Concerto de Niikology no Tokyo

No rescaldo da sua grande performance no festival MIL no passado mês de setembro, o multifacetado artista angolano Niikology prepara-se para dar mais um grande concerto, desta vez no Tokyo, no Cais do Sodré (em Lisboa), já no próximo dia 10 de outubro (quinta-feira), pelas 22h. 

Nascido em Luanda, Niikology é compositor, cantor, produtor musical, designer, diretor artístico e escritor. Da sobreposição de todas estas facetas sobressai um traço musical de encontro entre o rapper narrativo e o cantor eclético, entre a neo-soul e o r&b, entre um registo poético de storytelling e um egotripping de afirmação e positividade, entre a fidelidade às raízes do hip-hop global de sotaque angolano e as sonoridades mais próximas do trap e suas derivações.

Autor de alguns êxitos, Niikology tem um conceito próprio de eletrónica afro-futurista lo-fi, que se dá a conhecer numa multiplicidade sinérgica de estilos e registos e num inovador formato de produção ao vivo. Atualmente, colabora com Luzingo e Kenny Caetano.


Informações do evento:Local: Tokyo, Cais do Sodré (Lisboa)Hora: 22hData: 10 de outubroBilhetes: à venda na aplicação “TokyoandJamaica” e à porta do eventoPreço do bilhete: 8 eurosGénero: hip-hop/trap/neo-soul/r&b –» Acompanhe as redes sociais do artista em:  Videoclipe do mais recente tema “Saber Perder”:https://www.youtube.com/watch?v=8ClJ76ZSjI4 @ Instagram do Niikology:https://www.instagram.com/niikology/  Spotify do Niikology:https://open.spotify.com/intl-pt/artist/66JOMNQbVDHdySU2suPfxK

 

08.10.2024 | par martalanca | Niikology

Projeto Expo com curadoria de Pamina Sebastião

PROJECTO EXPO conhece a curadora do projecto, Pamina Sebastião, do colectivo ROMPE!

Pamina Sebastião, artivista, tem mais de 10 anos de trabalho em activismo na área de gênero e sexualidade, em específico dentro dos movimentos feminista e LGBTIQ angolanos e na África Austral. Artivista desde 2019, tendo exibido o seu trabalho nacional e internacionalmente. A sua pesquisa traz reflexões coletivas sobre o trauma colonial e o caminho para a descolonização como uma forma não apenas de desmontar o corpo como um lugar de inscrição, mas também de propor novos lugares de cuidado. Assim, explora a construção de um imaginário no qual outras formas de existência corpórea são possíveis.Pamina possui mestrado em Direito Internacional com foco no Sistema Africano de Direitos Humanos pela Universidade de Lisboa (Portugal; 2015); Licenciada  em Direito pela Universidade Católica (Angola; 2011). Recebeu o prémio do fundo Prince Claus por seu trabalho sobre justiça racial, equidade de género, e expressão queer, dentro das disciplinas de pesquisa artística, performance e arte visual. - * - * - * -O acompanhamento curatorial do projecto EXPO 2024 terá como foco o desenvolvimento dos trabalhos artísticos em formato de ateliês abertos, e mentorias individuais com foco na pesquisa artística em artivismo. 

#Abysmuus #ExpoColectiva #OndFeminista #RompeLuanda #Otratierra

01.10.2024 | par martalanca | Pamina Sebastião

O Chão é Lava! - uma exposição que marca o encontro entre Europa e África

foto de Vera Marmelofoto de Vera Marmelo

A exposição O Chão é Lava!, com curadoria de Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca, realiza-se de 5 de outubro a 13 de janeiro, na Culturgest Porto, com entrada livre. A inauguração é dia 4 de outubro, a partir das 22:00.

Constituindo o sexto momento do ciclo Território - parceria entre a Fidelidade Arte e a Culturgest - é uma exposição essencialmente de vídeo que nos mostra vários filmes, ciclos de cinema e várias conversas, que conta com a participação de Ana Temudo, Axy Demba, Carlos Andrade, CV-TEP, João Pereira aka Tikai, José Estima, Lucas Camargo de Barros, Marina Temudo, Mário Oliveira aka Barudju, Mbana Cabra & Samba Tenem, Nelca Lopez, Nos Manera, Nuno Lisboa, Ramón Sarró, Sara Santos, Sílvia das Fadas, Uma Certa Falta de Coerência, Umaro Sabali aka Maquina Motor e Victor Bor

O Chão é Lava! foi o título sugerido pela artista Sara Santos para esta exposição, na qual apresenta edifícios icónicos do Cacém a fazer esquina com um mapa-manta onde tem vindo a inscrever uma geopolítica subjetiva da Europa.

A exposição estende-se entre a Guiné-Bissau, do filme Fogo no Lodo, realizado por Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca, e a linha de Sintra.

Num outro núcleo, a Europa finge-se África. Realizadores amadores, como João Pereira (Tikai) Nelca Lopez, imaginam-se nos seus países de origem a partir dos subúrbios de Lisboa.

Em paralelo, a temporalidade da Guerra na Guiné-Bissau, através do olhar de José Estima, ex-soldado português, dialoga com imagens do movimento messiânico Kyangyang, da autoria de Ramon Sarró e Marina Temudo trabalhadas por Ana Temudo. Será ainda criada uma publicação por Uma Certa Falta de Coerência, espaço dedicado às artes na cidade do Porto, fundado pelos artistas André Sousa e Mauro Cerqueira.

A exposição inclui ainda um ciclo de filmes programado por Sílvia das Fadas (de 4 de outubro a 8 de novembro), Lucas Camargo de Barros (de 9 de novembro a 6 de dezembro) e Nuno Lisboa (de 7 de dezembro a 12 de dezembro). 

Para além dos filmes, cujo programa será anunciado em breve, há ainda um ciclo de conversas (e filmes), uma por mês, sempre ao sábado, às 16:00. O primeiro momento é no dia 9 de novembroconversa com Sílvia das Fadas, Lucas Camargo de Barros, Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca, que acontece a seguir à exibição em sessão única do filme  O Tubérculo, de Lucas Camargo de Barros e Nicolas Thomé Zetune. No dia 7 de dezembro, conversa com Nuno Lisboa, Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca e, por fim, a 11 de janeiro, realiza-se a conversa com Ana Temudo, Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca.

 

 Sobre Catarina Laranjeiro
Catarina Laranjeiro (Guimarães, 1983) é investigadora no Instituto de História Contemporânea (IHC-NOVA/FCSH), onde desenvolve um projeto sobre cinema vernacular em Cabo Verde, Guiné-Bissau e respetivas diásporas na Europa. Realizou o filme  Pabia di Aos (2013), e co-realizou Enxertia (2020; com Marta Leite) e Fogo no Lodo (2023; com Daniel Barroca). No campo da performance, colabora com Tânia Dinis com quem co-criou Álbuns de Guerra (2021) e se encontra a co-desenvolver Traçadas (2025). 

Sobre Daniel Barroca
O trabalho de Daniel Barroca (Lisboa, 1976) cruza a arte e a etnografia. Desenvolve uma pesquisa de doutoramento no DANT.Ulisboa sobre guerra e imagem. Estudou artes plásticas na ESAD.CR (Caldas da Rainha), no Ar.Co (Lisboa) e no Ashkal Alwan (Beirute). Foi artista residente na Künstlerhaus Bethanien (Berlim), Rijksakademie van Beeldende Kunsten (Amesterdão) e no Drawing Center (Nova Iorque). Co-realizou com Catarina Laranjeiro o filme Fogo no Lodo (2023).

27.09.2024 | par martalanca | Catarina Laranjeiro, Daniel Barroca

Legado cultural de Amílcar Cabral, 27 de setembro

As publicações das Falas Afrikanas continuam a acompanhar várias celebrações do centenário de Amílcar Cabral. A convite da Casa da Cultura da Guiné-Bissau estarão presentes no colóquio sobre o legado cultural de Amílcar Cabral esta sexta feira, dia 27 de setembro, das 9.30 às às 18 horas na Torre do Tombo em Lisboa. Acompanharão uma banca de livros de e sobre Amílcar Cabral, de contextos africanos históricos e literários das várias lutas de libertação no continente africano.

25.09.2024 | par martalanca | Amílcar Cabral, colóquio, Falas Afrikanas

Cindy Sissokho, Ekua Yankah, Gisela Casimiro - Conectar - TBA

Depois da conversa Alastrar, que aconteceu no sábado dia 21 de setembro, o ciclo de programação de discurso segue com Conectar, uma conversa entre três mulheres sobre conexões transatlânticas e relações entre artistas e intelectuais da diáspora africana. Melissa Rodrigues convida Cindy Sissokho, produtora e curadora cultural envolvida este ano na cocuradoria do Pavilhão da França na Bienal de Veneza 2024, Ekua Yankah antiga diplomata da ONU e consultora artística e Gisela Casimiro, artista e escritora, para refletir sobre as mudanças nas cidades e nos tecidos culturais das mesmas nos últimos anos e que pontes futuras se podem construir coletivamente.

 

2 outubro

Discurso

quarta 18h30

Sala Manuela Porto

 

Pensar a cidade e as suas transformações. Novos paradigmas, outras línguas.
Observar uma outra cidade que se reinventa e edifica.
Lisboa, outrora capital do império, hoje apresenta-se como uma cidade culturalmente efervescente, atraindo artistas e intelectuais das diferentes Diásporas africanas.
Este movimento transporta consigo mudanças e questionamentos.
Nesta conversa entre a curadora e produtora cultural Cindy Sissokho, a escritora e artista Gisela Casimiro e a dinamizadora e consultora artística Ekua Yankah, importa refletir nas conexões transatlânticas e nas relações entre artistas e intelectuais da Diáspora africana.
Que pontes são possíveis de ser construídas coletivamente? Como podem ser estabelecidos futuros comuns?

 

GISELA CASIMIRO é escritora, artista, performer, tradutora e ativista. Publicou Erosão, Giz e Estendais. Traduziu Irmã Marginal de Audre Lorde. É autora de Casa com Árvores Dentro, peça encenada por Cláudia Semedo. Fez apoio à dramaturgia de Blackface de Marco Mendonça e apoio à criação de Belonging de Raquel André. Expôs no Armário, Balcony, ZDB, Galerias Municipais do Porto e Lisboa, MACE, Galeria Reocupa e Appleton. É membro-fundador da UNA (União Negra das Artes).

 

EKUA NYANSUA YANKAH é uma antiga diplomata da ONU que se tornou empreendedora e consultora artística. É a fundadora do Projeto 189 Bangkok e cofundadora do Diaspora Salon Lisboa, uma plataforma de trabalho em rede que visa ligar as várias comunidades da diáspora em Lisboa. Ekua participa ativamente na cena cultural de Lisboa. Faz parte do conselho consultivo de três organizações artísticas independentes, Savvy Contemporary Friends e.V., Hangar em Lisboa e ANO Ghana.

 

CINDY SISSOKHO é curadora, produtora cultural, consultora de arte e escritora com um foco específico em práticas anticoloniais, sociais e políticas no âmbito das artes e da cultura. O seu trabalho de curadoria e escrita é nutrido pela urgência de alargar e disseminar o conhecimento e a produção artística a partir de perspetivas sistemicamente racializadas e marginalizadas. Cocuradora do Pavilhão de França – com Céline Kopp, para a 60.ª edição da Bienal de Veneza em 2024.

 

25.09.2024 | par martalanca | Cindy Sissokho, Ekua Yankah, Gisela Casimiro

Histórias para ouvir inspiradas em mulheres negras de Lisboa, no início do século XX

com lançamento a 13 de outubro

 
 
 

“Síncopes” é uma sonic fiction composta por 5 episódios, inspirada em mulheres negras que habitaram a cidade de Lisboa no início do século XX. O primeiro episódio terá estreia a 13 de outubro, no Hangar - Centro de Investigação Artística, dia em que se realizará a escuta colectiva do episódio 1, intitulado “Eu mesma, eu própria”, assim como uma conversa entre as autoras, alguns dos intérpretes e o público.


Cristina Roldão (socióloga), XEXA (produtora, sound designer, artista visual) e Zia Soares (encenadora, atriz), são as autoras deste projeto e propõem cinco narrativas interpretadas por nomes como Isabél Zuaa, Binete Undonque, Filipa Bossuet, G FEMA, Piny, Raquel Lima e Vânia Doutel Vaz.


Segundo as autoras “Síncopes” é uma viagem titubeante que atravessa a cidade de Lisboa, Santiago, Cachéu, Salvador, Harlem, São Tomé ou, ainda, talvez de Maputo ou do Bié, uma viagem feita de sons propulsivos de avanços e recuos, de atritos ou de confluências. Do ruído, à música, à palavra,


Todos os episódios serão de livre acesso e serão lançados de forma semanal em diferentes plataformas: Hangar Online, Spotify e Apple Music.


Mais informações em https://hangar.com.pt/online/sincopes/

 

Cristina Roldão, Zia Soares e  XEXA e são as autoras de ‘Síncopes’

Cristina Roldão, Zia Soares e  XEXA e são as autoras de ‘Síncopes’.

 

SÍNCOPES _ ESTREIA

13.10.2024, 16H00 | HANGAR
A sessão integrará: escuta imersiva do ep.1 Eu mesma, eu própria; conversa entre as autoras, algumas intérpretes e o público; Cocktail

 

SÍNCOPES  online 
(Hangar Online, Spotify, Apple Music)
13.10.2024 _ ep.1 _ Eu mesma, eu própria
20.10.2024 _ ep.2 _ Carolina X
27.10.2024 _ ep.3 _ Melik
03.11.2024 _ ep.4 _ K’ aflikana
10.11.2024 _ ep.5 _ Síncopes

Autoria, direção artística: Cristina Roldão, XEXA, Zia Soares
Textos: Cristina Roldão, Zia Soares
Criação Sonora: XEXA
Investigação: Cristina Roldão, José Pereira, Pedro Varela
Design gráfico: Denise Santos 
Assistência técnica: Thiago Gondim
Apoio à produção: HANGAR - Centro de Investigação Artística

 

ep.1 _ Eu mesma, eu própria 
interpretação: Zia Soares

Ela chegou-nos coberta de insultos pela porta enviesada que é o livro “A Preta Fernanda: Recordações d’uma colonial”
(1912), que nos diz mais sobre a sociedade branca lisboeta do final do séc. XIX do que sobre quem foi Andresa do Nascimento de Pina, ou seria Andresa de Pina do Nascimento?, aka Fernanda do Vale. Há quem diga que é uma autobiografia, mas não, não é. É, sim, uma sátira racista e machista sobre uma mulher que escapava desmesuradamente ao formatado. Certamente que Andresa, ou Fernanda, terá tentado desaprovar publicamente aquele retrato monstruoso, e certamente terá sido amordaçada. E, outra vez, mais uma vez, a pergunta spivakiana de Carla Fernandes: “Pode a subalternizada recordar”? 
A resposta: 
• Pode.

ep.2 _ Carolina X 
interpretação: Isabél Zuaa

Apelido “X”, porque não sobra rastro da linhagem. Apelido “X” para rasurar o prefixo “preta”, que vem sempre primeiro que o nome próprio. Chegamos a ela, na verdade a elas, às centenárias
Carolina e Maria Teodora Doutora, através de jornais que davam conta do seu falecimento, 1943 e 1920 respetivamente. Ambas, seriam as “últimas” escravizadas em Lisboa? 
Quem é ela que pousa de pé, descalça, em plena Av. da Liberdade para o fotógrafo Charles Chusseau-Flavies, com o peito cheio de rosários, como quem usa uma extensa fiada de amuletos? Quem são elas, e tantas outras, que como elas, foram descartadas pelas “senhoras” e pelos “senhores”, depois de velhas, por falta de serventia, e largadas ao abandono nas ruas de Lisboa? “X” de
incógnita. “X” de encruzilhada. “X” de marco que não é possível esquecer, apesar do silêncio. “X” de incisão, por onde se precipita o romper das coisas.

ep. 3 _ Melik
interpretação: Binete Undonque

Não foi para aquilo que veio de tão longe: aquela fila interminável de gente e aquela terra estavam longe de ser o pináculo do progresso e da sofisticação.
No Porto como no IndieLisboa 2023, a lente branca, dos olhos dos brancos e da câmera dos brancos, zoomam nos seios desnudos dela e apelidam-na de Rosinha. 
Entre balantas, a pessoa convidada jamais seria sujeita a tal curiosidade impertinente, doentia e bárbara. Jamais seria exposta, jamais seria tocada, e o seu nome jamais seria esquecido. Seria uma espécie de milagre se aquele povo tivesse uma “influência civilizadora” sobre qualquer outro - diria quem nós sabemos que o disse.

ep.4 _ K’aflikana 
co-autoria: G FEMA
interpretação: G FEMA, Cristina Roldão

Não foi para aquilo que veio de tão longe: aquela fila interminável de gente e aquela terra estavam longe de ser o pináculo do progresso e da sofisticação.
No Porto como no IndieLisboa 2023, a lente branca, dos olhos dos brancos e da câmera dos brancos, zoomam nos seios desnudos dela e apelidam-na de Rosinha. 
Entre balantas, a pessoa convidada jamais seria sujeita a tal curiosidade impertinente, doentia e bárbara. Jamais seria exposta, jamais seria tocada, e o seu nome jamais seria esquecido. Seria uma espécie de milagre se aquele povo tivesse uma “influência civilizadora” sobre qualquer outro - diria quem nós sabemos que o disse.

ep.5 _ Síncopes
participação: Binete Undonque, Cristina Roldão, Filipa Bossuet, G FEMA, Isabél Zuaa, Piny, Raquel Lima, Vânia Doutel Vaz, XEXA, Zia Soares

Um círculo polifónico para uma conversa antiga, cujo fim não se vê.
Volta não volta, e a história dá voltas, a “renascença negra” é anunciada. É o Harlem Renaissance, a apoteose de Josephine Baker, o charleston invade os clubes de Lisboa, e ao mesmo tempo os “heróis do mar” fazem as campanhas de ocupação em África. Corre o ano de 2024, a Lisboa Crioula, o prefixo Afro metido à força em tudo e em todo o lado, e a Cláudia Simões é injusta e desavergonhadamente condenada.Ruptura com o racismo? Black face de si mesmo ou uma caricatura crítica da caricatura?  Ou então: a fonte criativa da negritude brota abundante e uma legião de tokens, negrófilos e gatekeepers da arte e da academia, ávidos de a extrair, ávidos de dela se apropriarem, salivam e montam armadilhas reluzentes.

Hangar - Centro de Investigação Artística

Rua Damasceno Monteiro 12

1170-112 Lisboa

Quarta a sábado | 15h – 19h

entrada livre

 

24.09.2024 | par martalanca | HANGAR, lisboa, mulheres negras

"Por ti, Portugal, eu juro!", filme sobre os comandos africanos do Exército português, estreia no DocLisboa

50 anos depois do 25 de Abril de 1974, os comandos africanos da Guiné dizem-se traídos por Portugal e contam pela primeira vez a sua história. Com estreia mundial no festival DocLisboa, o documentário chega às salas de cinema a 7 de novembro. 

 

 

 

  • A Guiné foi a única colónia portuguesa com uma tropa de elite unicamente composta por africanos negros; 
  • As Companhias de Comandos Africanos da Guiné foram criadas em 1971, pelo então Governador António de Spínola, que fez destes homens o seu braço-direito;
  • Os comandos africanos da Guiné foram obrigados a cumprir o serviço militar obrigatório no Exército português. Eram altamente treinados, conheciam bem o terreno e, por isso, tomavam a dianteira da tropa metropolitana nos combates no mato. Foram uma arma essencial contra o Partido Africano pela Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC);
  • Hoje, continuam a dizer-se traídos e abandonados pelo Estado Português. Reivindicam o direito à cidadania e o pagamento das pensões de reforma e invalidez prometidas por Portugal no Acordo de Argel, no qual o país reconhece a Independência da Guiné-Bissau;
  • Depois da apresentação no DocLisboa, o filme vai estrear nas salas de cinema nacionais a 7 de novembro;
  • Neste momento, os realizadores encontram-se na Guiné-Bissau a apresentar uma versão pré-final do filme às pessoas que foram entrevistadas para o documentário; 
  • Os realizadores Sofia de Palma Rodrigues e Diogo Cardoso são jornalistas da revista digital de jornalismo narrativo Divergente.
  • Joaquim Boquindi Mané, furriel da 1.ª Companhia de Comandos Africanos da GuinéJoaquim Boquindi Mané, furriel da 1.ª Companhia de Comandos Africanos da Guiné

“Por ti, Portugal, eu juro!”, documentário realizado por Sofia de Palma Rodrigues e Diogo Cardoso, tem estreia mundial na 22.ª edição do DocLisboa, que acontece entre 17 e 27 de outubro de 2024, em vários locais da capital. 

 

O filme integra a secção “Da Terra à Lua” deste festival, e resulta de uma premiada investigação jornalística que conta a história dos Comandos Africanos da Guiné, uma tropa de elite que arriscou a vida por uma pátria que a abandonou depois da Guerra Colonial.

 

“Estes guineenses que lutaram pelo regime colonial, e até 1974 eram cidadãos portugueses, não têm voz na narrativa histórica contada por nenhum dos lados desta guerra: nem de Portugal como país colonizador, nem do PAIGC como partido fundador da nação da Guiné-Bissau. O PAIGC fala destes homens como “monstros”; Portugal refere-os como heróis, mas nunca os reconheceu como tal. Entre estas duas narrativas oficiais, estão pessoas que vivenciaram em primeira mão aquele que é um dos maiores crimes cometidos pelas potências coloniais em África: a africanização das guerras. São essas vozes que se procuram ouvir neste documentário, evidenciando-se os relatos de homens que passaram de heróis a vilões e não couberam no ringue onde se narra a História”, declaram os realizadores, que neste momento se encontram na Guiné-Bissau para apresentar uma versão pré-final deste filme às pessoas ouvidas no documentário.

Produzido pela Divergente, revista digital de jornalismo narrativo, criada em 2014, “Por ti, Portugal, eu juro!” estreia nas salas de cinema nacionais a 7 de novembro.

 

Trailer aqui: https://vimeo.com/928025638?share=copy

dossier de imprensa

Para mais informações e marcações de entrevistas, por favor contactar:

Rita Bonifácio | ritabonifacio@paristexas.pt | 918453750

20.09.2024 | par martalanca | comando africanos

A renovação artística e historiográfica a partir da Enciclopédia Negra

Dia 24 de setembro, às 15h, Programa Educativo: Educa EArtes #0 debate

Diálogos sobre a representação histórica de negros: a renovação artística e historiográfica a partir da Enciclopédia Negra

Durante o mês de setembro, a Escola das Artes lança o seu programa Educativo com uma atividade integrada na exposição “Enciclopédia Negra”. O programa Educa EArtes #0 visa gerar programas educacionais sobre arte contemporânea, envolvendo escolas, comunidades e público especializado.

A primeira atividade realiza-se no próximo dia 24 de setembro, às 15h00, uma conversa entre Marta Lança e Maria Coutinho, intitulada “Diálogos sobre a representação histórica de negros: a renovação artística e historiográfica a partir de Enciclopédia Negra e o lugar da pedagogia e educação.”

Ao alinhar-se com as políticas dos GDS e da UE, o programa Educa EArtes procura criar ambientes culturais e educacionais inclusivos e sustentáveis.

Este programa promove a integração, conhecimento e exploração das artes contemporâneas para público escolar, comunidades, público especializado e mediadores culturais, de acordo com as políticas da União Europeia de favorecimento da sustentabilidade, diversidade, equidade e inclusão.

A sua execução inclui três vetores essenciais: as escolas, para uma melhor compreensão e apreciação da arte contemporânea em contextos educativos; comunidades, através da promoção e do envolvimento desta em iniciativas artísticas; e a mediação, incentivo ao diálogo artístico especializado, fomentando o enriquecimento cultural e de conhecimento através da arte.

A sua primeira atividade decorre no âmbito da exposição “Enciclopédia Negra” e realiza-se no próximo, dia 24 de setembro, às 15h00, uma conversa entre Marta Lança e Maria Coutinho, intitulada “Diálogos sobre a representação histórica de negros: a renovação artística e historiográfica a partir de Enciclopédia Negra e o lugar da pedagogia e educação.”

“Enciclopédia Negra”, exposição com curadoria de Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz, apresenta 104 retratos produzidos por 36 artistas contemporâneos de personalidades negras que moldaram a cultura, a sociedade e a história brasileira.

Pela primeira vez fora do Brasil, a exposição tem profunda relevância enquanto gesto crítico de recuperação histórica ao destacar figuras negras que foram marginalizadas ou omitidas das principais narrativas históricas, denunciando o racismo e branqueamento continuado a que foram sujeitas.

Os curadores da exposição entendem que “Narrar é uma forma de fazer reviver os mortos e cada tela traz uma linda história: foram pessoas que se agarraram ao direito à liberdade; profissionais liberais que romperam com as barreiras do racismo; mães que lutaram pela alforria de suas famílias; professoras e professores que ensinaram seus alunos a respeito de suas origens; indivíduos que se revoltaram e organizaram insurreições; ativistas que escreveram manifestos, fundaram associações e jornais; líderes religiosos que reinventaram outras Áfricas no Brasil.

A “Enciclopédia Negra” pretende, também, contribuir para o término do genocídio dessa população. Pois tornar estas histórias mais conhecidas e dar rostos a estas personalidades colabora para a reflexão por trás das estatísticas, que nos acostumamos a ler todos os dias nos jornais, “naturalizando” histórias brutalmente interrompidas; seja fisicamente, seja na memória.

A exposição “Enciclopédia Negra” estará patente ao público na Escola das Artes da Universidade Católica no Porto até 4 de outubro.

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20.09.2024 | par martalanca | Enciclopédia Negra, Jaime Lauriano, Lilia Moritz Schwarcz

22 artistas imigrantes expõem na Faculdade de Belas Artes do Porto

Exposição promovida pelo Núcleo de Imigrantes das Belas Artes (NIBA) destaca a diversidade artística e o posicionamento crítico de estudantes imigrantes

Na segunda-feira, 16 de setembro, foi inaugurada a exposição QUANDO MUITOS, organizada pelo Núcleo de Imigrantes das Belas Artes (NIBA). Reunindo trabalhos de 22 artistas imigrantes com curadoria de Luana Andrade e Marcela Pedersen, a mostra esteve em exibição na Galeria Painel da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP) de 16 a 20 de setembro. QUANDO MUITOS é fruto de geografias específicas de saberes e estéticas, explorando os muitos possíveis da experiência imigrante - corpos, histórias e formas de expressão.

A exposição lança luz sobre a ausência de dados adequados para compreender a situação dos estudantes imigrantes em Portugal. As curadoras do projeto destacam que “A ‘questão da imigração’ é, na verdade, a ‘questão de Portugal’. As políticas excludentes e o racismo cotidiano refletem uma narrativa sustentada por números imprecisos que não contemplam a realidade dos estudantes internacionais. Propinas exorbitantes, preconceitos linguísticos e a falta de acolhimento são apenas alguns dos desafios enfrentados por quem imigra”.

A exposição, apoiada pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), contou com a participação dos artistas: Adônis Evangelista, Bruno de Almeida, Christine Andres, Doni Nigro & Paulo Pinto, Gabriela Manfredini, Julia Candemil, Lina de Albuquerque, Luana Andrade, Marcos Muthewuy, Mayra Deberg, Mariane Rubinato, Mirela Rodrigues, Nara Rossetto, Odette Boudet, OVF, Pedro Gomes, Pedro Ícaro, Rafael Campos, Igor Prado, Samuel Sanção de Moura e Tatiana Móes.

QUANDO MUITOS é uma resposta visual e política a essa invisibilidade. Através de trabalhos que refletem a diversidade de técnicas, materialidades e linguagens, os artistas imigrantes oferecem uma leitura crítica e estética de suas experiências. A exposição

consolidou-se como um espaço de resistência e diálogo, ocupando a faculdade como um gesto de acolhimento e contestação.

Complementando a programação da noite de abertura da exposição, foi apresentada a performance “A Devolução dos Espelhos”, do artista brasileiro Kácio Santos, um convite a pensar ancestralidades, estéticas e políticas contra-coloniais como estratégia para pensar corporeidades afro-atlânticas e denunciar os racismos.

As atividades fazem parte das ações do Núcleo de Imigrantes das Belas Artes, o NIBA, cujo trabalho acolhe as necessidades de estudantes imigrantes através de práticas artísticas decoloniais, políticas e escuta coletiva.

Contato:
NIBA - Núcleo de Imigrantes das Belas Artes Email: niba.up@gmail.com
Instagram: https://www.instagram.com/niba.up/

19.09.2024 | par martalanca | artistas imigrantes

Encontros "Problemas do Primitivismo, a partir de Portugal" acontecem no CIAJG a 28 de setembro

'Problemas do Primitivismo, a partir de Portugal' no CIAJG © direitos reservados'Problemas do Primitivismo, a partir de Portugal' no CIAJG © direitos reservados
 

SÁBADO 28 SETEMBRO, 14H00-19H30 

 

Os Encontros em torno da exposição “Problemas do Primitivismo, a partir de Portugal” terão lugar no dia 28 de setembro. Reunirão autoras e autores indispensáveis para pensar os problemas levantados por esta exposição e debater a abordagem transdisciplinar do conceito de “primitivismo” a partir de Portugal.

Este fórum debaterá a partir das palavras-chave da exposição — Civilização, Museu, Ingénuo, “Mar Português”, Extração, “Jazz-Band” — as relações entre arte e as ideologias dominantes do progresso, colonialismo e neocolonialismo, cultura visual e nacionalismo, propaganda, arte contemporânea e invenção da tradição. O museu, enquanto espaço ambivalente de inclusão e de segregação, espaço de transformação, mas também de produção estereotipada sobre o “Outro”, serve de caixa de ressonância a este debate.

Os Encontros são abertos à participação alargada e têm como objetivo criar uma comunidade de reflexão em torno do museu.

 

Participação gratuita, mediante inscrição prévia através do formulário disponível aqui

https://form.jotform.com/241994361724059

 

Organização: CIAJG, IN2PAST, BUALA

 

PROGRAMA

14h00

Visita à exposição Problemas do Primitivismo - a partir de Portugal

Com Mariana Pinto dos Santos e Marta Mestre

 

15h30-18h00

Intervenções de: Elisabete Pereira, Ilídio Candja Candja, Jean-Yves Durand, Nélia Dias.

Afonso Dias Ramos, Carla Cruz, Francisco Mendes, Joana Cunha Leal, Sónia Vespeira de Almeida.

 

18h30

Françoise Vergès (via zoom)

Apresentação de Decolonizar o museu. Programa de desordem absoluta (Orfeu Negro, 2024)

O novo livro de Françoise Vergès propõe uma leitura crítica do chamado “museu universal” e reflete sobre a forma que poderia assumir um “pós-museu”, numa perspetiva decolonial.

 

Mais sobre os oradores:

 

Elisabete Pereira

Coordenadora do projeto FCT “Transmat — Materialidades Transnacionais (1850-1930): reconstitutir coleções e conectar histórias” (2021-2025)

Historiadora / IHC – Universidade de Évora / IN2PAST

 

Françoise Vergès

Cientista política, curadora, autora de Decolonizar o Museu. Programa de Desordem Absoluta (Orfeu Negro, 2024)

 

Jean-Yves Durand

Diretor do museu da Terra de Miranda entre 2010 e 2014

Antropólogo / CRIA - Universidade do Minho / IN2PAST

 

Ilídio Candja Candja

Artista

 

Nélia Dias

Co-editora de Collecting, Ordering, Governing: Anthropology, Museums and Liberal Government (Duke Univ. Press, 2017)

Antropóloga (CRIA – ISCTE / IN2PAST)

 

Afonso Dias Ramos

Co-editor de Photography in Portuguese Colonial Africa, 1860-1975 (Palgrave Mcmillan, 2023)

Historiador da Arte / IHA – NOVA FCSH / IN2PAST

 

Joana Cunha Leal

Coordenadora do projeto FCT “Modernismos Ibéricos e o Imaginário Primitivista” (2018-2022)

Historiadora da Arte / IHA – NOVA FCSH / IN2PAST

 

Sónia Vespeira de Almeida

Co-coordenadora do projeto “History of Portuguese Anthropology and Ethnographic Archives (19th-21st century)” de BEROSE International Encyclopaedia of the Histories of Anthropology

Antropóloga / CRIA – NOVA FCSH / IN2PAST

 

Carla Cruz

Artista

Lab2PT – Universidade do Minho / IN2PAST

 

Francisco Mendes

Co-editor de Karl Marx: legado, críticas, atualidade (Edições Húmus, 2022)

Historiador / Lab2PT – Universidade do Minho / IN2PAST

 

Marta Mestre

Co-curadora da exposição Problemas do Primitivismo - a partir de Portugal

Diretora artística do CIAJG

 

Mariana Pinto dos Santos

Co-curadora da exposição Problemas do Primitivismo - a partir de Portugal

Historiadora da Arte / IHA – NOVA FCSH / IN2PAST

 

 

19.09.2024 | par martalanca | ciajg, Problemas do Primitivismo

Dois livros e conversas com Conceição Evaristo

Canção para ninar menino grande Olhos d’água são os primeiros títulos da nova série de ficção das edições Orfeu Negro. O lançamento, marcado para o dia 12 de Outubro no festival FOLIO, em Óbidos, conta com a presença da autora brasileira Conceição Evaristo.
Há dezassete anos a publicar ensaios e outros trabalhos documentais em torno das artes contemporâneas, dos estudos de género, da teoria queer, do feminismo e da crítica decolonial, as edições Orfeu Negro inauguram em Outubro uma nova série dedicada à ficção. É no cruzamento destes vários territórios que se desenha o seu programa.

Os primeiros dois títulos a entrar no catálogo são um mergulho fundo na escrevivência de Conceição Evaristo, uma das mais influentes autoras contemporâneas do Brasil, até aqui inédita em Portugal. Olhos d’água, obra vencedora do Prémio Jabuti, reúne quinze contos que atravessam a pobreza e a violência urbana, convocando os dilemas sociais e existenciais das comunidades afro-brasileiras. Em Canção para ninar menino grande, o seu mais recente romance, Conceição Evaristo entra no território da masculinidade expondo as suas contradições e complexidades, e fazendo dele uma canção para mulheres livres. As ilustrações de capa têm a assinatura de Catarina Bessell e Susa Monteiro, respectivamente.


 

As duas obras são lançadas em simultâneo no festival literário FOLIO, em Óbidos, com a presença da autora. No dia 12 de Outubro, às 16h30, na Tenda Autores, Conceição Evaristo estará à conversa com Ana Paula Tavares, poeta e historiadora, numa sessão com apresentação e moderação de Gisela Casimiro, escritora e activista.
Conceição Evaristo é uma das convidadas em destaque desta edição do festival, no âmbito da programação FOLIO Mais, com curadoria de Candela Varas. Depois de abrir a sua participação, a 12 de Outubro, com o lançamento de Olhos d’água e Canção para ninar menino grande, Conceição Evaristo orienta a masterclass «Escrevivência: Espelhos e imagens ancestrais» no dia 13 de Outubro, às 14h30, na Casa da Música de Óbidos; e apresenta ainda trabalhos inéditos e escritos eróticos no Sarau de Poesia Erótica a 14 de Outubro, às 19h, em lugar a confirmar.

Participa ainda na conversa “Descolonizar a memória”, com a escritora Verenilde Pereira em torno da memória e de escrivências afro-brasileiras e indígenas, moderada por Carla Fernandes, que terá lugar no dia 15, às 15h, na livraria de Santiago.


 Conceição Evaristo é escritora, poeta e ensaísta, e uma das vozes mais expressivas da literatura afro-brasileira. Temas como a discriminação racial, de género e de classe são transversais em toda a sua produção escrita.

Foi distinguida com o Prémio Governo de Minas Gerais de Literatura em 2018, pelo conjunto da sua obra. Em 2019, recebeu o Prémio Jabuti como personalidade literária e, em 2023, o Prémio Intelectual do Ano, atribuído pela União Brasileira de Escritores. Tem participado activamente na valorização da mulher negra, da diversidade e da cultura afro-brasileira.

19.09.2024 | par martalanca | Ana Paula Tavares, Conceição Evaristo, Folio, Gisela Casimiro

Primeira Grande Marcha Cabral em Portugal

COMUNICADO MOVIMENTO NEGRO PANAFRICANO Unidade i Luta: Contra o fascismo, a xenofobia e o neocolonialismo

No dia 21 de setembro, o Movimento Negro e Panafricano em Portugal organiza a Primeira Grande Marcha Cabral, em homenagem ao centenário de Amílcar Cabral, engenheiro agrónomo, filósofo político e um dos líderes das lutas pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde. Esta marcha visa celebrar o legado de seu pensamento, ainda atual, que nos desafia a dar continuidade, hoje, à luta pelas liberdades.

Afirmamos que o “25 de Abril nasceu em África”, e sabemos que os contributos de Amílcar Cabral foram fundamentais para que as portas desta revolução se abrissem. Por isso, no dia 21 de setembro, descemos a mesma avenida onde, todos os anos, milhares se juntam em celebração do fim da ditadura e do fascismo salazarista, para fazer uma segunda afirmação: Amílcar Cabral está na origem da Revolução dos Cravos, e o 25 de Abril continuará a ser uma celebração incompleta enquanto a sua ausência, assim como dos povos africanos que combateram contra o colonialismo, se perpetuar.

Foi a longa e dura luta dos povos africanos, mormente aquela liderada por Amílcar Cabral em Cabo Verde e na Guiné Bissau, que permitiu não apenas a derrota do fascismo salazarista como uma consciencialização que abriu os caminhos para a democracia em Portugal. Esta resistência unificada foi uma força fundamental, determinante. Sem ela, não haveria o 25 de Abril.

O reconhecimento e a inscrição concreta da figura de Amílcar Cabral na memória e na história da democratização de Portugal — nos manuais escolares, nas datas comemorativas, em monumentos etc. — são formas de reparar a própria história do país e honrar a memória e o trabalho por ele desenvolvido em Portugal.

Inspirados pelo vasto e riquíssimo legado de pensamento e prática de luta anticolonial deste combatente das causas dos povos oprimidos, convidamos todas as pessoas e coletivos em Portugal a participarem ativamente nesta inédita marcha internacionalista, panafricanista e anticapitalista.

Porque “é ainda fecundo o ventre que gerou a besta imunda” do fascismo, da xenofobia, do racismo e do colonialismo, numa União Europeia de Estados cada vez mais securitários e xenófobos, aversos à diferença e capitalistas, apelamos a todas as pessoas comprometidas com a fraternidade combativa entre os povos a juntarem-se ao movimento negro nesta grande marcha pela liberdade.

Porque as conquistas do 25 de Abril, fruto da luta dos povos africanos e portugueses, ainda não estão garantidas, diante do projeto de uma sociedade fascista almejada pela extrema-direita, desafiamos todas as forças vivas, anticoloniais e anticapitalistas, comprometidas com as causas justas, a fazerem desta marcha um lugar de encontro de ideias vivificantes que promovam a hospitalidade e a dignidade humana.

Marchamos contra as fomes, as guerras, a miséria e a injustiça. Marchamos contra o esquecimento, o apagamento e o silenciamento. Marchamos pela nossa história e pela nossa memória. Marchamos pelo direito de existir, circular e residir. Marchamos em solidariedade combativa com os povos resistentes do Congo, do Sudão, da Palestina, da Guiné-Bissau, e da Líbia destruída pela aliança imperialista e os seus cúmplices. 

Marchamos por Cláudia Simões, Bruno Candé, Daniel Rodrigues, Danijoy Pontes, Giovani 

Rodrigues, Múmia Abu Jamal e todas as pessoas que ainda hoje enfrentam a brutalidade dos

poderes capitalista, fascista, xenófobo, patriarcal, racista, afrofóbico e neocolonial. 

Marchamos pelo planeta, por todas as lutas e, acima de tudo, pela unidade de todas as

resistências da terra. Que esta marcha una todas as lutas, todas as causas. Celebrar Cabral é, sobretudo, relembrar os significados do mote “A luta continua” e ativá-lo na realidade que vivemos.

Cabral é nosso, Cabral é vosso, Cabral é do mundo, porque ele encarna todas as nossas revoluções.

KOLONIALISTA DIVIDI-NU PA KONKISTA-NU, MA CABRAL TORNA DJUNTA-NU (Os colonialistas dividiram-nos para nos conquistar, mas Cabral uniu-nos de novo) Juntem-se a nós neste dia histórico. Façamos povo!

12.09.2024 | par martalanca | Amílcar Cabral, Marcha Kabral

Aprender a desaprender - Diálogos para a descolonização da arquitetura

Apresentação do livro no Hangar, Lisboa, 12 setembro, 18h30.

O evento conta com uma Introdução por Paulo Moreira (editor da publicação) e André Tavares, e uma conversa entre Ana Balona de Oliveira (IHA / NOVA-FCSH), Marta Lança (Buala) e Yolana lemos (CITAD, BANGA Coletivo).O livro reúne arquitetos, artistas, críticos e autores do presente, e aborda vários temas: o papel das diásporas na história, procurando reescrever narrativas emancipatórias sobre a relação entre colonizado e colonizador; as escalas de ação das práticas espaciais; as histórias pessoais e os comentários pedagógicos. Tem contributos de Ibiye Camp, Margarida Waco, Luísa Santos, Mónica de Miranda, Banga Colectivo, Natache Sylvia Iilonga, Thais Andrade, Gabriela Leandro Pereira, Lara I. C. Ferreira, Anyibofu Nwoko Ugbodaga e Demas Nwoko.



10.09.2024 | par martalanca | descolonização da arquitetura, instituto, Paulo Moreira

Centenário de Amílcar Cabral

O concerto da cantora guineense Nené Pereira e o espectáculo “Amílcar Geração”, com Ângelo Torres, são os destaques da semana no programa das comemorações em Coimbra do centenário de Amílcar Cabral, organizadas pel’A Escola da Noite e pela Cena Lusófona em parceria com mais de uma dezena de entidades da cidade e do país. O ciclo inclui ainda filmes, apresentações de livros, exposições e vários debates.

Nené Pereira
Maria Eugenia Agostinho Pereira, nome artístico de Nené Pereira, é uma das vozes mais características e melodiosas no repertório de tina, gumbe, djambadon e singa, géneros tradicionais e ritmos mais vivos da música moderna da Guiné-Bissau. Compositora e intérprete, com uma carreira iniciada há mais de dezasseis anos, foi membro fundadora e vocalista principal do grupo cultural “Amizade ka facil”, do bairro de Quelele, bem como do Grupo “Corson de tina”. O sucesso do seu primeiro álbum gravado a solo, “Padida Fidalgo”, veio confirmar a identidade e a marca de Nené Pereira como uma das vozes mais apreciadas da música moderna e tradicional da Guiné-Bissau. A cantora apresenta-se em Coimbra no Salão Brazil na próxima quarta-feira, dia 11 de Setembro, pelas 21h30. A entrada custa 10 euros, sendo aplicável o desconto de meio bilhete para menores de 30 e maiores de 65 anos, estudantes, desempregados/as e profissionais das artes do espectáculo.

A cantora Nené Pereira A cantora Nené Pereira

Amílcar Geração
O espectáculo de teatro que dá nome ao ciclo de comemorações do centenário de Amílcar Cabral é um monólogo dramático em três actos que tem por tema a vida e o legado do fundador e líder do movimento de libertação da Guiné-Bissau. Construída a partir de factos e documentos históricos, mas também de entrevistas ao actor Ângelo Torres, a peça convoca a experiência pessoal do próprio intérprete, reflectindo o impacto da personalidade e do pensamento de Amílcar Cabral nas gerações que se lhe seguiram. Criado por Guilherme Mendonça e produzido por Nuno Pratas, em 2022, no âmbito do projecto Paralelo 20, o espectáculo apresenta-se agora com direcção de Ângelo Torres.
As sessões em Coimbra estão agendadas para 12 e 13 de Setembro, quinta e sexta-feira, às 19h00 e 21h30, respectivamente. Após cada sessão haverá conversas com o público e o actor. No primeiro dia, com a participação da investigadora Leonor Pires Martins e a moderação da actriz Ana Teresa Santos. No segundo dia, com as intervenções dos guineenses Abdulai Sila (dramaturgo) e Sumaila Jaló (investigador e activista) e a moderação do actor Igor Lebreaud. Na quinta-feira, os bilhetes têm o preço único de 5 euros. Na sexta-feira, a entrada custa 10 euros, com os habituais descontos de meio bilhete. À semelhança do que acontece com o concerto de Nené Pereira, cinquenta por cento das receitas de bilheteira revertem para a produção do documentário “Amílcar Cabral e a luta de libertação”, um projecto de Flora Gomes e Sana Na N’Hada.

Ângelo Torres em Amílcar GeraçãoÂngelo Torres em Amílcar Geração

Comemorações em Coimbra do centenário de Amílcar Cabral
Os dois espectáculos integram a programação desenhada pel’A Escola da Noite e pela Cena Lusófona para assinalar o centenário do nascimento de Amílcar Cabral e concretizada em parceria com um alargado número de entidades, que incluem bibliotecas, editoras, equipamentos culturais da cidade, centros de investigação, entre outras. Iniciado a 4 de Setembro e prolongando-se até dia 13, o ciclo incluirá ainda, nos próximos dias, as apresentações dos livros “Análise de alguns tipos de resistência” (11/09, 18h00) e “Textos da Luta” (13/09, 18h00), ambos com textos de Amílcar Cabral. Estão patentes ao público as exposições “Recordar Amílcar Cabral”, na Biblioteca Municipal de Coimbra, “Guiné-Bissau e Cabo Verde no Centro de Documentação e Informação da Cena Lusófona” e “Amílcar Cabral: fragmentos de uma luta”, no Centro de Documentação 25 de Abril, para além de quatro instalações, distribuídas pelo Teatro da Cerca de São Bernardo e pela Sala Jorge Pais de Sousa da Cena Lusófona. Todas estas actividades têm entrada gratuita.

10.09.2024 | par martalanca | Amílcar Cabral

Ver como um lobo, Bruno Caracol

Ver como um lobo é uma investigação plástica em torno ao uso de partes do corpo dos lobos na medicina popular. Procurando formas contemporâneas de reprodução de material biológico, Ver como um lobo consistirá na produção de uma série de objetos baseados em algumas destas partes de corpo do lobo (olhos, traqueias) e uma instalação sonora produzida a partir de sons recolhidos nas serras onde estes animais se abrigam e de uma composição construída em colaboração com Filipa Cordeiro e Academia das Artes de Chaves. Será também uma publicação resumo do processo, com as fotografias de Odair Monteiro. 

A oposição entre as comunidades serranas de Trás-os-Montes, Minho e Beira Interior e a população lupina deriva da partilha de recursos, os animais de pasto (sobretudo em pasto livre como é tradição em algumas serras). O lobo ocupa o lugar simbólico da escassez, para além de predar carneiros nas histórias infantis, ameaça tomar as almas dos últimos filhos de famílias numerosas, obrigando a ritualização de certas relações para uma contenção da miséria. Esta oposição deve-se a uma certa horizontalidade interespecífica entre ocupantes das serras, num panorama de escassez de recursos.

Esta relação histórica encontra-se num ponto de charneira, tanto pela alteração profunda na demografia e economia regional, permitindo aos lobos ganharem terreno sem grande oposição, como pela emergência da conservação enquanto programa estatal para estes territórios. Esta conjuntura levou a relação a verticalizar-se, a população de lobos é gerida a partir de instrumentos cibernéticos, modelos matemáticos e instrumentos de localização e contagem, a partir dos grandes centros urbanos. Entre as populações locais existe ainda uma inimizade vestigial, também ela em transformação por via do crescimento uma economia em torno do turismo de natureza, a partir do qual a presença do lobo se pode transformar em recurso.  

Ver como um lobo trata de procurar paralelos possíveis entre os corpos destas duas espécies, cruzando-os com uma visão territorial construída a partir dos instrumentos da investigação científica. Cresce a partir de uma procura subjacente por uma precariedade discursiva, pelas explicações incompletas, pelas contradições, alimentada por um entendimento da confusão como lugar vital, uma vitalidade para a qual importa abrir espaço.

©Arquivo Francisco Álvares/Grupo Lobo©Arquivo Francisco Álvares/Grupo Lobo 

As próximas datas e locais de apresentação do projeto serão as seguintes:

21 e 22 setembro 2024 - Túnel, Porto 

26 e 27 outubro 2024 - Academia das Artes de Chaves, Chaves

6 e 7 fevereiro 2025 - Ecomuseu do Barroso, Montalegre (datas a confirmar) 

 

Bruno Caracol estudou Artes Plásticas na FBAUL e Ciências da Comunicação na FCSH-NOVA. Tem dedicado os últimos anos a trabalhar a partir de objetos ressonantes, de futuros ficcionais e da relação com o mundo não-humano.

 

Conceção e coordenação: Bruno Caracol 

Fotografia: Odair Monteiro

Composição de peça sonora: Laura Marques e Bruno Caracol

Sopros: Quinteto Transmontana Brass

Assobios, vozes, sons: Aurízia Dias, Carles Mas e Maria Carvalho

Comunicação: Marta Rema

Produção e gestão financeira: Ricardo Batista

Acompanhamento: Margarida Mendes

Parceiros: Academia das Artes de Chaves, Buala, Brass - Fundição Artística, Câmara Municipal de Montalegre, CIBIO, coffeepaste, Ecomuseu do Barroso, Oficinas do Convento, Redsky

Organização: efabula

Financiamento: DGArtes - República Portuguesa, Câmara Municipal de Montalegre

 

Publicação

Ensaio visual: Odair Monteiro

Fotografias de arquivo: Francisco Álvares

Imagens processo: Bruno Caracol 

Textos: Francisco Álvares, Godofredo Enes, Margarida Mendes

Design: Pedro Nora

 

Agradecimentos: Francisco Álvares, João Cardoso, Marcelo Almeida, Otelo Rodrigues, Luísa Queirós, Tânia Pereira, Aurízia, Maria Carvalho.

 

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10.09.2024 | par martalanca | bruno caracol, ver como um lobo

Encontros "Problemas do Primitivismo, a partir de Portugal" » 28 setembro, 14h00-19h30

Os Encontros em torno da exposição “Problemas do Primitivismo, a partir de Portugal” terão lugar no dia 28 de setembro. Reunirão autoras e autores indispensáveis para pensar os problemas levantados por esta exposição e debater a abordagem transdisciplinar do conceito de “primitivismo” a partir de Portugal. 

Este fórum debaterá a partir das palavras-chave da exposição — Civilização, Museu, Ingénuo, “Mar Português”, Extração, “Jazz-Band” — as relações entre arte e as ideologias dominantes do progresso, colonialismo e neocolonialismo, cultura visual e nacionalismo, propaganda, arte contemporânea e invenção da tradição. O museu, enquanto espaço ambivalente de inclusão e de segregação, espaço de transformação, mas também de produção estereotipada sobre o “Outro”, serve de caixa de ressonância a este debate. 
 
Os Encontros são abertos à participação alargada e têm como objetivo criar uma comunidade de reflexão em torno do museu.  

 

PROGRAMA 

14h00 
Mariana Pinto dos Santos e Marta Mestre 
Visita à exposição Problemas do Primitivismo, a partir de Portugal 

15h30-18h00 
Intervenções de: 
Elisabete Pereira, Ilídio Candja Candja, Jean-Yves Durand, Nélia Dias. 
Afonso Dias Ramos, Carla Cruz, Francisco Mendes, Joana Cunha Leal, 

Sónia Vespeira de Almeida. 

18h30
Françoise Vergès (via zoom) 
Apresentação de Decolonizar o museu. Programa de desordem absoluta (Orfeu Negro, 2024). O novo livro de Françoise Vergès propõe uma leitura crítica do chamado “museu universal” e reflete sobre a forma que poderia assumir um “pós-museu”, numa perspetiva decolonial. 

 

PARTICIPAÇÕES 

Elisabete Pereira

Coordenadora do projeto FCT “Transmat — Materialidades Transnacionais (1850-1930): reconstitutir coleções e conectar histórias” (2021-2025)
Historiadora / IHC – Universidade de Évora / IN2PAST

Françoise Vergès 
Cientista política, curadora, autora de Decolonizar o museu. Programa de desordem absoluta (Orfeu Negro, 2024)

Jean-Yves Durand 
Diretor do museu da Terra de Miranda entre 2010 e 2014
Antropólogo / CRIA - Universidade do Minho / IN2PAST

Ilídio Candja Candja 
Artista 

Nélia Dias 
Co-editora de Collecting, Ordering, Governing: Anthropology, Museums and Liberal Government (Duke Univ. Press, 2017) 
Antropóloga (CRIA – ISCTE / IN2PAST) 

Afonso Dias Ramos 
Co-editor de Photography in Portuguese Colonial Africa, 1860-1975 (Palgrave Mcmillan, 2023) 
Historiador da Arte / IHA – NOVA FCSH / IN2PAST 

Joana Cunha Leal 
Coordenadora do projeto FCT “Modernismos Ibéricos e o Imaginário Primitivista” (2018-2022)
Historiadora da Arte / IHA – NOVA FCSH / IN2PAST 

Sónia Vespeira de Almeida 
Co-coordenadora do projeto “History of Portuguese Anthropology and Ethnographic Archives (19th-21st century)” de BEROSE International Encyclopaedia of the Histories of Anthropology 
Antropóloga / CRIA – NOVA FCSH / IN2PAST 

Carla Cruz 
Artista 
Lab2PT – Universidade do Minho / IN2PAST 

Francisco Mendes 
Co-editor de Karl Marx: legado, críticas, atualidade (Edições Húmus, 2022) 
Historiador / Lab2PT – Universidade do Minho / IN2PAST 

Marta Mestre 
Co-curadora da exposição Problemas do Primitivismo, a partir de Portugal 
Diretora artística do CIAJG 

Mariana Pinto dos Santos 
Co-curadora da exposição Problemas do Primitivismo, a partir de Portugal 
Historiadora da Arte / IHA – NOVA FCSH / IN2PAST 

10.09.2024 | par martalanca | Problemas do Primitivismo

Habitar Siza Exposição

A exposição que nasce de uma investigação analisa o modo como as pessoas que habitam espaços desenhados por Álvaro Siza experienciam e interagem com a disposição espacial dos seus apartamentos, as micro-tecnologias da casa, os espaços públicos dos edifícios e o estatuto de atracção turística dos prédios onde moram. Esta procura preencher a lacuna de investigação existente sobre a obra de Siza, relativa à quase ausência de estudos sobre a recepção e apropriação da sua arquitectura por quem a habita. A experiência da arquitectura é aqui entendida num âmbito conceptual ligado ao modo como a materialidade e os elementos tecnológicos da habitação, além da mais clássica configuração espacial, co-constituem processos de adaptação e interacção com as pessoas, fazendo emergir o evento “casa”. 

O estudo debruça-se sobre três casos com populações com posições de classe diferentes, desde a população de baixos rendimentos para quem o Bairro da Bouça no Porto foi originalmente concebido, à população de classe média-baixa da Malagueira em Évora e finalmente à população de rendimentos muito altos dos Terraços de Bragança em Lisboa, não deixando no entanto de explorar os fenómenos de heterogeneidade social presentes em casos como a Bouça. A investigação analisa assim a ambição de Siza de projetar uma cidade ‘interclassista’ em locais concretos, procurando mostrar o processo de uma arquitetura vivida e seguiu uma abordagem etnográfica, com recurso a entrevistas aprofundadas com moradores, visitas a casa e solicitação fotográfica de olhar ‘o/a morador/a em acção’ com a sua casa. A natureza interdisciplinar da pesquisa está alicerçada na experiência e formação variadas da equipa, que vão desde a Geografia e a Antropologia à Arquitectura e a Fotografia.

Conversas: Habitar Siza e as geografias da arquitectura 10 de Setembro 2024 — 17h-19h

Apresentação (17h — 18h):
Eduardo Ascensão (CEG-IGOT, ULISBOA)
Ricardo Agarez (ISCTE-IUL)
Loretta Lees (Boston University, via online)

Fazer palavras com coisas (18h — 19h)

A política e a poética dos conjuntos habitacionais do atelier Elemental
Orador: Ignacio Farías (Humboldt University) 

Terraços de Bragança ©Eduardo AscensãoTerraços de Bragança ©Eduardo Ascensão

Trienal de Arquitetura de Lisboa mais infos.

10.09.2024 | par martalanca | Siza Vieira, Trienal de Arquitetura de Lisboa

Carcerário Negro

com Cristina Roldão, Flávio Almada, José Semedo Fernandes, Matamba Joaquim

Conversa co-organizada pelo Teatro GRIOT e Casa Independente

Casa Independente 28.09.2024 | 19H00 Entrada livre
Porque o que todo o homem ou animal teme, a essa hora em que o homem caminha no mesmo plano que o animal, e em que o animal caminha no mesmo plano que qualquer homem, não é o sofrimento, porque o sofrimento pode ser medido, e a capacidade de infligir e tolerar o sofrimento também pode ser medida; teme-se, sobretudo, a estranheza do sofrimento, ser-se levado a suportar um sofrimento que não se conhece.
Bernard-Marie Koltés, Na solidão dos campos de algodão
Carcerário Negro, conversa com a socióloga Cristina Roldão, o MC e ativista Flávio Almada, o advogado José Semedo Fernandes, o ator Matamba Joaquim e o público, pretende refletir, ainda, outra e uma vez mais e quantas mais forem necessárias, sobre as formas operativas da Justiça Portuguesa, que promove, reproduz e vai perpetuando um sistema judicial que é seletivo e abusivo para com os corpos negros, tanto nas ruas como no cárcere. Fá-lo-emos ainda, outra e uma vez mais e quantas mais forem necessárias, até que medidas efetivas sejam implementadas de forma a quebrar o elo entre discriminação racial e brutalidade policial.

©Neusa Trovoada©Neusa Trovoada

Cristina Roldão é socióloga e investigadora do Iscte-IUL e docente da Escola Superior de Educação de Setúbal (ESE/IPS). Questões como a segregação escolar, os manuais escolares, a recolha de dados étnico-raciais nos Censos e a história negra em Portugal têm sido centrais na sua participação no debate académico e público sobre o racismo na sociedade portuguesa.

Flávio Almada, conhecido como LBC Soldjah, é MC e ativista. É licenciado em Tradução e Escrita Criativa e Mestre em Estudos Internacionais. É autor de diversas publicações, sendo a mais recente “Fanon Today: Reason and Revolt of the Wretched of the Earth”. Foi coordenador geral da Associação Cultural Moinho da Juventude e integra vários colectivos. Tem editadas coletâneas de poesia e Hip Hop, a solo ou em colaborações nacionais e internacionais.
José Semedo Fernandes é advogado. Trabalhou no Gabinete Jurídico do Centro Nacional de Apoio ao Migrante, na Coordenação do Gabinete de Apoio à Integração de Refugiados - Alto Comissariado para as Migrações, atualmente é membro da Ordem dos Advogados Portugueses tendo no exercício dessa profissão procurado combater as manifestações do racismo na estrutura policial/judicial/prisional.
Matamba Joaquim é ator e autor. É membro fundador e ator residente do Teatro GRIOT, membro permanente da Academia Portuguesa de Cinema e da La Plateforme - Pôle cinéma audiovisuel des Pays de la Loire. Em 2018 foi distinguido pela GDA com o prémio Novo Talento na categoria de cinema pelo seu desempenho no filme “Comboio de sal e açúcar” de Licínio Azevedo.
Projeto financiado pela República Portuguesa - Cultura I DGARTES – Direção-Geral das Artes
Apoio: BANTUMEN, Câmara Municipal da Moita, Casa Independente, Polo Cultural Gaivotas Boavista, Teatro Ibérico
O Teatro GRIOT é uma estrutura financiada pela Câmara Municipal de Lisboa

10.09.2024 | par martalanca | justiça, racismo, teatro griot

“DES-OBRA” do artista guineense NúBarreto

O Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design - CNAD, sob asuperintendência do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, convidapara a inauguração da exposição “DES-OBRA” do artista guineense NúBarreto, no dia 12 de setembro, às 18h30, na Galeria Bela Duarte, no CNAD.


12 de setembro marca o centenário de Amílcar Cabral, o teórico e estrategadas lutas de independência de Cabo Verde e Guiné-Bissau, o nacionalistarelutante. Enquanto figura central da revolução, Cabral encarna um(anti)herói que articula no seu pensamento práxis, pedagogia e ação(revolução) – um legado reivindicado por diversos grupos e de forma global:o Cabral feminista, humanista, pan-africanista, nacionalista, internacionalista,uma polifonia que serve de ponto de partida para uma reflexão mais amplasobre o seu legado hoje.
Nú Barreto é um artista multidisciplinar cuja prática incluí fotografia, vídeo,desenho, colagem e instalação e que se debruça numa constante observaçãodo seu tempo. Artista inquisitivo e provocativo, com uma produçãoabertamente política e politizada, Barreto explora a memória transafricana,aplicando um vocabulário que, de forma subjetiva, comunica as relações depoder e um mundo em constante transformação.
Em Des-Obra, Nú Barreto explora a complexidade de activar e preservar amemória colectiva – aquela que é transversal e transgeracional, em oposiçãoa amnesia colectiva. O artista actua como um poeta das liberdades e da autoafirmação, usando de diversas estratégias – apropriação, repetição,destruição, a abstração - para dar corpo e forma a uma política de memória.A exposição funciona como uma grande instalação, um ensaio entre opoético e o didático. Uma narrativa que se reinventa a partir de novasperguntas. Um antídoto ao esquecimento.

 

09.09.2024 | par martalanca | Amílcar Cabral, NúBarreto

Enciclopédia Negra I Porto

Curadoria: Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz
Sala de Exposições da Escola das Artes
20 JUN - 4 OUT 2024
14H às 19H - Entrada livre

Download folha de sala da exposição Enciclopédia Negra 

Um constrangedor silêncio invade os arquivos da escravidão, os livros didáticos e acervos de obras visuais. Neles, as referências acerca da imensa população escravizada negra que teve como destino o Brasil – praticamente a metade dos 12 milhões e meio de africanos e africanas que aportaram no país, desde inícios do século XVI até mais da metade do século XIX, são ainda muito escassas. Também são pouco mencionados o protagonismo de negros, negras e negres que conheceram o período do pós-abolição; aquele que se seguiu à Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, a qual, longe de ter sido um ato isolado, correspondeu a um processo coletivo de luta pela liberdade, protagonizado por negros, libertos e seus descendentes. 

A exposição Enciclopédia negra faz parte de um amplo projeto, que se iniciou em 2016, e que pretende ampliar a visibilidade de personalidades negras até hoje pouco conhecidas. Ele contou com o apoio da editora Companhia das Letras, do Instituto Ibirapitanga, da Pinacoteca de São Paulo, do Soma e dos 36 artistas que aderiram ao chamado e deram a ele realidade. A mostra traz mais de 100 obras que se pautaram nos verbetes escritos para o livro homônimo de autoria de Flavio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz, que apresenta 417 verbetes e mais de 550 biografias. 

Narrar é uma forma de fazer reviver os mortos e cada tela traz uma linda história: foram pessoas que se agarraram ao direito à liberdade; profissionais liberais que romperam com as barreiras do racismo; mães que lutaram pela alforria de suas famílias; professoras e professores que ensinaram seus alunos a respeito de suas origens; indivíduos que se revoltaram e organizaram insurreições; ativistas que escreveram manifestos, fundaram associações e jornais; líderes religiosos que reinventaram outras Áfricas no Brasil. 

A grande utopia é devolver imaginários e histórias mais plurais em termos de raça, geração, região, gênero e sexo. Essa é uma maneira de qualificar a democracia, deixando de discriminar setores da sociedade brasileira que correspondem, ao menos no Brasil, a uma “maioria minorizada” na representação social. 

Enciclopédia Negra pretende, também, contribuir para o término do genocídio dessa população. Pois tornar estas histórias mais conhecidas e dar rostos a estas personalidades colabora para a reflexão por trás das estatísticas, que nos acostumamos a ler todos os dias nos jornais, “naturalizando” histórias brutalmente interrompidas; seja fisicamente, seja na memória. 

Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz

Projeto Enciclopédia Negra
Parceria: Associação Pinacoteca Arte e Cultura de São Paulo e Companhia das Letras.
Apoio: Instituto Ibirapitanga / Colaboração: Instituto Soma Cidadania Criativa
Obras pertencentes ao acervo da Pinacoteca de São Paulo
Doação dos artistas, por intermédio da Associação Pinacoteca Arte e Cultura.

 

05.09.2024 | par martalanca | Enciclopédia Negra