Luanda, um estado de urgência

Luanda, um estado de urgência Luanda 2005. Chegam alguns predadores possuídos pelos aminoácidos das oportunidades. É o início de uma série de projectos e negócios, desenha-se as regras com que o capitalismo selvagem se entranhará sem dó nem piedade. Paz consolidada, vontade e dinamismo, espírito de reconstrução.

Cidade

09.09.2010 | por Marta Lança

Os Mestres Loucos, 1955

Os Mestres Loucos, 1955 Neste seu trabalho, onde se alicerça todo um programa de prática e pesquisa, Rouch alia o lado brutal de uma arte em busca de empatia com as técnicas do gesto, à vocação de construir, acabar e inacabar – a montagem e a sonorização constituem aqui um verdadeiro tratado de acabamento.

Afroscreen

09.09.2010 | por Regina Guimarães

Mwamby Wassaky: moda como acto de cultura

Mwamby Wassaky: moda como acto de cultura O seu ofício vem da experiência, de observar muito, mas é como se já lá estivesse antes. Para além disso, por repetidas vezes, Mwamby reivindica o sentido cultural para esta arte da costura, como um gesto quotidiano que remonta às origens da Humanidade: “A ideia divina ‘Adão coseu folhas e Deus coseu peles’. Costurar também é culturar. Em todas as famílias e sociedades nos deparamos com indivíduos com este forte elemento cultural, é como aprender a fazer pão caseiro.”

Cara a cara

08.09.2010 | por Marta Lança

Prefácio a uma Antologia do Conto Angolano

Prefácio a uma Antologia do Conto Angolano De literatura emergente e de combate, a literatura angolana de ficção é hoje uma literatura com uma pujança e uma modernidade que a edição, a crítica, os estudos universitários e a fortuna de leitores têm vindo a solidificar e a confirmar. Jovem, é certo, se comparada com outras – mas literatura com estórias para contar. Estórias vivas – e muitas! –, cheias de gente dentro – com seus dramas, suas alegrias, seus casos e magias, seu(s) humor(es).

A ler

06.09.2010 | por Zetho Cunha Gonçalves

O cão, os caluandas e um autor em cima da árvore - pequenas ousadias sobre o texto de Pepetela

O cão, os caluandas e um autor em cima da árvore - pequenas ousadias sobre o texto de Pepetela Que verdade pretende o texto de Pepetela ao desnudar questões fundamentais relacionadas ao projeto de reconstrução da nacionalidade? Que verdade lê seu leitor? Fazemos aqui um parênteses para destacar um outro núcleo de que se compõe, ainda, a novela O Cão e os Caluandas, uma narrativa em paralelo à história levantada pelo autor-personagem: o diário de uma menina, dona e amiga do cão pastor-alemão. Esse diário descreve uma buganvília crescendo sem parar e sufocando tanto quanto a nova ordem e os valores que se instalam entre os caluandas no período pós-independência.

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05.09.2010 | por Edna Bueno

Alguns apontamentos a propósito de recentes polémicas sobre a identidade literária caboverdiana - 2

Alguns apontamentos a propósito de recentes polémicas sobre a identidade literária caboverdiana - 2 Felizmente, a literatura caboverdiana logrou superar, e com inegável sucesso, as reais e supostas crises de identidade que marcaram o processo da sua emergência, da sua autonomização e da sua consolidação como sistema literário, aliás concomitantes com a constituição histórica do povo que lhe vem servindo de esteio e com o processo, ainda em curso, se bem que acelerado, da sua plena consolidação como nação crioula soberana, sendo notáveis a pluralidade de estéticas e de estilos que caracterizam a nossa contemporaneidade literária e o pleno e descomplexado exercício da liberdade de criação que esse estado plural das coisas estéticas vem propiciando ao labor dos escritores caboverdianos.

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04.09.2010 | por José Luís Hopffer Almada

Notas para uma Oresteia africana

Notas para uma Oresteia africana Tratando-se de dois objectos cinematográficos impressionantes e construídos sobre pressupostos ideológicos comuns, 'África 50' de René Vautier é um filme militante sobre a necessária libertação, enquanto que 'Notas para uma Oresteia africana' de Pier Paolo Pasolini, é um ensaio político sobre a invenção da liberdade. São dois filmes que nascem de questões sócio-culturais afins, mas representam movimentos de natureza intelectual e de exigência estética distintos.

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04.09.2010 | por João Sousa Cardoso

21 MC

21 MC O projecto é de S. Francisco. Yego Moravia e Emeka Alams vêem na herança cultural e ascendência africanas matéria substancial para reforçar o movimento “black and proud”. Desta aposta nasceu a "21st Century Maroon Colony: roupa com raça".

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03.09.2010 | por Carla Isidoro

Conjunto Gonguenha: ninguém os sungura!

Conjunto Gonguenha: ninguém os sungura! Agora mais crescidos, com mais truques de produção musical, continuam a questionar a sua Angola. A ela vão buscar a inspiração: o calão mangolé que eles, como tão bem sabem, usam para a rima, os absurdos da sociedade consumista, como a ostentação dos novos ricos (riqueza do berço ou o poder da fortuna?), novas imigrações e velhas emigrações, o tempo do socialismo recheado de histórias de professores cubanos, lendas do caixão vazio, namoradinhas do conjunto e traquinices dos candengues. O sangue dos N’gola Ritmos ainda corre nas veias dos rappers e o disco é um documento de uma certa juventude angolana.

Palcos

02.09.2010 | por Marta Lança

Back2black - celebração de África no Brasil

Back2black - celebração de África no Brasil Um Seun Kuti cheio de atitude e o ritmo forte e contagiante da banda “Egypt 80” (o conjunto dos anos 80 do seu pai, grande Fela) mostraram o que é animação. Seun herdou o jeito leopardo de se mover e a expressividade de Fela. E o Afrobeat é aquela mistura bombástica: jazz com rock psicadélico, música yorubá com funk, percussão africana e vários estilos vocais, uma batida energética com movimentos repetitivos, letras num acentuado pidgin inglês. Tudo isso encheu o público carioca de boas vibrações!

Vou lá visitar

02.09.2010 | por Marta Lança

As estátuas também morrem

 As estátuas também morrem O escândalo da arte africana não estar, à época, representada no Museu do Louvre (onde as grandes tradições artísticas não-ocidentais foram incluídas), mas no Museu do Homem, resulta num documentário que, mais do que sobre a “arte negra”, reflecte sobre a museologização dos objectos extraídos a uma cultura onde não há museus e, por consequência, sobre as relações de poder – económico, político e simbólico – entre a cultura europeia e as culturas africanas, sob a organização colonial.

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01.09.2010 | por João Sousa Cardoso

O poder da autoridade tradicional em Benguela - duas realidades etno-históricas na mesma perspectiva

O poder da autoridade tradicional em Benguela - duas realidades etno-históricas na mesma perspectiva Estas identificáveis manifestações de identidade são traduzidas através do poder das autoridades endógenas, cujas Ekula ndombe e Akokoto ovimbundu constituem os potenciais instrumentos de suporte ideológico dos quais pretendemos abordar, por se achar que um conhecimento mais aturado de estruturas, sistemas, funcionamento e influências das instituições do poder político endógeno, permite desenvolver uma análise mais realista.

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01.09.2010 | por Armindo Jaime Gomes

"O outro pé da sereia": o diálogo entre história e ficção na representação da África contemporânea

"O outro pé da sereia": o diálogo entre história e ficção na representação da África contemporânea O texto consiste em uma análise de "O outro pé da sereia", de Mia Couto, focalizando o diálogo entre a história e a ficção, no intuito de mostrar o tratamento dado pelo autor às principais questões do mundo contemporâneo: a identidade, o sentido de pertencimento, o pós-colonialismo e o choque entre culturas. Ao fazê-lo, Mia busca desconstruir os arquétipos acerca da África e seus povos.

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31.08.2010 | por Shirley de Souza Gomes Carreira

Alguns apontamentos a propósito de recentes polémicas sobre a identidade literária caboverdiana - parte 1

Alguns apontamentos a propósito de recentes polémicas sobre a identidade literária caboverdiana - parte 1 A experiência poética universalizante valeu ao poeta João Vário a ostracização por parte da generalidade dos literatos e ensaístas nacionalistas e teluricistas caboverdianos da sua geração e da geração seguinte.

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31.08.2010 | por José Luís Hopffer Almada

"Queremos um tsunami!", a voracidade de Miguel Gullander

"Queremos um tsunami!", a voracidade de Miguel Gullander São pois o cepticismo e ironia que prefazem a linguagem de "Perdido de Volta" de Miguel Gullander, onde não há heróis e todos são traídos, acusados pelas suas máscaras e papéis sociais: drogados, ambientalistas, bancários, salvadores hipócritas do Terceiro Mundo. O tom de denúncia dirige-se também à indústria do desenvolvimento, disfarçada de razões humanitárias mas sempre de olho no negócio em África, que continua a exportar fileiras de jovens ocidentais à procura de experiências exóticas e que, além dos objectivos carreiristas, vivem África como um “campo de férias” sem alcançar nada da sua profundidade e complexidade.

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31.08.2010 | por Marta Lança

No coração dos Andes há um país cuja selecção nacional mais parece de uma nação africana

No coração dos Andes há um país cuja selecção nacional mais parece de uma nação africana  Além fronteiras, a imagem de marca é a de um Equador andino, de rasgos índios e de um paraíso natural chamado Galápagos, ilhas justamente consideradas uma das reservas naturais mais bonitas do mundo. No entanto, há um Equador de cor negra e ritmos africanos que ainda tende a ficar esquecido.

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30.08.2010 | por Sílvia Norte

Estive em Lisboa e Lembrei-me de Ti

Estive em Lisboa e Lembrei-me de Ti espichei as pernas bobas e esbarrei com a minha mãe na cozinha, «Acordou, meu filho?», olheiras enormes, assustado perguntei cadê a Biz, e ela descreveu, lamuriosa, que me apresentei «Completamente», hesitou em dizer bêbado, mas frisou, entristecida, «Tonto», não conseguia nem parar em pé, e que entreguei a ela o peso da moto e saí tropicando, e, não sabendo o que fazer, encostou a Biz no fícus, junto ao muro em frente de casa, pegou uma cadeira e passou a noite inteira vigiando pra ninguém roubar

Mukanda

28.08.2010 | por Luiz Ruffato

Fala i Storias - Conversas e histórias de mulheres

Fala i Storias - Conversas e histórias de mulheres É a singularidade de cada história, relatada na primeira pessoa, que permite chegar ao colectivo das histórias de vida de mulheres guineenses – e, até, da História do país. Histórias de valência e sobrevivência – seja o relato da jovem que foge com a filha à guerra civil de 98; ou a história de algumas das muitas ex-combatentes que Amílcar Cabral reconheceu mas a História ainda não fixou; ou ainda a realidade, hoje na Guiné-Bissau, de uma prática como a mutilação genital feminina.

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27.08.2010 | por Sandra Oliveira

A via do martírio

A via do martírio A guerra é suja e o conflito entre o Sahara e Marrocos não é excepção. Marrocos acusa também a Frente Polisário e as autoridades argelinas de terem torturado prisioneiros marroquinos e de reprimirem os saharauis que se opõem à independência.

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25.08.2010 | por Nuno Ramos de Almeida

Os sete sapatos sujos

Os sete sapatos sujos A força de superarmos a nossa condição histórica reside dentro de nós. Saberemos como já soubemos antes conquistar certezas que somos produtores do nosso destino. Teremos mais e mais orgulho em sermos quem somos: moçambicanos construtores de um tempo e de um lugar onde nascemos todos os dias. É por isso que vale a pena aceitarmos descalçar não só os setes mas todos os sapatos que atrasam a nossa marcha colectiva.

Mukanda

25.08.2010 | por Mia Couto