Memória, cinema e reparação: entrevista a Dulce Fernandes sobre Contos do Esquecimento

Memória, cinema e reparação: entrevista a Dulce Fernandes sobre Contos do Esquecimento Há uma intenção clara de trabalhar a memória como gesto reparador - um resgate, uma reconstrução, uma reaproximação. Uma preocupação em lembrar os mortos que não tiveram direito a um ritual de enterramento, em assinalar os lugares onde foram descartados, em recuperar os números concretos do tráfico transatlântico, e em mostrar como os espaços que hoje habitamos continuam a ser atravessados por esse passado. Trazer tudo isso para o presente, para a contemplação do agora, é para mim, enquanto cineasta, um gesto de reparação. Mas há, também, uma dimensão ainda mais específica: o filme lida com a memória de 158 pessoas cujos restos mortais foram encontrados naquele local. E nesse sentido, a reparação é concreta, dirigida a essas vidas que foram apagadas.

Cara a cara

25.11.2025 | por Marta Lança

Entrevista a Kiluanji Kia Henda sobre Plantação, projeto para o Memorial de Homenagem às Pessoas Escravizadas

Entrevista a Kiluanji Kia Henda sobre Plantação, projeto para o Memorial de Homenagem às Pessoas Escravizadas É importante que uma obra pública (sobretudo um memorial) não mostre apenas uma face, mas que se abra a distintas leituras. Trata-se de uma plantação em luto, queimada, que traduz o lado lúgubre e funerário da plantação. E ainda faz homenagem à resistência dos escravizados pelo gesto de queimar a plantação e boicotar o regime de opressão. A plantação é o lugar onde o processo de desumanização ocorre.

Cara a cara

07.04.2023 | por Marta Lança