Etnografia(s) e territorialidade

Etnografia(s) e territorialidade  O papel de mediação do etnógrafo, o sujeito “ocidental”, o viajante, colocado entre os mundos de partida e as culturas de contacto, apresenta uma flagrante afinidade com o perfil itinerante dos autores de ficções africanas, em diferentes momentos da História recente. De formas distintas, muitos destes autores preocuparam-se em transmitir imagens e conteúdos representativos das culturas a que estavam expostos, tanto a partir de universos de localização regional como de contextos marcados pela experiência urbana, em boa medida cosmopolita.

Ruy Duarte de Carvalho

08.10.2010 | por Ana Maria Mão-de-Ferro Martinho

Luanda's dream e a desfiguração da realidade

Luanda's dream e a desfiguração da realidade Na tentativa de estetizar o banal e de pintar aquelas que ele denomina de “superfícies menos convencionais”, o artista apropria-se de um conjunto de “acessórios” que são necessários para que os “novos heróis urbanos” evitem as agruras da vida do dia-a-dia, em Luanda: o banco da kinguila, a caixa do engraxador e o carro do roboteiro são (re)decorados à sua maneira, alterando as suas funções de origem

Cara a cara

08.10.2010 | por Adriano Mixinge

René Tavares: "(In)acabado"

René Tavares: "(In)acabado" René Tavares traduz em traços, linhas e manchas uma síntese pessoal da sua própria identidade, sempre em processo (“inacabado”), posicionando-se em constante movimento entre referências passadas e presentes. A última exposição do artista santomense na Galeria Bozart (Lisboa).

Cara a cara

07.10.2010 | por Lúcia Marques

Em busca do espaço verde - poemas da Guiné

Em busca do espaço verde - poemas da Guiné 1998 a cidade de Bissau gritou sem socorro enquanto os homens lhe batiam, Bissau continuou gritando a sua dor e maldizer... os filhos refugiaram-se no regaço da morte nos destinos incertos esperanças frustradas

Mukanda

07.10.2010 | por Eliseu Ié

“Gosto de ver as coisas atentamente" entrevista a Admas Habteslasie

“Gosto de ver as coisas atentamente" entrevista a Admas Habteslasie Entrevista a Admas Habteslasie a propósito do seu apaixonante “Limbo”: um trabalho fotográfico de grande fôlego que explora as paisagens e certos aspectos da história recente da Eritreia através de três capítulos sucessivos: Passado, Futuro e Presente. Na tradição da fotografia documental, Habteslasie constrói uma obra sensível e vigorosa sobre um país mal conhecido.

Cara a cara

07.10.2010 | por Marian Nur Goni

Ecos do gueto - os dias agitados de Maputo

Ecos do gueto - os dias agitados de Maputo Ao primeiro dia de Setembro deste ano, a população dos subúrbios de Maputo, maioritariamente jovem, saiu à rua para protestar. O aumento do preço dos bens essenciais impostos pelo Governo moçambicano serviu de mote. No rescaldo de violentos e mortais confrontos com a polícia, um mês após a “greve”, estes são alguns ecos daquilo que os jovens de Maputo estão a dizer.

Cidade

06.10.2010 | por Joana Simões Piedade

"Deixem-me ao menos subir às palmeiras…": um filme da 'frente de guerrilha'

"Deixem-me ao menos subir às palmeiras…": um filme da 'frente de guerrilha' Entrevista ao realizador Joaquim Lopes Barbosa, autor de "Deixem-me ao menos subir às palmeiras…", filme rodado em Moçambique, proibido antes do 25 de Abril de 1974, que nunca teve estreia comercial, só raramente foi projectado, permanecendo quase desconhecido e pouco referenciado em termos de história do cinema. Um cineasta para quem “o cinema deve ser uma frente de guerrilha, actuando o mais positivamente possível, contra os tabus, as morais duvidosas e os lugares-comuns bafientos e anacrónicos”.

Afroscreen

03.10.2010 | por Maria do Carmo Piçarra

Luanda, virada para o futuro negligencia o seu passado

Luanda, virada para o futuro negligencia o seu passado Os “sobrados” são as últimas casas que datam do tempo da escravatura. “O soalho destas casas era feito com a madeira com a qual se enchiam os porões dos navios de escravos que voltavam vazios do Brasil”, conta Ângela Mingas. “E as paredes eram em adobe (uma técnica à base de terra crua), fabricados com uma mistura de terra e de conchas apanhadas pelos pescadores da Ilha. São características que já não se encontram …” e cujos últimos vestígios estão em vias de desaparecer: “Em três anos, metade dos sobrados que restavam em Luanda foram destruídos. Hoje só restam 14…”

Cidade

01.10.2010 | por Cécile de Comarmond

Música e lusotropicalismo na Luanda colonial tardia

Música e lusotropicalismo na Luanda colonial tardia A música, na Angola colonial, era escrita na dor, em privado, e torná-la pública era torná-la colectiva. O som e talvez até o processo, atraíam os brancos e no ínicio dos anos 70, num revirar irónico da narrativa lusotropicalista, muitos foram até aos musseques para ouvir os Ngola Ritmos e outras bandas populares. Afinal, era a música angolana e os africanos que produziam a cultura, tãp cosmopolita como africana, que atraía as audiências europeias.

Palcos

30.09.2010 | por Marissa Moorman

A outra face do jornalismo moçambicano - Guerra Manuel

A outra face do jornalismo moçambicano - Guerra Manuel Guerra Manuel foi um dos primeiros jornalistas negros em Moçambique. Entrevistou Malagantana, Ricardo Chibanga e Lindo Lhongo na década de 60. Todos eles jovens no início das carreiras. Ao entrevistar estes jovens pretendia dar a conhecer ao mundo o talento e a capacidade artística dos moçambicanos, numa época em que estes não eram valorizados e nem havia espaço na imprensa colonial.

Cara a cara

30.09.2010 | por Rui Guerra Laranjeira

Bab Sebta - corpos resistem ao deserto do real

Bab Sebta - corpos resistem ao deserto do real Em Bab Sebta, o campo surge não só como um lugar vazio de sentido, de passado ou de história, mas também como um lugar onde os refugiados se insurgem com actos de fuga permanentes, dando lugar à afirmação individual e à afirmação enquanto seres humanos dignos de potência. O corpo é, contudo, a única arma de resistência, uma vez tiradas quaisquer outras possibilidades de acção ou reacção.

Afroscreen

29.09.2010 | por Rui Manuel Vieira

A propósito de Bab Sebta

A propósito de Bab Sebta Muitas das razões do êxodo reverberam aliás nas próprias palavras e na experiência pessoal dos indivíduos que se nos dirigem em Bab Sebta: a história de colonialismo e as relações privilegiadas que os antigos territórios administrados mantêm com as respectivas potências administrantes, frequentemente sobre a forma de neo-colonialismo; o carácter corrupto de muitos regimes de nações africanas e a perfeita indistinção entre economia e política que neles vigora; a força geradora das redes sociais mantidas entre emigrantes e co-nacionais nos seus territórios de origem; ou a ascendência cultural e a socialização prévia aos países industriais do Norte a que são submetidos potenciais emigrantes, por força das já-não-tão-novas-como-isso tecnologias de comunicação.

Afroscreen

29.09.2010 | por Frederico Ágoas

Uma utopia chamada Mindelact

Uma utopia chamada Mindelact Terminou mais um Mindelact, festival internacional de teatro do Mindelo, a 16ª edição. Na memória fica uma avalanche de emoções e momentos únicos. Para sempre fica também a experiência humana e artística. O festival oferece uma variedade tonificante de espectáculos e registos, alguns menos conseguidos, mas sempre de grande entrega, outros sumptuosos acontecimentos de arte:

Palcos

28.09.2010 | por César Shofield Cardoso

"Passageiros da Liberdade" de STANLEY NELSON

"Passageiros da Liberdade" de STANLEY NELSON Em 1961, com todas as "leis" segregacionistas no sul dos E.U.A. que, entre outras barbaridades, não permitiam que negros e brancos dividissem do banco do ônibus aos bebedouros e assentos em bares e restaurantes (relacionamento amoroso nem pensar), um grupo de negros e brancos, homens e mulheres, ingressam em ônibus de turismo para chegar a Nova Orleans passando pelos Estados mais racistas da América.

Afroscreen

27.09.2010 | por Clementino Junior

Literatura oral, performance, memória, multimédia e internet: que relação?

Literatura oral, performance, memória, multimédia e internet: que relação? Dados à estampa em 2010 e referindo-se ao ano de 2008, os Cahiers de Littérature Orale dedicam os seus números 63 e 64 a estas questões: performance, memória, multimédia e internet. Coordenados por Brunhilde Biebuyck, Sandra Bonard e Cécile Leguy e dirigidos por Geneviève Calame-Griaule, estes cadernos têm-se afirmado como uma das mais importantes revistas dentro do panorama da literatura oral, convidando especialistas de várias áreas, com especial ênfase para a literatura, a linguística e a antropologia, com o objectivo de reflectir sobre os desafios que esta disciplina em geral tem vindo a enfrentar.

A ler

27.09.2010 | por Cátia Miriam Costa

Dockanema – O documentário como acto de resistência e guardião da memória

Dockanema – O documentário como acto de resistência e guardião da memória Pelo quinto ano consecutivo o Festival do Filme Documentário, Dockanema 2010, realizou-se em Maputo para continuar a trazer às sala de cinema moçambicanas realidades do mundo que, de outra forma, correm o risco de ficar no esquecimento. Em relação às nossas estórias e à nossa História, como sociedade, temos a obrigação de exercer constantemente esse dever de memória. Somos a nossa memória, sem memória passamos a não saber para onde caminhamos, sem rumo, como zombies”, defende Pedro Pimenta.

Vou lá visitar

27.09.2010 | por Joana Simões Piedade

Mestre Paulo Kapela – re-estruturando o discordante

Mestre Paulo Kapela – re-estruturando o discordante A vida e obra de Mestre Paulo Kapela têm um lugar de excepção no contexto artístico no boom da capital de Angola. O artista é um fugitivo no seu próprio país, um Mukongo do Uige que veio para Luanda em 1996. Tornou-se um mestre artístico e espiritual para a nova geração de artistas, apesar de mal falar português, expressando-se mais em francês. É um personagem carismático pelo seu modo pouco ortodoxo de viver e o seu universo muito pessoal.

Cara a cara

24.09.2010 | por Nadine Siegert

Da Etnicidade ao Simbolismo: três olhares sobre a etnia Kuvale

Da Etnicidade ao Simbolismo: três olhares sobre a etnia Kuvale A etnia kuvale para além de observada e estudada do ponto de vista antropo-sociológico constituiu e constitui um elemento importante na construção da memória e identidade angolanas, sendo transversal ao período colonial e pós-colonial. Através de três olhares antropo-literários, de Augusto Bastos, Pepetela e Ruy Duarte de Carvalho, reconstruiremos esse simbolismo e a actualidade do mesmo, percorrendo o caminho que medeia entre a recolha etnográfica (muitas vezes com base na compilação de relatos orais) e a sua exposição sob a forma da palavra escrita.

Ruy Duarte de Carvalho

23.09.2010 | por Cátia Miriam Costa

Ruy Duarte de Carvalho nas margens da terra angolana

Ruy Duarte de Carvalho nas margens da terra angolana Através dos provérbios e de outras manifestações colectivas da sua cultura, abre-se a uma voz impessoal capaz de captar tanto as observações mais terra-a-terra, relacionadas com a vida de todos os dias, como os mitos fundadores da cultura local. O seu discurso nada tem de dogmático; ele faz-nos ler as reflexões do autor sobre o seu próprio trabalho, o seu medo obsessivo de trair ou de conhecer mal este ou aquele acontecimento, este ou aquele comportamento, a alegria decorrente do sentimento de ter penetrado no que é a beleza feminina, de ter avaliado a importância das transumâncias, de ter conseguido fazer de uma zona desértica o seu momento de vida material e intelectual.

Ruy Duarte de Carvalho

23.09.2010 | por Gérard Chalendar e Pierrette Chalendar

Sobre o 7º Congresso Ibérico de Estudos Africanos

Sobre o 7º Congresso Ibérico de Estudos Africanos O congresso iniciou-se com um murro na mesa. Depois das habituais formalidades inaugurais com as figuras competentes, a conferência de abertura, de Aminata Traoré, quebrou imediatamente o tom retórico das politicas ocidentais relativamente ao continente africano.

Vou lá visitar

22.09.2010 | por Francisca Bagulho