi possível identificar as origens africanas das pessoas escravizadas encontradas no Vale da Gafaria, em Lagos.
No próximo dia 21 de Julho, às 18h, no Centro de Informação Urbana de Lisboa, vamos debater o passado, o presente e propostas para o futuro.

19.07.2025 | par martalanca | Djass, escravatura, Lagos, Vicky M. Oelze

ESENJE LI TCHOSI! Tradição. Sabedoria. Herança

Estás pronta para imaginar e criar futuros mais justos? Estão oficialmente abertas as candidaturas para edição de 2025 da nossa Expo Colectiva, um espaço de afirmação artística, feminista e transformadora!Procuramos artistas mulheres que vivam em Angola, que se identifiquem com os valores feministas e que queiram partilhar, através da arte, visões críticas sobre o mundo em que vivemos.Este ano vamos priorizar novas artistas, que participarão a uma formação gratuita sobre artivismos feministas decoloniais, que será fundamental para o processo criativo.As artistas seleccionadas receberão também um acompanhamento curatorial e irão expor as suas obras em Novembro, numa mostra poderosa que celebra a arte como forma de luta.
CANDIDATURAS ABERTAS ATÉ 23 DE JULHO!Link para os critérios de elegibilidade e também para o formulário para a candidatura:https://www.ondjangofeminista.com/ondjango/2025/7/17/esenje-li-tchosi-tr...

Partilha esta chamada com artistas incríveis que conheces — o futuro da arte feminista está a ser tecido agora!
Segue a trilha!
#ExpoColectiva #EsenjeLiTchosi #OndFeminista #RompeLuanda #Otratierra

18.07.2025 | par martalanca | ondjango feminista

Galo de Luta Oficial em Lisboa

Galo de Luta Oficial vem a Lisboa para Evento Beneficente no Favela LX em apoio a documentário sobre trabalhadores precários em LISBOA. 

O ativista e figura proeminente Galo de Luta Oficial, conhecido por sua incansável defesa dos direitos dos trabalhadores, está a caminho de Lisboa para uma série de eventos beneficentes. O ponto alto será uma rifa de obras de arte e um jantar de convívio no renomado espaço cultural Favela LX, com o objetivo de arrecadar fundos para a produção de um documentário vital sobre a realidade dos trabalhadores precários. Este evento representa um marco na luta por visibilidade e justiça social, unindo arte, cultura e ativismo em prol de uma causa urgente. A iniciativa visa não apenas angariar recursos financeiros, mas também sensibilizar a sociedade para as condições enfrentadas por milhões de trabalhadores em situação de vulnerabilidade. 

Detalhes do evento e oportunidade de entrevista 

•Data: 18 de Julho de 2025 •Hora: 14h00 

•Local: Favela LX •Endereço: Rua da Bica do Sapato 50C 

Representantes da imprensa estão cordialmente convidados a participar da sessão de entrevistas exclusiva com Galo de Luta Oficial e os organizadores do evento. Esta será uma oportunidade única para aprofundar o entendimento sobre a importância do documentário e a causa dos trabalhadores precários. A atividade terá apoio parceria de mídia do BUALA que é um dos maiores portais de livre expressão e independente de Portugal. 

Sobre o documentário

O documentário em produção tem como objetivo lançar luz sobre as condições de trabalho precárias, as lutas diárias e a resiliência dos trabalhadores que muitas vezes são invisibilizados pela sociedade. Através de testemunhos e análises aprofundadas, o filme busca promover um debate construtivo e inspirar ações que levem a mudanças significativas. 

Sobre Galo de Luta Oficial

Paulo Roberto da Silva Lima, conhecido como Paulo Lima Galo ou Galo de Luta, é um motofretista e ativista social brasileiro. Ele ganhou destaque por sua atuação na defesa dos direitos dos trabalhadores de aplicativos e por sua voz ativa em questões sociais e políticas. Sua presença em Lisboa reforça a importância da solidariedade internacional na luta por justiça social. 

Sobre o Favela LX

O Favela LX é um hub dinâmico criativo e cultura, diversidade e inclusão impulsionando a inovação social e o crescimento sustentável. O espaço tem sido um ponto de encontro para artistas, ativistas e a comunidade local, tornando-se o cenário ideal para este evento beneficente. 

***

Galo de Luta, como é amplamente conhecido no Brasil por sua militância pelos direitos dos trabalhadores de aplicativos, está chegando a Lisboa. Morador da periferia de São Paulo, estafeta, entende a transversalidade da luta dos imigrantes e vem procurar saber como imigrantes se organizam em Portugal em busca de uma vida justa.

Convidamos a todas as pessoas que se simpatizem com a causa, a participarem conosco deste grande evento colaborativo, que visa angariar fundos para o documentário e estadia do Galo e equipe em Portugal.

Numa parceria entre vários coletivos, participantes das muitas lutas feitas pelas mãos de imigrantes e portugueses, trabalhadores neste país e residentes na região metropolitana de Lisboa, celebramos este encontro. Artistas dos mais variados campos, que compreendem a importância de tomar posição em tempos exigentes.

Esperamos por você!

Dia 19/07 - próximo sábado
No FavelaLX - Rua Bica do Sapato, 50C
A partir das 14h00

*se não puder aparecer, mas quiser colaborar, chama no privado.

Estamos juntos. Estamos fortes

16.07.2025 | par martalanca | Favela Lx, Galo de Luta

Trópicos Mecânicos (Mueda), de Felipe M. Bragança

em colaboração com o Teatro GRIOT e Catarina Wallenstein
ESTREIA no Brasil
MAM Rio - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Sala da Cinemateca
18 e 19 de julho, 19H00

O MAM Rio acolhe, nos dias 18 e 19 de Julho de 2025, a estreia no Brasil de TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA), performance visual e teatral de Felipe M. Bragança, em colaboração com o Teatro GRIOT — companhia de teatro sediada em Lisboa, constituída por artistas negros, que delineia a sua programação a partir da condição e das experiências de se ser negro, refugiado e imigrante em Portugal e na Europa —, e a reconhecida actriz e cantora portuguesa Catarina Wallenstein.
Esta performance afro-futurista marca a estreia de Felipe M. Bragança — realizador do aclamado filme “Um Animal Amarelo” — enquanto encenador, numa criação que convoca memórias e imaginários em torno do Massacre de Mueda, ocorrido em Moçambique, em 1960. A performance inspira-se na obra “Mueda, Memória e Massacre” (1979), do cineasta moçambicano-brasileiro Ruy Guerra, que documenta a forma como os habitantes da cidade de Mueda encenavam anualmente o massacre, como ritual de memória e expurgação colectiva.
Com apresentações anteriores em Berlim e Lisboa, a performance chega agora ao Brasil no ano em que se assinalam os 50 anos da Independência de Moçambique, propondo uma reflexão crítica sobre o legado colonial e os imaginários pós-coloniais. Entre ficção científica, fábula e documentário, o espectáculo combina teatro, vídeo, som e arquivo para revisitar o passado e projectar futuros outros, possíveis e reimaginados.

 ©Susana Chicó ©Susana Chicó
Criação: Felipe M. Bragança, Teatro Griot e Catarina Wallenstein
Direção e Texto: Felipe M. Bragança
Com: Zia Soares, Catarina Wallenstein, Gio Lourenço, Daniel Martinho e Matamba Joaquim.
Músicas originais: Selma Uamusse, Milton Gulli e 40D
Figurinos e Adereços: Ana Carolina Lopes e Victor Gonçalves.
Vídeos: Felipe M. Bragança
Imagens Videográficas: Luang Dacach/ Senegambia
Assistente de Direção: Felipe Dutra
Acessórios, Adereços e Cenografia Adicional (Brasil): Tainá Medina Projeto Financiado por República Portuguesa - DGARTES
Co-produção: DUAS MARIOLA FILMES
Apoio: CINEMATECA DO MAM RIO e MUSEU AFRODIGITALApoio ao Teatro GRIOT: Câmara Municipal de Lisboa, Polo Cultural Gaivotas Boavista 
APRESENTAÇÕES
Datas: 18 e 19 de Julho de 2025
Local: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio)
Horário: 19h00
Duração: 60 minutos
Classificação etária: M/14
Entrada: gratuita (sujeita à lotação da sala)
EVENTOS PARALELOS na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Em antecipação à estreia no MAM Rio, o Centro de Tecnologia Educacional da UERJ (CTE/Uerj) promove dois encontros públicos no âmbito do Projecto Tempo Livre – Ciclo de Conversas:
8 de Julho, 18h30 (horário de Brasília)
 Conversa com Zia SoaresA directora artística do Teatro GRIOT, actriz e encenadora Zia Soares participa numa sessão online sobre a estética e a política do corpo negro em cena.

 ©Susana Chicó ©Susana Chicó ©Susana Chicó ©Susana Chicó
Transmissão ao vivo
10 de Julho, 18h30 (horário de Brasília)
 Ciclo de Conversas com Teatro GRIOT, Catarina Wallenstein e Felipe M. Bragança
Uma conversa sobre o processo criativo da performance TRÓPICOS MECÂNICOS (MUEDA) e os desafios da criação teatral no cruzamento entre linguagens e geografias.
 Mais informações

15.07.2025 | par martalanca | teatro griot

Matxikadu com Lukanu

Performance, concerto de música e dança que combina música eletrónica, hip hop, kuduro e música tradicional angolana.*É um espetáculo que explora a ideia de futuro. Não apenas através do som, mas também na maneira como imagina que o homem negro pode superar os traumas longe do estereótipo, conquistando a liberdade de ser o que é: ou seja, criando o seu próprio futuro.*No jardim da Quinta AlegreEntrada livre*Mais info: https://www.agendalx.pt/events/event/lukano/

 

07.07.2025 | par martalanca | lukanu

Balumuka! - Narrativa poética da liberação... ou ainda, Rebelião Poética Kaluanda

12 de Julho a 18 de Outubro de 2025

Artistas: Cassiano Bamba | Pedro Coquenão + Luaty Beirão | Zezé Gamboa | Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves | Kiluanji Kia Henda | Kamy Lara | Wyssolela Moreira | António Ole | Gegé M’bakudi + Resem Verkron
Curadoria: Kiluanji Kia Henda & André Cunha

Centro de Artes de Sines. Seg-sex, 14h00-20h00. Sáb, 12h00-18h00. Prod. Kizenji, Pesquisa e Intervenção

Traçando um período cronológico de 1960 a 2025, em Angola, a exposição coletiva “Balumuka!” apresenta uma produção artística multidisciplinar que se centra no som (e por consequência na imagem e no movimento) – a prática comunal[i] à sua volta capaz de sustentar resistência e as relações sociais que este produz. Os ritmos e movimentos intensos, por vezes turbulentos, que se recusam a ser capturados no enquadramento vil de realidades opressivas e preconceituosas, transportando na sua expressão artística a possibilidade de transformação radical.

Apresentam-se cinco filmes documentários, que cobrem o período de 1978 a 2018, desde as expressões artísticas populares ao olhar da criação contemporânea: “Carnaval da Vitória” (António Ole), “Mopiópio” (Zézé Gamboa), “É Dreda Ser Angolano” (Pedro Coquenão + Luaty Beirão), “Luanda – A Fabrica da Música” (Kiluanje Liberdade e Inês Gonçalves) e “Para Lá dos Meus Passos” (Kamy Lara).

Juntam-se a esta exposição a série de fotografias “Luandar” de Cassiano Bamba, imagens inéditas da movida juvenil kaluanda. Kiluanji Kia Henda apresenta duas séries (“Versus Carnaval” e “O Som é o Monumento”). A exposição inclui também duas obras comissariadas de Wyssolela Moreira e  Resem Verkron & Gegé M’bakudi.

Estas obras serão apresentadas em diálogo com o arquivo gentilmente cedido pela Valentim de Carvalho.

[i] Fred Moten, In the Break: The Aesthetics of the Black Radical Tradition, Univ. of Minnesota Press, 2003.

Luandar, Cassiano BambaLuandar, Cassiano Bamba

02.07.2025 | par martalanca | Balumuka!, exposição, Sines

In the Company of Men (1969)

Doclisboa e a Cinemateca Portuguesa organizam a habitual Sessão de Antecipação da Retrospectiva na Esplanada da Cinemateca, este ano dedicada ao  realizador norte-americano William Greaves. O exercício psicodramático com trabalhadores negros e gestores brancos no Sul dos EUA, In the Company of Men (1969), será exibido no dia 4 de Julho, às 21h45. Os bilhetes já estão à venda!
Na sessão, será feita a apresentação do programa da retrospectiva que terá lugar durante a 23ª edição do Doclisboa, de 16 a 26 de Outubro, e que é possível graças ao trabalho conjunto das equipas das programação do Doclisboa e da Cinemateca, e de Scott MacDonald, curador da retrospectiva e especialista na obra de Greaves.
William Greaves é uma figura incontornável do cinema documental e experimental afro-americano, cuja obra reflecte um compromisso profundo com a justiça social, a memória histórica e a liberdade.

02.07.2025 | par martalanca | William Greaves.

50.º aniversário da Independência de São Tomé e Príncipe: Ato de Homenagem à família Graça do Espírito Santo,

No âmbito das comemorações do 50.º aniversário da Independência Nacional de São Tomé e Príncipe, em Lisboa, em 10 de julho, às 11h00, o embaixador santomense Esterline Gonçalves Género vai inaugurar uma placa comemorativa na entrada do edifício Rua Actor Vale 37, Alameda, em Lisboa, 10 de julho, às 11h00
No 1.º andar esquerda deste prédio ficava a residência lisboeta da família santomense Graça Espírito Santo, dirigida por Andreza Graça do Espírito Santo (1906-89), conhecida por “tia Andreza”. Os seus irmãos Januário Graça do Espírito Santo (1896-1967) e Salustino Graça do Espírito Santo (1892-1965) tinham alugado esta casa para os filhos que vinham estudar em Portugal. 
No período de 1951 a 1954, realizaram-se nesta residência os encontros do famoso Centro de Estudos Africanos (CEA), uma tertúlia de africanos nacionalistas da Casa dos Estudantes do Império (CEI), considerado um precursor dos movimentos de libertação das antigas colónias portuguesas em África. O CEA foi criado por Mário Pinto de Andrade (Angola, 1928-90), Agostinho Neto (Angola, 1922-79), Amílcar Cabral (Cabo Verde-Guiné, 1924-73) e Francisco José Tenreiro (STP-Portugal, 1921-63) e frequentado por Alda Graça Espírito Santo (STP, 1926-2010), Guilherme Espírito Santo (STP, 1928-60), António Tomás Medeiros (STP, 1931-2019), Noémia de Sousa (Moçambique, 1926-2002) e muitos outros. The Wealth of History of the Small African Twin-Island State São Tomé and Príncipe - Cambridge Scholars Publishing

02.07.2025 | par martalanca | Casa dos Estudantes do Império

CICATRIZ - Escola Terra Batida 13-19 Set



CICATRIZ, primeira edição da Escola Terra Batida, com Olivier Marboeuf, LANDRA, Karen Shiratori, Margarida Mendes, Joana Levi, Amador Alina Folini, PROTESTO EXISTENCIAL, Ritó Natálio e AFRONTOSAS

13.09—19.09   Espaço Parasita, Lisboa
+ INFO e INSCRIÇÕES até 01.07 no formulário

Um espaço de estudo eco-desorientado. Uma escola para aprender com fantasmas e feridas. Olhar casulos e ler vegetais. Escrever com a boca. Protestar e levitar.

CICATRIZ — Escola Terra Batida é um espaço de estudo coletivo e de encontro, atento às cicatrizes que resultam de feridas históricas estruturais e/ou documentam cooperações interespécies. Agregando a confluência de saberes multi-disciplinares que a plataforma Terra Batida tem vindo a praticar ao longo dos últimos anos, CICATRIZ — Escola Terra Batida conjuga práticas e poéticas para inspirar formas coletivas de resistência e concílio com um mundo em transformação. 

O grupo de participantes é convidado a tomar parte em atividades de reflexão, prática e fruição que tecem novos gestos e sensorialidades para interagir com o que nos rodeia. Cruzando os saberes do corpo com as perspetivas abordadas pela interseccionalidade das humanidades ambientais, CICATRIZ — Escola Terra Batida propõe novos modos de coabitação crítica, inspirados na colaboração solidária entre diferentes modos viventes.

PROGRAMA
13.09 (sáb), 18h—20h30, com Olivier Marboeuf (sessão aberta ao público geral, conduzida em inglês)
14.09 (dom), 18h—20h30, com coletivo LANDRA + Karen Shiratori (sessão aberta ao público geral)
16.09 (ter), 18h—21h, com Margarida Mendes + Joana Levi
17.09 (qua), 18h—21h, com PROTESTO EXISTENCIAL (Silvio Lang, Quillen Mut, Ritó Natálio, Amador Alina Folini)
18.09 (qui), 18h—21h, com Amador Alina Folini
19.09 (sex), 18h—21h, encerramento com Ritó Natálio + AFRONTOSAS

Um programa Terra Batida | Curadoria Ritó Natálio e Margarida Mendes | Assistência curatorial e mediação Laila Algaves Nuñez | Produção executiva e administração Associação Parasita | Design gráfico Cláudia Lancaster, sobre desenho de Pablo Quiroga Devia | Documentação em desenho Pablo Quiroga Devia | Coprodução da sessão inaugural com Olivier Marboeuf Choreolinguistic Salon (Centro de Estudos de Teatro - FLUL) | Apoio Governo de Portugal – Ministério da Cultura/Direção-Geral das Artes

30.06.2025 | par martalanca | Terra batida

CONTOS DO ESQUECIMENTO, de Dulce Fernandes

A MADAME Filmes têm o prazer de o/a convidar para as sessões especiais do filme CONTOS DO ESQUECIMENTO, de Dulce Fernandes, antecedido da curta-metragem TIME TO CHANGE, de Pocas Pascoal:
- 3 de julho, 19H, CINEMA CITY ALVALADE: sessão de estreia apresentada pelas realizadoras 
- 4 de julho, 21H, CINEMA FERNANDO LOPES: sessão seguida de conversa com a realizadora Dulce Fernandes, Zia Soares (atriz e encenadora) e Ana Naomi de Sousa (cineasta e jornalista)
- 9 de julho, 21H, CINEMA CITY ALVALADE: sessão seguida de conversa com as realizadoras e Cristina Roldão (socióloga).

CONTOS DO ESQUECIMENTO de DULCE FERNANDES

Portugal 2023, 63’ Achados arqueológicos recentes em Lagos, no sul de Portugal, revelaram o passado esquecido do papel de Portugal no tráfico transatlântico de africanos escravizados. Invocando a distância entre o que queremos esquecer e a urgência da memória, Contos do Esquecimento é um território de revelação do passado no presente Contos do Esquecimento instala-nos num processo de revisitação de factos de uma memória histórica, trazidos à tona por escavações arqueológicas recentes, realizadas em Lagos, Portugal. O que se descobre pertence ao passado da escravatura que revela o papel de Portugal no tráfico transatlântico de africanos. Uma lixeira do séc. XV, e todos os detalhes que se apresentam, na enumeração da recolha dos despojos, vai-nos informando e dizendo mais, cada vez mais. O tempo da imagem, a envolvência sonora e a narração marcam um ritmo que conduz o nosso olhar e percepção numa descoberta sensível que mergulha em vários suportes, textos, ilustrações, materiais dispersos e descrições cuidadas.  Entre presente e passado é estabelecido um jogo temporal cruzado, onde somos colocados no centro desta memória relembrada e projectada. Pretexto, ainda, para uma reflexão sobre o tempo, a marca da morte e o inexorável desaparecimento. É preciso lembrar, é preciso não esquecer. – Carlota Gonçalves

29.06.2025 | par martalanca | escravatura, Lagos, memória

1 de 23 510 Intempérie ep. 2 | Fascismos, micro-fascismos, poéticas da diversidade

 

 

https://soundcloud.com/iintemperie/podcast-intempe-rie-junho-2025

Neste episódio rondamos os temas do crescimento da extrema-direita num mundo em que as cenouras, cada vez mais escassas, parecem estar a deixar de substituir os chicotes. Falamos de micro e macro-fascismo, de extrema-direita, extremo-centrão e extrema-esquerda, como faces da hiperrealidade política que dissimula a política real: controle digital cada vez mais apertado, miséria quotidiana, novas formas de contornar a liberdade de expressão, consensualidade compulsiva, interiorização da culpa, feudalismo digital e a impostura da arte contemporânea. E propomos alguma bibliografia para delinear estes temas: Sigmund Freud – Psicologia de Grupo e a Análise do Ego; Wilhelm Reich – Psicologia de Massas do Fascismo; Jean Baudrillard – Simulacros e Simulação; Félix Guattari – «Todos querem ser fascistas»; Édouard Glissant – Introdução a uma Poética da Diversidade.

Conversas anartísticas e profundamente comprometidas com os estados dos espíritos

ou Um espaço de crítica livre sobre os infortúnios da história cultural e das artes com Elagabal Aurelius Keiser e Soraia Simões de Andrade com indicativo sonoro de Xana (Imagem do podcast sob Agathos Daimon, pintura de Elagabal Aurelius Keiser).

Para quem nos quiser enviar eventuais perguntas, comentários ou sugestões: podcastintemperie@gmail.com

27.06.2025 | par martalanca | mural sonoro, podcast

Criminalizar é reparar

“Um debate sobre a criminalização do racismo como forma de reparação será realizado na próxima semana, em Lisboa. O evento “Criminalizar é reparar” vai ocorrer na quarta-feira, 25 de junho, às 19:00, na sede da associação.
O principal tópico da discussão será a Iniciativa Legislativa Cidadã para criminalizar “todas as práticas discriminatórias”, como racismo e xenofobia. A proposta foi entregue à Assembleia da República em dezembro do ano passado.” - Amanda Lima
A entrada é livre, na Casa do Brasil de Lisboa.
A curadoria e organização desta atividade é de Anizabela Amaral
Assina a petição e exige uma mudança na lei.

24.06.2025 | par martalanca | reparação

Noite das Ideias 2025 - Debates, Performances, Concertos

25 de junho de 2025 18h - 00h Teatro Municipal São Luiz - Lisboa I Entrada Livre

Após o sucesso da edição de 2024, a Noite das Ideias regressa ao Teatro São Luiz com uma programação ainda mais rica. Debates, performances, espetáculos, encontros literários, sessões de autógrafos e concertos darão o tom a esta sexta edição lisboeta, que explorará o tema “Poder de Agir – Em busca de um novo horizonte de universalidade”.

Das 18h00 à meia-noite, escritores, poetas, bailarinos, cientistas, jornalistas, músicos, ilustradores e filósofos tomarão a palavra e atuarão em torno de questões essenciais.
Como viver juntos num mundo cada vez mais segmentado e plural? Como e por que razão devemos adaptar-nos face à aceleração e imprevisibilidade das nossas vidas? O que fazer para enfrentar ou mitigar os efeitos das mudanças climáticas e reconectar-nos com o mundo vivo? Como combater eficazmente as desigualdades sociais e culturais para que todos tenhamos pleno direito à cidadania? Como reforçar e aprofundar as nossas democracias e recentrar a cidadania plena nas nossas prioridades, perante os perigos dos governos autoritários e o endurecimento das identidades culturais? 

Restaurar e reinventar o poder de agir coletivamente para abrir um novo horizonte de universalidade, mais amplo, num momento crucial da história da humanidade e do planeta: esta é a ambição da Noite das Ideias.


PROGRAMA

 

SESSÃO DE ABERTURA

SALA LUIS MIGUEL CINTRA

  • 19h – Discursos de abertura
  • 19h20 – Conferência inaugural Antoine LILTI – Actualité des Lumières

 

PERCURSO 1 – DEMOCRACIA!

SALA BERNARDO SASSETTI

  • 20h – Performance Literária – Merai – Novas Cartas Portuguesas

 

PERCURSO 2 – UNIVERSAL?

SALA LUIS MIGUEL CINTRA

  • 20h45 – Performance Literária – Merai – Os Lusíadas
  • 21h45 – Performance – Vanessa FERNANDES e Ivo REIS/ESPECTRO VISÍVEL – Na Kolonia

 

PERCURSO 3 – CIDADANIA…

RESTAURANTE FAUNA E FLORA

 

CONCERTO DE ENCERRAMENTO – PONGO

SALA BERNARDO SASSETI

  • 23h30 – Concerto de PONGO

 

LIVRARIA DA NOITE

FOYER E PRIMEIRO PISO

  • 19h – 00h30

Venda dos livros dos oradores da Noite das ideias (Almedina e Nouvelle Librairie française) e de livros relacionados com a temática “Poder de agir”, em francês e português. Os oradores estarão disponíveis para sessão de autógrafos.

 

24.06.2025 | par martalanca | noite das ideias

RAÍZES E ROTAS

Co-criação de uma instalação artístico-política e de caminhadas de ressignificação da paisagem arbórea urbana. Com uma leitura decolonial das árvores centenárias de Lisboa, interrompe-se a narrativa exótificante, reintengrando contextos de deslocamento e exploração das espécies trazidas de diferentes geografias ocupadas. Investiga-se coletivamente a colonialidade urbana, a resistência cultural, assim como a interdependência entre seres humanos e não-humanos e epistemologias ancestrais reparadoras.

Descrição detalhada

A cidade de Lisboa alberga uma grande diversidade de árvores centenárias, que testemunharam séculos sobre este território, cujas origens e trajetórias estão profundamente entrelaçadas com os processos históricos coloniais. Raízes e Rotas propõe uma leitura da paisagem a partir da observação decolonial destas árvores urbanas, como elementos centrais da memória histórica e justiça ambiental. O projeto busca criar uma cartografia viva e sonora que articule dinâmicas políticas, económicas e culturais, a partir de uma narrativa além-botánica, que rejeita o exotizante, e que apaga as constelações sócio-ambientais às quais pertencem. Partilhando o modo como as árvores da cidade podem ser lidas como corpos-documento.

Este projeto é uma co-criação entre o Frame Colectivo e a Batoto Yetu Portugal, com abordagens complementares e comprometidas com o desenho de dispositivos artístico- políticos de impacto social. O Frame Colectivo, um atelier de arquitetura e arte, traz uma prática múltipla e interseccional com instalações que refletem sobre o espaço urbano contemporâneo e a arte colaborativa descentralizada, que propõe modos de interação horizontais e experimentais. A Batoto Yetu Portugal, com mais de 25 anos de experiência no trabalho artístico com populações afrodescendentes, traz uma prática de resistência cultural, memória e valorização da cultura entre comunidades segregadas na cidade, sob orientação de Djuzé Lino, engenheiro florestal de formação. Juntas propõem investigar e

criar a partir das conexões entre colonialidade urbana, botânica e resistência cultural e ambiental.

Programam-se caminhadas participativas, mapeamento crítico e documentação, que criam um espaço de pesquisa sobre as árvores de Lisboa (integra espécies originárias da Ásia, América do Sul e África) que se tornaram, ao longo do tempo, testemunhas vivas dos processos de extração, deslocamento e apropriação, que marcaram o tecido social e ambiental da cidade. As árvores, enquanto agentes de justiça ambiental, são colocadas no centro do debate sobre o direito à cidade, já que muitas áreas com menor cobertura verde coincidem com bairros de população racializada e com menos infraestrutura de lazer. Esta distribuição reflete as desigualdades ambientais herdadas do sistema colonial, cujos efeitos continuam a marcar a vida urbana contemporânea. É neste sentido que se constrói uma rede de criação e iteração com parceiros da periferia de Lisboa, estendendo-se à Amadora, Trafaria e Loures.

Começamos com atividades de pesquisa, gravação e criação de roteiros, com destaque para oficinas e apresentações das artistas latino-americanas, Pamela Cevallos, Sandra Gamarra e Astrid González no C/ARPA, na Batoto Yetu, Cavaleiros de São Brás e AOPIC de Novembro 2025 a Janeiro 2026. Durante esse período, serão realizadas atividades de cocriação, nas quais as histórias e experiências do público serão integradas na construção da cartografia visual e sonora das árvores centenárias e hortas de Lisboa. De seguida o projeto ativará as caminhadas que começam no Jardim da Gulbenkian ou Jardim Botânico Tropical de Belém e seguem para várias zonas da cidade. Esta atividade poderá ter continuidade como programa recorrente da Batoto Yetu após término do projeto. O coletivo Tributo aos Ancestrais junta-se com visitas participadas às Coleções Coloniais, Etnográficas e Xiloteca. Estão planeadas seis caminhadas, podendo haver repetições de acordo com o volume do público. O projeto será apresentado também em Viena na Architecture Summer School VAS2, em Setembro de 2026, com uma reflexão pública sobre a justiça ambiental e a decolonização do espaço verde urbano. A instalação resultante com curadoria de Ana Salazar Herrera, será exposta no MAC/CCB e no Espaço c/arpa em Outubro de 2026. Um dispositivo multimédia composto por um

mapa-chão e paisagem sonora, que ilustram o deslocamento das espécies, sendo uma representação material e sensível do processo de pesquisa e das caminhadas realizadas. A exposição acolherá encontros públicos de debate e performance a definir. As árvores centenárias como corpos-documento no sentido dado por Beatriz Nascimento, intelectual, historiadora, poeta e ativista negra brasileira, que define o corpo racializado como um documento histórico, por carregar em si as marcas da escravidão, do racismo estrutural e da resistência. Este conceito reflete a ideia de que os traços e as vivências das pessoas negras são registos vivos de sua trajetória histórica, funcionando como um arquivo de experiências que transcende os documentos escritos oficiais. Seu pensamento dialoga  com outras abordagens da história oral e das epistemologias afro-diaspóricas, propondo que

a memória e a identidade negra não dependem apenas de registos escritos, mas também da corporalidade, das práticas culturais e da oralidade. O Frame Colectivo traz uma forte experiência de criação artística baseada em pesquisa, com foco na vivência emigrante e queer relacionada à fragmentação urbana. Batoto Yetu tem uma prática enraizada na multidisciplinaridade e longa experiência na criação de caminhadas decoloniais e performativas baseadas na arte e cultura afrodescendente. A parceria que se proporciona também com o coletivo Tributo Aos Ancestrais e com o HANGAR – Centro de Investigação Artística contribui consolidar o projecto.

Decolonizar a Paisagem: Para Além do Jardim Europeu

Lisboa, como muitas outras cidades europeias, mantém uma relação instrumentalizadora com a natureza da cidade, onde parques e jardins são lidos como zonas de lazer e como exemplos de ordenamento, priorizando o catalogar e ordenar o mundo. A desconexão com a natureza sentida no Ocidente não é acidental. É um reflexo histórico de séculos de exploração, dominação e apagamento das relações entre humanos e não-humanos. Para justificar e perpetuar os ciclos de extração e deslocamento, foi necessário fragmentar as histórias e romper os laços entre espécies e comunidades. Wilhelm Reich, em Psicologia de Massas do Fascismo, argumenta que, na tentativa de diferenciar-se dos outros seres vivos, o Ocidente não apenas rompeu com a natureza, mas também reprimiu suas próprias conexões orgânicas e emocionais. Esse afastamento gerou um mundo mecanicista, onde a relação com a natureza se tornou artificial e rígida. Para nos reconectar precisamos resgatar a narrativa completa, também destas árvores centenárias, muitas delas chegaram a Lisboa através de redes coloniais de exploração, transformando a cidade num palimpsesto de deslocamentos forçados e apropriações de saberes ecológicos indígenas. Espécies como a Araucária-colunar (trazida das ilhas do Pacífico no século XVIII), os Jacarandás e as Tipuanas (América do Sul) e a Palmeira Tamareira (Médio-Oriente) fazem parte da paisagem de Lisboa. O discurso tradicionalmente associado a essas espécies destaca sua adaptação ao clima ou sua beleza ornamental, ignorando as estruturas políticas e econômicas que determinaram sua chegada. Este projeto promove um processo de reestruturação do olhar sobre a paisagem, para uma cidade mais inclusiva e ecologicamente responsável. Através da interseção entre arte, arquitetura, botânica e ativismo comunitário, Raízes e Rotas contribui para expandir a noção de arquitetura para além das construções humanas, inscrevendo a paisagem vegetal como parte integral do tecido urbano e da luta por um futuro mais justo e sustentável.

3. Cronograma de Trabalho do Projeto de Investigação

Mês                                                                 Atividade

Abril -Maio 2025                                      Pesquisa, botânica e cartografia expândida

Maio - Junho 2025                                    Recolha de testemunhos e envolvimento comunitário

Junho 2025                                                Primeira apresentação pública (27 ou 28 de junho)

Julho - Agosto 2025                                 Produção de materiais do percurso e instalação

Setembro - Outubro 2025            Ativação do percurso e apresentação final no Centro de                  Arquitetura do MAC/CCB

2. Exemplos de atividades públicas

- Caminhadas participativas – Guiadas por investigadores e mediadores culturais, destacando

as conexões entre botânica, colonialismo e ecologia política. 1 acontecerá durante o período

de pesquisa e 3 durante o período de apresentação/exposição.

- Oficinas de escuta e mapeamento coletivo – Sessões abertas ao público para recolha de

narrativas orais e partilha de experiências sobre as relações entre comunidades e a vegetação

urbana. Realizadas no MAC/CCB, espaço c/arpa do Frame Colectivo e Batoto Yetu.

- Instalação no Centro de Arquitetura do MAC/CCB. Consiste de um mapa/guia de grande

escala no chão e uma instalação sonora.

- Lançamento do mapa e guia online – Plataforma digital interativa que reunirá as histórias,

mapas e materiais recolhidos durante a investigação.

- Debate público sobre justiça ambiental e arquitetura interespécies – Encontro com

investigadores, artistas e ativistas para discutir o impacto colonial na paisagem urbana

contemporânea.

18.06.2025 | par martalanca | RAÍZES E ROTAS

Companheiras, de Antonella Gilardi

Com ilustrações de Manuela Romeiro. “Companheira” é uma palavra que vem do latim cum panis e significa “aquela com quem se partilha o pão”. Este livro e audiolivro contém histórias de companheirismo, de mulheres que, juntas, desbravam caminhos para uma nova definição do seu papel.

Situados na Itália da Segunda Guerra Mundial e do pós-guerra, os dois contos de estreia de Antonella Gilardi são inspirados em pessoas que existiram e em factos que aconteceram, mas neles a imaginação realiza o desejado resgate das mulheres na História.

Os desenhos de Manuela Romeiro ajudam a retocar a memória.

Antonella Gilardi

Professora sem cátedra, formadora de ensino não formal, trabalhadora na área dos jogos e narradora que gosta de cantar. Profissional de profissões não reconhecidas.

Lê e conta, para encontrar-se e voltar a perder-se entre as linhas das palavras lidas, contadas e cantadas. 

Joga, pela necessidade de desafiar as regras e o fado. 

E porque não se importa de perder.

Gosta de viver uma palavra de cada vez, uma jogada de cada vez.

E escreveu contos, pela primeira vez, como quem procura um atalho para um novo caminho rumo a casa.

Ficha técnica

Contos, texto introdutório e narração: Antonella Gilardi

Ilustrações: Manuela Romeiro

Design gráfico: Pedro Serpa

Fotografia da capa: Autoria desconhecida

Revisão, gravação e edição áudio: Oriana Alves

Referências musicaisBella Ciao (popular), Il vestito di Rossini (de Paolo Pietrangeli), Sciopero Interno (de Fausto Amodei), Le otto ore (de autor anónimo)

Formato: 32 pp. + QR Code com áudio de 38 min)

1.ª edição: Abril de 2025

ISBN: 978-989-8421-89-0

17.06.2025 | par martalanca | Antonella Gilardi

Muungano

17.06.2025 | par martalanca | Moçambique