Francisco Vidal e Ariel de Bigault apresentam "Margens Atlânticas"

Francisco Vidal e Ariel de Bigault apresentam "Margens Atlânticas" “Margens Atlânticas” nasce em Lisboa, do encontro entre Francisco Vidal, artista angolano-cabo-verdiano que explora as identidades africanas e diaspóricas, e Ariel de Bigault, autora e realizadora francesa com um longo percurso em Portugal e nos países lusófonos. Na sequência de séries como “Black Mamba”, “Tempestade”, “Humans go Home” - variações a partir de temas e/ou figuras – “Margens Atlânticas” é a mais recente série de trabalhos de Francisco Vidal. Inspirado nos filmes de Ariel de Bigault, procura utilizar o desenho e a pintura para explorar momentos, como se de um storyboard “pós-filme” se tratasse. O seu objetivo é “perceber a fronteira entre o filme e o desenho (…) e como esta fronteira se torna uma ponte, uma ferramenta para acabar com os muros.”

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13.09.2022 | por Francisco Vidal e Ariel de Bigault

Se tocarem Cristina, que confusão vamos fazer!

Se tocarem Cristina, que confusão vamos fazer! Imediatamente pensei em toda a campanha da direita e da extrema direita nos países da América do Sul nestes últimos quatro anos. Nas mentiras, na vontade de romper com o consenso mínimo do diálogo democrático e lançar a sociedade civil numa guerra de todos/as contra todos/as. É o momento preciso para tomar consciência do papel histórico das forças democráticas; de opor-nos fortemente à naturalização da violência política na América do Sul.

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07.09.2022 | por Menara Guizardi

Quando a música é Queer

Quando a música é Queer Qualquer tentativa de definir uma «música queer» no contexto português depara-se, desde logo, com uma realidade: não existe entre nós uma frente assim identificada. O que verificamos no tecido musical do país é a gestação de algo que, de uma forma ainda disseminada e desorganizada, anuncia uma tendência. Tentamos juntar as peças desse puzzle e compreender o que está a acontecer no exato momento em que ocorre e não a posteriori, algo que caracteriza, infelizmente, a musicologia. Como o que se vai ouvindo vem de muito distintos núcleos de criação, raras vezes com oportunidades de confluência (concertos nos mesmos espaços, por exemplo), de uma frente não se trata. A motivação para escrever este capítulo está na possibilidade de, juntando microrrealidades específicas, tentar revelar o que as une.

Corpo

05.09.2022 | por Rui Eduardo Paes e Alix Didier Sarrouy

Quando os diabos dançam

Quando os diabos dançam Num momento indeterminado na costa do Pacífico da Nova Espanha, atual México, escravos africanos disfarçaram-se de diabos e desfilaram pelas ruas de pequenos povoados. Pediam aos deuses ancestrais a liberdade. Com máscaras de seres do inframundo e à cadência de harmónicas e puítas reinventadas, criaram a Dança dos Diabos. O ritual é uma das expressões máximas dos afromexicanos, minoria invisibilizada durante séculos e que só em 2019 foi oficialmente reconhecida com povo originário.

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02.09.2022 | por Pedro Cardoso

Festival "Todos - Caminhada de Culturas" 2022

Festival "Todos - Caminhada de Culturas" 2022 Pouco a pouco, habitamos esse pedaço grande da cidade, ali colhendo memórias, visíveis e invisíveis, para voltar a afirmar o valor da interculturalidade e a importância das gentes de Santa Clara no desenvolvimento da capital. Nesta 14.ª edição do TODOS, convidamos a olhar Santa Clara como um centro de onde a cidade irradia, na certeza de que, juntando diferentes ideias, emoções e vontades, poderemos continuar a Acertar o Mundo. Depois de um primeiro ano de trabalho, queremos agora amplificar artisticamente essa experiência, ajudando a romper com o entorpecimento da quotidianidade para evitar que cada um se torne prisioneiro de lugares-comuns e das ideias que já conhece.

Palcos

01.09.2022 | por vários

O Turista

O Turista No resort, o turista aborrece-se com a vida de papo para o ar, entre mulheres flácidas fazendo selfies, famílias empertigadas, comida monótona, piscina o tempo todo. A zona de animação oferece apenas o desinteresse de casais entediados, ou um grupo de colegas bancários embebedando-se ruidosamente. O ilhéu pouco tem da África com que ele tanto sonhara (à exceção da paisagem impressionante, mas essa assemelhava-se a algum recanto do Brasil). Dos habitantes locais, todos expulsos por um trocos para construirem casinhas e libertarem o ilhéu para os turistas.

Mukanda

01.09.2022 | por Marta Lança

Cidade e Feminismos | Políticas e poéticas do espaço urbano

Cidade e Feminismos | Políticas e poéticas do espaço urbano Partindo de perspectivas feministas interseccionais do espaço urbano e da arquitectura, Cidade e feminismos pretende criar um espaço de partilha de diferentes investigações, práticas e vivências da cidade que contribuam para enriquecer o debate sobre o espaço urbano em Portugal. Fundadas no cuidado, no reconhecimento das diferentes necessidades e vivências dos corpos e na participação colectiva, estas formas de conceber a arquitectura e criar cidade são fundamentais para repensarmos os problemas e fracassos do modo como se tem pensado e construído o espaço urbano. Particularmente num momento em que o contexto pandémico que atravessamos expôs e intensificou as fragilidades e contradições urbanas, e em que, ao mesmo tempo, assistimos a uma crescente gentrificação e neoliberalização do espaço público das cidades em Portugal.

Cidade

31.08.2022 | por Catarina Botelho e Joana Braga

Pré-publicação | Eu, Tituba, Bruxa… Negra de Salem

Pré-publicação | Eu, Tituba, Bruxa… Negra de Salem Começou por me dar um banho no qual flutuavam raízes fétidas, deixando a água escorrer ao longo dos meus membros. Em seguida, fez-me beber uma poção da sua lavra e atou-me à volta do pescoço um colar feito de pedrinhas vermelhas. — Hás-de sofrer durante a tua vida. Muito. Muito. Estas palavras, que me mergulharam no terror, pronunciou-as com calma, quase a sorrir. — Mas vais sobreviver. Isso não me consolava! Ainda assim, emanava uma tal autoridade da pessoa curvada e enrugada de Man Yaya, que eu não ousava protestar. Man Yaya ensinou-me as plantas. Aquelas que dão o sono. Aquelas que curam as chagas e as úlceras. Aquelas que fazem confessar os ladrões. Aquelas que acalmam os epilépticos e os mergulham num bendito repouso. Aquelas que metem nos lábios dos furiosos, dos desesperados e dos suicidas palavras de esperança. Man Yaya ensinou-me a escutar o vento quando ele se levanta e mede as suas forças por cima das cubatas que se prepara para esmigalhar. Man Yaya ensinou-me o mar. As montanhas e os montes. Ensinou-me que todas as coisas vivem, têm uma alma, um sopro. Que todas as coisas devem ser respeitadas. Que o homem não é um soberano percorrendo o seu reino a cavalo.

Mukanda

27.08.2022 | por Maryse Condé

Exposição Desvairar 22 I São Paulo

Exposição Desvairar 22 I São Paulo Esse jogo entre imaginação e história, que é a regra, se acirra quando o que está em questão é uma circunstância como a Semana de Arte Moderna de 1922, concebida por seus organizadores, desde o início, como parte dos festejos do centenário da Independência do Brasil, isto é, ela mesma já, em alguma medida, uma comemoração e, portanto, um exercício de imaginação histórica. A fábula básica era, então, de que, se 1822 representou a independência política, 1922 realizaria a independência cultural.

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26.08.2022 | por Marta Mestre, Veronica Stigger e Eduardo Sterzi

Pré-publicação | Mudança Estrutural em África

Pré-publicação | Mudança Estrutural em África Historicamente, África tem sido retratada numa perspectiva que não faz jus à verdadeira dimensão das suas conquistas em termos de desenvolvimento. Embora o seu território abranja mais de 30 milhões de quilómetros quadrados, a projecção de Mercator representou o continente africano com as mesmas dimensões que as da Gronelândia, que é 14 vezes mais pequena. A descrição cartográfica do mundo feita por Mercator, datada de 1569, tornou‑se uma das projecções mais influentes e amplamente difundidas ao longo dos séculos xix e xx. Houve quem defendesse que a intenção inicial era sobretudo proporcionar aos marinheiros uma ferramenta de navegação, devido à facilidade de assegurar a precisão dos formatos e dos ângulos, mas o certo é que esta descrição acabou por se tornar o mapa mundial mais reconhecido, aparecendo como pano de fundo nos jornais televisivos, na decoração de paredes das casas, em murais e na capa de muitos atlas.

Mukanda

22.08.2022 | por Carlos Lopes e George Kararach

“The Satanic Verses”. O livro que obrigou o mundo a distinguir a realidade da ficção

“The Satanic Verses”. O livro que obrigou o mundo a distinguir a realidade da ficção Salman Rushdie não inventou os versículos satânicos. O título da obra que maior alvoroço causou na história recente refere-se a um episódio problemático nas próprias fontes do islão. Na origem da controvérsia está uma passagem do Alcorão (o versículo 53:21,22), que em parte terá sido corrigida depois de o profeta Maomé ser tentado por Satanás, proferindo palavras que admitiam a existência de outras entidades divinas além de Alá.

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18.08.2022 | por Diogo Vaz Pinto

Natália Luiza e Miguel Seabra | Nos 30 anos do Teatro Meridional

Natália Luiza e Miguel Seabra | Nos 30 anos do Teatro Meridional Acho que há um modo de trabalhar e um reconhecimento do espetáculo “Meridional” que passam por aquilo que considero três elementos basilares: o afeto, o rigor e exigência e a vontade do espanto. Isto é, no Meridional o espetáculo tem duas fases: o seu levantamento, até à estreia; e depois, a sua carreira, acompanhada de perto enquanto organismo vivo que é, logo necessariamente mutável. Essa mutabilidade deve corresponder, para nós, a um crescimento no sentido vertical, não a uma engorda, o que é, aliás, muito comum acontecer.

Cara a cara

16.08.2022 | por Frederico Bernardino

Espanha Negra | Viagem à negritude no espaço-tempo

Espanha Negra | Viagem à negritude no espaço-tempo "Black Spain" -EN- é uma investigação colectiva e situada, proposta pelo LAB da Rádio África, num momento de despertar da negritude espanhola em que prevalece a necessidade de incorporar novas histórias e discursos na esfera pública. O título "España Negra" (Espanha Negra) é uma provocação que toma como referência o livro "España Pagana" (Pagain Spain) que o escritor afro-americano Richard Wright publicou após as suas visitas a Espanha nos anos 50. Um texto controverso pelo qual é acusado de desenhar uma Espanha cheia de estereótipos, e que o New York Times chamou de "provocador e perturbador". Partindo da ideia dos estereótipos e da ignorância como elemento para configurar imaginários sociais, EN pretende traçar o rizoma da negritude em Espanha, questionando e fracturando o imaginário do sujeito negro que foi criado durante séculos. Um imaginário perturbador e provocador que causou uma verdadeira consternação em muitas vidas, e que permaneceu inquestionável, ou que foi escondido ou apagado.

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15.08.2022 | por Tânia Adam

Potential History: Unlearning Imperialism, de Ariella Aisha Azoulay (2019)

Potential History: Unlearning Imperialism, de Ariella Aisha Azoulay (2019) A violência institucionalizada molda quem as pessoas são – tanto as vítimas como os perpetradores – a ponto de apenas a recuperação da condição de pluralidade a poder desfazer. Isto remete para o direito mais básico imanente à condição humana, que o imperialismo compromete constantemente: o direito a não agir contra outros; ou na sua formulação positiva: o direito a agir lado a lado e uns com os outros. Aceitar este direito nas suas duas formas como fundamental é necessário para imaginar as reparações para que bênção de ser activo e reparar o que foi quebrado possa ser alcançada.

Mukanda

11.08.2022 | por Ariella Aisha Azoulay

Coleções “Jardim da Vitória”

Coleções “Jardim da Vitória” Ao longo de 10 anos uma equipa constituída por artistas visuais, antropólogos, arquitetos, designers, engenheira agrónoma, participaram e realizaram um conjunto de projetos artísticos, documentais e cinematográficos no bairro da Quinta da Vitoria, com o pressuposto de contribuir para uma representação mais inclusiva destas comunidades. Ao mesmo tempo que o bairro foi sendo construído pelos próprios moradores, foi crescendo uma barreira invisível que o delimita da cidade. Esta divisão crescente, preconceitos e representações abstratas, contribuíram para a exclusão social e cultural destas comunidades.

Cidade

10.08.2022 | por Sofia Borges

Em Kassel

Em Kassel Como propaganda, a Justiça Popular não é complexa. À direita estão os simples cidadãos, aldeões e trabalhadores: vítimas do regime. À esquerda estão os autores dos crimes e os seus cúmplices internacionais. Os representantes dos serviços de inteligência estrangeiros - a ASIO australiana, MI5, a CIA - são representados como cães, porcos, esqueletos e ratos. Existe mesmo uma figura com o rótulo "007". Uma coluna armada marcha sobre uma pilha de crânios, uma vala comum. Entre os perpetradores encontra-se um soldado com cara de porco, usando uma Estrela de David e um capacete com "Mossad" escrito. Ao fundo, um homem com cachos laterais, nariz torto, olhos ensanguentados e dentes de vampiro. Veste um fato, fuma charuto e o chapéu tem as iniciais "SS": um judeu ortodoxo, representado como um banqueiro rico, em julgamento por crimes de guerra - na Alemanha, em 2022.

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10.08.2022 | por Eyal Weizman

Temos de Falar, à conversa com Gisela Casimiro (8)

Temos de Falar, à conversa com Gisela Casimiro (8) Paula Cardoso e Manuel Arriaga trazem-nos ferramentas para a liberdade e a garantia de memória futura, pela acção e empoderamento cívico.

Palcos

09.08.2022 | por vários

Temos de Falar, à conversa com Gisela Casimiro (7)

Temos de Falar, à conversa com Gisela Casimiro (7) Maria Giulia Pinheiro é escritora, poeta, performer e pesquisadora feminista. Irmà Estopiña é poeta e arte-terapeuta/psicoterapeuta. Juntas organizam há alguns anos a "Ginginha Poética", um exercício de poesia comunitária e celebratória que emprestam ao Temos de Falar.

Palcos

09.08.2022 | por vários

Imigrantes versus refugiados: dividir para reinar

Imigrantes versus refugiados: dividir para reinar A conceção liberal de refugiado tem um efeito prático inegável: segrega. Deixa poucos direitos aos refugiados e nenhuns aos migrantes económicos. A criação destas categorias, baseadas, muitas vezes, em artificialismos, permitem, à partida, escolher as pessoas, aquelas que merecem, ou não, o nosso apoio. Que merecem, ou não, ser salvas. E, ao catalogá-las permanentemente, estamos a desprovê-las de capacidade reivindicativa, a inibir qualquer mobilização coletiva. A despojá-las do direito a ter direitos.

Jogos Sem Fronteiras

09.08.2022 | por Mariana Carneiro

Por um mundo sem fronteiras

Por um mundo sem fronteiras O imaginário da invasão tem alimentado uma espécie de “psicose coletiva”, baseada no medo do outro, do desconhecido, na propalada ameaça permanente do terrorismo. E este espectro da invasão serve como justificação para a construção de muros e vedações que aumentam a brecha entre nós e os outros, que alimentam os nacionalismos excludentes e os discursos e práticas xenófobos e racistas tão acarinhados pelos movimentos de extrema-direita.

Jogos Sem Fronteiras

09.08.2022 | por Mariana Carneiro