Os berberes ou "imazighen" (que quer dizer homens livres na língua berbere: o Tamazight) têm vindo a empreender várias formas de luta no sentido de se afirmarem anti-arabização. O propósito fundamental das suas lutas nada tem a ver com religião ou política, trata-se antes de mais da preservação de uma identidade cultural, sobretudo linguística. E da sobrevivência de um povo.
A ler
17.02.2011 | por Rita Damásio
As próprias letras das canções e os respectivos vídeo-clipes são um culto da ostentação oca e bacoca. Meninos de fatos italianos, cheios de penteados (a mostrar que lhes pesa mais o cabelo que a cabeça) e com dourados a pender dos dedos, dos dedos e do pescoço (a mostrar que precisam apenas de mostrar), meninos que cantam pouco e se repetem até à exaustão, fazem o culto deste vazio triste...
Mukanda
16.02.2011 | por Mia Couto
O espaço virtual de comunicação através das redes sociais participou na nova configuração da praça, como igualmente interveio o espaço criado pela “janela” que todos abrimos. No entanto, determinante foi a presença física e real dos manifestantes e a sua capacidade de resistência. A ocupação da Praça obriga-nos a repensar o espaço público, mas a pergunta que se impõe é: o que terá que mudar para que a Praça de Tahrir possa manter a configuração que conquistou, local de intervenção, comunicação e encontro e não volte jamais à condição anterior de espaço “museológico” de visita turística e de circulação viária?
Cidade
16.02.2011 | por Cristina Salvador
As tampas das panelas rodavam feito discos num aparelho de som imaginário. Fechavam-se os olhos e os sons ecoavam por todo o lado. Depois vieram as sessões de mornas e coladeras na guitarra de um primo que “morou lá em casa”. As grafonolas e as rádios pick-up também já lá moravam há muito. Mas isso foi no início, lá bem no início. Pela frente ainda haveria o Clube Marítimo Africano, as festas de finalistas, o agigantar de um novo valor e, por fim, o seu reconhecimento como grande nome da música angolana: Filipe Zau.
Palcos
16.02.2011 | por Mário Rui Silva
"A praça não desarma. Ontem, os militares tentaram afastar os manifestantes, levantar os seus acampamentos, convencê-los a saírem da rua. Mas uma revolução não vai assim para casa de um momento para o outro. "Eu tenho o direito de festejar", disse Asim, de 26 anos, que veio para Tahrir com as duas irmãs. "Estivemos aqui até o regime cair. Agora esta praça é do povo."
Paulo Moura
Cidade
14.02.2011 | por Alexandra Lucas Coelho
Ben tem a medida intransferível de um modo de cantar que não abole o acaso nem o erro. Seu canto e sua música se projetam sobre uma ludicidade harmônico-discursiva menos nonsense do que jongueira. Sua alegria contagiante, o poder de sua simpatia está em ser um compositor que tematiza — sem dor e sem o menor detrimento de sua competência como inventor — a possibilidade de fazer música para aprender a fazer música.
Palcos
14.02.2011 | por Ronald Augusto
Foi quase por um acaso que Hermano Vianna participou numa festa funk no Rio de Janeiro. Não estava à procura de um objecto de estudo, queria apenas presenciar uma grande festa de que tinha ouvido falar na rádio. Impressionado com o que viu, escreveu um artigo para o Jornal do Brasil sobre a música negra internacional e a sua influência no Carnaval de Salvador e nos subúrbios cariocas.
Muito rapidamente, Vianna passou a fazer parte desse mundo dos bailes funk, transformando-se no seu principal tradutor para os jornalistas e curiosos que, vivendo na mesma cidade, sempre demonstram um enorme desconhecimento por tudo o que se passa nos subúrbios e nas favelas do Rio.
A ler
13.02.2011 | por Francisca Bagulho
Na literatura na Guiné-Bissau, os termos em crioulo são cada vez mais utilizados, existindo já obras de poesia exclusivas nesta língua. Alguns intelectuais guineenses têm vindo a assumir cada vez mais uma postura de contestação à nacionalização da língua portuguesa. A música popular desde cedo se manifestou em crioulo. Dinamizada primeiramente por José Carlos Schwarz, que teve a ousadia de cantar nesta língua durante a guerra de libertação, este movimento continuou a ter força com bandas como os SuperMamajombo ou TabancaJazz.
A ler
13.02.2011 | por
A linha de caminho-de-ferro Luanda-Malange, fora de serviço durante 18 anos por ter sido demasiado danificada pela guerra civil, foi de novo posta a funcionar após vários anos de obras. Um símbolo forte do regresso à paz e um elo de comunicação importante para desencravar uma região particularmente martirizada pelo conflito que opôs o Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA) no poder, aos rebeldes da União para a Independência Total de Angola (UNITA) durante 27 anos.
Vou lá visitar
10.02.2011 | por Cécile de Comarmond
Feliz a iniciativa de Gabriel Baguet Jr., para quem a música de Paulo Flores “é um hino constante de emoção”, de celebrar a sua arte, entre amigos e admiradores e através do livro Paulo Flores: o Talento da Utopia. Nesta viagem musical, de já vinte-anos-e-lá-vai-fumaça, nunca deixou de “procurar caminhos, sonoridades e novas abordagens musicais. Porque lhe interessa compreender a música também enquanto fenómeno social e a matriz dos sons, trabalhando para trazê-los aos nossos tempos de forma criativa.
Palcos
08.02.2011 | por Marta Lança
Amador, o líder da grande revolta de escravos de 1595, é uma figura emblemática da história de São Tomé e Príncipe. ste artigo aborda as fontes primárias e a literatura secundária sobre Amador e a sua insurreição que, em termos da dimensão, duração e impacto, foi uma das maiores revoltas de escravos de toda a história atlântica. Em seguida, discute um conhecido mito colonial, segundo o qual Amador teria sido rei dos angolares.
A ler
08.02.2011 | por Gerhard Seibert
Se é verdade que a arte africana acontece, na sua grande maioria, no hemisfério Norte, e as suas maiores conquistas (políticas, financeiras, filosóficas, estéticas, etc.) aqui tiveram lugar, é certo que o continente africano se afirma cada vez mais como espaço relacional privilegiado para os agentes culturais. Jorge Rocha trabalhou sobre as relações sociais que se estabelecem em torno da comida. Digamos que entrou pela boca de cada um dos participantes, que o mesmo é dizer, pelos seus desejos, necessidades, ou primitivismos. Entrou pela boca, no centro de África. Pelos seus paladares, cheiros, cores, e sabores.
Cara a cara
08.02.2011 | por Marta Mestre
sinto-a chegar – a saudade de estar perdido sem saber de que lado veio a brisa, feita segredo, dizer-me que o fim do dia está perto
ainda há luz de brilho para olhar a tarde deitada sobre o rio, o seu corpo extenso a praticar pássaros feridos entre as barcas, travessias de gente triste que faz da vida ponte e pressa para o lado desconhecido da chegada inadiável – voz colectiva de um rumor à espera dos olhos da multidão que se agita, se agride mas já não olha este rio também meu,
o seu nome é tejo – e há mil sotaques no corpo do seu dizer
A ler
07.02.2011 | por Ondjaki
“Sol da consciência” das mudanças do nosso mundo, o poeta martiniquenho morreu na passada quinta-feira, dia 3 de Fevereiro, em Paris.
Cara a cara
06.02.2011 | por Valérie Marin la Meslée
Depois de largos anos levando o jazz consigo como uma “segunda” opção profissional, Jerónimo Belo pode dizer-se que deixou o que fazia para trabalhar o e com o jazz. Gegé Belo, como carinhosamente é tratado pelos seus próximos, assume-se como a voz e o rosto mais conhecido no sentido da sua divulgação em Angola, onde vê crescer, com notável agrado, o número de seguidores.
Palcos
06.02.2011 | por Adebayo Vunge
Esta Trimbiose reflecte o quotidiano de uma sociedade mergulhada no Kaos forçado à evolução e presa nas redes da globalização; uma nação filha de ideologias há muito esquecidas que olha o futuro sempre com esperança de uma vida melhor. Exposição dos artistas angolanos Jika Kissassunda, Jorge Palma e Sérgio Pinto Afonso em LEIRIA
Vou lá visitar
03.02.2011 | por Jorge Palma
No decorrer do último século – e sobretudo depois do fim da guerra-fria – o mundo mudou como talvez nunca antes, ao longo da história humana. Acontece o mesmo com a África. Longe de ser a aldeia continental que se comprazem a imaginar, ela está literalmente atomizada. Os seus estados voltam as costas uns aos outros e as suas populações têm, por razões práticas, a maior dificuldade em se encontrarem. É preciso passar à acção. A melhor forma de forçar as portas do futuro, é fazer com que, ao menos, os nossos imaginários possam conversar.
Mukanda
02.02.2011 | por Boubacar Boris Diop
A reedição do primeiro e único disco de Lou Bond é a epítome de todo um processo de recuperação da soul política da primeira metade da década de 1970. Dezenas de discos desaparecidos têm vindo à superfície nos últimos anos, mostrando-nos que a história da pop estava profundamente incompleta.
Palcos
31.01.2011 | por João Bonifácio
No Heilongo a Ercília não pára de perguntar, alguma vez viste o mar?
“É assim, o mar tem telhas de zinco azul transparente e paredes de nuvens. Os peixes têm camisas prateadas e casacos de lapelas douradas. Os lagartos jardineiros alisam a areia para que nas águas dancem flores de sal colorido.”
Mukanda
30.01.2011 | por Aida Gomes
Partindo do conceito inicial: A arquitectura é uma inscrição política, a conferência arquitectura [in] ]out[ política, debaixo do grande chapéu falemos de casas, surgiu como uma oportunidade “para reflectir e debater sobre a arquitectura como instrumento orientador de processos democráticos e como signo temporal e espacial das suas potencialidades”. Quase em simultâneo, o colóquio políticas de habitação e construção informal, teve como objectivo “proporcionar aos investigadores interessados e aos participantes um diálogo teórico-metodológico sobre as temáticas actualmente abordadas no domínio da habitação, com especial enfoque para a habitação informal (auto-construção) e para uma vertente das políticas de habitação que se prende com as consequências da sua execução para as populações visadas”.
Cidade
28.01.2011 | por Cristina Salvador